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CLIPPING - 04/09/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Novartis lança primeiro medicamento 'biossimilar' nos EUA com desconto de 15%

03/09/2015 - O Globo / Site


A Novartis deu o pontapé inicial para uma nova era na medicina nos Estados Unidos nesta quinta-feira com o lançamento da primeira cópia "biossimilar" de uma substância biotecnológica aprovada no país, com um desconto de 15 por cento sobre o produto original.

A unidade de genéricos da farmacêutica suíça, a Sandoz, disse que o Zarxio, sua fórmula do Neupogen -- medicamento que fortalece glóbulos brancos feito pela Amgen -- vai aumentar o acesso a um importante tratamento ao oferecer uma "versão de alta qualidade e mais acessível".

O grupo norte-americano de biotecnologia Amgen tinha tentado impedir a venda do Zarxio, mas o tribunal de recursos de Washington rejeitou sua tentativa de proibir o lançamento.

O potencial para que cópias roubem negócios de marcas originais de medicamentos biotecnológicos está capturando cada vez mais a atenção de investidores, apesar de ainda existirem incertezas sobre a rapidez com que os chamados biossimilares vão ganhar terreno.

Os biossimilares estão no mercado europeu desde 2006. No entanto, o trajeto regulatório nos EUA para biossimilares, que nunca podem ser réplicas exatas dos produtos originais, só foi estabelecido por uma reforma no setor de saúde em 2010.




Laboratório francês Boiron amplia oferta de homeopáticos no Brasil

04/09/2015 - Valor Econômico


Após seis anos de presença discreta no Brasil, o laboratório francês Boiron, maior fabricante de medicamentos homeopáticos do mundo, vai ampliar a operação local. Além de trocar o comando do escritório no país, que resultou na chegada do argentino Juan Pablo Udry à empresa há cerca de seis meses, o Boiron pretende encerrar 2015 com o lançamento de dez produtos localmente, ganhando musculatura para competir em um mercado estimado em € 600 milhões a € 700 milhões, considerando remédios homeopáticos e os alopáticos que podem ser substituídos.

Em outros números, o laboratório francês, que até agora contava com apenas três medicamentos disponíveis no país, prevê comercializar no mercado brasileiro algo entre 550 mil e 600 mil unidades (caixas) neste ano. Um dos principais lançamentos, segundo Udry, é o Coryzalia, indicado no tratamento de rinite - tende a se tornar o produto mais vendido do laboratório por aqui em razão das condições climáticas. Hoje, o campeão de vendas no país, e também na França, é o antigripal Oscillococcinum, cujas vendas cresceram 41% no primeiro trimestre.

"Nosso foco é competir também com os medicamentos alopáticos, como uma terapia alternativa e incoporar a homeopatia na prática cotidiana dos médicos", explicou Udry ao Valor. Diferentemente da posição no ranking mundial, no Brasil o Boiron está atrás do líder Laboratório Homeopático Almeida Prado e, embora a homeopatia seja difundida, os números desse mercado são bastante enxutos frente aos mais de R$ 50 bilhões em vendas do varejo farmacêutico nacional.

No ano passado, globalmente, o Boirin faturou 609,7 milhões de euros, com 60% das vendas na França, 28% em outros países da Europa, 10% nos Estados Unidos e Canadá e os 2% restantes em mercados menores, como Tunísia e Brasil, onde o faturamento foi de R$ 12 milhões.

Para engordar esse número, além de reforçar os lançamentos, o laboratório pretende ser mais eficiente na distribuição, por meio de acordos exclusivos. Hoje, 60% das vendas do Boiron no país ocorrem nas grandes redes de varejo farmacêutico e 40% nas farmácias de manipulação. Com os novos produtos, essa distribuição deve ficar equilibrada em 50%, com concentração dos negócios no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nos três primeiros meses do ano, de acordo com o diretor do Boiron para o Brasil, o crescimento no país foi de 30%, taxa que deve ser mantida ao longo de 2015.

Conforme Udry, o laboratório sempre esteve muito focado no mercado francês, onde estão instaladas suas quatro únicas fábricas - não há planos de ter operações fabris fora da França por causa da qualidade de matéria-prima cultivada nos Alpes. Nos últimos anos, porém, passou por um processo de reestruturação, que incluiu a maior abertura dos negócios no mercado internacional. A escolha do Brasil, por exemplo, reflete a possibilidade de, mais adiante, atender a partir do país o restante da América Latina.

De acordo com o executivo, que foi diretor de Vendas da Danone Baby Nutrition entre 2010 e 2013 e na Mead Johnson de 2013 a janeiro deste ano, a meta do laboratório é quadruplicar o tamanho da filial brasileira até 2020, período em que serão lançados pelo menos mais 12 medicamentos. Enquadrados na categoria "premium", os medicamentos do Boiron são mais caros que a média de mercado e não há planos de mudar esse posicionamento para ampliar vendas. "Mais adiante, queremos fazer o Estado perceber que a homeopatia oferece uma relação custo-benefício interessante", acrescentou.




Importação mais restrita

03/09/2015 - O Globo


Em um novo capítulo da longa novela sobre a importação de remédios à base de canabidiol ( CBD), substância encontrada na maconha, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa) decidiu negar todos os pedidos de autorização para a compra desses medicamentos vindos de pacientes que não sofrem de epilepsia, mas de outras doenças crônicas. O órgão, ligado ao Ministério da Saúde, adotou essa medida se baseando em uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Trata- se de uma mudança brusca. Até agosto de 2015, a Anvisa autorizou 894 dos 1.036 pedidos de autorização para importar canabidiol. Muitas das autorizações foram para pacientes que, com problemas como dores crônicas e mal de Parkinson, obtiveram receitas médicas para usar o medicamento, que não é fabricado no Brasil. Mas, no mês passado, as coisas mudaram. De 14 a 31 de agosto, dos 49 pedidos, 34 foram negados ( quase 70%), sendo que 23 das solicitações indeferidas eram para dores crônicas e sete para Parkinson.

— Voltamos à estaca zero — critica Raimundo Trindade, de 60 anos, há 15 anos diagnosticado com mal de Parkinson, e que teve seu pedido de importação negado. — É meu médico, e não a Anvisa, que sabe o que é melhor para mim. Até porque a agência já liberou a importação. Tenho direito a qualidade de vida. Minha tremedeira me impede de andar direito. Eu me arrasto.

Apesar de, diferentemente da maconha, o canabidiol não alterar os sentidos de uma pessoa, remédios feitos à base da substância foram centro de uma longa controvérsia no Brasil. Durante muito tempo, famílias com crianças que sofrem de epilepsia lutaram na Justiça para importar os medicamentos, proibidos no país, alegando que o canabidiol reduz a frequência das convulsões. Até que, em janeiro deste ano, a Anvisa decidiu tirar o CBD do rol de substâncias proibidas. Já em abril, o órgão divulgou regras para importar o remédio de forma simples.

De início, a Anvisa condicionou a autorização para importação dos medicamentos à prescrição médica, sem restringir as doenças que poderiam ser tratadas com canabidiol. Mas, em agosto, passou a negar pedidos que não são para o tratamento das epilepsias, problema apresentado por pacientes com diferentes doenças. A mudança se deu com base na resolução de número 2.113, do CFM, publicada em 16 de dezembro de 2014.

‘É PRECISO TER EVIDÊNCIA DA EFICÁCIA’

O presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, explica que a agência passou a receber pedidos diversos e que, por conta disso, decidiu se basear na determinação da entidade que fiscaliza e normatiza a prática médica no Brasil.— O canabidiol não é um medicamento, não tem registro. Decidimos nos basear no CFM, que aprova seu uso apenas para epilepsias. É preciso ter evidências da efetividade para outros tratamentos, porque não podemos sair aprovando água de lata para o câncer. Para epilepsia, há evidências de eficácia, o que não ocorre para Parkinson e dores neuropáticas ou crônicas — afirma Jarbas. — Não podemos autorizar experimento em humanos. Se em algum momento autorizamos, foi um equívoco.

No texto da resolução, o conselho médico aprova o uso compassivo ( tratamento ainda não totalmente avaliado, destinado a doentes que não têm outras opções) do canabidiol apenas para epilepsias da criança e do adolescente, refratárias aos tratamentos convencionais. Além disso, restringe a prescrição às especialidades de neurologia e suas áreas de atuação, à neurocirurgia e à psiquiatria.

O médico Ricardo Ferreira, especialista em cirurgia de coluna e manejo de dores crônicas, receita o canabidiol para pacientes refratários aos tratamentos convencionais. Ele estranha o posicionamento do CFM e da Anvisa.

— A Anvisa trata o canabidiol como medicamento restrito. Então, é medicamento. Nós, médicos, podemos receitá- lo off label, ou seja, para indicação terapêutica diferente da aprovada. Esta é a nossa diferença em relação ao farmacêutico. Ele, sim, só indica pela bula. Médicos exercem a medicina tentando fazer o melhor pelo paciente, se atualizando sobre tratamentos e remédios. Na Holanda, Canadá, Israel e outros países, o canabidiol é amplamente usado com resultados positivos. Eu me sinto obrigado a prescrever o que de melhor existe para meus pacientes.

BUSCA DE AUTORIZAÇÃO NA JUSTIÇA

A holandesa Petronella Beith, de 77 anos, que mora no Brasil desde 1963 e sofre com dores lombares, também foi impedida de importar medicamentos a base de CBD.

— Usei um remédio com canabidiol durante uma viagem à Inglaterra. Comprei pela internet, legalmente, sem nenhuma burocracia. Senti um alívio enorme e esperava poder importar aqui no Brasil, mas tive o pedido negado — lamenta ela.

Em meio à batalha pela aprovação da substância obtida da Cannabis sativa, a planta da maconha, o documentário “Ilegal”, lançado ano passado, contou a história de famílias que lutavam na Justiça para conseguir importar o remédio, fabricado principalmente nos EUA. Entre as crianças com epilepsia que precisavam do remédio, estava a menina Anny Fisher, portadora de uma síndrome rara. Hoje, o pai de Anny, Norberto Fischer, tem autorização para a compra, mas critica a restrição da Anvisa.

— É um retrocesso. Muitas pessoas, como o Raimundo e a Petronella, querem importar a medicação de forma legal, mas a Anvisa os empurra à compra clandestina — lamenta ele.

O advogado Emílio Figueiredo, que atua em vários casos relacionados à maconha e ao canabidiol, afirma que não há base jurídica para a negação. De acordo com ele, se o CFM edita uma resolução restritiva, e a Anvisa não autoriza que os médicos se responsabilizem pelo tratamento de seus pacientes, só resta o caminho do Judiciário.

— Esses pacientes têm direito a medicamentos menos fortes e com efeitos colaterais menores. Não cabe à Anvisa este juízo de valor, escolher para qual doença vai liberar. Mesmo que esteja usando o CFM como respaldo. Já estamos organizando os pacientes com negativa e compilando as melhores pesquisas sobre o tema de uso para dor neuropática e Parkinson para buscar a autorização na Justiça. Infelizmente, essas pessoas engrossarão os casos de judicialização na Saúde.

De acordo com o presidente da Anvisa, se o CFM atualizar sua resolução, incluindo o tratamento para outras doenças, a agência acompanhará o órgão. Mas o psiquiatra Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti, terceiro vice- presidente do CFM e um dos relatores da resolução, demonstra que isso não está perto de acontecer. Ele enfatiza que o médico só pode prescrever o canabidiol de acordo com a resolução.— Os médicos que estão indicando canabidiol para outras doenças estão infringindo a resolução e o código de ética. Estão errando, mesmo na tentativa de ajudar. Só autorizaremos para outras doenças com bases sólidas — explica Cavalcanti. — Não é tirar a liberdade do médico. Vamos fazer novos esclarecimentos à classe médica para evitar confusão.




