
CLIPPING - 25/09/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Rastreabilidade viável e eficaz
24/09/2015 - Guia da Farmácia
Todos - indústria, atacado e varejo - têm claro entendimento de que a rastreabilidade de medicamentos deve ser levada a cabo. Mas será que basta a vontade desses atores para que o consumidor brasileiro tenha a seu dispor um sistema que funcione?
Os medicamentos comercializados no Brasil já possuem rastreabilidade há bastante tempo. Desde a publicação da Portaria n.° 802/1998, do Ministério da Saúde (MS), que instituiu o sistema de fiscalização e controle em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos.
Com base na legislação existente, os sistemas de qualidade dos fabricantes e importadores de medicamentos garantem alto grau de segurança aos seus produtos. Por exemplo, a "raspadinha" nas embalagens permite que o próprio paciente verifique a originalidade do produto no momento da dispensação.
É possível, também, elaborar rapidamente um mapa de distribuição de todos os produtos comercializados, uma vez que cada nota fiscal emitida pelos fabricantes e distribuidores de medicamentos deve informar o lote, o quantitativo e o destinatário dos produtos.
É inegável a importância da Lei n.° 11.903/2009, que dispõe sobre o rastreamento da produção e do consumo de medicamentos. Entretanto, algumas barreiras relevantes foram detectadas durante os estudos de implantação realizados pelas indústrias farmacêuticas no Brasil.
A maioria das distribuidoras e do varejo sequer iniciou os trabalhos. E o setor público também não está preparado. Não podemos fazer uma rastreabilidade sem a efetiva participação de todos os agentes - inclusive o governo, que dispensa mais de 30% dos medicamentos produzidos no Brasil.
O setor industrial farmacêutico instalado no Brasil apoia toda e qualquer evolução da rastreabilidade que seja técnica e economicamente viável e, principalmente, sanitariamente responsável.
Sendo o sexto maior mercado farmacêutico do mundo, o Brasil necessita de regras que considerem sua magnitude. Sem uma implementação gradual, com prazos realistas, que levem em consideração todas as variáveis envolvidas, a rastreabilidade não existirá de fato, pois a cadeia farmacêutica não será capaz de atender à regulamentação.
Por isso, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) defende a prorrogação de prazo por três anos, a partir da regulamentação pela Anvisa, e a adoção de um cronograma equalizado com as necessidades e capacidades operacionais e financeiras do governo, laboratórios públicos e privados, atacado e varejo. Nos Estados Unidos, o sistema será introduzido em dez anos!
Não podemos e não devemos utilizar de dados e informações falsas, somente para atender aos interesses de grupos que querem a rastreabilidade, não para colocar um melhor produto no mercado, mas para criar um novo "negócio" na área da saúde, onerando todo o sistema.
Farmácias mostram potencial para a venda de produtos de higiene e beleza
25/09/2015 - DCI
Menos sensível à retração econômica, o segmento de higiene e beleza continua a investir para atrair consumidores. Com grande potencial para venda de protetores solar e dermocosméticos, as marcas estão de olho no canal de farmácias como principal distribuidor para elevar os ganhos.
"O canal farma disparou em volume de venda desta categoria. Outra questão é que os produtos têm preços mais baratos nas farmácias do que nos supermercados", afirmou o especialista da Inteligência de Varejo, Olegário Araújo durante seminário promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Nas grandes cadeias de farmácias, os dermocosméticos são os mais vendidos, uma vez que são itens indicados por dermatologistas. "Na farmácia, a consumidora já entra sabendo o que vai comprar e, nesse caso, mais que o dermatologista, os atendentes ou consultores treinados pelas marcas também têm influência nessa decisão", explicou a diretora de marketing e serviços da Johnson & Johnson, Tatiana Miana.
Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) o consumo de produtos de saúde movimentou R$ 77,9 bilhões de junho de 2014 a junho deste ano. O crescimento foi de 9,8% e impulsionado principalmente pelos itens de personal care (que são de higiene e cuidados pessoal; medicamentos isentos de prescrição e itens de nutrição). Hoje os não medicamentos têm participação de 33,42% das vendas das farmácias associadas a entidade.
Tatiana explica ainda que hoje os dermocosméticos têm 10% de participação no mercado e isso mostra a capacidade de avanço em vendas dessa categoria. "Tentamos incentivar a compra no ponto de venda. Temos gôndolas específicas e treinamos consultoras [próprias ou da farmácia] para dar suporte a consumidora", disse.
A explicação para todas as ações neste canal de venda está no tempo que a consumidora gasta na loja. "Essa é uma compra com propósito. Ela sai do dermatologista e vai na farmácia comprar o dermocosméticos, e temos que fazer com que ela escolha a nossa marca, que no caso é a ROC", explicou a executiva.
O canal farma tem tanta relevância que a Natura, especializada em venda direta, está vendendo produtos da linha SOU na Droga Raia, uma das bandeiras da Raia Drogasil. "Essa foi a forma da Natura, que está se reestruturando, investir na multicanalidade", diz o professor de Marketing da FGV-EAESP, Leandro Guissoni.
A Natura confirmou a parceria. "A venda da linha SOU na farmácia é um projeto piloto iniciado esse mês em lojas da Droga Raia e da Drogasil em Campinas", diz a empresa.
A Raia Drogasil afirmou ainda que "As farmácias têm registrado ótimo desempenho de venda de itens de cuidados pessoais e tem a vantagem competitiva de proporcionar grande conveniência a clientes. Novas experiências de compra podem vir a complementar e fortalecer a venda direta, principal canal da Natura, ao ampliar o acesso à marca e atingir novos consumidores."
Quem também tem se movimentado é a Avon, que também atua com venda direta. Segundo a gerente de marketing sênior, Josiane Schunck, a empresa está se reinventado: "Estudamos a possibilidade de criar uma linha exclusiva para a vendas na internet". A Avon também fez parceria com a Sephora para trazer a marca grega de cosméticos Korres.
Hábitos
Mesmo com o poder de consumo adquirido pelos brasileiros nos últimos anos, as mulheres não têm o costume de fazer tratamentos preventivos. Nove em cada 10 mulheres gastam com produtos para o cabelo - já que consideram o principal fator de beleza. Apenas duas dessas 10 mulheres adquirem produtos para o cuidado do rosto e uma das iniciativas tanto da indústria quanto do varejo é fazer ações de ativação no ponto de venda e lançar pacotes promocionais com produtos variados.
A mais recente parceria foi da L'Oréal Brasil com a rede supermercadista Extra, do Grupo Pão de Açúcar. As empresas criaram o "Espaço da Beleza", que reúne no local produtos variados para pele, cabelos, unhas e maquiagens, de marcas renomadas.
Não, sim: Toma Vacina
24/09/2015 - Revista Super Interessante
"Eu não vacino meu filho porque é meu direito decidir quais doenças erradicadas voltarão com tudo", escreveu o The Onion, um site humorístico americano que só publica noticias falsas. A declaração pode ser mentira, mas tira sarro de uma verdade preocupante: algumas doenças que foram eliminadas em países desenvolvidos andam reaparecendo nos últimos tempos. Em junho, a Espanha confirmou seu primeiro caso de difteria em 28 anos em um menino de 6 anos. Em 2013, os EUA tiveram a sua maior epidemia de coqueluche dos últimos 57 anos, com 48 mil infectados. E até a Disneylândia entrou na dança quando, em janeiro, virou epicentro de um surto de sarampo. Todas essas são doenças que a humanidade já havia controlado com vacinas. Esse retorno dos males do passado se deve à mais recente polêmica envolvendo as vacinas, que anda fazendo com que milhares de pais decidam não inocular seus filhos.
Há muitos motivos que levam os anti vacinistas - ou antivaxxers, termo popular em inglês - a optarem por essa decisão. O principal é o medo de que exista alguma relação entre vacina e o desenvolvimento de autismo - mas o receio de contrair diabetes e esclerose múltipla, pegar a doença para a qual a vacina foi criada, ter danos neurológicos e efeitos colaterais graves também são citados. O medo desses imprevistos -quase sempre infundado - fez com que a taxa de vacinação tenha despencado em vários países. No Reino Unido e na Irlanda, por exemplo, a taxa de cobertura da tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) chegava a 92% da população em 1996. Em 2002, ela era de 84%. Em Londres, isoladamente, caiu para 61%. A conseqüência, claro, foi um aumento nos casos de sarampo e caxumba, vários com fins trágicos. Um garoto de 13 anos foi a primeira vítima fatal de sarampo no Reino Unido em 14 anos.
A nova onda de descrença nas vacinas começou em 1998. Foi quando Andrew Wakefield. um médico do Royal Free Hospital School of Medicine, em Londres, publicou na revista científica britânica Vie Lancet um estudo pequeno que relacionava o desenvolvimento de autismo à tríplice viral. Foi um escândalo. Depois da pesquisa, a comunidade médica no mundo todo tentou confirmar a tal ligação - mas a conexão nunca foi comprovada. O que se concluiu foi que não havia quaisquer indícios de que a MMR causasse autismo. Wakefield teve sua licença médica cassada. Alguns jornais britânicos reportaram que tanto o hospital para o qual o médico trabalhava quanto ele próprio receberam dinheiro de advogados para levar a tal pesquisa adiante - estes, de olho no que seus clientes receberiam do governo como indenização, caso o estudo colasse. Seus clientes? Os pais das 12 crianças participantes do estudo. As denúncias foram apuradas pelo conselho médico britânico, e a conduta de Wakefield foi chamada de "desonesta e guiada por interesses pecuniários". Em 2010, o próprio conselho se referiu ao estudo como fraudulento. Mas o estrago estava feito.
