
CLIPPING - 18/09/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Doenças e medicamentos
18/09/2015 - Valor Econômico
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) divulgou recentemente um primeiro balanço do serviço on-line que presta desde maio de 2014. São prestadas informações técnicas para subsidiar magistrados durante processos da área da saúde. A partir do endereço eletrônico conitec@saude.gov.br, o órgão respondeu, até agora, a 411 consultas sobre doenças e medicamentos. O serviço resulta de articulação entre a Conitec e o Fórum do Judiciário para a Saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Conitec é um órgão do Ministério da Saúde responsável por assessorar a pasta federal na incorporação, exclusão ou substituição de medicamentos e tecnologias em saúde, como, por exemplo, próteses e equipamentos. Ela também assessora o ministério na constituição ou alteração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas.
What's News: A Perrigo
18/09/2015 - Valor Econômico
A Perrigo, farmacêutica irlandesa, exortou seus acionistas a rejeitar o oferta hostil em dinheiro e ações feita pela Mylan, que a avalia em US$ 27,4 bilhões. A rival Mylan fez a oferta à direção da Perrigo em abril, argumentando que uma fusão fortaleceria as empresas, que atuam em segmentos diferentes do setor de genéricos. A Perrigo, porém, afirma que a oferta é baixa e não leva em conta suas perspectivas de crescimento.
Falhas na gestão podem provocar perdas de até R$ 2 bi na distribuição 18/09/2015 - Valor Econômico
Falhas na gestão podem causar prejuízo de até R$ 2 bilhões ao faturamento de empresas distribuidoras de medicamentos no país, revela pesquisa sobre a cadeia de suprimentos do setor de saúde, produzida pela consultoria especializada em logística Ilos. O estudo analisou laboratórios, distribuidoras e farmácias e cerca de 3 milhões de pedidos eletrônicos por 47 mil pontos de vendas.
As empresas do setor perdem dinheiro porque organizam mal os seus estoques, compram medicamentos desnecessários e deixam de vender alguns por falta de reposição, segundo o executivo para a área de bens de consumo da Ilos, Rodrigo Arozo. Drogarias no interior dos Estados e aquelas que não pertencem a redes são as mais afetadas por esses problemas de gestão, mostra o levantamento.
"Farmácias independentes têm um nível de falha de produtos maior, porque têm a gestão menos profissionalizada. As vezes não têm nem capital de giro para ter estoque de todos os produtos", disse o executivo.
O estudo analisou 3 milhões de pedidos e constatou que 14% deles não foram entregues porque nenhum distribuidor tinha o produto. Um problema que gera prejuízo de 8% no faturamento dessas empresas.
Ao mesmo tempo em que faltam alguns tipos de medicamentos nas prateleiras das drogarias, sobram outros nos estoques da cadeia farmacêutica. Segundo Arozo, a quantidade de remédios guardados em laboratórios, distribuidores e farmácias é superior a cinco meses de consumo.
"O laboratório está acostumado a empurrar o produto e as farmácias compram os remédios que estão com desconto, mesmo que não tenham necessidade", afirmou o executivo da Ilos. Ou seja, remédios são comprados mesmo sem necessidade, apenas para obter descontos.
O resultado é que quase metade dos medicamentos de baixo giro, aqueles que vendem pouco, estão em falta nas farmácias do país, segundo a pesquisa da Ilos. Essa proporção é bem menor nos produtos de alto giro, 19%. "O estoque empurrado pelos laboratórios não necessariamente é o melhor, é preciso fazer uma gestão melhor", concluiu Arozo.
A pesquisa da consultoria foi realizada nos últimos três meses, mas não avaliou os impactos da crise na cadeia de distribuição farmacêutica.
Aplicação focada
Os pesquisadores das instituições norte-americanas se guiaram com tomografia computadorizada (TC) para aplicar a RTX exatamente no GRD. “Nós usamos rotineiramente a TC para guiar injeções de anestesias epidurais, por exemplo. Era, portanto, lógico que estendêssemos esse uso para nosso trabalho experimental com RTX. Assim, imitaríamos processos já utilizados em humanos e poderíamos administrar mais seletivamente a RTX em uma área de dor potencial”, conta William Dillon, pesquisador sênior do estudo.
Após quatro semanas de observação, a equipe liderada por Dillon notou que os porcos que receberam o anestésico potente tiveram a expressão de TRPV1 reduzida, sentindo menos dor. A condição foi comprovada pela exposição a estímulos de calor com laser infravermelho (veja infografia). Além disso, não foram constatados efeitos colaterais, como prejuízos nas funções motoras.
Dillon acredita que ensaios clínicos com humanos começarão em breve. “Assim, poderemos mostrar que o uso desses agentes é seguro. Mas, de forma otimista, esperamos que isso forneça um alívio mais permanente ou mais duradouro para pacientes de dor crônica, como pessoas com câncer ou outras condições que não são cirurgicamente tratáveis”, diz o cientista.
O neurocirurgião brasileiro Thiago Freitas considera os achados promissores. Um dos motivos, ele diz, é a ausência de efeito grave colateral. “Você dá ao paciente uma coisa que bloqueia o receptor de dor e que não fornece nenhum efeito colateral sistêmico. Então, essa é a droga perfeita. Mas não podemos nos antecipar, porque estudos com humanos são realmente necessários”, pondera.
Alta incidência
A Associação Internacional para o Estudo da Dor estima que a condição crônica afete o bem-estar fisiológico e psicológico de 15% a 30% dos adultos nos países ocidentais. Nos Estados Unidos, o número de adultos com dor crônica é estimado em 100 milhões. Um levantamento divulgado em 2013 pela Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor mostrou que, no Brasil, a doença alcança até 40% da população, variando conforme a unidade da Federação.
Descoberta facilita o estudo da Aids
17/09/2015 - Correio Braziliense
O pegivirus humano (HPgV), antigamente conhecido por GB vírus C e vírus da hepatite G, pode ser transmitido sexualmente ou por transfusão de sangue, infectando cerca de um sexto da população mundial sem se manifestar como doença. O fascínio pelo HPgV começou quando surgiram indícios de que ele protegeria pacientes com HIV do desenvolvimento da Aids. Esse mecanismo, porém, ainda não foi estudado porque não existem modelos animais que permitam uma observação detalhada por cientistas. Agora, pesquisadores da Universidade de Wisconsin–Madison, nos Estados Unidos, apresentam uma solução: com a participação do infectologista Esper Georges Kallás, professor da Universidade de São Paulo, eles criaram um modelo de infecção em animais com uma versão do HPgV encontrada em babuínos selvagens da Tanzânia e da Uganda.