Mercado Aberto: Alta de até 194% em taxas de vigilância sanitária gera queixas de farmacêuticas

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


A indústria de medicamentos do país recebeu com pessimismo a notícia de que o governo federal irá aumentar as taxas de fiscalização de vigilância sanitária.

Uma portaria assinada pelos ministérios da Fazenda e da Saúde aumentou em até 194% os valores, que haviam sido atualizados em 2001 pela última vez.

O registro de um novo medicamento, por exemplo, que hoje fica em R$ 80 mil, custará R$ 234,8 mil a partir de 9 de setembro, o que significará um aumento de 193,55%.

"Há anos não se fazia um reajuste. Aí, durante um período difícil, de recessão, o governo aplica uma taxa dessa magnitude. É uma medida inconsequente", afirma o presidente do Sindusfarma (sindicato da indústria do Estado de São Paulo), Nelson Mussolini.

O incremento é maior do que a inflação de medicamentos registrada desde 2001, que ficou em 93,95%.

"A alta das taxas ainda vem no mesmo momento em que sofremos com a expansão estratosférica dos custos, como o da energia. Isso afeta de forma perigosa a margem de lucro das empresas."

A indústria de medicamentos, no entanto, é uma das poucas que vem apresentando resultados positivos neste ano. De janeiro a julho, as vendas nas farmácias tiveram um crescimento nominal de 12,64%. O faturamento ficou em R$ 26,5 bilhões.

Além do farmacêutico, outros segmentos, como o de alimentos e o de cosméticos, serão afetados pelo aumento da taxa de fiscalização de vigilância sanitária.




Farmacêuticas criticam alta de taxas para registro de novos remédios

02/09/2015 - Valor Econômico / Site


A Interfarma, entidade que reúne 56 laboratórios farmacêuticos que são responsáveis por 82% das vendas de medicamentos de referência nas farmácias brasileiras, criticou o aumento dos valores cobrados pelo governo para registro de novos medicamentos no país e alertou que a medida vai elevar o custo para entrada de terapias inovadoras.

O aumento nas taxas de fiscalização, válido a partir do dia 9, foi publicado nesta quarta-feira no "Diário Oficial da União" e, conforme a entidade, o maior reajuste ocorreu na categoria de medicamentos de referência, cujo tributo passou de R$ 80 mil para R$ 234 mil. “Isso afeta justamente a entrada de tratamentos inovadores no país, que ainda não têm versões similares e genéricas”, informou a associação.

As taxas para medicamentos similares e genéricos, por sua vez, subiram de R$ 21 mil para R$ 61 mil no primeiro caso e de R$ 6 mil para R$ 17 mil no segundo. O registro de novas vias de administração do medicamento e de novas associações de princípios ativos também sofreram reajuste e passaram de R$ 21 mil para R$ 53 mil.

Conforme o presidente-executivo da Interfarma, Antônio Britto, as dificuldades orçamentárias enfrentadas pelo governo são conhecidas, mas “é preciso reafirmar, respeitosamente, que o grande problema das taxas está na baixa relação entre os valores pagos e os serviços recebidos”.

“Temos reconhecido e aplaudido os lentos avanços da Anvisa na revisão de processos e redução de prazos. Entendemos, desejamos e apelamos para que as novas taxas venham acompanhadas de uma firme determinação no sentido de concluir muito rapidamente a agenda de avanços regulatórios, em particular, para pós-registro, transferência de titularidade, prazos de registro de produtos, inspeções nacionais e internacionais”, disse em nota.

A entidade apontou que a medida agrava o “subfinanciamento” da pasta de saúde, cujo orçamento em 2015 já sofreu cortes de R$ 13,4 bilhões, ou 12%.



Pfizer finaliza compra da Hospira

03/09/2015 - UOL


A Pfizer finalizou nesta quinta-feira, 3, a compra da Hospira, uma das empresas líderes em venda de medicamentos injetáveis, por US$ 16 bilhões. Hoje, as ações ordinárias da Hospira deixaram de ser comercializadas na Bolsa de Nova York (NYSE) e os acionistas da companhia passaram a ter o direito de receber US$ 90 em dinheiro por papel. O valor embute um prêmio de 39% sobre o preço de fechamento das ações em 4 de fevereiro, um dia antes de o negócio ser anunciado.

"Acreditamos que, por meio desta transação, estamos criando valor para nossos acionistas, ao gerar mais receitas e a expectativa de crescimento do valor das ações em curto prazo ", disse Ian Read, presidente e diretor executivo geral da Pfizer.

A empresa prevê que a aquisição acrescente entre US$ 0,10 e US$ 0,12 ao lucro por ação no primeiro ano após a conclusão do acordo e que gere US$ 800 milhões em economias de custo anualmente até 2018. A Pfizer pretende atualizar suas diretrizes financeiras de 2015 nas próximas semanas de forma a incorporar a Hospira.




Algoritmo analisa fala para prever psicose

04/09/2015 - Folha de S.Paulo


Um time internacional de cientistas, com participação brasileira, criou um algoritmo que consegue analisar a fala de pacientes psiquiátricos e prever aqueles que irão desenvolver uma psicose.

A identificação de características que permitam a antecipação do surto é considerada bastante complicada pelos profissionais da área.

"O pródromo [nome técnico para identificação de sinais de uma doença antes que os sintomas mais específicos apareçam] é ainda muito complicado na psicose", avalia Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia do Instituto de Psiquiatria da USP, que não participou do trabalho.

O experimento teve um número reduzido de participantes, mas funcionou como uma prova de que o método é funcional.

O EXPERIMENTO

Cientistas entrevistaram, uma vez a cada três meses por um período de dois anos e meio, 34 jovens em situação de risco –algum sintoma mais leve de problema psiquiátrico– e que buscaram ajuda especializada.

Os cientistas transcreveram as entrevistas e analisaram o discurso dos pacientes levando em consideração critérios sintáticos, como a estrutura e o tamanho das frases, bem como questões semânticas.

Após dois anos e meio de acompanhamento, cinco desses 34 jovens desenvolveram uma psicose, termo amplo que engloba doenças como a esquizofrenia e o transtorno bipolar. O algoritmo conseguiu prever 100% dos casos.

Para o neurocientista Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e um dos autores do trabalho, a técnica poderia fornecer as bases para criar um método com critérios claros para "prever" os pacientes em risco.

O time de cientistas responsáveis pelo experimento não descarta que o algoritmo possa ser usado, no futuro, para criar um exame ou um aplicativo que identifique rapidamente os pacientes com alto risco.

"Ainda é cedo para falar nisso. Mas a ideia é criar parâmetros de referência, como os que existem em outras áreas. Esse método poderia ser o que o raio-X é para a ortopedia, ou o que o hemograma é para a clínica médica", avalia Ribeiro.

ÁREA PROMISSORA

Métodos de análise do discurso têm sido uma área promissora no diagnóstico de transtornos psiquiátricos.

Pacientes com esquizofrenia, uma das psicoses mais conhecidas, têm vários sintomas perceptíveis na fala, inclusive um certo grau de confusão e repetição. O que os algoritmos dos cientistas fazem é automatizar o processo de identificação, que hoje é feito pelos ouvidos atentos dos psiquiatras nos consultórios.

Segundo Sidarta Ribeiro, que participou também de estudos anteriores, um diferencial deste trabalho é que o sistema desenvolvido considera não apenas a forma como os pacientes se expressam, mas também o significado do que eles dizem.

A pesquisa foi feita, em inglês, com pacientes no exterior, mas os cientistas envolvidos dizem que o método funciona em seis línguas ocidentais, incluindo o português e o espanhol.

Cientistas ainda divergem quanto à melhor abordagem para os pacientes identificados com alto risco.

Segundo Helio Balkis, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, pesquisadores tanto Brasil quanto no exterior ainda estão tentando encontrar o melhor método terapêutico para esses casos.

Já Sidarta Ribeiro afirma que há benefícios claros na prevenção com um diagnóstico precoce. "A identificação precoce dos pacientes pode ajudar a criar estratégias melhores de tratamento", afirma.




Cristália adquire o controle da Latinofarma

04/09/2015 - Valor Econômico


Maior fornecedor brasileiro de anestésicos para cirurgias oculares, o Laboratório Cristália anunciou ontem a compra da Latinofarma, farmacêutica nacional especializada em produtos para cuidados com os olhos cujo faturamento anual gira em torno de R$ 90 milhões. O valor do negócio não foi revelado.

No fim de 2014, o presidente e um dos fundadores do Cristália, Ogari Pacheco, disse ao Valor que o laboratório iria expandir sua capacidade produtiva em 2015, mediante investimentos de R$ 220 milhões, e ampliar seu portfólio a partir de lançamentos e incorporação de linhas via aquisições.

"Os médicos já conhecem o Cristália, pois somos líderes em anestesias para cirurgias oftálmicas. Com a aquisição, contamos agora com um portfólio completo de produtos para atendê-los", disse Ogari em nota.

A Latinofarma opera uma fábrica em Cotia (SP) e possui um portfólio com itens como corticosteróides oftalmológicos, anti-infecciosos e antissépticos, além de produtos destinados a hospitais e consultórios médicos, como anestesias e colírios para cuidados como inflamação e tratamentos pós-cirúrgicos. Lágrimas artificiais lideram as vendas da farmacêutica, dona do colírio Lacribell, com 54% de participação no faturamento.

Com a aquisição, o Cristália planeja investir no desenvolvimento de novos produtos oftalmológicos e consolidar-se nesse mercado. O laboratório conta com um complexo fabril farmoquímico, farmacêutico e biotecnológico em Itapira, interior de São Paulo, e tem faturamento superior a R$ 1,5 bilhão.




Mapa de DNA dá pistas sobre futuro

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Em 50 anos, sua escova de dentes avisará quando você estiver ficando gripado. Com o celular, poderá saber se um churrasquinho de rua contém bactérias. É a genética.

Nas próximas décadas, a medicina vai passar por uma revolução. O DNA vai guiar não só o diagnóstico e o tratamento de doenças, mas todo o estilo de vida das pessoas.

O ponto de partida é o sequenciamento genético, espécie de mapa dos genes humanos. Por enquanto, no Brasil, só um laboratório faz esse exame, o Mendelics, em SP.

Lá, em uma sala de 20 m², três aparelhos com cara de máquina de xerox produzem mapas genéticos de dezenas de pessoas por dia. Com eles, pacientes descobrem se desenvolverão doenças hereditárias e, muitas vezes, conseguem preveni-las a tempo.

Esses mapas também possibilitam que pessoas com câncer descubram qual é a alteração genética responsável pela doença e, assim, saibam as terapias mais indicadas. A eficácia não é de 100%, mas a probabilidade aumenta.

A análise funciona assim: com uma amostra de sangue, o sequenciador produz o mapa do DNA. Um software interpreta os dados e os envia a médicos, que fazem o diagnóstico final –tudo em alguns dias.

ESCOLHA NAS MÃOS

Com um aparelho de 10 cm nas mãos e um sorriso entusiasmado, David Schlesinger, sócio do Mendelics, decreta: "O futuro é isto aqui". Trata-se de um sequenciador genético portátil. Para ele, essa será a base para levar a genética a objetos do dia a dia.

É o caso da escova de dentes que detecta o DNA de bactérias ou vírus e avisa que você ficará gripado, ou do aparelho que analisará o churrasquinho de rua para encontrar toxinas ""e até dizer se a carne é de boi ou de gato.

Outras projeções revelam euforia entre especialistas.

Uma delas é de que a genética será um fator importante na hora de escolher com quem ter filhos, segundo o médico americano George Church, professor de genética de Harvard, nos EUA. Para ele, é preciso ter certeza de que a combinação dos genes não resultará em doenças hereditárias.

Outra previsão arrepiante: distúrbios ligados à idade avançada serão eliminados pela reversão do envelhecimento de tecidos (vasculares, neurológicos etc.). Uma espécie de fonte da juventude.