Para deixar a história mais curiosa, é preciso levar em consideração também a influência da mídia na febre anti vacinista. Hollywood tem um papel importante na demonização da prática. Oprah Winfrey, Jim Carrey, Jenny McCarthy, Charlie Sheen e Rob Schneider são apenas algumas das celebridades que já se declararam contra vacinas. Não à toa, a Califórnia é justamente o lugar que abriga mais surtos de doenças evitáveis por todo os EUA. Em 2014, algumas escolas ricas de Los Angeles apresentavam uma taxa de vacinação de apenas 30% a 40% - menor do que países como o Chade ou Sudão do Sul (onde o acesso a vacinas é difícil). Mas seria fácil se pudéssemos chamar todo mundo que decide não vacinar os filhos de loucos. Infelizmente não é bem assim. Algumas preocupações com a prática podem ser consideradas legítimas.
O buraco é mais embaixo
Na grande (grande mesmo) maioria dos casos, as reações adversas das vacinas são chatinhas, mas toleráveis: febre, fraqueza, falta de apetite e dor no local da picada. Afinal, a ideia é que o organismo adoeça, mesmo que sutilmente, já que as injeções são produzidas a partir dos micro-organismos atenuados, mortos ou fragmentados. Os médicos estão acostumados com essas pequenas reações. O problema é que, em alguns casos, elas não param por aí.
Há registros, por exemplo, de contágio vacinai - em que o vacinado desenvolve a doença cuja vacina deveria prevenir - mundo afora. A vacina contra a polio-mielite, conhecida como VOP (ou Sabin, a "gotinha"), tem alguns desses casos. Segundo dados da Academia Americana de Pediatria, um em cada 2,7 milhões de vacinados pode desenvolver pólio a partir da vacina. As chances são muito pequenas: é mais fácil ser atingido por um raio três vezes em um único ano - mas acontecem. Um garoto de Washington, chamado David Salamone, foi um dos azarados. Em 1990, seus pais o levaram ainda bebê ao pediatra para sua dose de VOP. Após duas semanas, começaram a notar diferenças em seu comportamento: ele não conseguia mais se virar no berço, não girava a cabeça para os lados e não movimentava as pernas. Os médicos ficaram confusos. Dois anos se passaram assim. Pelo comportamento do bebê, além da paralisia, seus pais e os médicos notavam que ele sentia dor. Em certa altura, levaram-no a um reumato-logista, que fez vários tipos de exames e constatou: David tinha poliomielite. Contraído pela vacina.
Para evitar casos parecidos, hoje, a VOP tem sido substituída pela VIP (ou Salk, injetável), que possui vírus mortos em vez de atenuados. "Desde o segundo semestre de 2012, o Brasil adotou o esquema sequencial VIP-VOP. e a interrupção da VOP será cuidadosamente programada e planejada", diz Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações. Graças a casos como o acima, vacinas com micro-organismos vivos são cada vez menos comuns.
Para ainda ficarmos por aqui, há a recente polêmica da vacina contra o HPV, vírus que causa o câncer de colo de útero. Em 2014, o governo investiu pesado em sua divulgação. Seriam vacinadas meninas de 11 a 13 anos. A maioria delas apresentou alguns efeitos colaterais chatos, mas comuns: dor de cabeça, enjoo, mal-estar e fraqueza.
Mas em março de 2014, em Caxias, Rio Grande do Sul, foram investigados dois casos de convulsão cerca de uma hora após a vacina. Há relatos também de efeitos colaterais neurológicos. Essas são reações consideradas graves, e não há até então registros delas na literatura médica. Felizmente, pouco tempo depois dos ataques, as duas gaúchas melhoraram e tiveram alta sem sequelas.
"O fato é que a recomendação da vacina vem sendo questionada. O governo japonês, por exemplo, a abandonou após reação da sociedade, por casos de problemas graves em seguida à aplicação", disse no ano passado Daniel Becker, mestre em saúde pública e pediatra da UFRJ. Dentre os problemas graves, estão a síndrome de Guillain-Barré (uma doença neurológica), uveítes (inflamação da parte externa do olho), convulsões e encefalites agudas. "Muitos dirão que ainda não há estudos demonstrando a falta de segurança da vacina. Que as análises até agora não mostram relações causais. Mas os relatos se repetem em diversos países."
E o que se conclui a partir disso? Oficialmente, nada. Não há nenhum estudo comprovando que essas reações tenham sido causadas pelas injeções. E esse é um dos problemas das vacinas: enquanto não houver pesquisas abrangentes, é difícil provar a relação de causa e conseqüência entre elas e as doenças. Bernard Dalbergue, médico francês que trabalhou por 20 anos na Merck Sharp & Dohme, empresa que produz a vacina contra o HPV (Gardasil), disse em entrevista recente: "O certo é que não se tem efeito esperado na proteção do câncer de colo de útero, e sim muitos efeitos secundários. Minha previsão é que a Gardasil será o maior escândalo médico de todos os tempos". O francês publicou um livro quando saiu da empresa, ainda sem edição no Brasil, no qual ele relata a suposta corrupção da indústria farmacêutica. O médico tornou-se persona non grata na Merck após sua saída, que não foi pacífica. Então pode ser que ele esteja dando opiniões parciais sobre o assunto, por ter conflitos pessoais com a empresa. Mas vai saber. Outra preocupação que tem alguma - mas ainda assim pouca - razão de ser é com o timerosal. A substância é usada como conservante de vacinas, e contém mercúrio - e mercúrio causa danos ao sistema nervoso. A quantidade presente nas vacinas é ínfima e não faz mal algum a um adulto, mas alguns neurologistas argumentam que o timerosal pode impactar no desenvolvimento neurológico de bebês e crianças, mesmo que muito sutilmente. Assim, alguns países estão se esforçando para removê-lo das vacinas -nos EUA e Canadá, por exemplo, já estão banidos. Por aqui, as vacinas compradas desde 2001 são livres da substância, mas ainda há remessas mais antigas. Por outro lado, todas as pesquisas recentes indicam que as vacinas contendo o composto não são prejudiciais. E o FDA já deu a entender que tirou o timerosal mais para se livrar da polêmica do que por danos reais.
Questão de rebanho
Agora, voltemos à manchete do The Onion, citada no início da matéria. Na verdade, ela contém uma verdade: pais que decidem não vacinar seus filhos não estão fazendo uma escolha particular - fazem uma escolha que afeta toda uma comunidade. É que existe um negócio chamado "imunidade de rebanho", que funciona mais ou menos assim: indivíduos que recebem vacinas fazem com que haja diminuição da circulação do agente infeccioso na comunidade. Ao diminuir o número de pessoas suscetíveis, diminui também a chance de transmissão da doença para todos. Assim, os vacinados beneficiam indiretamente o grupo inteiro, inclusive aqueles que não tiveram acesso ã vacinação. Para que a catapora e a difteria não se propaguem, por exemplo, a imunidade de rebanho deve ser de 80%, no minimo. Para a coqueluche e o sarampo, a taxa é mais alta: 92 a 95%. "Quanto maior o nível de cobertura de uma vacina, maior é a idade média do primeiro contato com a doença. Isso favorece seu controle, pois adultos têm maior resposta imunológica", diz Carla.
O rebanho é importante porque nem todas as pessoas podem ser vacinadas. Grávidas, crianças com imunodeficiências, com câncer ou muito alérgicas, e alguns outros grupos não podem tomar todas as vacinas. Esses indivíduos dependem exclusivamente da imunidade de rebanho para se manter saudáveis -para eles, não é uma questão de escolha.
É com isso em mente que dá para entender por que tantos governos mundo afora interferem numa decisão que parece ser pessoal e tornam a vacina obrigatória. Ninguém que convive em sociedade está dentro de uma bolha. Recentemente, a Austrália cortou benefícios sociais de famílias que não vacinam seus filhos. A Califórnia aprovou uma lei que proíbe que pais deixem de vacinar seus filhos por motivos de "crenças pessoais". E, no Brasil, atender ao calendário básico de vacinação é obrigatório por lei. Caso chegue à justiça algum caso de ausência, a família pode ser multada e a pessoa, apreendida e levada para vacinação obrigatória. O argumento faz sentido: afinal, as vacinas já erradicaram doenças perigosas, como a varíola em 1980, e a pólio na América e na Europa nos anos 1990; além de controlar o tétano, o sarampo e a tuberculose no Brasil. Ao mesmo tempo, é estranho um governo obrigar você a injetar no próprio corpo uma substância estranha.