O estudo, publicado na edição mais recente da revista Science Translational Medicine, traz dados preliminares do esconderijo do pegivirus símio (SPgV) — o baço e a medula óssea — e como a carga viral se relaciona com o organismo das cobaias, entre outras informações. “O fato é que o modelo deu certo e, agora, temos como entender qual a relação dele com o HIV”, comemora Esper Kallás. David O’Connor, pesquisador sênior do estudo, explica que a dificuldade de desenvolver um modelo animal para estudar o pegivirus se deve, em parte, à exclusividade da infecção em humanos e em espécies de chimpanzé.
Tentativas de infectar outros animais com o patógeno fracassaram. “Isso não é incomum. Micro-organismos como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) também não infectam e causam a doença em macacos. Mas o pegivirus babuíno, que é geneticamente similar ao humano, supera essa barreira entre espécies”, completa. Nos babuínos, a infecção por pegivirus também não se apresenta como doença. Os pesquisadores acreditam que o SPGV, ao contrário de outros vírus de RNA encontrados na África, como o HIV e o vírus da imunodeficiência símia (SIV), não seja nocivo ao organismo. Outra diferença é que ele se reproduz lentamente e não apresenta grande mutabilidade.
Infecção freada
O vírus da hepatite G e o GB vírus C foram identificados de forma independente, em 1995, mas acabaram classificados como o mesmo patógeno. “E aí ele se tornou um vírus à procura de uma doença. Havia suspeita de que pudesse ser transmitido por via sexual, e pesquisadores começaram a observar a ocorrência dele em pessoas com HIV/Aids”, conta Esper Kallás.
Os cientistas tiveram uma surpresa ao notar que a frequência do HPgV é maior na população soropositiva.
Porém, mais surpreendente ainda foi a constatação de que coinfectados tinham benefícios, como menor mortalidade e baixa ocorrência de Aids. “É um papel modesto, mas existe”, diz Kallás, que liderou o grupo que demonstrou que o HPgV desinflama o organismo dos pacientes com HIV, considerada uma infecção inflamatória.
Mais ou menos na mesma época, David O’Connor, amigo de Kallás, criou um projeto para procurar novos vírus na África que pudessem ser transmitidos de animais para seres humanos. O’Connor decidiu ir a um lugar em que houvesse grande população soropositiva e muito contato entre macacos e humanos: Uganda. Em um dado momento, contou a Kallás que encontrou muitos macacos com SIV que também estavam infectados com o pegivirus. “Ele disse que essa poderia ser uma das explicações de por que os macacos não adoeciam de Aids: o pegivirus os estaria protegendo. Ele decidiu trazer o modelo para os seres humanos e obteve sucesso”, diz.
Kallás conduz na USP experimentos com amostras humanas para tentar identificar se o que foi notado em macacos pode ser reproduzido em pessoas. “Os resultados devem demorar um pouco, esperamos concluir até o ano que vem. Enquanto isso, as equipes continuam se ajudando, distribuindo e ideias e comentando achados”, diz.
Descoberta possibilita estudo de vírus que protege de aids
17/09/2015 - Portal Exame
Há mais de uma década, cientistas descobriram que um vírus chamado GBVC tem a misteriosa capacidade de reduzir a progressão da aids em indivíduos com HIV.
Agora, um grupo de cientistas, com participação brasileira, desenvolveu um modelo em macacos que permitirá estudar a infecção pelo GBVC e desvendar qual é a estratégia do vírus para impedir o desenvolvimento da aids.
O estudo foi publicado na quarta-feira, 16, na revista Science Translational Medicine.
Em 2009, uma equipe liderada por Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), descobriu que há uma sinergia na interação entre os vírus GBVC e HIV.
"É algo inusitado. O GBVC reduz a inflamação causada pela infecção do HIV. Ele funciona como uma espécie de vírus protetor", disse Kallás à reportagem.
No estudo atual, feito pelo grupo de Kallás em parceria com cientistas da Universidade de Wisconsin (EUA), os pesquisadores conseguiram desenvolver pela primeira vez um modelo que simula, em macacos, a infecção pelo GBVC.
"Com o novo modelo, vamos poder estudar a infecção em experimentos e entender exatamente o processo de proteção usado pelo GBVC. Depois vamos investigar se esse processo pode resultar em novas terapias para a aids".
Além da proteção contra a aids, o GBVC tem outras características incomuns: ao contrário de outros vírus, ele não causa doenças, nem é eliminado do corpo do hospedeiro.
Embora ele seja bastante comum - ocorre em até 8% da população mundial em geral e em até 25% das pessoas com HIV - pela falta de um modelo que permita estudar sua infecção em animais, ainda não se sabe como ele faz para impedir a progressão da aids.
Segundo Kallás, a descoberta do GBVC está associada a pesquisas sobre os vírus causadores da hepatite. Nas décadas de 80 e 90, muitos cientistas estudaram as causas das hepatites que não são provocadas pelos vírus A e B.
"No fim da década de 80 foi descrito o vírus da hepatite C. A partir daí, foram descobertos os vírus da hepatite Delta e hepatite E. Mais tarde, descobriram o que se pensava inicialmente ser o vírus da hepatite G. Mas este último vírus, muito frequente, não estava ligado à hepatite: era o GBVC", explicou Kallas.
Quando os cientistas ainda estavam estudando se o novo vírus tinha relação com a hepatite, examinaram registros sobre pacientes com aids para descobrir se ele interferia na progressão da doença.
Inesperado
"Foi no início da década de 2000 que alguns estudos mostraram algo totalmente inesperado: a presença do GBVC não acelerava a progressão da aids - ao contrário, diminuía seu ritmo. Foi surpreendente descobrir um vírus que poderia ter um efeito benéfico de proteção do hospedeiro de outro vírus", disse o pesquisador.
A partir daí, tiveram início diversos estudos para descobrir como o GBVC protegia portadores de HIV. Diversas hipóteses foram levantadas, como uma competição entre os dois vírus, ou uma capacidade de bloqueio da infecção por HIV.
Até que o grupo da USP conseguiu determinar pela primeira vez que o GBVC reduz a inflamação no organismo do hospedeiro. "É como se ele tivesse um efeito anti-inflamatório específico para as células mais inflamadas pela infecção do HIV. Publicamos um artigo em 2009 revelando esse mecanismo", declarou.
Mais tarde, um grupo de cientistas da Califórnia, nos Estados Unidos, estudando dados de pessoas que tinham aids antes do desenvolvimento dos coquetéis, tiveram uma redução de 50% na infecção pelo HIV quando recebiam doações de sangue de pessoas infectadas com o GBVC.
Depois dessas descobertas, Kallás começou a trabalhar com um colega da Universidade de Wisconsin, David O?Connor, que liderava um projeto de pesquisa em busca de vírus emergentes em Uganda, na África.