Já outros especialistas são mais cautelosos, como Lawrence Brody, diretor do National Human Genome Research Institute, nos EUA: "O potencial é grande, mas tudo isso ainda precisa ser provado".

QUESTÕES ÉTICAS

As possibilidades da genética são inúmeras, assim como as preocupações em torno delas. "O limite será o bom senso e a ética, mas a tendência humana sempre foi a busca por poder e lucro", afirma o bioeticista Alvaro Salles.

Um grande temor é a seleção de características físicas do embrião –para Brody, questões técnicas deixam essa hipótese distante. Outro receio é a eliminação de embriões com distúrbios.

"Será que um futuro sem Downs seria melhor?", questiona o bioeticista Volnei Garrafa, da Universidade de Brasília. "Pode haver uma higienização da espécie humana a partir de abortos intrauterinos e seleção genética", diz.

Outro tema polêmico é o sigilo de dados genéticos em relação a empregadores e seguros de saúde. "Pode haver uma exclusão terrível, porque será provado cientificamente que há diferença entre seres humanos", afirma Salles.

Em alguns Estados norte-americanos, informações genéticas são protegidas por lei.

Já o Brasil vive um descompasso entre o ritmo dos avanços tecnológicos e dos aspectos legais, afirma Garrafa: "É urgente que comecemos a fazer legislações rigorosas."




Sistema digital agiliza rotinas e poupa tempo nos hospitais

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Saem os prontuários com letra de médico e as pastas com fichas de pacientes, entram os documentos com assinatura digital e os bancos de dados virtuais.

Em alguns hospitais espalhados pelo país, rotinas "analógicas", como checagem de medicação e registro de pacientes, já foram transportadas para o digital.

No Real Hospital Português de Beneficência, em Pernambuco, por exemplo, um sistema único desenhado pela área de tecnologia da informação permite que, desde a entrada do paciente na instituição, todos os seus movimentos sejam monitorados.

Prontuários e exames são visualizados on-line. Quando o médico solicita um remédio, o pedido chega à farmácia, a enfermagem é notificada e a conta já vai para o paciente ou plano de saúde.

"É tudo interligado. O sistema monitora horários de dar remédios, tempo de atendimento e processos administrativos, como solicitação de equipamentos", diz Ademir Novais, gerente de tecnologia da informação da instituição.

De seis anos para cá, quando a ferramenta passou a funcionar mais amplamente, o faturamento do hospital cresceu 300% e aumentou em 40% o número de atendimentos emergenciais realizados. O tempo para a liberação de um leito caiu de seis horas para uma hora e 20 minutos.

"A informatização evita telefonemas, caminhadas incessantes entre setores para localizar dados, reduz custos com papel e filmes radiográficos e nos libera para prestar mais atenção no paciente", afirma Petrus Silva Costa, coordenador de emergência geral do hospital.

Ainda no Nordeste, a rede Hapvida é uma das pioneiras no uso da biometria para identificar pacientes e funcionários. O sistema foi implementado em 1997 para tentar reduzir fraudes.

Deu tão certo que a instituição resolveu adotar, mais recentemente, prontuários digitais unificados para toda a rede, além de uma ferramenta para o agendamento de consultas on-line, totens de autoatendimento e até aplicativos para celular em que o usuário pode acompanhar resultados de exames e marcar procedimentos.

"Se o paciente não quiser, nem precisa falar com um atendente", diz Tarciso Machado, superintendente de tecnologia do Hapvida. Nos últimos três anos, a rede conseguiu diminuir em 20% o tempo de espera nos ambulatórios. Caiu também o número de consultas e exames.

Para a vendedora Raquel Ferreira, 28, paciente do Hapvida há cinco anos, a tecnologia só trouxe vantagens. "Não tenho que levar mais aqueles envelopes de exames nas consultas e posso marcar tudo pelo computador."

INVESTIMENTO VIRTUAL

No Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, a migração para um modelo 100% digital já tem data para começar: abril de 2016. Há dois anos, o hospital gastou R$ 200 milhões na compra de um sistema de prontuário eletrônico avançado.

"Será uma revolução total. São 200 pessoas trabalhando nisso. Em 2017, esperamos ser um hospital livre de papel", afirma Nelson Wolosker, vice-presidente da instituição.

Por agora, ele comemora os resultados de uma pesquisa realizada em dois prontos-socorros do hospital. "Comparamos por 12 meses o desempenho de duas unidades que usavam prontuário eletrônico com duas que não usavam. As que usavam registraram a metade de eventos de erro de medicação. O novo sistema será ainda mais eficaz que esse."

Para Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, o uso da tecnologia em hospitais pode, sim, revolucionar o atendimento, mas falta muito para isso acontecer.

"Tem modismo nessa história de informatização e, às vezes, pouca funcionalidade. Tem hospital que diz ter prontuário eletrônico e, na verdade, digita e imprime o papel. Ou o médico deixa a prescrição escrita e outros profissionais digitam. Isso pode resultar em erros sérios."

O ideal, de acordo com Lopes, além de ser tudo digital, seria implementar um sistema de prontuário unificado não só na rede privada, mas também no sistema público. "Isso sim seria revolucionário", opina.

No Distrito Federal, o primeiro passo nessa já foi dado. No dia 15 de agosto, a Secretaria de Estado de Saúde colocou no ar uma ferramenta para informatizar 100% das operações da rede de saúde.

"Agora precisa haver mudança de cultura dos profissionais para que usem isso", diz Fábio Gondim, secretário de Saúde do Distrito Federal..




Médico opera coração usando robô e joystick

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


São 13h28. Na "sala do futuro", como os médicos chamam o maior centro cirúrgico do Albert Einstein, em São Paulo, o paciente está sob efeito da anestesia.

Ligado a uma máquina de circulação extracorpórea, seu coração está parado. Como se fossem as patas de uma aranha gigante, os quatro braços do robô Da Vinci estão fincados no lado direito do tórax do homem de 65 anos.

A dois metros, joysticks nas mãos, o cirurgião cardíaco Robinson Poffo pede: "Silêncio. Reduzam as luzes, por favor". A operação começa.

O paciente tem insuficiência da válvula mitral, que compromete o fluxo sanguíneo no coração. A cirurgia visa reconstruir essa estrutura.

O robô está conectado ao doente por três pequenas incisões entre as costelas. Dali até o coração são 30 centímetros. Um braço leva uma câmera de 12 milímetros de diâmetro. Tridimensional, de alta definição, a imagem obtida pelo Da Vinci está aumentada de dez a 15 vezes.

Através dela, fios de sutura da largura de um fio de cabelo parecem cabos de aço. A pinça de dois centímetros ganha a dimensão de um anzol para peixes grandes. Com 8 milímetros de diâmetro cada um, os outros três braços carregam tesouras, pinças, bisturis, fórceps... Uma quarta incisão, de quatro centímetros, é usada pelos auxiliares para a passagem dos fios de sutura e do aspirador.

Sob os comandos de Poffo, os braços do robô estão em movimento. A primeira estrutura cardíaca a aparecer é o saco pericárdico, membrana que envolve o coração. Levado pelo terceiro braço do robô, o afastador mantém a película levantada, abrindo caminho para os outros braços.

Em seguida, atinge-se o átrio. Cortado e afastado, permite que o Da Vinci chegue a seu destino. "Toda vez que abro um coração e vejo uma válvula mitral, fico em êxtase", diz o cirurgião. "O robô não tem tato, mas você consegue sentir as texturas."

BALÉ DE MÃOS

As lentes da câmera embaçam. Poffo reclama. Dois auxiliares removem-nas do corpo do homem. Enquanto isso, em uma espécie de balé com as mãos, Poffo simula no ar a sequência de movimentos a ser feita com o robô.

"Antes de entrar em cirurgia, já operei mentalmente o paciente uma centena de vezes", diz o pioneiro da técnica no Brasil. Desde 2010, operou 42 vezes com o Da Vinci.

Uma hora e meia depois do início da cirurgia vem a reconstrução da válvula mitral. Vistas pelas lentes do Da Vinci, as pontas dos dois braços do robô parecem ter vida própria, num vaivém de pinças, agulhas e fios que refazem a estrutura cardíaca. É uma cirurgia quase sem sangue.

Às 16h17, os braços do robô são recolhidos. Uma hora depois, o coração do homem volta a bater sozinho: 112 batimentos por minuto. "Maravilha", celebra o médico.

A cirurgia robótica é uma das conquistas tecnológicas mais notáveis da medicina. Suas origens remontam aos anos 1980, com as microcâmeras e a laparoscopia.

Graças à nova técnica, cirurgias até então abertas puderam ser realizadas por pequenas incisões. As semelhanças entre a laparoscópica e a robótica, no entanto, terminam aí. O robô mimetiza os movimentos da mão humana e chega às regiões mais recônditas do organismo sem forçar nenhuma estrutura.

Ele tem um filtro de tremor: qualquer gesto involuntário do cirurgião é barrado. A câmera laparoscópica fornece imagens bidimensionais, exibidas em monitor, em geral, no alto, à frente do cirurgião.

"Tanto na aberta como na laparoscópica e na robótica, a cirurgia é a mesma", diz o urologista Anuar Mitre, 65, coordenador do centro de cirurgia robótica do Sírio-Libanês, em São Paulo. "A vantagem está na menor agressão ao paciente, numa recuperação mais rápida e menos dolorosa e numa volta mais precoce às atividades normais."

Se o paciente do médico Poffo tivesse sido submetido à cirurgia tradicional, teria o osso esterno serrado e o peito, aberto ""o que eleva o risco de infecções e a necessidade de transfusão de sangue. O tempo de recuperação seria de até 40 dias. Na cirurgia robótica, 90% dos pacientes despertam ainda no centro cirúrgico. Passam um dia na UTI e têm alta em cinco dias.

DO CARRO PARA A CURA

"A robótica é o presente e o futuro da cirurgia", diz o gastroenterologista Antonio Luiz Vasconcellos Macedo, 64, do Einstein, especializado em cirurgia minimamente invasiva e robótica.

O robô beneficia também o médico, que opera sentado, com o braços e a cabeça apoiados num console.

Único do mercado, o Da Vinci é fabricado pela empresa americana Intuitive Surgical Devices e foi adaptado para cirurgias a partir dos robôs da indústria automotiva.

Os primeiros procedimentos com o Da Vinci ocorreram no início dos anos 2000, nos EUA e na Europa. A técnica só chegou ao Brasil em 2008.

São 500 mil cirurgias desse tipo realizadas todos os anos no mundo. E a tendência é de aumento. Até dois anos atrás, só dois hospitais brasileiros ofereciam a tecnologia –o Einstein e o Sírio. Hoje são 13.

A robótica está disseminada nas cirurgias urológicas, ginecológicas e do aparelho digestivo. Nesses campos, opera-se na cavidade abdominal e, quanto mais fundo, mais os olhos do cirurgião se afastam da região e menos espaço ele tem para trabalhar.

O recurso facilita a chegada do cirurgião lá. "Com o robô, a sensação que se tem é a de que o cirurgião está com a cabeça dentro do abdome do paciente", diz Gustavo Guimarães, 44, cirurgião oncológico e diretor de urologia do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

Os convênios de saúde ainda não cobrem os custos de uma cirurgia robótica. Poucos hospitais brasileiros operam com o Da Vinci pelo SUS. Entre eles, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, e Hospital de Câncer de Barretos.




Telemedicina reduz fila da consulta com especialista

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Recursos da telemedicina têm sido usados na rede básica de saúde como forma de reduzir a fila por consultas com especialistas, um dos grandes gargalos no SUS.

Em São Paulo, por exemplo, o tempo de espera por um cardiologista é de oito meses. No Paraná, conseguir consulta com um reumatologista pode demorar três anos.

No programa Telessaúde, plataforma on-line do Ministério da Saúde, profissionais da atenção básica esclarecem, remotamente, suas dúvidas e têm uma segunda opinião do especialista.