A solução é, claro, continuar pesquisando. Investigar casos suspeitos de reações adversas. Tentar se informar sobre os riscos em fontes confiáveis. Analisar os perigos e os benefícios. E fazer testes abrangentes antes de liberar uma vacina para toda uma população.
Aumento de 5.000% no preço de remédio contra malária provoca revolta nos EUA
23/09/2015 - Zero Hora Online
O aumento de 5.000% no preço de um medicamento para tratar infecções mortais provocou uma onda de indignação nos Estados Unidos, onde os tratamentos geralmente são vendidos a preços duas vezes mais altos do que em outros países desenvolvidos.
De um dia para outro, a farmacêutica Turing aumentou em 5.000% o preço do Daraprim, utilizado contra a malária e infecções derivadas do vírus de imunodeficiência humana (HIV) que dá origem à aids - fazendo com que o preço de um comprimido fosse de 13,50 dólares para 750 dólares.
A pré-candidata democrata à Casa Blanca Hillary Clinton chamou de "chocante" a decisão em uma mensagem postada no Twitter.
Na terça-feira, durante um comício de sua campanha, a ex-secretária de Estado também prometeu que, caso chegue à presidência, trabalhará para que as farmacêuticas reduzam os custos dos medicamentos. Suas declarações causaram a queda de mais de 4% das ações do setor nos mercados.
Depois de ter defendido o aumento com unhas e dentes, o presidente executivo da Turing, Martin Shkreli, ex-chefe de fundos de investimentos especulativos, finalmente voltou atrás na decisão diante da chuva de críticas e acusações de aproveitamento. Mas a empresa ainda não revelou o novo preço.
Shkreli explicou que o Daraprim, comercializado há 62 anos, não era rentável e prometeu financiar com os novos lucros pesquisas para melhorar o medicamento.
Há poucos dias, a pequena farmacêutica Rodelis Therapeutics desistiu de aumentar o preço da cicloserina - usada em casos raros e mortais de tuberculose multirresistente a antibióticos - de 480 a 10.800 dólares por 30 pastilhas, após a pressão de entidades médicas.
Mas além destes casos, os grandes laboratórios mundiais aproveitam-se de algumas regulamentações nos Estados Unidos para vender a preços exorbitantes medicamentos essenciais contra o câncer ou doenças cardiovasculares.
Segundo um estudo britânico cujos resultados serão apresentados no Congresso Europeu sobre Câncer em Viena no próximo final de semana, os laboratórios farmacêuticos faturam nos Estados Unidos até 600 vezes o custo de produção dos medicamentos, informou à AFP o professor de farmacologia Andrew Hill, da universidade de Liverpool e co-autor do relatório.
Por exemplo, os norte-americanos pagam mais de duas vezes o preço de medicamentos vendidos na Europa, entre eles os novos anti-cancerígenos Tarceva ou Glivec, das farmacêuticas Roche e Novartis respectivamente.
O custo real de produção do Tarceva, mais um lucro hipotético de 50%, é de 236 dólares por ano e por paciente. Mas por este tratamento, a indústria fatura atualmente 79.000 dólares nos Estados Unidos e cerca de 40.000 na Europa, apontou o estudo de Hill.
Enquanto isso, o custo de produção do Glivec - para o tratamento da leucemia - é de 159 dólares por ano e paciente, mas é vendido a 106.000 dólares nos Estados Unidos e entre 29.000 a 35.000 dólares na Europa.
Dentro de cinco anos, muitos destes novos anti-cancerígenos estarão disponíveis em sua versão genérica com a expiração das patentes farmacêuticas, que justificam os altos preços pela necessidade de financiar a pesquisa de novos medicamentos.
Na contramão da Europa, nos "Estados Unidos os grupos farmacêuticos podem faturar o quanto quiserem porque uma lei impede que as agências governamentais como Medicare negociem os preços dos medicamentos, com a exceção dos hospitais militares", ressaltou Hill.
O especialista também considerou que um problema importante é "a falta de organização" para desenvolver medicamentos genéricos ou para importar mais da Índia ou da China.
Uma em cada 3 pessoas pode desenvolver o Alzheimer aos 85 anos
23/09/2015 - G1 - Globo News
Estima-se que o Mal de Alzheimer deverá atingir cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. O principal fator de risco da doença é o envelhecimento, explica Sérgio Ferreira, do Instituto de Biofísica e Bioquímica, da UFRJ. A estimativa é que, aos 85 anos de idade, 1 em cada 3 pessoas possa desenvolver a doença.
O GloboNews Especial conta a história das dificuldades que passam familiares de idosos com Mal de Alzheimer, caso da nutricionista Patrícia Della Noce, cuidadora da mãe, de 89 anos, vítima da doença há 10 anos. “O Brasil está envelhecendo e, como todo mundo, não está preparado para receber esse boom de idosos com demência que vai aparecer”, avalia a geriatra Yolanda Boechat, da Universidade Federa Fluminense (UFF).
Mais neurônios, menos sono
24/09/2015 - O Globo
Um estudo realizado pela neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel propõe uma nova explicação para a evolução dos mamíferos na Terra: o sono. Mais especificamente, a característica do cérebro desses animais que determina a quantidade de descanso necessária. Os primeiros mamíferos que surgiram no planeta eram pequenos, com o comprimento medido em centímetros, mas, ao longo de milhões de anos, eles cresceram e se diversificaram em milhares de espécies de vários tamanhos. E para crescer, foi preciso comer mais, ter mais tempo para alimentação e, logo, menos tempo para dormir.
— Para o animal ser grande, ele precisa dormir pouco para ter muito tempo para se alimentar — explica Suzana, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. — Para isso, ele precisa de um cérebro que se contente com pouco sono, e a nossa descoberta é que a quantidade de horas que um mamífero precisa dormir depende, universalmente, da concentração de neurônios por área da superfície do cérebro.
Os primeiros mamíferos do planeta tinham poucos neurônios e dormiam muito, provavelmente entre 16 e 18 horas por dia. O estudo, publicado ontem na revista científica “Proceedings of the Royal Society B”, propõe que o aumento no número de neurônios corticais levou a uma queda na necessidade de sono, o que possibilitou mais tempo para alimentação e aumento da massa corporal, que, por sua vez, facilitou o acréscimo no número de células cerebrais por causa da maior ingestão calórica, criando um ciclo evolutivo.
“O aumento no número de neurônios, que levou à menor necessidade de sono, liberando mais horas para a alimentação, deve não apenas ter permitido, mas impulsionado a tendência de crescimento do cérebro e da massa corporal na evolução dos mamíferos”, destaca o estudo.
A explicação é que os metabólitos que induzem ao sono, como a adenosina, se acumulam, durante as horas de vigília, mais lentamente em córtices que possuem menor densidade neuronal. E, durante o sono, esses metabólitos são removidos mais rapidamente. Como regra geral, quanto maior o número de neurônios, menor a densidade, porque tanto as células como o cérebro crescem.REGRA NÃO SE APLICA AOS PRIMATAS
Mas isso não quer dizer que pessoas que dormem muito tenham menos neurônios que outras que dormem pouco. Entre os primatas, o cérebro cresce de forma proporcional ao aumento no número de neurônios, mantendo a mesma densidade. Por esse motivo, todos os primatas, incluindo o homem, têm praticamente a mesma necessidade de sono, entre oito e nove horas.
— Um primata com dez vezes mais neurônios que outro tem o cérebro dez vezes maior. Nos outros mamíferos, se um animal qualquer tiver dez vezes mais neurônios que outro, seu cérebro será 40 vezes maior — explica Suzana. — Mas essa regra também explica porque os filhotes, inclusive os nossos, dormem muito. De maneira geral, os mamíferos quando jovens possuem um cérebro pequeno. Conforme ele cresce, a densidade cai rapidamente e reduz a necessidade de sono.
O estudo avaliou dados de 24 espécies sobre número de horas dormidas por dia, massa cerebral, números de neurônios, densidade neuronal, área de superfície cortical e espessura da massa cinzenta no córtex. Os resultados são curiosos. Os morcegos dormem até 20 horas por dia e se alimentam por apenas duas; e elefantes dormem entre três e quatro horas diárias e gastam 18 horas se alimentando.
Apesar de terem cérebros grandes, os carnívoros são bastante dorminhocos, entre 12 e 15 horas por dia, porque a densidade neuronal também é elevada. O estudo analisou ainda ratos em várias etapas da vida. Logo após o nascimento, esses roedores passam 95% do dia dormindo, mas, com duas semanas de vida, eles se estabilizam com a quantidade de sono de um adulto, entre 12 e 13 horas.
Concentração de neurônios determina tempo de sono
24/09/2015 - Folha de S.Paulo
A relação entre a densidade de neurônios e a quantidade diária de horas de sono pode ajudar a explicar como os mamíferos ganharam cérebros maiores, aponta um estudo da neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel.
Tudo indica que o papel mais importante do sono é fazer uma faxina cerebral, recolhendo moléculas potencialmente nocivas. Ocorre que, quando um mamífero está acordado, o fluido que é responsável por carregar o "lixo" dos neurônios para longe deles só consegue alcançar uma área relativamente pequena do cérebro.