Dispondo de técnicas de biologia molecular bastante sofisticadas, O'Connor coletou amostras de macacos selvagens em busca de novos vírus.
"Em seus ensaios de prospecção de novos vírus, ele descobriu que o vírus SIV - equivalente ao HIV em macacos - era relativamente frequente. E encontrou também com grande frequência os GBVC. Foi a partir daí que pensamos em estudar a concomitância desses dois vírus em macacos", explicou Kallas.
Quando O'Connor analisou os dados dos macacos que tinham GBVC, descobriu que todos estavam infectados por SIV.
"Parecia que os dois vírus agiam juntos. Começamos então a trabalhar em um modelo de macacos para responder como o GBVC é capaz de proteger o hospedeiro.
Os cientistas montaram então um modelo para infectar macacos em laboratório com o GBVC, algo que ainda não havia sido feito.
"Além de descrever como a infecção aguda acontece, esse modelo sedimenta o que precisamos saber para fazer estudos experimentais para a infecção de SIV e GBVC nos macacos. Com isso esperamos entender com precisão os processos de proteção", disse.
Com um financiamento obtido junto ao governo dos Estados Unidos, os cientistas prosseguirão agora os estudos.
O grupo de Wisconsin fará as observações em animais, enquanto o grupo de São Paulo reproduzirá os estudos nas amostras de sangue de pessoas que vivem com HIV, sabendo que uma em cada quatro delas estão infectadas também com o GBVC.
"Unindo os dados experimentais e clínicos, esperamos responder várias perguntas. Onde esses vírus se distribuem no organismo das pessoas? Se a infecção por GBVC vier antes ou depois da infecção por HIV o efeito é diferente? Será que esse efeito pode resultar em uma terapia que envolva injetar o GBVC em pacientes para reduzir a progressão da aids?."
Hospital das Clínicas faz a 1ª cirurgia para reduzir sequelas do AVC
18/09/2015 - DCI
Hospital das Clínicas faz a 1ª cirurgia para reduzir sequelas do AVC. O núcleo de pesquisadores da Neurologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, divulgou a realização de uma cirurgia pioneira para diminuição das sequelas em pacientes de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi). A intervenção é região do cerebelo, responsável pela coordenação dos movimentos e da marcha. O AVCi, conhecido como derrame, é uma das principais causas de morte e de incapacidade no mundo e no Brasil.
Mercado Aberto: Hospitais têm queda de 9,8% na receita média por paciente
18/09/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias
A taxa de ocupação dos hospitais privados cresceu no primeiro semestre, mas a redução no nível de complexidade dos procedimentos médicos puxou para baixo a receita média por paciente.
O tíquete médio (receita líquida por saída hospitalar) caiu quase 10% –de R$ 10,9 mil nos primeiros seis meses de 2014 para R$ 9,9 mil neste ano, segundo a Anahp (associação do setor).
O impacto da crise no mercado de trabalho, e consequentemente nos profissionais que têm planos de saúde, é uma das explicações.
É comum, em períodos de demissão ou incerteza no emprego, que beneficiários de seguros antecipem exames e procedimentos que poderiam esperar, diz a entidade.
"Com isso, há uma manutenção da taxa de ocupação [dos hospitais], mas, muitas vezes, com procedimentos menos complexos", afirma Francisco Balestrin, presidente do conselho da Anahp.
A queda de receita por paciente é um agravante em um momento de aumento de despesas, como as de folha de pagamento e energia, de acordo com o executivo.
Outro reflexo da instabilidade será a redução dos aportes. Antes da crise, o setor projetava a necessidade de 13 mil novos leitos para acompanhar a evolução da demanda.
"Agora, está todo mundo repensando os investimentos", diz Balestrin, que em outubro será designado futuro presidente da Federação Internacional de Hospitais.
As chances perdidas na pesquisa clínica
18/09/2015 - Folha de S.Paulo
A morosidade na aprovação de estudos inviabiliza que o país participe de pesquisas capazes de dar a pacientes acesso a tratamentos contra o câncer.
Nas últimas décadas, a ciência conseguiu importantes avanços na pesquisa básica, aquela que ocorre nas bancadas dos laboratórios. Esses progressos, no entanto, não se traduziram em grandes benefícios, conforme se imaginava, em particular para os pacientes com câncer.
Hoje já podemos realizar o sequenciamento genético de todo o DNA humano, analisar células individualmente, desvendar o complexo funcionamento do sistema de defesa do corpo e identificar as principais proteínas responsáveis pela sobrevivência das células tumorais. Era de se esperar, então, que tivéssemos alcançado melhorias mais expressivas em prevenção e tratamento dos tumores.
O período de desenvolvimento de uma droga, que contempla desde a sua descoberta até o uso na clínica, variava entre 15 e 20 anos. Hoje, em muitos casos, esse período já caiu pela metade. Com isso, muitos pacientes já podem se beneficiar dessas novas drogas em estudos clínicos antes de sua aprovação. Mas esse cenário não se repete no Brasil.
A morosidade na aprovação de estudos inviabiliza que o país participe de pesquisas que dariam acesso aos pacientes a tratamentos que poderiam permitir a cura, maior sobrevida ou qualidade de vida.
Muitas vezes os responsáveis pela pesquisa nem sequer contemplam os centros nacionais para participar de estudos globais pelo simples fato de que esses estudos competitivos terminariam antes de serem iniciados no Brasil.
No centro do problema está o requerimento de aprovação pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), bem como a admissão pelos comitês de ética em hospitais e universidades. Esse processo duplica a necessidade de aprovação ética e, assim, deixa o Brasil de fora de importantes inovações terapêuticas, tornando-o um mero importador de informações científicas.
Outro ponto é que os pacientes que já não respondem mais aos tratamentos convencionais perdem a chance de ter acesso aos medicamentos mais inovadores, que poderiam fazer uma diferença significativa no prognóstico. Portadores de tumores muito agressivos, cujas respostas aos tratamentos existentes são baixas, poderiam se beneficiar de medicamentos promissores.
Por falta de acesso aos protocolos clínicos, perdemos a chance de aprender novas possibilidades terapêuticas, prejudicando a formação e atualização do profissional. A falta de experiência se aplica também ao conhecimento científico, uma vez que o médico deixa de ter acesso aos novos dados, que poderiam levar à geração de novas ideias, novas soluções para quadros clínicos hoje sem resposta.
A própria experiência administrativa na organização de estudos desse porte no Brasil acaba sendo perdida por falta da participação do país em pesquisas globais. Uma consequência desse cenário é a baixa produção científica clínica.
Para agravar, os entraves burocráticos e alfandegários na importação de medicamentos e insumos sem priorização atrasam ainda mais o início de estudos no Brasil.