Funciona assim: após se cadastrar na plataforma, o médico pode ligar gratuitamente ou mandar mensagem on-line para uma central onde há uma equipe de especialistas de várias áreas de plantão para atendê-lo em horário comercial–das 8h às 17h30, de segunda a sexta.

Uma dúvida comum, por exemplo, é sobre o tratamento do diabético que precisa de insulina. Médicos da atenção básica costumam não se sentir seguros na prescrição da droga e encaminham o paciente a um endocrinologista. Conseguir uma vaga, porém, pode levar meses.

Pelo Telessaúde, ele fala com o especialista, que, após analisar o histórico do doente, o orienta sobre remédios e cuidados com o paciente.

No Rio Grande do Sul, o serviço tem conseguido resolver 75% das dúvidas e evitado não só que os pacientes amarguem meses na fila de espera como também que se desloquem para outras cidades.

A iniciativa deu tão certo que o Telessaúde RS recebeu pesquisadores da Austrália e do Canadá no último mês.

"As dúvidas podem ser esclarecidas em tempo real. É como se o médico estivesse falando com um colega. Só que do outro lado será atendido por alguém munido com as melhores evidências científicas sobre aquele problema", diz o médico Erno Harzheim, coordenador-geral do Telessaúde RS.

Na versão original, o atendimento era prestado só por meio da plataforma digital. Mas a adesão dos médicos era baixa. "Havia unidades que não estavam informatizadas, mas a principal queixa dos médicos era ter que parar o atendimento para preencher os dados na plataforma", conta Harzheim.

Em 2013, veio a solução: telefone gratuito. "Qualquer um hoje tem telefone. É imediato, ele liga e é atendido na hora. É um contato mais pessoal." Antes, só com a plataforma, o serviço fazia em média 160 teleconsultorias ao mês. Agora, faz 970.

Na avaliação do coordenador, a equipe tem capacidade de atender muito mais se houver mais procura. "Poderíamos fazer mais 2.000 teleconsultorias por mês", diz ele.

O uso dessa tecnologia, porém, esbarra em entraves como unidades sem acesso à internet e a sobrecarga ou desinteresse dos profissionais, segundo Harzheim.

O Ministério da Saúde afirma que está investindo na conectividade das unidades básicas de saúde.

O órgão diz que mais de 5.400 unidades já foram beneficiadas com internet rápida e que a expectativa é chegar a 12 mil até o final do ano.

Segundo Hêider Pinto, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, as unidades também têm à disposição um software gratuito de gestão.

Entre outras coisas, essa tecnologia permite que o paciente tenha um prontuário eletrônico e reúna todo o seu histórico de atendimento. A ideia agora é somar a ferramenta ao Telessaúde.

De acordo com Pinto, o projeto ainda enfrenta a resistência dos médicos.

"Para que o processo dê certo, ele precisa estar aberto ao diálogo. Mas existem aqueles que preferem continuar não sabendo cuidar do que pedir informação."




Em SP, neurologista ajuda a avaliar jovem acidentado na Bahia

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


É hora de visita no Hospital Geral de Vitória da Conquista, no interior baiano. Na portaria, a aposentada Maria Dalva de Oliveira, 65, pede autorização para ver o marido. O atendente pergunta em qual setor ele está internado. "Corredor", ela responde.

Referência em alta complexidade no sudoeste da Bahia, a instituição estadual vive superlotada. Nos corredores, em média 60 pacientes aguardam nas macas uma vaga em um dos 209 leitos oficiais.

Mas muitas vezes recebem alta sem nunca terem experimentado uma cama de verdade. No corredor, são examinados e passam por procedimentos (tomam soro, por exemplo).

Mais uns passos à frente está a "sala do choque", onde pacientes graves aguardam uma vaga na UTI.

O jovem A.A., 32, é um deles. Sofreu um acidente de moto por volta das 8h daquela quarta-feira e chegou inconsciente ao hospital, com suspeita de traumatismo cranioencefálico (TCE).

São 16h e ele ainda não fez uma tomografia para avaliar a extensão do dano cerebral. O aparelho está quebrado há mais de uma semana.

"O ideal é fazer o exame tão logo o paciente chegue ao hospital. É fundamental saber se há sangramento, edema e se será preciso cirurgia", diz o intensivista Miquéas Martins Lima Silva, coordenador da UTI.

O hospital também não dispõe de um cateter para medir a pressão intracraniana. "É caro, de uso individual e descartável. Praticamente inacessível na rotina de um hospital público", diz.

No caso de A., a tomografia só foi feita 12 horas depois, em outro hospital. Ele foi transferido de ambulância, ligado ao respirador artificial. Retornou ao HGVC (Hospital Geral de Vitória da Conquista) após o exame.

A conduta não é recomendada, já que o transporte aumenta o risco de complicações e de morte.

24 HORAS

O HGVC é uma das 15 instituições brasileiras que integram uma rede de telemedicina mantida por meio de parceria entre o Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo) e o Ministério da Saúde.

Uma equipe de profissionais de ponta do Albert Einstein fica 24 horas por dia à disposição dessas unidades para orientá-las ou dar uma segunda opinião em casos complexos, como traumatismos cranianos, sepse, derrames e infartos.

Na outra ponta, há um monitor com câmera que se desloca até o leito do paciente. Em São Paulo, os plantonistas da telemedicina esclarecem dúvidas dos médicos, avaliam exames e podem até auscultar o doente, mesmo a 1.439 km de distância–como em Vitória da Conquista.

No dia da visita da Folha, dois casos foram discutidos. Um deles foi o do jovem A. Os médicos baianos pensavam em mantê-lo sedado, mas queriam ouvir a opinião de um neurologista, especialista raro naquele hospital.

Ao ouvir o relato sobre a condição clínica de A. e avaliar pelo WhatsApp a tomografia feita na noite anterior, a neurologista Cristina Massant, do Einstein, recomendou que a equipe repetisse a tomografia 24 horas depois, para verificar se a lesão no cérebro havia se estabilizado.

Sugeriu também a troca de um remédio por outro mais caro, mas o hospital baiano não dispunha da droga.

Nas semanas seguintes à visita, A. apresentou melhoras. Até o fechamento desta edição já respirava sem ajuda de aparelho e mexia as mãos e os pés.

ENTRAVES

São muitos os entraves para a introdução de tecnologias em hospitais públicos. Vão da crônica falta de recursos e de treinamento à resistência de profissionais para a adoção de novas práticas.

No hospital de Vitória da Conquista, por exemplo, há duas UTIs de adultos, mas só uma mantinha o canal aberto com a telemedicina do Einstein e seguia os protocolos mais atuais recomendados para doentes críticos.

Segundo a diretora do hospital, Marilene Ferraz Barbosa, as condutas para doentes críticos serão padronizadas, e a telemedicina, será usada em todo o processo, do pronto-socorro à UTI. "É uma tecnologia que melhora muito a qualidade da assistência."

E a tomografia quebrada? Marilene afirmou que o serviço é terceirizado pelo governo do Estado e que a demora do conserto chega a três meses. A saída até lá é fazer o exame em outro hospital.

Na opinião do médico Milton Steinman, coordenador do programa de telemedicina do Einstein, problemas como a falta de recursos e a superlotação, ao lado da resistência ao uso de novas ferramenta e da falta de conectividade de algumas unidades, têm sido grandes obstáculos para a ampliação da telemedicina no país.

Mesmo com esses entraves, Steinman vê o programa como uma importante ferramenta para potencializar o acesso a especialistas, a difusão de protocolos e a implantação de políticas de controle de qualidade e de melhoria de processos.

"A ideia é levar um pouco do Einstein para cada um desses hospitais e, de algum modo, contribuir para uma saúde mais universal."




Sala que une cirurgia e diagnóstico reduz riscos

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


'O uso do espaço não é simples ou barato, você não pode ter ele em todo hospital', diz Paulo Niemeyer, do Instituto Estadual do Cérebro.

Unir no mesmo espaço mesa de cirurgia e equipamento de diagnóstico –como ressonância magnética ou raio-X– diminui o risco de o paciente morrer e aumenta a chance de sucesso das operações.

No IEC (Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer), no Rio, a sala híbrida tem câmeras e telas de alta definição e um microscópio que permite ao cirurgião ver detalhes milimétricos dentro da cabeça do paciente. A estrela maior do espaço é uma ressonância magnética, que fica atrás de uma porta dupla de chumbo.

"É a Disneylândia da neurocirurgia", diz Paulo Niemeyer Filho, diretor do IEC. A sala, que como todo o hospital só atende pacientes do SUS, custou R$ 16,7 milhões.

O espaço é usado principalmente em retiradas de tumores. A Folha acompanhou, no local, a operação de um paciente com câncer no cérebro.

O cirurgião tirou a maior parte do tumor, que estava visível. Depois, o paciente foi levado para a ressonância ainda com a cabeça aberta.

Para isso, foi preciso guardar objetos metálicos, como bisturis e pinças, que podem ser atraídos pela máquina da ressonância, e transferir o paciente da mesa cirúrgica (que contém metais) para uma maca. O processo demorou cerca de 20 minutos e envolveu mais de dez profissionais.

O exame constatou que havia fragmentos de tumor, e o paciente voltou à mesa cirúrgica. "Sem a sala híbrida, provavelmente esse paciente teria que ser operado novamente em breve", diz Niemeyer.

"Imagine que você anda de Fusca e agora tem uma Ferrari". Assim o cirurgião vascular Nelson Wolosker compara a sala híbrida do Einstein com espaços tradicionais.

No hospital de São Paulo a sala é usada para procedimentos do coração. Em vez da ressonância magnética, há um equipamento robótico que faz raio-X em tempo real do paciente. O aparelho é controlado por uma engenheira, que fica na sala ao lado.

Por causa da radiação, médicos e enfermeiros vestem um colete especial durante a cirurgia –toda vez que a máquina é ligada, luzes vermelhas se acendem. As imagens aparecem nas telas de alta definição espalhadas pela sala.

Minutos antes de iniciar uma cirurgia para corrigir um aneurisma que rompeu no tórax de um paciente, Wolosker explicou como o aparelho diminui os riscos. "Há dez anos, seria necessário abrir esse paciente da axila até a virilha, ele teria poucas chances".

Com os equipamentos, foi possível fazer uma punção, com um cateter sendo guiado pelas imagens de raio-X.

"Antigamente, pacientes com cardiopatia eram tratados com cirurgia de peito aberto", diz Alexandre Abzaid, cardiologista do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo. A instituição possui sala híbrida neurológica (com ressonância magnética) e cardiológica (com raio-X).

"Uma operação que era de cinco horas agora dura apenas duas. E a pessoa pode sair do hospital em 48 horas", resume Abzaid.

CUSTO ALTO

Wolosker afirma que o maior desafio dos espaços híbridos é o alto custo. Segundo o médico, o Einstein operou, via convênios, 120 pacientes do SUS desde a inauguração da sala, há dois anos. Mas ela fica ociosa por falta de demanda. "Muita gente precisa da sala, mas é difícil conseguir bancar", diz Wolosker.

O Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo, também é uma das instituições que oferecem a sala híbrida para pacientes da rede pública.

"O uso do espaço não é simples ou barato, você não poder ter ele em todo hospital. É para centros especializados e de excelência", diz Niemeyer.

Segundo Álvaro Atallah, diretor no Brasil da Cochrane (rede de cientistas que avalia a efetividade de tratamentos), novidades como os espaços híbridos são implantadas antes mesmo de ter sua eficácia comprovada. "São introduzidas novas tecnologias caras, aumentam-se os custos e depois espera-se que evidências caiam do céu."




Máquina-corpo

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Técnicas médicas de última geração avançam a passos largos em todas as fases, do diagnóstico à reabilitação, estimulando debate sobre a abrangência, a eficácia e o custo das novidades.