Isso acontece, grosso modo, porque os neurônios do cérebro estão "inchados". Quando o sono vem, é como se o tecido cerebral relaxasse, de maneira que ele é banhado pelo fluido de forma mais homogênea, facilitando a faxina.
Pois bem: ao analisar 24 mamíferos, Suzana verificou que, em geral, bichos maiores e de cérebro mais avantajado eram os que dormiam menos.
O detalhe crucial é que, nos grandalhões, o tamanho da superfície do cérebro era relativamente menor em relação ao córtex cerebral como um todo. Além disso, os neurônios tendiam a ser maiores também.
Com neurônios maiores, menos células desse tipo podem ser empacotadas no mesmo espaço do cérebro, o que leva a uma circulação mais eficiente de fluido –realizando uma faxina mais eficiente à noite, com menos horas de sono. O estudo está na "Proceedings of the Royal Society B".
Efeitos da malária ameaçam gravidez
25/09/2015 - Correio Braziliense
De todas as complicações decorrentes da infecção pelo protozoário Plasmodium, a mais grave é a malária cerebral, que deixa sequelas cognitivas e comportamentais, como alterações na memória, distúrbios de atenção e transtorno da ansiedade. Agora, pesquisadores canadenses constataram que os danos ao sistema nervoso não atingem apenas pessoas diretamente picadas pelo mosquito Anopheles, que transmite a doença. Em um estudo com ratos, eles descobriram que o feto de grávidas infectadas sofre as consequências, apresentando anomalias no desenvolvimento.
Kevin Kain, especialista em medicina tropical e principal autor do artigo, publicado na revista Plos Pathogens, lembra que mais da metade das gestantes do mundo está em risco de contrair malária. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por ano, de 250 a 500 milhões de pessoas são infectadas, das quais 1,5 a 2 milhões morrem. No Brasil, o número de casos vem caindo e, de acordo com o Ministério da Saúde, houve 11.190 notificações da doença neste ano até agora, e 23.485 em 2014. A enfermidade é transmitida pela fêmea do mosquito Anopheles e tem como principais sintomas febre alta, calafrios, tremores, sudorese, dor de cabeça, náusea, vômito, cansaço e falta de apetite.
Já se sabe que a malária tem consequências importantes para a saúde da gestante e do feto, como aumento de risco de anemia materna, parto prematuro e peso baixo ao nascer. “Essa é uma doença potencialmente letal e particularmente perigosa durante a gestação, tanto para a mãe quanto para a criança que vai nascer”, diz Rose McGready, epidemiologista da Universidade de Oxford que pesquisa os riscos da doença na gravidez. “O impacto da exposição uterina à malária sobre o neurodesenvolvimento é desconhecida”, diz Kain, diretor do Departamento de Medicina Tropical e do Viajante da Universidade de Toronto.
Quando uma mulher grávida é infectada, explica o médico, alguns tipos de células do parasita acumulam-se na placenta. Acredita-se que, em resposta a essa invasão, o órgão materno desencadeie reações imunológicas para combatê-la, produzindo proteínas que vão lutar contra o micro-organismo. Esse sistema é chamado complemento. Um excesso de produção dos “soldados” do organismo, porém, principalmente de uma substância chamada anafilatoxina C5A, tem sido associado a prognósticos ruins de pacientes com alguns tipos de infecção. Pessoas com sépsis, por exemplo, costumam apresentar níveis altos da proteína.
Vasos anormais
Recentemente, trabalhos científicos evidenciaram que o sistema complemento tem implicações sobre o processo de desenvolvimento neurológico. Baseado nesses conhecimentos, a equipe de Kain decidiu testar, em laboratório, se a infecção por malária durante a gestação leva a uma produção exagerada de C5A e, consequentemente, atinge o cérebro do feto.
Primeiro, os cientistas infectaram roedoras gestantes com o Plasmodium. Os testes foram iniciados antes que os filhotes nascessem. Usando uma tecnologia de imagem semelhante à da tomografia computadorizada, os pesquisadores verificaram um crescimento anormal de alguns tipos de vasos sanguíneos que se formavam no cérebro dos fetos.
Depois que os animais nasceram, aqueles com peso normal foram selecionados para participar de testes cognitivos e comportamentais. A bateria de exames revelou que tinham dificuldades de aprender tarefas associadas à memória e ao reconhecimento espacial e apresentavam características depressivas. Esses efeitos prolongaram-se até a vida adulta. Ao examinar o tecido cerebral dos ratos descendentes da mãe infectada por malária, também se observou danos nas estruturas relacionadas à produção de importantes substâncias químicas naturais, como serotonina.
“A infecção por malária parece acionar alguns padrões imunes, como do sistema complementar, o que altera o desenvolvimento cerebral normal do feto. Isso resulta em problemas de memória e transtornos afetivos, como a depressão. Esses efeitos persistiram, em nosso estudo, até a idade adulta”, resume Kain. “Mas uma coisa interessante é que a pesquisa sugere novos marcadores para gestações de alto risco e novas oportunidades de tratamento porque, bloqueando a resposta imune, o desenvolvimento da cria voltou ao normal.”
Remédios
O especialista explica que existem drogas aprovadas pelo FDA (órgão de vigilância sanitária dos EUA) que bloqueiam a produção de C5A. Esses medicamentos foram testados em outras cobaias gestantes também infectadas pela malária. O resultado foi animador: os cérebros dos fetos desenvolveram-se normalmente e, ao nascerem, os animais não apresentaram deficits cognitivos, nem comportamentais.
“As estratégias terapêuticas baseadas no bloqueio da C5A disponíveis atualmente, embora aparentemente sejam seguras para gestantes humanas, ainda são caras”, observa o médico. “Contudo, há algumas abordagens menos caras e novas que nosso laboratório e alguns outros estão explorando e podem ter o mesmo efeito benéfico”, adianta.
Atualmente, a equipe de Kain realiza testes em mulheres grávidas no Malawi. “Nossos próximos passos são completar o estudo por lá e confirmar nossas descobertas em gestantes que estão em alto risco para a malária. Depois disso, queremos terminar nossas pesquisas para chegarmos a tratamentos mais baratos, além de seguros”, conta.
'O cargo não é meu', diz Arthur Chioro sobre troca na Saúde
24/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site
O ministro Arthur Chioro (Saúde) minimizou sua eventual saída do comando da pasta e disse não se sentir "em hipótese alguma" rifado diante de negociações entre o Palácio do Planalto e o PMDB, partido que pode assumir o controle da área.
"O cargo [de ministro] não é meu. Quem tem cargo é presidente, deputado, senador. Qualquer outro agente público é por delegação", afirmou nesta quinta feira (24) após participar de encontro com secretários de saúde de Estados e municípios.
"Eu sou ministro da Saúde, não me demitam", afirmou para jornalistas que o questionaram sobre o tema.
O petista disse não ter agenda com a presidente Dilma hoje, nem ter tratado do assunto até aqui. "As conversas não são feitas comigo".
Em nota, secretários municipais do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco demonstraram apoio à permanência de Chioro no posto. Os gestores de cidades de São Paulo afirmam que o petista é "gestor público de qualidades reconhecidas, provado articulador e construtor de consensos, liderança inconteste dos que laboram pela política pública universal, equitativa, integral".
"Sendo o SUS uma política de Estado, considermos ser incompatível que seu comando seja objeto de negociação política", afirma trecho de nota do Cosems/SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo).
O Conselho Nacional de Saúde também se manifestou. A diretoria do órgão, responsável por aprovar e fiscalizar políticas públicas de saúde, afirma ser "inaceitável" que o "SUS seja usado como objeto de barganha política".
"Compreendemos as dificuldades do momento político e repudiamos toda e qualquer ameaça golpista, venha de onde vier. E também não nos calaremos frente a quaisquer ameaças às conquistas sociais, especialmente no campo da saúde", diz trecho do texto.
DPVAT
Aplaudido ao iniciar o encontro, Chioro adotou tom de despedida em sua primeira fala. "A vida é assim mesmo, feita de encontros e despedidas", afirmou.
Num segundo momento, ele tratou da queda de recursos para a saúde no orçamento do próximo ano. Em 2015, a pasta sofreu o segundo maior corte da Esplanada. "Não temos situação similar do ponto de vista orçamentário financeiro na história do SUS", disse.
Num segundo momento, ele tratou da queda de recursos para a saúde –a pasta sofreu o segundo maior corte da Esplanada. "Não temos situação similar do ponto de vista orçamentário financeiro na história do SUS", disse.
Ele citou como exemplo corte de verbas para medicamentos do Farmácia Popular e para procedimentos de média e alta complexidade.
Chioro, no entanto, apontou uma proposta em discussão no governo: o uso de recursos do Dpvat (seguro de trânsito obrigatório) para a saúde. Segundo ele, há uma proposta pronta no ministério do Planejamento sobre o assunto, a ser enviada ao Congresso Nacional.
"Há uma proposta de recomposição de parte importante desses valores [cortados], cerca de R$ 4 bilhões, que poderiam ser recompostos com uma medida de reestruturação dos recursos do Dpvat", afirmou.
"Na hora que o calo aperta, você precisa buscar alternativa", disse.