No afã de se mostrar mais rigorosa em seus controles, a Conep permitiu que estudos tramitassem às vezes por mais de ano, impossibilitando o acesso a novas pesquisas clínicas no Brasil. Este período de análise pela Conep é da ordem de dez vezes o observado em vários países europeus, por exemplo.
A atuação dessa comissão necessita urgentemente de uma revisão de comportamento funcional, se quiser reverter esse cenário. O tempo de todo o processo de aprovação das pesquisas de protocolos clínicos no Brasil não deveria passar de dois a três meses. Para isso, basta haver vontade política e uma profunda reestruturação.
Sociedade e paciente brasileiro merecem mais e o câncer merece ser estudado e tratado de frente.
Um potente anestésico contra a dor crônica
17/09/2015 - Correio Braziliense
Em algumas pessoas, os sentidos se confundem e a dor, essencial para a proteção do corpo, se torna patologia. Como o tratamento costuma ser longo e difícil, cientistas conduzem uma busca incansável por uma droga ou uma intervenção que resolva a dor crônica ou neuropática definitivamente. Uma das iniciativas promissoras nesse sentido foi publicada na edição desta semana da revista Science Translational Medicine por pesquisadores da Universidade da Califórnia e dos Institutos Nacionais de Saúde, ambos nos Estados Unidos. Juntas, as instituições desenvolveram um tratamento que ataca a dor em sua origem, impedindo que ela chegue ao cérebro. E o melhor: sem efeitos colaterais.
Muitos tratamentos bloqueiam a dor em sua origem ou durante o percurso até o cérebro. Para isso, são usados medicamentos que neutralizam diretamente neurônios de dor e terminais nervosos. Um dos alvos é o TRPV1, receptor de calor e de capsaicina — substância picante da pimenta — expresso por neurônios responsáveis pela sensação incômoda. Ele tem uma vantagem em relação a outros alvos: pode ser bloqueado individualmente, sem prejuízo para as demais estruturas sensoriais.
Para fazer essa supressão com sucesso, entretanto, é necessário utilizar uma substância parente da capsaicina, a resiniferatoxina (RTX) — mais potente do que sua correlata picante. Ela foi testada como analgésico em porcos, que receberam injeções precisas do medicamento nos gânglios da raiz dorsal (GRD), localizados na região lombar. “Essa região é uma estrutura importante na dor crônica porque modula o impulso que chega à medula. O gânglio processa a sensação”, explica Thiago Freitas, neurocirurgião especialista em dor crônica do Hospital Santa Lúcia.
O neurocirurgião, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Neuromodulação, explica que o GRD funciona adequadamente na maioria das pessoas, respondendo a estímulos de dor apenas como resposta a uma agressão. Nos pacientes com dor crônica, porém, há uma desregulagem. Seus neurotransmissores e receptores não funcionam como deveriam. “A pessoa começa a ter a sensação de queimação ou choque na perna, por exemplo, sem que exista algo por trás disso”, completa Freitas.
Descoberta tornará possível estudo de ‘vírus contra a aids’
17/09/2015 - O Estado de S.Paulo
Há mais de uma década, sabe se que o vírus GBVC tem a misteriosa capacidade de reduzir a progressão da aids em indivíduos com HIV. Agora, um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, criou um modelo em macacos que permitirá estudar a infecção pelo GBVC e desvendar como o vírus é capaz de proteger contra a aids. Em 2009, uma equipe liderada por Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP, descobriu que o GBVC reduz a inflamação causada pela infecção do HIV. “É algo inusitado.
Ele funciona como uma espécie de vírus protetor”, disse ao Estado.
No novo estudo, os cientistas desenvolveram pela primeira vez um modelo que simula, em macacos, a infecção pelo GBVC. “Com o novo modelo, vamos entender essa proteção contra a aids, o que poderá resultar em novas terapias.”
Proteína é usada para regenerar tecido cardíaco após infarto
17/09/2015 - O Globo
Proteína regenera tecidos cardíacos após infarto. Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, conseguiram regenerar tecidos cardíacos danificados em ratos e porcos que haviam sofrido infarto. O feito foi alcançado por meio da introdução de uma espécie de curativo de colágeno “colado” no órgão, a partir de técnicas de bioengenharia. A experiência chama atenção porque, até hoje, nenhum procedimento médico foi capaz de restaurar cicatrizes em tecidos cardíacos de mamíferos adultos. — Esta descoberta abre as portas para um tratamento completamente revolucionário — assinalou Pilar Ruiz-Lozano, professora da Universidade de Stanford e autora principal da pesquisa, publicada ontem no site da revista “Nature”.
Em um ataque de coração, as células do músculo cardíaco, chamadas de cardiomiócitos, morrem devido à falta de fluxo sanguíneo. Substituir essas células é vital para que o órgão se recupere totalmente. E é isso o que faz a proteína Fstl1, recém-descoberta pelos estudiosos americanos. Secretada pelo próprio epicárdio — a camada externa do coração —, a substância ajuda no crescimento dos cardiomiócitos.
A próxima etapa do estudo é iniciar os testes para verificar a segurança do procedimento em seres humanos.
RETORNO DA QUALIDADE DE VIDA
A expectativa de devolver a quem sofreu um ataque cardíaco a qualidade de vida que tinha antes, sem o risco aumentado de insuficiência cardíaca — quando o coração perde a capacidade de bombear o sangue normalmente — e arritmia, anima pesquisadores brasileiros. Professor de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dirceu Rodrigues Almeida ressalta que, no Brasil, cerca de 200 mil pessoas morrem todo ano de arritmia, uma das principais consequências de ataques cardíacos.
Ele explica que o uso de proteínas para regeneração de órgãos não é novo, mas a grande dificuldade sempre foi fazer a proteína chegar até o órgão e permanecer lá.
— O mérito dessa nova pesquisa é ter conseguido criar um meio, por bioengenharia, de desenvolver um “curativo” que pode envolver a parte do coração que tem a cicatriz — avalia ele. — Como esse “curativo” é feito com um colágeno que não contém células, não há necessidade de medicamentos imunossupressores para evitar rejeição. Com o tempo, o material é naturalmente absorvido pelo órgão. O que se busca, a partir disso, é tornar mínimos os danos de um infarto.
Na realização do estudo, bastaram de duas a quatro semanas após a introdução da proteína para que as células musculares começassem a se proliferar e os animais progressivamente recuperassem a função cardíaca.
— Muitos dos animais usados estavam tão doentes antes de começar o tratamento que teriam sido candidatos a transplante de coração — destacou a autora do estudo.
Ataques cardíacos causam milhões de mortes por ano em todo o mundo. Apenas no Brasil, ocorrem em torno de 150 mil infartos a cada ano, dos quais entre 5% e 15% resultam em morte. Já nos EUA, são 735 mil casos por ano, e a expectativa é de que este número triplique até 2030.