A ampliação das parcerias público-privadas pode ser uma forma de facilitar o acesso da população brasileira às técnicas da medicina de ponta, na avaliação de especialistas presentes ao Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha na última segunda-feira (31).

A incorporação desses novos métodos deve ser feita à luz das melhores evidências científicas de custo e efetividade. Mas só 20% dos médicos usam essas evidências na tomada de decisões.

Isso acaba resultando na adoção de procedimentos desnecessários, o que aumenta o custo da saúde e os riscos para o paciente.

A conta é repassada aos clientes e está, aos poucos, se tornando incompatível com a capacidade de pagamento da sociedade brasileira, na opinião de gestores de planos de saúde.

A medicina de família como porta de entrada para o sistema de saúde foi apontada como alternativa para um acompanhamento mais preventivo.




Parceria é chave para ampliar alcance da tecnologia de ponta

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Mais do que aumentar o investimento público, a saída para ampliar o acesso da população brasileira às tecnologias de ponta na área de saúde passa pelas parcerias público-privadas, as PPPs.

O modelo foi apontado como promissor por especialistas que participaram do Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha nesta segunda (31).

O alto custo de procedimentos como cirurgia robótica, por exemplo, é obstáculo à sua disseminação, mas o modelo de parceria entre hospitais privados e rede pública pode acelerar o processo.

"A incorporação de tecnologias deve começar nas instituições de alta performance, para depois ser levada ao sistema público por meio de parceira", disse o cirurgião Robinson Poffo, responsável pelo Programa Cirúrgico de Transplante Cardíaco do Hospital Albert Einstein.

Há também experiências no sentido contrário: pacientes da rede privada procurando hospitais públicos de referência, como o IEC (Instituto Estadual do Cérebro), no Rio de Janeiro. Na abertura do fórum, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, diretor do IEC, disse que 30% dos atendidos lá têm plano de saúde, mas optam pelo tratamento público. O instituto realiza cirurgias cerebrais de alta complexidade.

Independentemente de quem paga, é necessário que as tecnologias sejam baseadas nas melhores evidências científicas e que tragam a melhor relação custo-benefício para pacientes e sistemas de saúde, diz o médico Álvaro Nagib Attalah, do Centro Cochrane Brasil.

"Muitos médicos, ao fazerem um diagnóstico, partem para condutas que fazem mais mal do que bem, e isso ocorre porque falta conhecimento científico na tomada de decisão", afirmou Attalah.

Segundo Poffo, do Einstein, não há como tratar os pacientes a qualquer custo. "Devemos pensar na sustentabilidade tecnológica."

Armando Lopes, vice-presidente de Healthcare da Siemens, seguiu na mesma linha. "É muito claro que a tecnologia tem que se pagar, deve ser investimento viável."

"Ainda não usamos adequadamente tecnologias disponíveis há algumas décadas", disse Jarbas Barbosa, presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo ele, é preciso investir em capacitação.

O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, afirmou ser "inviável um sistema em que as pessoas buscam um especialista sem passar por um generalista". Ele defendeu a medicina de família como porta de entrada para a rede de saúde, como ocorre na Inglaterra e no Canadá, países que inspiraram o SUS.

Lumena Furtado, secretária de Atenção à Saúde do ministério, reforçou dizendo que a medicina da família reduz os custos, já que há acompanhamento preventivo.

Na medicina privada, os gestores chamaram a atenção para a falta de médicos em todas as áreas. "É preciso aumentar em 50% o número de médicos no Brasil para que o acesso aumente", disse Paulo Chapchap, superintendente de estratégia corporativa do Hospital Sírio-Libanês.

Além da falta de médicos, Claudio Lottenberg, presidente do hospital Albert Einstein, apontou a desvalorização profissional. "Somos mal remunerados. Recebemos pelo paciente que fica doente, não para cuidar da saúde da população. Deveria existir um incentivo para quem fosse mais eficiente."

Marcio Coriolano, presidente na FenaSaúde, relatou um descompasso cada vez maior entre o custo da medicina e a capacidade de pagamento da sociedade brasileira. Para ele, a lei que regula os planos de saúde precisa ser trazida à realidade.

Já o diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), José Carlos de Souza Abrahão, lamentou a judicialização da saúde, que obriga o sistema, por meio de processos, a bancar procedimentos e drogas não disponíveis no Brasil.




Pesquisas ajudam a diminuir o alto custo de próteses

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Da máquina que parece micro-ondas sai a calota craniana que repara deformidades causadas por trauma ou doença. O "micro-ondas" é a impressora 3D instalada no Biofabris, laboratório de pesquisa de biomateriais para próteses ligado à Unicamp. A prótese com material biocompatível (não rejeitado pelo organismo) produzida com essa tecnologia é a promessa para baratear a fabricação de membros e tecidos artificiais.

Enquanto uma prótese craniofacial importada custa R$ 100 mil, a peça feita em titânio no laboratório em Campinas pode sair por R$ 10 mil, segundo o coordenador do Biofabris, Rubens Maciel Filho. "Nosso ideal é que seja acessível ao SUS", diz.

Unindo tomografia computadorizada, réplica do crânio do paciente e detalhes como ranhuras para que couro cabeludo e cabelos cresçam em cima da prótese, o laboratório consegue fazer uma peça sob medida, diz o engenheiro André Jardini, do Biofabris. Isso aumenta a rapidez e a segurança das cirurgias.

"A prótese convencional nunca é do tamanho exato, tem que ser modelada na hora de cirurgia, e a que fazemos se encaixa perfeitamente. Além disso, usamos a réplica anatômica para planejar a cirurgia", diz o cirurgião plástico Paulo Kaharmadian, professor da Unicamp e coordenador médico da pesquisa sobre próteses customizadas em andamento no Biofabris.

O procedimento tem riscos. "É uma região muito próxima ao cérebro. A pessoa pode ter uma convulsão, uma infecção ou rejeitar o material implantado", diz Kaharmadian.

Os perigos assustaram os familiares do técnico Sandro Luis da Silva, 49. A cirurgia foi feita para reparar o lado direito do rosto, afundado quando ele foi arremessado em uma explosão na tecelagem onde trabalhava, em 2010.

"O dr. Paulo [Kaharmadian] foi curto e grosso: falou que eu poderia ficar cego, surdo", conta o paciente, que fez a cirurgia em agosto do ano passado. "Hoje estou aqui sem constrangimento. Antes, não conseguia olhar no espelho."

Falhas ósseas na cabeça e no rosto são problemas comuns no Brasil: a cada dez vítimas de acidentes, quase seis têm traumas faciais e uma, lesões no crânio. Em 2013, o SUS registrou 170.805 internações por esses acidentes.

ROBÔ FISIOTERAPEUTA

Ao lado de próteses, o uso da robótica para a reabilitação anda a passos largos, com equipamentos como exoesqueletos usados para fisioterapia. O Lokomat, produzido por uma empresa sueca, é um.

O sistema combina um colete para manter a pessoa ereta, pernas robóticas encaixadas externamente no paciente, uma esteira rolante e uma tela com programa de realidade virtual. E leva para passear a pessoa que perdeu a capacidade de andar por paralisia cerebral, lesões parciais da medula ou encefálicas.

A repetição dos movimentos cria novos circuitos cerebrais que reconstroem o caminho neuronal para que a ação motora seja, aos poucos, reaprendida pelo paciente.

O Lokomat está disponível no mercado, mas custa R$ 2 milhões. "Além de caro, o equipamento é grande e pesado, tudo limita seu uso. Mas a tendência é o desenvolvimento de modelos mais compactos", diz o fisiatra Daniel Rubio, diretor médico da Rede de Reabilitação Lucy Montoro.

No Brasil, só a Rede e a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) têm esses robôs.

Outro equipamento robótico usado nestas duas instituições é o InMotion, para membros superiores. Desenvolvido nos EUA, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), por um brasileiro, o braço robótico inicia movimentos e ajuda a pessoa a "jogar" videogame programado para treinar mobilidade de mãos, punhos, braços e ombros.

"Os braços robóticos ajudam no aprendizado motor e aumentam a precisão, a agilidade e a coordenação dos movimentos dos membros superiores", diz o fisiatra André Tadeu Sugawara, da unidade Vila Mariana da Rede Lucy.




Inovação no tratamento das hepatites

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


O tratamento, gratuito, oferecido pelo SUS prioriza pessoas com doença em estágio mais avançado ou que apresentam comorbidades.

O Brasil possui cerca de 100 mil casos notificados de hepatite C em todo o país. Estudo com base na realidade brasileira, encomendado pelo Ministério da Saúde à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, demonstrou que 0,72% da população possui a doença.

A hepatite C é uma doença, muitas vezes, silenciosa, o que requer uma combinação de estratégias diferenciadas na testagem, diagnóstico e tratamento.

Recentemente, o país avançou na atenção à população, com um novo tratamento que traz uma taxa de cura de 90%. O tempo de terapia passa de 48 semanas para 12, além da vantagem de ser utilizado por via oral. Composto pelos medicamentos Daclatasvir, Simeprevir e Sofosbuvir, o novo tratamento é considerado o que há de mais inovador no mercado mundial.

Com essa iniciativa, entramos em um seleto grupo de países e nos tornamos um dos únicos a disponibilizar, de forma gratuita, a nova terapia no sistema público de saúde.

O tratamento prioriza pessoas com doença em estágio mais avançado ou que apresentam comorbidades. Dessa forma, passam a ter acesso aos novos medicamentos, por exemplo, pessoas com outras infecções, como HIV e Aids –independentemente do grau de fibrose– e pacientes em fila de transplante ou já transplantados.

A estratégia adotada pelo Brasil no enfrentamento da doença está alinhada com as mais recentes evidências científicas internacionais. Ao contrário do HIV, não há informação científica de consenso indicando que tratar todos os pacientes com hepatite C seja a melhor opção, afinal os medicamentos ainda são muito novos e será preciso acompanhar a sua aplicação e pesquisas.

Outra inovação foi a decisão de oferecer a terapia a pessoas com fibrose avançada e fibrose moderada superior a três anos. Essa indicação, que foi aprovada pelo comitê técnico assessor do Ministério da Saúde –composto por especialistas– é apoiada por todos os segmentos da sociedade civil que lutam contra as hepatites virais.

Devemos considerar que a hepatite C apresenta-se como uma doença crônica silenciosa, e que nem todos os casos foram identificados até o momento. Para enfrentar este problema, o Ministério da Saúde tem como estratégia o desenvolvimento de campanhas de conscientização e ampliação do diagnóstico. Foram adquiridos mais de oito milhões de testes rápidos para hepatite C, que serão distribuídos a estados e municípios brasileiros.

Já para a assistência nacional à doença, o Ministério da Saúde está adquirindo 30 mil novos tratamentos destinados à hepatite C crônica para os próximos 12 meses. Esse número foi definido com base em demandas reais, identificadas a partir da testagem e do diagnóstico da doença em estados e municípios.

Aos pacientes vivendo com HIV e Aids, o Brasil oferece no SUS o melhor tratamento disponível no mundo. Isso foi possível graças à negociação de preços, ao longo desses anos. Agora, a história se repete com as hepatites virais.

O Ministério da Saúde conseguiu, no mercado internacional, descontos de até 90%. Enquanto no nosso país o custo deste tratamento vai de US$ 9,4 mil a US$ 9,6 mil (R$ 35,3 mil a R$ 36,1 mil), na Europa e nos EUA, os preços têm oscilado de US$ 45 mil a US$ 92 mil (R$ 169,2 mil a R$ 345,9 mil).

Essas importantes incorporações reforçam o compromisso do Ministério da Saúde em oferecer o melhor tratamento disponível aos pacientes com hepatite C, de forma gratuita, consolidando a política sustentável e responsável que vem sendo desenvolvida pela pasta ao longo dos anos.