Mercado Aberto: Transferência em vista
25/09/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias
A subsidiária brasileira da Genzyme, empresa de biotecnologia do grupo Sanofi, estuda criar uma PDP para a transferência de tecnologia na área de engenharia genética, visando a produção de medicamentos biológicos. Isso capacitaria o Estado a produzir remédios para o tratamento de doenças genéticas raras, autoimunes e oncológicas, por exemplo.
"Estamos conversando, ainda falta definir o parceiro que irá receber a tecnologia", diz Eliana Tameirão, presidente da empresa no Brasil.
Em março, a Genzyme lançou no país dois novos medicamentos para esclerose múltipla. Há também investimentos para desenvolver o tratamento para a doença de Niemann Pick - Tipo B (NPB), enfermidade genética rara. Atualmente, todas as drogas produzidas pela marca e comercializadas no Brasil são importadas.
5.350 é o número de funcionários no Brasil do grupo Sanofi, ao qual pertence a Genzyme
€ 2,6 BILHÕES foram as vendas globais realizadas pela Genzyme em 2014
Mercado Aberto: Maioria das parcerias de saúde não avança
25/09/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias
Das 98 PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo) vigentes atualmente no Brasil, 62 ainda se encontram no início da fase de implementação.
Esses acordos têm o objetivo de transferir tecnologias de fabricação de medicamentos de laboratórios privados para entidades públicas.
Entre 2009 e 2014, 104 parcerias válidas foram aprovadas, mas seis delas foram extintas, segundo dados da Interfarma (associação da indústria farmacêutica de pesquisa). Do restante vigente, apenas nove já se encontram na fase mais avançada, de pesquisa e desenvolvimento.
Em dezembro do ano passado, um novo marco regulatório estipulado pelo Ministério da Saúde obrigou os projetos a se readequarem a regras mais rigorosas para obterem a aprovação.
"O processo começou mal, porque, na maioria dos casos, não houve um critério na escolha de quem deveria transferir e que entidades receberiam a tecnologia", avalia Antonio Britto, presidente-executivo da Interfarma. Ele lembra que, com as mudanças nas regras, os critérios se tornaram mais rigorosos e os projetos precisaram ser reavaliados. O anúncio do cancelamento de muitas PDPs em análise deverá ser feito nas próximas semanas.
"A gente teme, no entanto, que questões políticas possam colocar a perder essas regulações que foram conquistadas para melhorar os procedimentos", diz Britto.
O Ministério da Saúde informou que as 98 parcerias vigentes seguem o cronograma estabelecido e que o prazo para a conclusão de uma PDP é de até dez anos.
Mais Médicos: resultados concretos
25/09/2015 - Folha de S.Paulo
O programa veio responder à demanda imediata por cobertura de atenção básica e enfrentar estruturalmente a insuficiência de médicos.
Embora a insuficiência e distribuição desigual de médicos no país seja consenso entre especialistas, persistem críticas ao programa Mais Médicos do governo federal.
Em artigo recente publicado pela Folha, Miguel Srougi, professor da Faculdade de Medicina da USP, reafirma a importância de enfrentarmos a carência de médicos no país, mas tem dúvidas quanto à efetividade da iniciativa.
Nesse debate, não se pode ignorar que 85% dos mais de 14 mil pacientes entrevistados pela Universidade Federal de Minas Gerais disseram que o atendimento está melhor depois da chegada dos médicos do programa e 91% dos gestores viram melhora nos serviços.
Outro estudo, liderado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, identificou aumento de 33% no número de consultas e maior redução das internações nos municípios participantes do programa.
É preciso também nortear as discussões pela melhoria da atenção básica, uma vez que um dos pilares do Mais Médicos é a valorização da Estratégia Saúde da Família, cuja cobertura, em dois anos de programa, cresceu mais que nos seis anteriores. Cada equipe de saúde da família cobre, em média, 3.450 pessoas, de forma que os 18.240 médicos da iniciativa atingem 63 milhões de brasileiros. Um número, sem dúvida, significante.
O Mais Médicos veio para responder à demanda imediata da população sem cobertura de atenção básica e, ao mesmo tempo, enfrentar estruturalmente a insuficiência de médicos, por meio da expansão e interiorização das escolas de medicina, da modernização de seus currículos e do fortalecimento da avaliação de sua qualidade. Não se tratam, portanto, de medidas aparentes, mas de melhorias permanentes na formação de médicos no Brasil.
Todas as propostas estão amparadas por lei aprovada pelo Congresso, tendo reunido somente decisões favoráveis na Justiça e se mostrado cada vez mais consolidadas na sociedade, inclusive entre médicos brasileiros. Se no início os estrangeiros ocuparam 85% das vagas, neste ano os brasileiros preencheram 100% dos novos postos.
Se desde o começo houvesse essa participação, o Brasil não precisaria recorrer à cooperação internacional. O acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a participação dos cubanos serviu para levar médicos às cidades sem interesse dos brasileiros.
Os profissionais, diferentemente dos demais estrangeiros, mantêm seus vínculos com o governo de Cuba, além de receberem por sua atuação aqui. Os documentos da cooperação estão de acordo com a lei.
O Mais Médicos é uma política pública que tem alcançado êxito no que se propõe a resolver, mas não é solução para diversos desafios de nossa saúde. A resolução da carência de médicos é um processo multifacetado que deve ser enfrentado combinando medidas de curto e longo prazo. Nesse caminho, precisamos da cooperação de todos que objetivam a saúde dos brasileiros.
Isso inclui a crítica, que tenderá a ser mais construtiva quanto mais se apoie em informações corretas e atualizadas, se liberte de preconceitos e esteja comprometida com a construção de um SUS mais justo, universal e humanizado.
Governo quer usar recursos do DPVAT para a Saúde, diz Chioro
24/09/2015 - Valor Econômico / Site
O ministro de Saúde, Arthur Chioro, disse nesta quinta-feira que o Ministério do Planejamento concluiu uma proposta para recomposição de recursos para a saúde a partir de uma reestruturação do uso dos recursos do DPVAT, o seguro obrigatório para danos pessoais causados por veículos. Segundo ele, a saúde poderia contar com mais R$ 4 bilhões no próximo ano a partir dessa medida, que ainda será encaminhada ao Congresso. A afirmação do ministro foi feita durante reunião na sede da Organização Panamericana de Saúde (Opas), em Brasília.
“Uma parte seria possível recompor. Tem que passar no Congresso, mas é possível. Tem a proposta pronta no Planejamento, não foi enviada ao Congresso, mas é possível”, disse o ministro. “O pressuposto de que mais recursos sairão de emendas impositivas é de uma incerteza danada. A junta econômica, o Planejamento, a Fazenda e a Presidência da República, tem clareza dessa dificuldade”, acrescentou Chioro.
Em rápida entrevista ao término da reunião, o ministro evitou apresentar um detalhamento da proposta, mas enfatizou que a proposta articulada pelo ministério com o Planejamento “muda a lógica” do uso do DPVAT para financiar a saúde, em “uma tentativa de construir uma alternativa”. “Muda a lógica, mas você não terá nenhuma outra informação. O Ministério do Planejamento, se quiser, fala”, disse. “Na hora que o calo aperta, você precisa buscar uma alternativa, né?”, completou.
O ministro já havia manifestado mais cedo ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a preocupação com a situação orçamentária do Ministério da Saúde no próximo ano, diante da determinação da presidente Dilma Rousseff em prever o redirecionamento de emendas parlamentares como forma de recompor os cortes no ministério.
Em seu discurso durante a reunião, o ministro reafirmou o temor com as dificuldades para execução de ações de média e alta complexidade diante da escassez de recursos. Chioro citou uma redução de R$ 578 milhões do programa “Aqui tem farmácia popular”, responsável por beneficiar atualmente 17 milhões de brasileiros, que passarão a sobrecarregar as redes municipais e estaduais de saúde. O ministro minimizou esse problema do ponto de vista orçamentário, mas afirmou que “do ponto de vista político não é pequeno”.
Chioro afirmou que o redirecionamento de recursos por meio de emendas parlamentares não representa irregularidade, mas afirmou que é muito pouco provável que senadores e deputados deem essa destinação aos recursos de que dispõem por meio das emendas. “Muitos deputados e senadores hoje já entendem que as prefeituras e os Estados gostariam de receber mais recursos para custeio, mas é claro que a mais, não incluídos dentro das transferências regulares”, afirmou.
"Eu sou ministro da Saúde, não me demitam", diz Chioro a jornalistas
24/09/2015 - Valor Econômico / Site
Em meio à reforma administrativa em elaboração pela presidente Dilma Rouseff, que deve repassar o comando do ministério para o PMDB, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse nesta quinta-feira não se sentir “rifado” no cargo, negou ter tratado do assunto com a própria presidente Dilma e afirmou que o cargo não lhe pertence.
O ministro disse que não comentaria a perspectiva de o PMDB assumir o comando do ministério, um dos maiores detentores de recursos e apelo social, retirando-o do PT.
“O cargo não é meu. Quem tem cargo é presidente, deputado e senador. Qualquer outro agente público é por delegação”, disse o ministro. “Eu sou ministro da Saúde, não me demitam”, acrescentou Chioro, dirigindo-se aos jornalistas, após reunião na sede da Opas em Brasília.