COM DIAGNÓSTICO PRECOCE, CÂNCER DE PELE TEM CURA PRÓXIMA DE 100%
17/09/2015 - Brasil 247
Em entrevista ao Einstein Saúde, o Dr. Beni Grinblat, dermatologista do Núcleo de Oncologia Cutânea do Hospital Albert Einstein, aborda os novos tratamentos do câncer de pele e as possibilidades de cura. Confira abaixo:
Quais as novidades no diagnóstico e tratamento do câncer de pele?
Uma novidade em diagnóstico é a microscopia confocal, método de imagem que pode ajudar na detecção de algumas formas de câncer de pele. Já em relação ao tratamento existem novas drogas para o melanoma maligno metastático, prescritas pelo oncologista clínico, não por um oncodermatologista. Outra novidade, mas ainda indisponível no Brasil, é o ingenol-mebutate – medicamento de uso tópico para queratoses actínicas, que são lesões de pele pré-cancerosas.
O exame clínico e a cirurgia continuam sendo, respectivamente, as opções mais comuns no diagnóstico e tratamento do câncer de pele?
Existem diferentes tipos de câncer de pele e as condutas podem ser diferentes para eles. Muitas vezes o diagnóstico é clínico, feito no exame físico realizado pelo dermatologista. A dermatoscopia e o mapeamento de nevos ainda são de extrema importância na detecção de pintas suspeitas e do melanoma maligno. Na suspeita de lesão cancerosa, o exame anatomopatológico é fundamental.
Quais as opções de tratamento?
Na maioria dos casos a cirurgia é indicada, muitas vezes com anestesia local e realizada em ambiente ambulatorial. A eficácia do procedimento é alta e o risco de recidiva é baixo. O tempo de recuperação dependerá da área e extensão submetida ao procedimento cirúrgico.
A cirurgia micrográfica de Mohs é utilizada para algumas formas e localizações de câncer de pele. Outra opção é o tratamento tópico, mais adequado para formas superficiais da doença e lesões pré-cancerosas. Há também a criocirurgia e a terapia fotodinâmica, um método não cirúrgico com excelente resultado e indicado apenas para algumas formas de câncer de pele e de lesões pré-cancerosas.
Nos casos mais graves, com acometimento de outros órgãos (metástase), o tratamento deve ser realizado em conjunto com um oncologista clínico.
Quais as chances de cura de um câncer de pele diagnosticado em estado inicial e avançado?
Depende de qual tipo de câncer de pele, mas geralmente, quando diagnosticado precocemente a chance de cura é altíssima, próxima de 100%.
Quais os fatores de risco?
Antecedente pessoal ou familiar, exposição ao sol, indivíduos com peles mais claras e que se queimam com muita facilidade, uso de câmaras de bronzeamento artificial são alguns fatores de risco. O importante é ressaltarmos a prevenção: uso de roupas, protetor solar com FPS (fator de proteção) mínimo 30 e com proteção anti-UVA e UVB e evitar a exposição solar entre 10 e 15h.
Quais regiões do corpo são mais suscetíveis ao câncer de pele?
Áreas mais suscetíveis são as expostas ao sol, mas na verdade qualquer região do corpo pode ser acometida pela doença. Existem casos de câncer de pele, por exemplo, na planta do pé e região genital – locais não expostos ao sol.
A dieta que afasta a depressão
18/09/2015 - Correio Braziliense
Instintivamente, bichos bem simples e humanos sabem que a sobrevivência depende da alimentação. No caso dos últimos, o sustento virou sabedoria a partir do momento em que pensadores das sociedades antigas passaram a observar a influência do que era ingerido na forma como as pessoas pensavam, sentiam e agiam. Com o avanço da ciência, a relação ficou mais clara do que nunca. No fim dos anos de 1800, por exemplo, médicos naturalistas como John Harvey Kellog, inventor do cereal matinal de flocos de milho, já defendiam a alimentação natural e alertavam que o consumo de carne favorecia o aparecimento de dores de cabeça e transtornos mentais. Uma pesquisa espanhola adiciona evidências disso: publicada ontem na revista BMC Medicine, ela mostra que uma dieta baseada em frutas, verduras, legumes e nozes, e pobre em carnes vermelhas e processadas, mantém longe a depressão.
Almudena Sánchez Villegas, principal autora do estudo com 15.093 pessoas, diz que as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes das frutas, verduras, legumes e nozes são as responsáveis pelos efeitos protetivos.“Elas melhoram a capacidade do metabolismo da glicose e da função endotelial. O endotélio é responsável pela síntese de neurotrofinas, um tipo de proteína relacionado com a neurotransmissão e o bom funcionamento do sistema nervoso central”, explica a professora do Departamento de Ciências Clínicas da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, na Espanha.
Esses alimentos também melhoram a fluidez e a permeabilidade das membranas celulares, onde ficam receptores de neurotransmissores, como a serotonina. Além disso, alguns micronutrientes — vitaminas do complexo B, folato, minerais e oligoelementos, por exemplo, o zinco e o magnésio — têm papel essencial em processos neurofisiológicos. “Por outro lado, as carnes processadas e o fast food são fontes de ácidos graxos trans com propriedades inflamatórias que têm sido associadas ao risco de depressão”, completa a pesquisadora espanhola.
Sem radicalizar
Os participantes do estudo faziam parte do projeto SUN (Seguimiento Universidad de Navarra), que acompanhou durante 10 anos graduados e profissionais registrados em províncias espanholas para identificar padrões alimentares e de estilo de vida que favorecessem o aparecimento de diabetes, obesidade e depressão. Nenhum deles apresentava o transtorno mental no início do estudo, em dezembro de 1999. Oito anos depois, 1.550 pessoas haviam sido diagnosticadas com a doença.
Basicamente, essas pessoas aderiam, em diferentes níveis, a três padrões de dieta comparados por Almudena Villegas: mediterrânea, pró-vegetariana e o índice de alimentação saudável 2010 (Ahei 2010) (veja arte). Muitos dos participantes com padrão alimentar mais saudável tinham diabetes, doença cardiovascular ou dislipidemia (nível elevado de gordura no sangue), o que pode significar que eles só adotaram a dieta após o diagnóstico das doenças. “Porém, não podemos afirmar isso com certeza”, pondera a pesquisadora.
A maior redução nos casos de depressão foi notada entre participantes com boa adesão ao Ahei 2010. Grande parte do efeito protetivo dessa dieta, observa Villegas, deve-se à semelhança com a mediterrânea. “Na verdade, nós tentamos explicar esse efeito após eliminar a possível semelhança. Quando isso ocorreu, a proteção diminuiu. Assim, nutrientes comuns e itens alimentares, como ácidos graxos ômega-3, legumes, frutas, legumes, nozes e consumo moderado de álcool presentes em ambos os padrões podem ser responsáveis pela redução do risco”, diz a principal autora.