Dengue no inverno e larvas apontam para nova epidemia

04/09/2015 - O Estado de S.Paulo


A ocorrência de casos de dengue no inverno em centenas de municípios paulistas e a presença de larvas do mosquito Aedes aegypti mesmo no período mais frio do ano indicam que o Estado de São Paulo poderá viver uma nova epidemia da doença no próximo verão, com explosão do número de doentes três meses antes do período esperado.

Dados apresentados nesta quinta-feira, 3, pela Secretaria Estadual da Saúde mostram que mais de 200 das 645 cidades paulistas estão registrando transmissão do vírus durante o inverno. Outro levantamento, que mostra o índice de infestação de larvas do mosquito Aedes aegypti em imóveis de 373 municípios, revelou que sete cidades já estão em situação de risco por causa da presença do vetor (mais informações nesta página) e outras 86, em condição de alerta.

O quadro de infestação, feito com base em dados de julho deste ano, é similar ao observado no levantamento de outubro do ano passado, o que indica que a proliferação do mosquito está ocorrendo mesmo no período mais frio do ano.

“A elevação da infestação está se antecipando. Em um ano normal, a partir de janeiro ou fevereiro é que se inicia a elevação no número de casos. Com a infestação antecipada, temos o risco de o aumento de casos acontecer a partir de outubro, novembro”, disse Dalton Pereira da Fonseca Junior, superintendente da área de Controle de Endemias da secretaria.

Diante do quadro, a secretaria anunciou ontem que vai dobrar o número de agentes de combate à dengue, com a contratação temporária de 500 desses profissionais para atuar nos próximos três meses.

A pasta também realizou ontem uma reunião com mais de 350 prefeitos de cidades paulistas para apresentar o cenário de transmissão e definir estratégias de combate, como medidas de eliminação dos criadouros e capacitação de profissionais.

“(No último verão) todo mundo fez o que podia fazer e claramente não foi suficiente. Temos de fazer mais e melhor. Em razão das mortes, vamos aprimorar muito a capacitação, a formação dos profissionais de saúde, desde a atenção básica até o setor de emergência”, afirmou o secretário da Saúde, David Uip. Neste ano, o Estado de São Paulo bateu o recorde do número de mortos pela doença, com 372 óbitos.

Tipo 2. Outro alerta feito pela secretaria aos prefeitos está relacionado ao aumento de casos do sorotipo 2 da dengue. Como o tipo predominante no Estado é o 1, a maioria das pessoas não está imune ao tipo 2. “Essa é uma preocupação ainda porque o novo sorotipo pode causar na população que já teve dengue formas mais graves da doença. Ribeirão Preto, que não teve epidemia no verão deste ano, pode ter uma epidemia de dengue tipo 2”, ressaltou Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde.

O município do interior paulista foi o que registrou o maior número de casos da doença em julho (86), seguido por Jales, Campinas, Presidente Prudente e São Paulo.




Pelo menos 212 mil usam narguilé no País

04/09/2015 - O Estado de S.Paulo


Pelo menos 212 mil brasileiros admitem usar narguilé, conforme aponta a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), realizada entre os jovens homens fumantes (entre 18 e 24 anos). De acordo com os dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, o número de usuários do produto mais que dobrou nos últimos cinco anos.




Médicos vaiam representante do ministro da Saúde em congresso

04/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Um representante do ministro da Saúde, Arthur Chioro, foi vaiado por médicos na abertura do 38º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Florianópolis (SC), nesta quarta (2).

Parte dos participantes do evento também deu as costas para José Eduardo Fogolin Passos, que é diretor no ministério, enquanto ele discursava no palco.

Passos tentava concluir sua fala ao mesmo tempo em que pessoas da plateia gritavam em coro "fora, PT!" e batiam palmas.

Em nota, o ministério afirmou que "as manifestações por parte de um pequeno grupo que acompanhava o evento não impediram o sucesso do encontro".

Vídeos publicados na internet mostram o representante encerrando o discurso e deixando o púlpito ao som de vaias e assovios.

O ministério afirmou ainda que "a demonstração do trabalho conjunto em benefício da saúde pública" foi confirmada pela assinatura, durante o congresso, de um acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia para qualificar profissionais.




Consultas da Unimed Paulistana são negadas

04/09/2015 - Folha de S.Paulo


Clientes da Unimed Paulistana não estão conseguindo agendar consultas com especialistas nem realizar exames em alguns laboratórios na cidade de São Paulo.

Na quarta-feira (2), a operadora de saúde foi obrigada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) a entregar sua carteira de 744 mil clientes para outra empresa no prazo de até 30 dias.

A reportagem contatou 25 clínicas e cinco laboratórios nas cinco regiões da capital paulista nesta quinta-feira (3).

Entre as clínicas, dez suspenderam a marcação de consulta e não vão mais atender clientes da Unimed Paulistana, cinco garantiram atendimento neste mês e três disseram que quem já tinha agendado será recebido. As demais deram outras orientações (como marcar com a ressalva de que pode ser remarcada).

Dos laboratórios, quatro dizem não fazer mais exames pelo plano de saúde.

De acordo com o Procon-SP, "a operadora continua tendo obrigação de atender aos seus beneficiários".

Em nota, a Unimed Paulistana afirmou que a rede cre-denciada vem adotando atitude abusiva e unilateral ao suspender os atendimentos aos clientes da operadora.

A empresa afirmou que, por isso, está adotando medidas administrativas e judiciais em nome dos usuários.

"Lembramos que a Unimed Paulistana teve decretada a alienação de carteira e não sua falência ou liquidação", afirma a nota.

A operadora do plano de saúde diz também que está "reunindo todos os esforços para assegurar o atendimento de todos os clientes".




Unimed Paulistana

04/09/2015 - Valor Econômico


Os usuários da Unimed Paulistana estão enfrentando problemas de descredenciamento por parte dos hospitais, clínicas e laboratório e cancelamento de procedimentos médicos após o anúncio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de que a cooperativa médica tem 30 dias para transferir sua carteira de clientes para outra operadora de planos de saúde. Diante das negativas, a Unimed Paulistana informou que está tomando medidas administrativas e jurídicas para impedir que a rede credenciada deixe de atender seus clientes. "Parte da rede credenciada, motivada pelos últimos acontecimentos, vem adotando atitude abusiva e unilateral, suspendendo, deliberadamente, os atendimentos aos usuários da Unimed Paulistana", informa comunicado da Unimed Paulistana, que tem uma carteira com 744 mil usuários.




Unimed Paulistana entra na Justiça para manter atendimento da rede

03/09/2015 - Valor Econômico / Site


A Unimed Paulistana informou que está tomando medidas administrativas e jurídicas para impedir que a rede credenciada — formada por clínicas, hospitais e laboratórios — deixe de atender seus clientes.

“Parte da rede credenciada, motivada pelos últimos acontecimentos, vem adotando atitude abusiva e unilateral, suspendendo, deliberadamente, os atendimentos aos usuários da Unimed Paulistana”, informa comunicado da Unimed Paulistana, ressaltando que o atendimento dos clientes da cooperativa médica está sendo recusado por hospitais credenciados.

Ontem, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou determinação de que a Unimed Paulistana transfira os 744 mil usuários para outra operadora de planos de saúde. A empresa tem 30 dias.

Segundo comunicado da ANS, a operadora que assumir a carteira da Unimed Paulistana deve ter “situação econômico-financeira adequada e manter as condições dos contratos sem prejuízos aos consumidores. Caso não realize a alienação nesse prazo, a ANS fará uma oferta pública para que operadoras interessadas ofereçam propostas de novos contratos aos beneficiários da Unimed Paulistana”

A companhia enfrenta uma grave crise financeira há pelo menos seis anos e fechou 2014 com um patrimônio líquido negativo em R$ 169 milhões. Nas duas últimas semanas, grandes prestadores de serviços, como a Rede D’Or, dona de 30 hospitais como São Luiz e D’Or, e a Dasa, que tem os laboratórios Delboni Auriemo e Lavoisier, romperam contrato com a cooperativa médica.

O passivo com os prestadores de serviços é de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões e o débito tributário gira em torno de R$ 1 bilhão, sendo que pouco menos da metade foi renegociada no Refis.




Praticamente todo o setor de saúde é deficitário, diz Edson Bueno

03/09/2015 - Valor Econômico / Site


Praticamente todo o setor de saúde é deficitário. A afirmação é do empresário Edson Bueno, fundador da Amil e controlador da empresa de medicina diagnóstica Dasa.

Segundo Bueno, as exceções são Amil, Bradesco Saúde, hospitais voltados para o público premium, administradoras de planos de saúde e operadoras odontológicas.

“O Brasil está atravessando uma crise econômica e política, mas o setor de saúde está passando por momento difícil há muito tempo”, disse Bueno, durante evento realizado pelo IESS, Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, que acontece na manhã desta quinta-feira em São Paulo.

O empresário, que recentemente assumiu a presidência do conselho do IESS, pontuou, no entanto, que os momentos de crise podem ser oportunos para negócios. “Na crise, sou sempre agressivo. É a hora que precisamos investir”, disse Bueno. “Talvez eu tenha parafusos a menos”, brincou.

Bueno pediu aos representantes do setor presentes no evento que se unam e sejam otimistas neste momento de crise no país.




Custo cresce mais que receita, dizem planos

04/09/2015 - Valor Econômico


Com a quebra da Unimed Paulistana nesta semana, as atenções agora voltam-se para a situação financeira das demais operadoras de planos de saúde. Atualmente, há 45 operadoras de convênios médico e dental em fase final de liquidação, etapa em que os usuários podem fazer a portabilidade. Nos últimos três anos, as despesas cresceram numa proporção superior à da receita, o que deve se agravar com a perda de quase 200 mil usuários de convênios médicos neste primeiro semestre por causa do aumento do desemprego.

"Praticamente todo o setor de saúde é deficitário", disse Edson Bueno, fundador da Amil e controlador da Dasa, empresa de medicina diagnóstica. Bueno destacou que as exceções são grupos de grande porte como Bradesco Saúde e Amil, além de hospitais premium, operadoras de plano odontológico e administradoras de planos de saúde [ Qualicorp ]. O superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Carneiro, endossou as palavras de Bueno apresentando o desempenho das operadoras. "Em 2014, o setor teve receita de R$ 124,5 bilhões. As despesas assistenciais somaram R$ 105,7 bilhões e os custos administrativos foram de R$ 18 bilhões, ou seja, a margem foi zero", enumerou.

As operadoras justificam que o descasamento entre despesa e receita é devido ao aumento de 95,8% no custo da internação hospitalar, entre 2008 e 2013. Na conta de internação, metade do valor é de medicamentos especiais, órteses e próteses, segundo o IESS. Os hospitais, por sua vez, reclamam do atraso e cancelamento de pagamento por parte das operadoras e que seus custos também crescem mais do que a receita. A insatisfação é generalizada.

Os executivos do setor participaram de evento organizado ontem pelo IESS. "A imposição de limite de preço gera escassez e piora a qualidade. Em 2001, os planos individuais representavam 30% do total. Em 2014, essa participação caiu para 19%", disse Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da consultoria Tendências.

O ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Gesner Oliveira, também defendeu a livre negociação, mas fez um adendo sugerindo que se não houver acordo amigável, o governo poderia adotar um reajuste diferenciado levando em consideração os mercados relevantes, como faz o Cade em suas análises de fusões e aquisições. Atualmente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aplica um único reajuste. Segundo Oliveira, um dos fatores mais preocupantes é o aumento de ações judiciais contra as operadoras. "Só no Estado de São Paulo, há 43 mil ações ativas", enumerou ele, que é sócio da GO Consultoria.

Um dos entraves para a transferência da carteira da Unimed Paulistana é o número de usuários de planos individuais, algo em torno de 160 mil. Na cidade de São Paulo, as grandes operadoras não oferecem mais essa modalidade de convênio médico. Para efeito de comparação, o último reajuste da ANS para os planos individuais foi de 13,55% e nos convênios empresariais o aumento médio foi de 17%.