O ministro também evitou comentar a iniciativa proposta pela presidente Dilma de instituir o retorno da CPMF para financiar a Previdência Social, depois recuar na proposta de recriação do imposto para destinar mais recursos para a saúde.
Questionado sobre o tom duro com que abordou, durante o encontro, a dificuldade orçamentária do ministério para o próximo ano, Chioro afirmou que se tratava de uma reunião técnica, que ocorre todo mês. “É o espaço de pactuação do SUS [essa reunião], eu não poderia deixar de conversar, o tema era esse, pautado no mês passado”, disse o ministro. Em sua fala, Chioro chegou a dizer que o ministério não teve “situação similar” em toda a história do Sistema Único de Saúde (SUS), do ponto de vista orçamentário e financeiro.
Sarampo e despedida
Chioro ensaiou nesta quinta-feira um discurso de despedida emocionado ao anunciar a erradicação do sarampo no Ceará, após um surto no Estado que preocupou autoridades da América Latina.
Chioro chegou pouco depois das 9h à sede da Organização Panamericana de Saúde (Opas), em Brasília, junto com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
Ao cumprimentar a reportagem, Chioro evitou responder se estava tudo bem e manteve-se sério, desfazendo o sorriso que vinha mantendo ao cumprimentar os demais presentes. O ministro foi aplaudido ao adentrar o auditório da sede da Opas em Brasília.
“Pode parecer palavra feita, chavão, mas não tenho palavras para poder definir o que significa na vida, na alma, no coração e acima de tudo das lembranças dos momentos que a gente constrói na vida, o que significa a atitude que vocês acabaram de manifestar na minha chegada à sede da Opas hoje”, disse o ministro ao encerrar seu discurso, aplaudido novamente de pé pelo auditório.
“Quero fazer um enorme agradecimento. Não é momento de balanço, não é momento de nada. A gente continua firmes e fortes. No momento devido, a gente pretende se pronunciar sobre todas essas coisas, mas eu só quero registrar aqui meu profundo agradecimento e dizer que o que nos mobiliza é a luta por um sistema público de saúde de qualidade, universal e integral”, completou.
Chioro se referia à angústia externada pelo governador do Ceará, que discursara pouco antes do ministro. “Estou feliz, mas ao mesmo tempo angustiado por essas notícias de que poderão haver mudanças no Ministério da Saúde. Acho que é um momento de muita indefinição, um pouco de angústia, sobre como será o futuro, mas não tenho dúvida de que com a equipe do ministério e os secretaria de saúde vamos continuar”, disse o governador.
“Vou sair daqui para a Presidência, inclusive para tentar saber o que vai acontecer com a saúde. Parabéns, a vida continua, e o seu trabalho também”, acrescentou Camilo Santana. Ao se referir a Chioro, o governador o classificou como “grande técnico”, “grande homem” e “sensível”.
Embora tenha evitado demostrar expressamente que está de saída do cargo, Chioro se emocionou em diversos momentos da reunião, sobretudo quando era cumprimentado pelos presentes, e apresentou uma breve relação de pendências do ministério que deverão ser solucionadas no curto prazo, como em uma prestação de contas. Em sua saída da reunião, o ministro procurou disfarçar que estava contendo as lágrimas e falou em uma “vontade de espirrar” incontrolável.
Ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, Chioro se disse preocupado com a decisão da presidente Dilma Rousseff em prever o redirecionamento de emendas parlamentares para a área da saúde como forma de compensar os cortes no orçamento. “Achei muito preocupante, porque isso significa que não tem garantia de cobertura das ações regulares, dos compromissos de transferência de recursos. É uma equação que pode não fechar, é muito pouco provável que ela feche”, disse.
Porque o perigo continua
24/09/2015 - Exame
O PRESIDENTE DA OPERADORA DE PLANOS de saúde Unimed no Rio de Janeiro, Celso Barros, é figurinha fácil no noticiário esportivo da cidade. Durante 16 anos, entre 1998 e 2014, a cooperativa foi a maior patrocinadora do Fluminense, pagando até 25 milhões de reais por ano ao clube. Tricolor confesso, Barros aparecia nas comemorações de títulos e interferia nas contratações. Era tanto dinheiro investido pelo executivo, e tanto tempo dedicado à causa, que a impressão era que as coisas iam às mil maravilhas para a Unimed Rio. Nada disso. Mesmo sendo a maior das cooperativas que formam o sistema Unimed no Brasil, com 4,6 bilhões de reais de faturamento, a unidade do Rio teve prejuízo de 200 milhões de reais em 2014. As dívidas chegam a 1 bilhão de reais e fornecedores tiveram pagamentos atrasados no ano passado. Em dezembro, a Unimed Rio cancelou o contrato com o Fluminense. E, em março, sofreu intervenção da Agência Nacional de Saúde (ANS) — na prática, funcionários da agência supervisionam o dia a dia para conter eventuais danos. O atendimento aos pacientes continua normal.
Com 20 milhões de clientes em mais de 300 cidades, e 112 000 médicos associados, a Unimed é a maior operadora de planos de saúde do país. Não chega a servir de consolo aos clientes cariocas, mas as dificuldades se repetem em outras sete unidades da Unimed Brasil afora. O maior exemplo, claro, é a Unimed Paulistana, que quebrou no fim de agosto, depois de quatro intervenções da ANS. Até o fim de setembro, a cooperativa terá de transferir seus clientes para outra operadora. O mais provável é que a Unimed Fesp (Federação de São Paulo) ou a Central Nacional Unimed assumam a carteira de 750 000 clientes. A Justiça ordenou que, até lá, os clientes sejam atendidos pela Central Nacional Unimed, que tem como uma de suas funções justamente resgatar unidades em apuros. As cooperativas de Jequié e Paulo Afonso, na Bahia, também estão com ordens para transferir seus clientes, e as de Manaus e Belém estão sob intervenção. Em Manaus, cada médico cooperado contribuiu em 2014 com 24000 reais para cobrir déficits. As oito cooperativas sob intervenção da ANS têm 2,5 milhões de clientes, 12% do total da Unimed. Nem sempre as intervenções resultam em fechamento das cooperativas e, na maior parte dos casos, como no Rio, o atendimento não chega a ser afetado. Mas, como o exemplo da Unimed Paulistana atesta, nada garante que a situação se mantenha desse jeito.
E verdade que os resultados estão ruins para a maior parte das operadoras de planos de saúde do país. Os custos com saúde têm crescido 15% ao ano no Brasil, o que derrubou os resultados. A maior delas, a Amil, teve prejuízo de 259 milhões de reais no ano passado. Mas a complexa estrutura da Unimed contribui para agravar a situação. Os presidentes são eleitos pelos médicos cooperados e brigas políticas entre os grupos que disputam o poder são comuns, como ocorreu em São Paulo. Um conflito de interesses entre o médico e a cooperativa também contribui para que as margens sejam menores do que na concorrência. A Bradesco Saúde e a Sul América lucraram no ano passado cerca de 6% da receita, ante 4% da Central Nacional Unimed. Para o médico, quanto mais complexos os atendimentos, melhor. Para a cooperativa, quanto maior a simplicidade, maior o lucro.
Em São Paulo, essa combinação fez com que a Unimed implodisse em setembro. Custos altos demais levaram a operadora à lona. Naturalmente, começou ali a busca por culpados. EXAME apurou que o antigo presidente, Paulo Leme, que ocupava o cargo até o ano passado, e o atual, Marcelo Nunes, acusam-se de malversação de recursos. Leme havia contratado como executivo Augusto Cruz, ex-presidente da varejista Pão de Açúcar. Executivos próximos a Leme dizem que, na gestão dele, as despesas caíram de mais de 100% para algo próximo a 85% do total arrecadado em 2013. "Antes dele, tinha clínica ortopédica que apresentava conta de 80 infiltrações em 40 pacientes", conta um ex-diretor. "Os controles foram abandonados pela gestão seguinte." Em nota, a administração atual afirma que os índices de eficiência apresentados pela gestão anterior não eram reais. E devolve afirmando que enviou ao Ministério Público provas, obtidas em auditorias, de que a gestão anterior pagava caro demais a fornecedores. Os executivos da atual gestão e da anterior não deram entrevista.