Como o Ahei 010 é menos restritivo, a pesquisadora concluiu que, para se beneficiar, não é preciso abrir mão completamente de guloseimas e carnes. “Não vimos nenhum benefício extra em participantes rigorosos demais com uma alimentação saudável”, diz Villegas. A redução do risco para a depressão foi de até 30% em pessoas que seguiam moderadamente a dieta mediterrânea e de até 45% para adeptos ponderados do Ahei 2010. O padrão é compatível com a hipótese de que deficiências na ingestão de alguns nutrientes podem representar um fator de risco para o transtorno psiquiátrico. Uma vez que a quantidade recomendada é atingida, tanto as pessoas de hábitos alimentares mais rigorosos, quanto as moderadas terão os mesmos efeitos protetivos.
Mais influências
Outra possível explicação está relacionada com as características psicológicas dos participantes demasiadamente preocupados com a alimentação. “É possível que alguns indivíduos fossem obsessivos ou neuróticos quanto à dieta e/ou à atividade física. Devido a essas características, é possível que fossem mais propensos a desenvolver um transtorno depressivo. Mas isso é especulação”, completa a autora. Independentemente da causa, a nutricionista Jamila Vital Barbosa reforça que, quanto mais variada a dieta, melhor é a saúde mental.
“Há uma relação muito direta com isso. As oleaginosas e as fontes de ômega 3 protegem o cérebro e auxiliam a manutenção da memória e cognição”, exemplifica. Segundo a especialista em nutrição clínica e esportiva, quanto mais abrangente e flexível for a dieta, maiores são as chances de adesão. “Consequentemente, se sentirão mais satisfeitos e felizes em realizá-la. O prazer da alimentação tem relação direta com a felicidade. Ser feliz, comer o que gosta e ter moderação no consumo de açúcares simples, carboidratos refinados, industrializados, frituras e gorduras é garantia de saúde para o corpo e a mente”, diz.
Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina e presidente da Sociedade Brasileira de Naturologia, Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues ressalta também a atenção a hábitos não alimentares. “Importantes para prevenir depressão e outras doenças também são uma vida mais ligada à natureza, o cultivo de emoções e pensamentos positivos, a atividade física regular, o lazer, as terapias que ajudem a controlar o estresse — como meditação, massagem, técnicas de respiração e ioga —, além de equilíbrio na vida profissional, social e familiar. A alimentação é apenas uma faceta da vida da pessoa”, alerta.
Palavra de especialista
“A noção de alimentação e estilo de vida saudável para promover a saúde e prevenir agravos e doenças é muito antiga. Hipócrates, pai da medicina que viveu na Grécia há mais de 2 mil anos, disse: ‘Faça do seu alimento o seu medicamento’. Estudos ao longo dos anos vêm demonstrando esses benefícios. Um estudo realizado na Inglaterra relaciona a dieta rica em alimentos industrializados com a depressão. Acredita-se que uma alimentação mais natural, advinda de alimentos orgânicos e integrais, contribua para a saúde humana, social e ambiental. Quando optamos por uma orgânica, recebemos mais micronutrientes livres de fertilizantes, adubos e hormônios. Além de protegermos o ambiente, valorizamos pequenas famílias de produtores e contribuímos para melhoria da sociedade.” Daniel Maurício de Oliveira Rodrigues, professor da Universidade do Sul de Santa Catarina e presidente da Sociedade Brasileira de Naturologia.
65% das paulistanas não conhecem a síndrome dos ovários policísticos
17/09/2015 - O Estado de S.Paulo / Site
O aparecimento de acnes fora do período da adolescência pode ser o sinal de um problema que causa alterações no ciclo menstrual e pode levar à infertilidade: a síndrome dos ovários policísticos. Com sintomas que afetam principalmente a aparência feminina, como o aumento de pelos no corpo e acúmulo de gordura abdominal, o distúrbio nem sempre é identificado pelas mulheres.
Foi o que mostrou uma pesquisa realizada pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) em parceria com o laboratório Bayer. Entre as 600 mulheres ouvidas em São Paulo, 65% desconhecem os sintomas e 31% não souberam dizer se têm ou não o problema. Tire suas dúvidas sobre a síndrome aqui.
O levantamento foi feito em cinco capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. Ao todo foram 3.000 entrevistadas e o desconhecimento sobe para 71% nos dados que consideram todas as cidades onde a pesquisa foi feita.
Entre as paulistanas, a acne está ou já esteve presente na vida de 71% delas, mas apenas 5% procuraram um ginecologista para tentar solucionar o problema.
“O foco real foi saber o conhecimento da mulher em relação a uma causa importante da acne que é a síndrome. Às vezes, a mulher sente os efeitos e vai ao dermatologista, mas acabam tratando o problema sem saber a origem”, explica Afonso Nazário, chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp.
Dieta mediterrânea reduz risco de desenvolver depressão
18/09/2015 - O Globo
Adotar uma dieta mediterrânea ou outras que incluam alimentos como frutas, vegetais, legumes e nozes — deixando de lado as carnes processadas — pode prevenir sintomas de depressão, de acordo com levantamento publicado na revista científica on-line “BMC Medicine”. Estudo realizado com 15.903 pessoas sugere que a doença poderia estar ligada a déficit de nutrientes.
Os pesquisadores compararam três dietas: a mediterrânea, a vegetariana e a Alternativa Alimentação Saudável Index-2010 — que combina nutrientes conhecidos por sua prevenção contra doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Os participantes usaram um sistema de pontuação. Itens como carne e doces (fontes de ácidos graxos saturados e trans) foram marcados negativamente, enquanto nozes, frutas e verduras (fontes de ácidos graxos ômega-3, vitaminas e minerais) eram avaliadas de modo positivo.
— Queríamos entender o papel da nutrição na saúde mental, porque acreditamos que determinados padrões alimentares podem proteger nossas mentes — explica Almudena SanchezVillegas, da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha), autora principal da pesquisa. — Todas essas dietas estão associadas a benefícios à saúde física, e agora vemos que elas também têm efeito positivo sobre a saúde mental.
CONJUNTO DE FATORES
Flavia Conceição, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, lembra os benefícios da dieta mediterrânea.
— Pesquisas mostram menor risco de infarto e diabetes — comenta Flavia. — Agora, surgem estudos que ligam a dieta à boa saúde mental, mas ainda não se sabe se isso ocorre porque há substâncias nos alimentos que previnem a depressão ou se é resultado de um contexto mais amplo, de uma vida saudável.
Professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio Egídio Nardi lembra que outros estudos já indicaram os benefícios do ômega 3 para depressão. Este elemento, presente em peixes, nozes, chia e linhaça, melhora a função cerebral como um todo, beneficiando particularmente pessoas que sofrem de depressão e que, por isso, têm a neurogênese (criação de novos neurônios) prejudicada. Já a uva, também utilizada na dieta mediterrânea, tem resveratrol, outra substância que melhora a função cerebral.
— Alimentos saudáveis, aliados ao baixo consumo de gordura animal e à prática de exercícios, fazem a qualidade de vida de qualquer pessoa melhorar. E isso é essencial para a saúde mental, inclusive para diminuir a chance de ativação de fatores genéticos que tendam à depressão — observa Nardi, ressaltando que nenhuma dieta, sozinha, tem o poder de prevenir a doença. — É um conjunto de atitudes.
O estudo começou em 1999, com 15.093 participantes que não registravam quadro de depressão. Além de padrões alimentares, fatores como diabetes e obesidade foram acompanhados. Dez anos depois, 1.550 já registravam diagnóstico de depressão ou usavam antidepressivos.
— Mesmo uma adesão moderada a dietas saudáveis foi associada a uma importante redução no risco de desenvolver depressão. No entanto, não vimos benefícios extras para aqueles que tiveram adesão muito elevada às dietas. Uma vez que determinado limiar é atingido, o risco de desenvolver depressão é o mesmo entre os que fazem uma dieta moderada e aqueles que optam por uma mais radical.
Deixa eu me sabotar
18/09/2015 - Folha de S.Paulo
Chega uma hora em que a pessoa gorda, desiludida, desiste. "Terrivelmente reincidente", nas palavras da psicóloga especialista em transtornos alimentares Elisabeth Wajnryt, ela já nem encontra mais lugar nos consultórios.
"Já sabe tudo que vai ser dito e sabe que nada terá um resultado efetivo."
A pergunta é esta: por que gente instruída, muitas vezes bem-sucedida no trabalho ou na vida social, não consegue justamente o que mais quer: parar de comer e emagrecer?
A resposta, defende a especialista em um novo livro, passa pela dificuldade de evitar a autossabotagem.
É constrangedor não conseguir vencer as próprias vontades, e tendemos a olhar para essas pessoas e ver falta de vontade ou mesmo vergonha na cara, escreve Elisabeth em "E foram magros e felizes para sempre?" (editora Matrix).
Mas o autoengano é poderoso. Tanto que não atrai a atenção só de especialistas em alimentação, mas de economistas, como Eduardo Giannetti, que escreveu um livro sobre o tema, ou biólogos, como o americano Robert Trivers, para quem humanos evoluíram para acreditar em mentiras que façam com que se sintam melhor e justifiquem suas atitudes.
"O compulsivo come 'roubando', justificando-se com um intrincado sistema de compensações", diz a autora.
Você conhece a história: "já que é o meu último pedaço", "já que hoje já saí da dieta", "já que o dia foi cansativo", "já que estou de TPM"...
O curioso é que tudo serve como compensação. Posso comer tanto porque hoje fui na academia, então estou com crédito, quanto porque não fui, então já perdi a chance mesmo e que se dane.
Ou pior: posso comer jogando a conta para o futuro. "Depois compenso correndo", "depois como menos no jantar".
O argumento da psicanalista é que se deve comer só por fome. O caminho mais rápido para engordar é comer por tédio, raiva, depressão, ansiedade. É o que a autora chama de "pensamentos gordos".
O guloso se parece com o fumante: já que não há nada para fazer, ou já que estou ansioso, preciso comer/fumar.
A autora tenta apontar modos de mudar de vida.
SACIEDADE, E NADA MAIS
Primeiro, esqueça dietas, especialmente as milagrosas –da proteína, da sopa, da Dilma, o que for. "Em geral, só acabam engordando no longo prazo", diz Elisabeth –é o efeito sanfona. Sem lidar com o autoengano, a vida será uma grande alternância de privação e abuso de comida.
Um conselho parte da ideia de só comer se tiver fome. Não fique refém da família, filhos, colegas. Não é porque todos estão comendo que você também vai. Tome seu tempo –"e não tenha medo de acabar comendo sozinho".
É preciso se policiar contra a sabotagem. Comer um mamãozinho porque, afinal, é bom para o intestino? "Se o organismo não está pedindo comida, nada no mundo justifica comer", diz Elisabeth. Uma vez decidido a se alimentar, o truque é criar um mecanismo mental que estabeleça o tamanho da fome. Pode ser uma escala de zero a dez –e não vale roubar, dez é coisa de quem está fugindo de guerra civil. Se a fome é três, não pegue mais comida do que isso.
Comer rápido é um convite a ir além da saciedade, já que o organismo demora um pouco para indicar que a comida ingerida já é suficiente.
Elisabeth sabe que o ritmo com que comemos é um hábito –não é fácil mudar. Uma possibilidade é se policiar para sempre largar o garfo após colocar a comida na boca, tentando desacelerar a refeição.
Outro inimigo da saciedade é o tabu do prato vazio.
Fomos criados, aponta a psicanalista, por mães e avós que vieram de épocas mais difíceis. Criança boa era a que nunca deixava o prato vazio.
"Se nos negássemos a comer, faziam com que nos sentíssemos mal, desperdiçadores, culpados pela fome na África. Se essas vozes ainda ecoam dentro de você, está na hora de questioná-las."
"Deixar comida no prato é algo natural quando respeitamos nossos sinais internos de fome e saciedade."
Sabendo de tudo isso, escreve Elisabeth, não deixe para amanhã. Você vai acabar "comendo por despedida". Mudança com vacatio legis, ou seja, prazo para entrar em vigor, é mudança que já começa com sabotagem.
E FORAM MAGROS E FELIZES PARA SEMPRE?
AUTORA Elisabeth Wajnryt
EDITORA Matrix
PREÇO R$ 39,90 (222 págs.)
Estações do metrô trazem campanha contra a Hepatite C
17/09/2015 - DCI
As estações Santana, da Linha 1-Azul, Tamanduateí, da Linha 2-Verde, e Brás, da Linha 3-Vermelha, realizarão até amanhã, gratuitamente, o teste para detecção da Hepatite C. A campanha ocorre entre 8h e 17h, promovida pela Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite, om apoio do metrô.
Menos americanos estão agora sem seguro saúde
17/09/2015 - Valor Econômico
A fatia da população dos EUA sem seguro médico caiu de 13,3%, em 2013, para 10,4% em 2014, um reflexo da entrada em vigor no ano passado da reforma do sistema de saúde, a chamada Obamacare. O número de pessoas sem cobertura de saúde recuou quase 9 milhões, indo para 33 milhões, num ano em que a renda e a taxa de pobreza do país não tiveram alterações "estatisticamente significativas", segundo o Escritório do Censo dos EUA.