Além disso, o número de operadoras no país, cerca de mil, é considerado excessivo. Carneiro explicou que a legislação brasileira não incentiva as fusões e aquisições no setor. O valor exigido para reserva técnica é um percentual da receita e quando há uma fusão automaticamente o montante da provisão exigida pela ANS aumenta. Nos demais países, quando há uma fusão entre operadoras, o valor da reserva técnica diminui porque o cálculo é feito com base na carteira de usuários, que aumenta numa operação desse tipo e dilui o risco.




Os médicos que o Brasil precisa

03/09/2015 - O Globo


Mudar nunca é fácil. Há uma resistência natural do ser humano ao novo, ainda que ele venha com objetivo de aprimorar processos falhos. Imagine, então, inverter a lógica de abertura de cursos de graduação de Medicina no país? Foi o que o Ministério da Educação fez nos últimos anos, no âmbito do Programa Mais Médicos.

Quando se fala em Mais Médicos, a maioria das pessoas pensa na vinda de profissionais estrangeiros ao Brasil. Foi preciso adotar, sim, essa medida de emergência. Foi necessária, e mudou o cenário de atendimento no SUS. Mas as medidas estruturantes, sob a responsabilidade do Ministério da Educação, garantem que tenhamos médicos em número necessário, formados principalmente no interior do Brasil.

Até 2012, a instituição de ensino superior investia em prédio, laboratório, biblioteca e então pedia autorização para abrir o curso. Com isso, o curso era autorizado onde a instituição julgava mais adequado para ela. A lógica, instituída a partir da Lei do Mais Médicos, foi de criar cursos em instituições privadas com base em edital público. O Estado brasileiro passou a induzir investimentos do setor privado que, sem os editais, não iriam para o interior do país.

Também foi incentivada a abertura de novos cursos de Medicina em universidades federais, em áreas de vulnerabilidade e dificuldade na fixação de médicos, valorizando o acesso de estudantes oriundos da própria região. Cursos de Medicina existentes vêm ampliando oportunidades de ingresso a jovens em todas as regiões do país. Já são 1.690 novas vagas em instituições federais de educação superior. Serão 3.615 vagas novas até 2017.

O novo modelo leva em consideração a quantidade de vagas para cursos de Medicina em relação ao tamanho da população, pois ainda temos um déficit. Apesar da existência de pouco mais de 200 cursos no país, nossa proporção era de somente 0,8 vaga de graduação para cada dez mil habitantes, em 2012.

Se nenhuma vaga em cursos de Medicina fosse aberta no país, o Brasil atingiria a proporção de 2,7 médicos apenas em 2035. Com a abertura de mais 11.447 vagas até 2017, a meta será atingida em 2026, nove anos antes. E deveremos continuar aumentando para suprir a variação populacional, novas questões epidemiológicas e, consequentemente, uma nova demanda aos serviços de saúde.

Sabemos o quanto essas iniciativas serão importantes para o desenvolvimento desses municípios e regiões, e não podemos correr o risco de que esses projetos não recebam todo o investimento que merecem e, muito menos, sejam descontinuados por problemas financeiros. Mas nada disso funcionará sem enorme atenção à qualidade dos formandos. Por isso mesmo, o MEC implantará, a partir de 2016, uma avaliação bienal dos cursos de Medicina, focada no segundo, quarto e sexto ano da graduação. Nenhum outro curso de graduação no Brasil tem ou terá um acompanhamento tão constante e tão exigente. Porque queremos mais médicos — e bons médicos.




Tratamento duradouro contra a leucemia

03/09/2015 - Correio Braziliense

Um dos maiores problemas enfrentados no tratamento da leucemia linfoide crônica, o câncer de sangue mais comum em pessoas com mais de 50 anos, é que a quimioterapia vai perdendo o efeito ao longo do tempo. Cientistas dos Estados Unidos apostam na imunoterapia — intervenção baseada no fortalecimento do sistema de defesa do próprio paciente — para vencer esse obstáculo. A técnica consiste em modificar as células brancas do sangue para que elas combatam melhor as estruturas cancerígenas espalhadas pelo corpo. Esse tipo de tumor começa na medula óssea e vai atingindo órgãos e tecidos.

A nova estratégia, divulgada na revista Science Translational Medicine desta semana, foi testada com sucesso em humanos, inclusive com um caso sem registro de recidiva há cinco anos. Para os cientistas participantes, os resultados podem dar uma nova perspectiva ao uso da imunoterapia contra carcinomas. Isso porque o plano de reprogramar os linfócitos é antigo, mas sem sucesso nos laboratórios até então.

“A ideia de que as células brancas poderiam ser geneticamente modificadas de uma forma que permita alvejar e matar substâncias cancerosas surgiu há quase 20 anos. Ao longo da última década, as abordagens para o crescimento dos linfócitos e a modificação genética deles se tornaram muito mais eficientes”, explicou ao Correio David Porter, professor da Universidade da Pensilvânia e um dos autores do estudo.

Pela nova técnica, chamada CTL019, células imunitárias do paciente são recolhidas por meio de um sistema semelhante ao da diálise — filtragem do sangue realizada quando o rim não consegue exercer essa função. As células T recebem, então, um vírus composto pela pela base genética do HIV e por outras sequências de DNA. Essas estruturas fazem com que os glóbulos brancos consigam atacar a proteína CD19, encontrada na superfície de células cancerígenas ligadas à leucemia linfoide crônica, entre outros tumores. “Modificando geneticamente os linfócitos conseguimos fazer com que eles reconheçam e matem as próprias células cancerosas”, explica Porter.

Nos testes iniciais, a maioria dos pacientes apresentou melhoras com a injeção da substância modificada combinada com a quimioterapia. Dos 14 voluntários, quatro apresentaram remissão completa assim que o tratamento conjunto foi finalizado. Desses, dois mantiveram a condição quatro anos depois. Um, um ano a mais. Para a equipe de cientistas, porém, o resultado mais significante é que as estruturas modificadas permanecerem no corpo dos pacientes muito tempo após o novo tratamento. “Descobrimos que essas células brancas podem persistir por vários anos e temos provas de que elas ficam ativas. Isso sugere que podem proteger os pacientes de recaídas”, destaca Porter.

Guardiãs

Belinda Simões, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), destaca que essa resistência das células modificadas é um ponto interessante, pois surge como um recurso mais eficaz para tratar a leucemia. “Nessa doença, a quimioterapia não funciona muito bem porque não consegue combater as células cancerígenas por muito tempo, já que elas são muito resistentes. Não funciona como uma vacina, que você toma uma vez só e se protege do sarampo, por exemplo. Os dados desses pesquisadores que mostram uma resistência de anos trazem esperanças de que essas células permaneçam como guardiãs do corpo”, explica.

Simões explica que o sistema imunológico fortalecido é uma busca constante no tratamento das leucemias, conquistada hoje por meio do transplante de medula óssea. A especialista cogita que a técnica proposta pela equipe norte-americana pode, inclusive, acabar com o uso da quimioterapia no tratamento da leucemia linfoide crônica. Para outros cânceres, porém, seria mais difícil.

“Você precisa buscar um alvo para atingir a enfermidade. No caso da leucemia, seriam os linfócitos, mas outras doenças demandam que outras substâncias sejam combatidas e, muitas vezes, se você as destruir, pode causar uma reação de ataque ao corpo pelo fato de elas estarem interligadas a outros órgãos. Nesse câncer de sangue, a destruição das células T não desencadeia outros problemas”, diferencia.



Santa Casa vai cortar 10% da folha de pagamento para continuar a funcionar

03/09/2015 - O Estado de S.Paulo


Quase três meses após assumir o comando da Santa Casa de São Paulo, a nova gestão do complexo finalizou um plano de reestruturação que prevê o corte de 10% da folha de pagamento, hoje na casa dos R$ 60 milhões. Eleito em junho para o cargo de provedor, o médico José Luiz Setúbal informa que as demissões serão necessárias para que a entidade continue em funcionamento diante da dívida de quase R$ 800 milhões deixada pela antiga administração.

A direção ainda não definiu quantos dos 11 mil funcionários da instituição serão dispensados. Na segunda-feira, os cerca de 40 chefes de departamento da Santa Casa foram convocados para uma reunião com a provedoria e informados sobre a necessidade do corte. Cada gestor terá de apresentar uma sugestão de redução de gastos para o provedor nos próximos 15 dias. A quantidade de demitidos deverá ser definida até novembro. “Colocamos uma meta, mas ela não é linear. Sabemos que alguns departamentos não vão conseguir atingir esse índice e outros podem superá-lo. Não posso impor uma decisão porque são os gestores que conhecem melhor a realidade do departamento”, disse Setúbal.

De acordo com o provedor, a entidade tem hoje funcionários ociosos por causa da redução da estrutura da Santa Casa. Antes do início da crise financeira, no ano passado, a Santa Casa administrava 39 unidades de saúde. Hoje, ela cuida de apenas sete.

“Estamos pagando para alguns funcionários ficarem em casa. Temos de readequar o RH à nova estrutura”, diz. Setúbal afirma que a área que deverá ser mais atingida é a administrativa. “O nosso custo com o pessoal administrativo é de 33%, quando deveria ser de 10% a 12%”, afirma o provedor.

Sindicato. Diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de São Paulo (SinSaudeSP), que responde pelos funcionários do setor administrativo, Edgar Veloso afirma que a categoria fez propostas à provedoria para minimizar os efeitos das demissões. “O sindicato sempre será contra a dispensa de funcionários, mas, pelo que a provedoria nos apresentou, é uma situação inevitável. Muitos trabalhadores vindos de unidades fechadas foram absorvidos pelo hospital central, sem ter função definida”, diz. Segundo Veloso, entre as propostas feitas pelo SinSaudeSP à direção da Santa Casa está a adoção de um programa de demissão voluntária (PDV).

A Associação Médica da Santa Casa disse que ainda não tem uma posição sobre as demissões. A entidade tem reunião agendada para o próximo dia 9 com o provedor para debater o plano de reestruturação. A reportagem não conseguiu contato com o Sindicato dos Médicos de São Paulo na noite de ontem.

Outras medidas. Setúbal explica que o corte na folha de pagamento não é a única medida definida no plano de reestruturação para diminuir despesas. “Precisamos reduzir os gastos em R$ 10 milhões por mês. Serão R$ 6 milhões na folha de pagamento e outros R$ 4 milhões com medidas como revisão de contratos e controle maior de compras”, relata. Apenas com a mudança do contrato da empresa de segurança, o complexo passou a economizar R$ 1 milhão por mês, de acordo com o provedor.

A Santa Casa iniciou ainda a implementação de um sistema informatizado de compras e controle de gastos. Até o primeiro semestre do ano que vem, todo o complexo estará informatizado, segundo a direção. A entidade também está em um processo de renegociação das suas dívidas com os bancos e fornecedores.

Superintendente. Como parte da mudança na gestão, Setúbal decidiu substituir o superintendente da entidade. O médico Irineu Massaia, que ocupava o cargo desde setembro do ano passado, foi dispensado em julho e retornou para a função de chefe de um dos departamentos médicos. O nome do novo superintendente deverá ser anunciado nas próximas semanas.

Levantamento da nova gestão da Santa Casa mostra que o Hospital Central, no centro da capital, principal unidade médica da instituição, já reverteu a queda no número de atendimentos registrada no ano passado, quando houve o agravamento da crise financeira da entidade.

Desde maio, o hospital passou a fazer mais atendimentos do que no mesmo período no ano passado. Em julho, último dado disponível, a unidade de saúde fez 316.860 procedimentos, entre consultas, exames, cirurgias e partos, entre outros procedimentos. No mesmo mês do ano passado, foram 263.205 atendimentos. A alta é de 20%.