CONSENSO DIFÍCIL
Transformar uma empresa com essa estrutura num negócio viável exige consenso entre os milhares de cooperados. Eudes Aquino, presidente da Unimed Brasil — entidade que funciona como uma federação nacional das Unimeds —, começou em 2009 um projeto para racionalizar a estrutura administrativa. Até agora, os avanços são pontuais e em cooperativas que já são lucrativas. Nas problemáticas, a coisa só muda quando a situação está insustentável. No Rio, Barros mudou a equipe de gestão em novembro de 2014, trazendo um vice--presidente da Amil, Alfredo Cardoso, para controlar os gastos. A equipe cortou oito das 12 superintendências e demitiu 2 000 funcionários. A maior fiscalização reduziu o total de despesas médicas de mais de 100% da receita, no ano passado, para 83%, neste ano. A medida mais importante, entretanto, foi recorrer à Justiça para liberar parte dos 350 milhões de reais em reservas técnicas que ficam depositadas em bancos (e são usadas para pagar dívidas em caso de quebra da operadora). Foi com esse dinheiro que a Unimed Rio pagou fornecedores, como os hospitais da Rede D'Or e o laboratório Dasa. A ação foi malvista pela ANS, que decretou uma intervenção para acompanhar de perto a recomposição do caixa da empresa. Executivos próximos à companhia dizem que os números devem melhorar até o fim do ano, com as receitas de um novo hospital próprio na Barra da Tijuca, que custou 400 milhões de reais e foi financiado por dívida bancária (a Unimed Rio não pôde recorrer ao BNDES porque tem impostos em atraso). O investimento no hospital e o atraso em sua construção pioraram a situação. Executivos próximos a Barros defendem a construção do hospital e os contratos com o Fluminense. "Quando o patrocínio começou, tínhamos 200 000 clientes e hoje temos 1,1 milhão", diz um diretor. Barros e Aquino não deram entrevista.
Há bons exemplos em que se inspirar. As Unimeds que têm bons resultados absorveram cooperativas regionais, simplificaram suas estruturas e ganham com a escala — elas têm no mínimo 700000 clientes. Constroem consensos políticos entre os grupos de médicos e, principalmente, controlam custos por ter redes próprias de hospitais. A mais avançada nesse modelo é a Unimed de Belo Horizonte, que tem 80% do mercado na região metropolitana, com 1,2 milhão de clientes. A cooperativa tem três hospitais e uma maternidade, além de 11 unidades de pronto-atendimento, e está construindo um hospital de 200 leitos em Betim. "Mais da metade dos atendimentos de emergência e um quarto das internações são feitos na rede própria, o que diminui os custos", diz o presidente da Unimed BH. Samuel Fiam. Para reduzir fraudes e cobranças excessivas, a Unimed BH faz treinamentos para que os médicos se vejam mais como donos do negócio do que como prestadores de serviço. No ano passado, a cooperativa lucrou 166 milhões de reais e distribuiu 11000 reais a cada um dos 5 000 cooperados. E pouco mas mostra uma saúde financeira rara no mundo Unimed. A Unimed BH tem exportado alguns de seus sistemas de gestão para outras unidades, como as de Vitória. Porto Alegre e Curitiba, que também são lucrativas. As Unimeds de Campinas e Vitória têm centros próprios de tratamento para câncer e laboratórios. No Paraná e no Rio Grande do Sul, algumas cooperativas uniram-se numa central de compras única. Uma medida que a Unimed BH e que outras grandes operadoras estão tentando adotar é estabelecer um preço fechado por tratamento — o que. em tese, incentiva os hospitais a encurtar o tempo das internações e, também, reduz os riscos. São medidas esperadas há algum tempo. Mas, se o ocaso da Unimed Paulistana provou alguma coisa, foi justamente que não há tempo a perder.
Outubro Rosa inicia caminhando contra o Câncer de Mama
23/09/2015 - MS Notícias
O movimento comemorado internacionalmente, como o mês de atividades voltadas à conscientização e a importância do diagnóstico e prevenção do câncer de mama, terá atividades a partir de quinta-feira 1º de outubro em Campo Grande.
A primeira atividade do Outubro Rosa na Capital será a Caminhada Rosa, que acontece às 8h de quinta-feira com concentração em frente ao Hospital de Câncer Campo Grande Alfredo Abrão, na Rua Marechal Cândido Rondon e vai percorrer as principais ruas do centro da cidade finalizando na Praça Ary Coelho, com shows musicais.
A caminhada contra o Câncer de Mama, promovida pela Rede Feminina de Combate ao Câncer em parceria com Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão e que contará com a participação do hospital de Câncer de Barretos, faz parte das diversas ações realizadas no Outubro Rosa em todo país em prol da prevenção contra o câncer de mama. Durante o evento, profissionais do Hospital do Câncer estarão no local orientando o público com panfletos e informações sobre a doença.
Também durante a passeata, uma carreta da prevenção do Hospital de Câncer de Barretos estará presente chamando atenção das mulheres para o tema e disponibilizando exames de mamografia gratuitos.
A Caminhada Contra o Câncer de Mama tem como objetivo aliar atividade física a um trabalho de esclarecimento e conscientização sobre a prevenção do câncer à sociedade e aos participantes desse evento, além de promover a prática de atividades físicas regulares, considerada uma das formas de prevenção e uma recomendação para a qualidade de vida.
De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo mais recorrente e, entre as mulheres, registra 22% de novos casos novos a cada ano. No Brasil, somente neste ano, mais de meio milhão de novos casos de câncer poderão ser diagnosticados.
Confira as dez dúvidas mais frequentes sobre o diabetes
23/09/2015 - Tribuna da Bahia Online
Apesar do diabetes ser comumente abordado, há algumas dúvidas frequentes que precisam de esclarecimento, principalmente quando se leva em consideração o futuro da doença no Brasil.
De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), o problema já atinge 12 milhões de pessoas no país e, até 2035, a estimativa é de mais de 19 milhões de pacientes.
Para ajudar a entender um pouco mais sobre o diabetes, a Dra. Priscilla Mattar, endocrinologista e gerente médica da Novo Nordisk no Brasil, farmacêutica líder mundial no tratamento do diabetes, responde algumas das perguntas mais abordadas sobre a doença.
1. O que é pré-diabetes?
É um estágio anterior da doença, que mostra um risco alto de desenvolve-la. Isto é, quando o indivíduo tem um valor de glicemia alterado que não chega a confirmar a doença, mas também não é normal.
“Os pacientes com o quadro de pré-diabetes devem mudar o estilo de vida, principalmente no que diz respeito aos hábitos alimentares e à prática de atividades físicas”, explica a Dra. Priscilla.
Alguns fatores de risco também podem contribuir para o desenvolvimento da doença, tais como idade acima dos 45 anos, excesso de peso, sedentarismo, hipertensão, entre outros.
2. Como diagnosticar o diabetes?
A doença pode ser diagnosticada por meio de diferentes exames de sangue:
-- Glicemia de Jejum: É o mais comum e realizado quando o paciente fica pelo menos oito horas sem se alimentar. Se o resultado for menor que 100 mg/dl, a pessoa não tem a doença. Acima de 126 mg/dl é considerado quadro de diabetes.
-- Teste Oral de Tolerância à Glicose (Curva Glicêmica): É feito, normalmente, para confirmar o diagnóstico sugerido nos outros tipos de exame. Feito em diversas etapas, o especialista coleta amostras de sangue em tempos determinados após o paciente ingerir um xarope de glicose.
Após 2 horas dessa ingestão, se a glicemia estiver ?200 mg/dL é confirmado o diagnóstico de diabetes e entre 140 e 199 considera-se pré-diabetes.
-- Glicemia ao acaso: Uma glicemia medida ao acaso ?200 mg/dL, em paciente que tenha sintomas típicos de diabetes também é diagnóstico.
-- Hemoglobina glicada (HbA1c): Esse exame estima quão alta ficou a glicose no sangue nos últimos meses. Se o resultado for ?6,5% indica diabetes e entre 5,7% e 6,4%, pré-diabetes.
3. Pacientes com diabetes têm restrições alimentares?
Sim. O paciente deve ter uma dieta individualizada, mas, via de regra, com o controle da ingestão de carboidratos, sobretudo os simples. O ideal é ter o acompanhamento de um nutricionista especializado na doença que poderá orientar da melhor forma.
4. Diabetes causa cegueira?
A cegueira, que neste caso decorre de um estágio avançado da retinopatia diabética, é uma das complicações ocasionadas pelo não controle da doença. Há também outros problemas como dificuldade de foco, catarata, glaucoma e outros danos na retina.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, até 40% dos pacientes portadores da doença podem ter esses tipos de complicações por falta de informação e ausência dos sintomas.
Na prática, a retinopatia diabética ocorre quando os vasos sanguíneos da retina são danificados. A retina é o nervo responsável por projetar imagens e enviar ao cérebro.
Quando o nível de glicose está elevado, o sangue fica denso, provocando problemas na circulação. Essa situação faz com que os vasos da retina sejam lesionados. Se chegar ao ponto de rompê-los, pode causar cegueira.
5. Quais são as complicações do diabetes?
As complicações crônicas principais podem ser divididas em dois grupos, as microvasculares, que causam danos nos vasos sanguíneos pequenos, e as macrovasculares, que atingem os grandes vasos.
As complicações microvasculares podem levar a problemas nos olhos (retinopatia), rins (nefropatia) e nervos (neuropatia). As complicações macrovasculares ocorrem devido à aterosclerose – acúmulo de gordura e outras substâncias nas artérias, restringindo a passagem do sangue – podendo levar à infarto (doença arterial coronariana), derrame (acidente vascular cerebral) e doença vascular periférica.
6. Quais são os tipos de diabetes?
Os tipos principais de diabetes são conhecidos como 1, 2 e gestacional.
-- O diabetes tipo 1 é quando a produção de insulina é pequena ou ausente.