A parcela dos pobres ficou em 14,8%, o equivalente a cerca de 47 milhões de pessoas. O fato de essa fatia não ter caído é sinal de que recuperação da economia não tem sido forte o suficiente para melhorar as condições de vida de uma parte considerável da população.
Para Robert Greenstein, presidente do Centro de Prioridades sobre Políticas e Orçamento (CBPP, na sigla em inglês), os números deixam claro o impacto da reforma do sistema de saúde, uma das principais marcas do governo do presidente Barack Obama e duramente combatida pela oposição republicana. Segundo Greenstein, foi a maior queda registrada num ano desde 1987, considerando dados do censo e outras pesquisas.
"Tanto a cobertura de saúde privada quanto a oferecida por programas públicos, como o Medicaid [voltado para os mais pobres], cresceram de modo robusto em 2014", escreveu. "Os novos dados mostraram que 90% da população - e 94% das crianças - tiveram seguro de saúde no ano passado."
As informações indicam que o objetivo do Obamacare, de ampliar a cobertura do sistema de saúde, deu resultado. Segundo o Centro para o Progresso Americano, os dados confirmam, pela primeira vez, que a fatia da população sem seguro médico caiu em todos os 50 Estados e em Washington. Greenstein ressalta que o aumento da cobertura foi mais forte nas 25 unidades da federação que expandiram o Medicaid sob as regras da reforma do sistema de saúde.
Os números sobre a pobreza, por sua vez, mostram um quadro menos animador. No ano passado, havia 46,7 milhões de pessoas classificadas como pobres, o equivalente a 14,8% da população. O economista Chris Christopher, da IHS Global Insight, nota que esa taxa ficou estatisticamente inalterada pelo quarto ano seguido. Segundo o Escritório do Censo, a linha da pobreza é definida como uma renda inferior a US$ 24 mil por ano para uma família com dois filhos.
Já a renda mediana por domicílio ficou em US$ 53.657 em 2014, também no mesmo nível de 2013, ajustada pela inflação. Ela ainda está 6,5% abaixo do nível registrado em 2007, antes do agravamento da crise financeira global.
"A falta de melhora do nível de pobreza e da renda reflete, em parte, os limites da recuperação do mercado de trabalho, assim como o aumento expressivo da desigualdade de renda na última década e meia, embora ela não tenha crescido entre 2013 e 2014", avaliou Greenstein. Para Christopher, a renda vai começar a subir neste ano, devido à criação relativamente forte de empregos, a inflação modesta e o avanço mais expressivo dos salários. Ainda assim, deve atingir só em 2019 o nível de antes da crise.
Hospital de Câncer de Barretos fica 6 meses sem verba
17/09/2015 - O Estado de S.Paulo
O governo do Estado de São Paulo atrasou por seis meses o repasse para o Hospital de Câncer de Barretos, no interior paulista, maior unidade para tratamento da doença no País. Entre janeiro e junho, o complexo hospitalar de Barretos e sua filial em Jales deixaram de receber cerca de R$ 24 milhões. Sem a verba, o hospital teve de fazer um empréstimo bancário de R$ 30 milhões para continuar a funcionar. O governo diz já ter feito o pagamento de todos os atrasados.
Responsável pelo atendimento de cerca de 5 mil pacientes por dia, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS),a instituição filantrópica do interior paulista tem como principal fonte de financiamento a verba enviada pelo Ministério da Saúde,no valor de R$ 13,5 milhões. A unidade de Jales, no entanto, ainda não é custeada por verba da União porque aguarda processo de credenciamento no órgão federal. A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo repassa um valor extra ao hospital para auxiliar nas despesas. Essa verba,de R$ 4 milhões por mês,deixou de ser paga em janeiro.
“O que tínhamos sido informados é que teria um corte de 10% no repasse mensal do Estado,por causa da queda na arrecadação, mas até aí, tudo bem, já estávamos esperando.O problema foi que o dinheiro deixou de vir integralmente. E, com a fila de pacientes que temos, não dava para reduzir o atendimento”, relata Henrique Prata, diretor geral do hospital.Ele afirma que só nos alojamentos oferecidos pelo hospital para pacientes que aguardam tratamento há 2 mil pessoas esperando cirurgias oncológicas.
“No hospital de Jales, por exemplo, poderíamos atender mais gente, porque temos quatro centros cirúrgicos e só dois estão funcionando. Mas não tenho como atender mais gente se o repasse não é suficiente nem para os que já atendemos hoje”, afirma. O diretor diz que os repasses estaduais foram retomados no fim de junho, coma promessa de que, a cada mês, seriam pagas duas parcelas para compensar o atraso do primeiro semestre. “Em junho e julho foram pagas duas parcelas, mas em agosto e setembro só recebemos uma”, diz.
Prata afirma que o custo que tem com todas as unidades do complexo é de R$ 27 milhões mensais. Mesmo quando recebe integralmente os valores do ministério e da secretaria, que somam R$ 17,5 milhões, a conta não fecha. “O que salva é que temos força para pedir doação para a sociedade. Todo mundo ajuda. Se não fosse isso, o hospital estaria fechado”, diz.
O Hospital de Câncer de Barretos é conhecido por conseguir doações de artistas, principalmente os sertanejos. Os pavilhões do hospital levam os nomes das celebridades colaboradoras.
A secretaria apresentou ao Estado recibos de depósitos bancários atestando já ter pago dois meses retroativos ao hospital de Barretos e três ao de Jales. O governo do Estado diz que não há atraso no pagamento dos retroativos.Após receber a resposta da secretaria,no início da noite de ontem, a reportagem não conseguiu contato com um porta-voz do hospital.
Demora. Paciente da unidade de Jales, o pintor automotivo João Nunes dos Santos, de 59 anos, foidiagnosticadocomcâncer de próstata em janeiro, mas só conseguiu ter a cirurgia de retirada do tumor agendada paranovembro.“Oatendimentoé muitobom,mas ficomeperguntando a razão da demora. A gente quer fazer o tratamento logo.
Já perdi meu pai, minha mãe e meu irmão para o câncer. Quero acreditar que comigo vai ser diferente”, diz.
Opacienteafirma que,sabendo das dificuldades financeiras do hospital, tem recolhido mantimentospara fazerumleilão e doar o dinheiro ao hospital.
“O certo seria o governo repassar mais dinheiro. Mas, comoconheçomuitagente naminha cidade, resolvi tentar ajudar tambéme pedirdoações para os conhecidos. Já consegui mais de 400 quilos de mantimentos”, afirma ele, que é morador de Paranaíba, em Mato Grosso do Sul.