-- O diabetes tipo 2 é quando há produção de insulina, mas não o suficiente para retirar o açúcar do sangue.
Já o diabetes gestacional é desenvolvido durante a gravidez. Na maioria dos casos, após o nascimento do bebê, a doença desaparece.
7. Quais são as principais diferenças entre o diabetes tipo 1 e tipo 2?
O paciente de diabetes tipo 1 produz pouca ou nenhuma insulina, enquanto no tipo 2, essa produção não se dá nas quantidades necessárias.
No tipo 1 é necessário o uso de insulina, que é um medicamento injetável. No tipo 2, além das mudanças no estilo de vida como alimentação balanceada, prática de atividades, pode ser necessário o uso tanto de medicamentos orais como injetáveis.
8. Quais são os principais sintomas?
Os principais sintomas do diabetes são sede excessiva, maior volume de urina, perda de peso, fome excessiva, cansaço e visão embaçada. Na América Latina, a estimativa é que metade das pessoas tem a doença, mas ainda não foi diagnosticada.
Muitas vezes, isso acontece porque os sintomas não são exclusivos do diabetes, tornando mais imperceptíveis e fáceis de confundir com outros fatores.
Exemplo: sede com o calor, cansaço com excesso de trabalho, entre outros. Por isso a importância de fazer exames periódicos garantindo que está tudo bem e, caso contrário, ter a oportunidade de tratar da maneira e tempo certo.
9. Açúcar causa diabetes?
O consumo de açúcar isoladamente não pode ser apontado como causa da obesidade, diabetes ou outras doenças graves.
10. Quando o paciente tem de fazer a aplicação de insulina?
Geralmente, a insulina é aplicada em pacientes com diabetes tipo 1 e é uma entre as diversas opções de tratamento para controlar a doença no diabetes tipo 2. Há vários tipos de insulina no mercado e o especialista vai indicar a melhor de acordo com cada caso.
OMS: 59% da população europeia está acima do peso
23/09/2015 - Terra
Relatório alerta que obesidade crescente e altas taxas de consumo de tabaco e bebidas alcóolicas ameaçam metas de expectativa de vida da Europa: "Próxima geração pode levar vidas mais curtas."
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (23/09) que, apesar do declínio do fumo e da taxa de consumo alcoólico, os europeus continuam sendo os maiores fumantes e bebedores do mundo. O relatório também apontou uma crescente obesidade na Europa.
O relatório diz que a Europa está num bom caminho para atingir as metas estabelecidas em 2012 para reduzir a mortalidade prematura até 2020. No entanto, a organização afirma que muito mais pode ser feito para reduzir os principais fatores de risco, abordando tabagismo e etilismo.
A OMS estima que, em média, 11 litros de álcool puro são consumidos por pessoa a cada ano, enquanto 30% da população é fumante. Além disso, as taxas de obesidade também foram aumentando, com 59% da população da Europa classificada com sobrepeso ou como obesos – ficando atrás apenas dos EUA, que possuem as taxas mais altas do mundo.
Turquia, Reino Unido, Polônia, República Tcheca e Israel estão entre as nações com as maiores taxas de adultos com sobrepeso e obesidade, segundo a OMS. Em contrapartida, a Holanda é o país "mais magro" da Europa.
"As taxas de tabagismo estão caindo em todos os lugares, com poucas exceções, mas a obesidade está aumentando e um não compensa o outro", diz a diretora da OMS para a Europa, Claudia Stein. "O que não queremos ver é que estamos ganhando a guerra contra álcool e tabaco, mas perdendo a batalha contra a obesidade."
Enquanto europeus estão vivendo mais do que nunca, diferenças "inaceitavelmente altas" na expectativa de vida continuam a existir entre os países citados no relatório da OMS, com uma discrepância de 11 anos entre o primeiro e o último. A expectativa média de vida para homens e mulheres varia dos 71 anos em Belarus, Moldávia e Rússia aos 82 anos em países como França, Itália e Espanha, segundo os últimos dados de 2011.
Os níveis de mortalidade prematura por doenças não transmissíveis – incluindo câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônica – foram diminuindo "rapidamente", enquanto os níveis de consumo de álcool, tabagismo e obesidade se mantiveram elevados. Isso, segundo o relatório, "pode significar que o progresso [estabelecido para a redução da mortalidade prematura] não será mantido".
"Europeus vivem vidas longas e saudáveis. Somos a região com a maior longevidade no mundo", diz Stein. "[Mas] se as taxas de tabagismo e consumo de álcool e obesidade não diminuírem, podemos arriscar os ganhos alcançados na expectativa de vida, o que pode significar que a próxima geração possa levar vidas mais curtas do que as nossas."
Dilma oferece Saúde a PMDB e Chioro dá sua saída como certa
23/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, reuniu nesta terça-feira (22) sua equipe de secretários da pasta para falar de sua saída do cargo. O encontro foi realizado no mesmo dia em que o Palácio do Planalto informou ao ministro que seu posto seria oferecido ao PMDB na reforma administrativa realizada pelo governo federal.
Nesta quarta-feira (23), a presidente Dilma Rousseff informou à cúpula nacional do PMDB que colocará no comando do Ministério da Saúde um dos deputados federais indicados pelo partido. O nome que conta com maior simpatia da petista, segundo auxiliares e assessores, é o de Manoel Júnior (PB).
Segundo relatos, o ministro já dá como certa sua saída do cargo. Em conversas reservadas, ele tem dito que, mesmo que o PMDB não assuma a pasta, ele não pretende permanecer nela, já que se sentiu rifado pelo governo federal.
A entrega da pasta para o PMDB foi costurada no último fim de semana pelo Palácio do Planalto. A ideia inicial era colocar no posto um nome que fosse indicado do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB). A intenção, no entanto, não teve respaldo da bancada do partido na Câmara dos Deputados, o que levou o governo federal a pedir indicações aos parlamentares peemedebistas.
Ao contrário da Câmara, a bancada do PMDB no Senado ainda não deu sinalizações mais claras sobre os nomes que pode indicar a Dilma. O líder da sigla na Casa, Eunício Oliveira (CE), afirmou que a bancada não tem nenhum pedido específico por algum cargo e que está satisfeita com as pastas que comanda.
"Na questão do Senado, nós que defendemos aqui todo o tempo cortes de ministérios e do Orçamento, nós não tínhamos ali nenhum modelo a apresentar e nenhuma reivindicação adicional a fazer ao que já existe de participação do PMDB", afirmou Eunício.
O senador se reuniu com Dilma pela manhã e deve voltar a encontrá-la no fim da tarde. "Ela está fechando cenário e disse que até o final da tarde nos chamará para apresentar o que vai ficar definido", disse.
A presidente teve encontros com parlamentares e com ministros da sigla no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, para definir o espaço da legenda na nova configuração da Esplanada dos Ministérios.
Na sequência, a petista se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a cúpula nacional do PT: o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e os ministros petistas Aloizio Mercadante (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner (Defesa).
A expectativa é de que a presidente anuncie quarta (23) ou quinta-feira (24) a nova configuração da Esplanada dos Ministérios.
Saúde na liquidação
24/09/2015 - Folha de S.Paulo
A oferta do Ministério da Saúde aos deputados do PMDB dá a dimensão do desespero do Planalto. Com o mandato em risco, a presidente Dilma Rousseff entregou uma das pastas mais sensíveis do governo ao balcão de negócios. Está oficialmente aberta a temporada do vale-tudo contra a ameaça do impeachment.
As pesquisas apontam a saúde como o principal problema dos brasileiros. Com o agravamento da crise, a demanda pela rede pública só vai crescer, à medida que mais famílias serão obrigadas a abrir mão dos planos privados. É nesse contexto que o ministério bilionário virou moeda de troca por votos na Câmara.
O favorito para assumir o cargo é um ilustre desconhecido do setor: o deputado Manoel Junior, do PMDB da Paraíba. Sua maior experiência na gestão de saúde foi como administrador do hospital de Pedras de Fogo, um município de 28 mil habitantes.
O deputado é homem da confiança de Eduardo Cunha, que simula desinteresse no leilão de ministérios. Em sintonia com ele, notabilizou-se por relatar medidas provisórias recheadas de "jabutis", emendas sem ligação com o tema original.
Em 2014, foi relator da MP das Farmácias, salpicada de artigos para dificultar a vida de pequenos frigoríficos. Deputados do PSOL o acusaram de favorecer a JBS, grande doadora de campanhas. Neste ano, ele relatou a MP 668, que ganhou "jabutis" para facilitar a construção do "parlashopping" e anular multas a igrejas evangélicas que sonegaram imposto.
Diante desse currículo, a entrevista em que Manoel Junior sugeriu a renúncia da presidente parece um embaraço menor à sua nomeação.
Os aliados de Dilma alegam que ela não tinha alternativa, mas sabem que a liquidação de ministérios pode não ser suficiente para acalmar o PMDB. Nesta quinta, o partido voltará a fazer ameaças veladas, em propaganda de TV que exaltará o vice Michel Temer. No sábado, fará festa para receber a senadora Marta Suplicy, recém-convertida ao antipetismo.