A única área que segue com produção mais baixa do que no ano passado é a de cirurgia. Em julho, foram 2.338 operações no hospital central, ante 2.946 no mesmo mês de 2014. Por outro lado, o número de exames passou de 180.099 para 215.617 e o de atendimentos ambulatoriais subiu de 31.833 para 41.444 no mesmo período.

Para José Luiz Setúbal, provedor da Santa Casa, a entidade terá de renegociar os contratos com o Sistema Único de Saúde (SUS) para priorizar atendimentos de alta complexidade. “Vamos continuar com todos os setores, mas temos de priorizar procedimentos complexos, porque os simples podem ser feitos em outras unidades.”

Hospital particular. O provedor disse que a adoção do plano de reestruturação já permitiu que as duas unidades do Hospital Santa Isabel, que pertencem à Santa Casa e atendem pacientes particulares e de convênios médicos, deixassem de dar prejuízo. “Quando assumimos, o hospital estava com 30% de ocupação e conseguimos aumentar esse índice para 70%. Antes, o déficit mensal era de R$ 4 milhões; em setembro, já zeramos esse déficit e, no mês que vem, vamos conseguir ter lucro.”

De acordo com Setúbal, a receita extra gerada no hospital particular vai ajudar a cobrir o déficit nas unidades que prestam atendimento ao SUS. “A Santa Casa funcionava como caixa d’água cheia de furos. Tinha muitos focos de ineficiência. A medida que formos melhorando a gestão, vamos tapando esses furos”, completa o atual provedor. O Estado procurou o ex-provedor da Santa Casa Kalil Rocha Abdalla, mas não o localizou.




Por uma saúde mais ética

03/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site


O mundo corporativo tem adotado, com cada vez mais frequência, regras de conduta para guiar as atividades de seus profissionais, buscando elementos orientadores a fim de evitar práticas internas e externas não adequadas.

Na saúde, um setor fragmentado, extremamente regulamentado e complexo, algumas entidades representativas já manifestam há algum tempo preocupação com as relações do mercado, ao proporem manuais de conduta e ética empresarial. Esta iniciativa, conhecida como "compliance", significa agir de acordo com políticas e regulamentos previamente estabelecidos ou estar em conformidade com leis e normas externas e internas.

O debate sobre ética e corrupção tem sido mais presente no meio empresarial e na sociedade, especialmente devido ao momento político vivido no país. Este movimento também se intensificou na saúde no último ano.

Pela primeira vez observamos uma movimentação conjunta do setor privado –envolvendo prestadores de serviços de saúde, indústria de dispositivos médicos e materiais, medicamentos, pesquisa e agentes financiadores.

Entidades como a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), a Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), e a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), entre outras, têm se mobilizado no sentido de promover discussões acerca do tema, compartilhando as melhores práticas e propondo princípios orientadores para as suas instituições associadas e para o mercado, por meio de códigos de conduta e ética empresarial.

Estima-se que algo em torno de 20% de todas as despesas em saúde seja desperdiçado, a cada ano, devido à ineficiência e práticas antiéticas. Reduzir a má gestão dos recursos aumentaria significativamente a capacidade de os sistemas de saúde oferecerem mais e melhores serviços à população.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a fraude e outras formas de má conduta podem representar um custo estimado de US$ 12 bilhões a US$ 20 bilhões por ano para os sistemas de saúde no mundo inteiro.

Existem oportunidades para fazer mais e melhor sem aumentar os gastos: adotar políticas internas e investir em recursos mais inteligentes, por exemplo. Os serviços de saúde poderiam enxugar suas despesas se reduzissem os gastos supérfluos ou investissem efetivamente na melhoria e no controle da qualidade dos serviços oferecidos aos pacientes. E conseguiriam melhores custos em produtos e serviços se cumprissem os contratos.

O anseio crescente por relações comerciais e profissionais mais éticas é a chave para melhorar a eficiência e a equidade no sistema de saúde. Para isso, temos de deixar o comodismo de lado e fazer melhor uso das informações, para que as violações das práticas internas possam ser detectadas, reportadas e evitadas. A busca pela mudança de cultura deve ser pautada por princípios centrais da boa governança, que inclui a responsabilidade, a transparência, a lealdade e o respeito pelas leis.

Os atores da saúde devem adotar estratégias complementares para construir um ambiente mais saudável para o mercado e evitar que desvios de conduta se concretizem, como abordagem disciplinadora, apoiada em reformas legislativas, que promovam a integridade institucional por meio de valores e princípios morais, com o objetivo de motivar uma conduta mais ética nos funcionários.

Estamos empenhados em estimular a discussão sobre ética e conduta empresarial na saúde e a trazer o tema como uma das principais pautas do setor. É importante ressaltar que algo feito em conjunto é sempre muito maior do que o que poderíamos conseguir individualmente. A mobilização do setor é fundamental para alcançarmos resultados positivos, e o primeiro passo foi dado.

Precisamos colocar em pauta o fomento a programas de conduta ética e propor mudanças significativas, a fim de construir um novo modelo de relacionamento para o mercado com mais transparência e ética, em prol de um conjunto de ações que funcione melhor, onde todos ganharão. Afinal, o melhor cenário não é aquele no qual mais se pune, mas aquele em que menos práticas antiéticas ocorrem.




De joelhos: drama de aposentada por prótese já dura quatro anos, em SP

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


Foram quase dois anos amargando a espera por cirurgia de prótese no joelho esquerdo, acometido por artrose. A operação foi feita em 2013, no hospital estadual do Mandaqui, zona norte de SP. Mas a dor permaneceu.

Uma ressonância magnética feita em dezembro passado apontou o motivo: a prótese, colocada para substituir a articulação desgastada pela artrose, está deslocada. Será preciso nova cirurgia.

Com isso, o drama da aposentada Doralice Lopes Moraes, 66, já completou quatro anos. E ainda está longe de terminar. Ela já tem indicação de operar o outro joelho, também com artrose.

"O médico disse que tem gente em situação muito pior do que a minha. O jeito é ter paciência e esperar", diz a faxineira aposentada, que toma analgésicos diariamente para aliviar a dor e só anda com ajuda de uma bengala.

Ela conta que, após a cirurgia, fez 50 sessões de fisioterapia e seguiu todas as recomendações médicas, mas a dor no joelho permaneceu.

"Ia ao médico que fez a cirurgia para falar da dor, e ele dizia que era normal."

Desconfiada dos estalos no joelho e da dor, em dezembro de 2014 Doralice procurou a AMA (unidade municipal de assistência médica ambulatorial) Peruche e conseguiu encaminhamento para fazer a ressonância que constatou o deslocamento da prótese.

"O médico de lá disse que, se estiver inflamado, precisa fazer a cirurgia urgente."

Em julho, conta a aposentada, ela retornou ao hospital do Mandaqui, mas foi informada que não há prazo para a nova cirurgia. A Secretaria da Saúde do governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz que a aposentada só se queixou de dor em julho e tem consulta marcada para o dia 9 de setembro.

Ao menos 8.000 pessoas estão à espera de consulta médica para avaliação cirúrgica de colocação de prótese no joelho ou quadril na cidade de São Paulo, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. As cirurgias são feitas por serviços sob gestão da Secretaria de Estado da Saúde.

Segundo Marco Antonio Percope, presidente da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), as longas filas para essas cirurgias, chamadas de artroplastia de joelho, ocorrem em todo país. O tempo de espera é de dois anos, em média.

"Faltam cirurgiões especializados nesses procedimentos, próteses e outros materiais", afirma Percope.

Pessoas na situação de Doralice, que precisam de uma nova cirurgia, tendem a esperar ainda mais, segundo ele, porque o procedimento é mais complexo.

"Geralmente há perda óssea e necessidade de enxerto de osso. Quanto mais o tempo passa, mais ocorre desgaste ósseo e mais complicada pode ficar a situação."

A cirurgia tende a ser mais cara também porque, além da prótese, pode ser preciso usar hastes metálicas para compensar a perda óssea.

OUTRO LADO

A Secretaria da Saúde do governo Alckmin (PSDB) diz que Doralice Lopes Moraes foi submetida a uma artoplastia total de joelho em junho de 2013, dois meses depois de a aposentada ter sido inscrita na lista de espera.

Doralice, no entanto, afirma que a espera pela operação começou antes, desde que se tornou paciente do Mandaqui, em agosto de 2011.

A secretaria diz ainda que, segundo consta no prontuário de Doralice, a paciente passou por cinco consultas de retorno no ambulatório do hospital.

Mas só na última, em 15 de julho, ela se queixou de dores. Doralice afirma, porém, que relatou dores em todas as consultas, "mas o médico dizia que era normal".

Segundo a secretaria, foram solicitados exames à paciente, que tem consulta de retorno marcada para o próximo dia 9 de setembro, "quando, então, será avaliada a conduta a ser adotada para o caso dela".

No hospital do Mandaqui, afirma a secretaria, as cirurgias ortopédicas são realizadas conforme critérios de gravidade e urgência. Casos mais graves são priorizados.

Por ano são realizados cerca de 8.500 procedimentos do tipo em todo o Estado.

A secretaria diz ainda que estuda a implantação de uma central unificada para agendamento de cirurgias eletivas no Estado, "visando ampliar e aperfeiçoar o controle sobre esses procedimentos nos hospitais conveniados ao SUS".




Unimed Paulistana terá que abrir mão de seus 744 mil clientes

03/09/2015 - Folha de S.Paulo


A operadora Unimed Paulistana terá que entregar a sua carteira de 744 mil clientes a outros gestores de planos de saúde em um prazo de 30 dias, segundo informou nesta quarta (2) a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

O motivo, segundo a decisão publicada no "Diário Oficial da União", são "anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade do atendimento".

A operadora enfrenta há anos uma crise financeira. Segundo o último relatório de gestão, fechou 2014 com patrimônio líquido negativo em R$ 169 milhões e passivo tributário de R$ 263 milhões.

No Diário Oficial, a ANS informa que a Unimed Paulistana "continua tendo obrigação de manter a assistência aos seus beneficiários até que a transferência para outra operadora seja finalizada".

A maior parte dos clientes está na cidade de São Paulo. A ANS orientou os beneficiários a "manter o pagamento de seus boletos para garantir o direito à migração para uma nova operadora".

Em nota, a Unimed Paulistana não forneceu detalhes sobre a crise. Informou apenas que trabalha "para dar completo apoio ao atendimento dos mais de 740 mil clientes".

Com um faturamento anual em torno de R$ 2,7 bilhões, a Unimed Paulistana teve suspensa também a venda de novos planos.

A ANS informou que os interessados na carteira de clientes da empresa serão obrigados a manter as condições dos contratos em vigor, sem prejuízos ao consumidor.

Caso a troca de comando não aconteça em 30 dias (contados a partir desta quarta), a ANS fará uma oferta pública para que outras operadoras façam propostas.

A operadora de caixa Maria Eugênia, 18, que aguardava consulta nesta quarta no Hospital Santa Helena –único exclusivo da operadora–, no centro de São Paulo, disse que o atendimento piorou.

A babá Cirley Maria dos Reis, 37, reclamou que cada vez menos laboratórios estão conveniados ao plano. "Ficam cada vez mais longe de casa."

Outra que se queixou da escassez de laboratórios foi Cleuza Martins, 41, que até a conclusão desta edição aguardava para dar à luz no Santa Helena. "Eu, que moro em Engenheiro Goulart [zona leste], tive que fazer exame em Santa Cruz [na zona sul]", conta. Ela ficou apreensiva ao saber da decisão da ANS.




Quebrada, Unimed Paulistana perde clientes

03/09/2015 - Valor Econômico


Após seis anos em crise financeira, a Unimed Paulistana terá que transferir sua carteira com 744 mil usuários para outra cooperativa médica ou operadora de planos de saúde em 30 dias, conforme antecipou o Valor na edição de segunda-feira. A determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi publicada ontem no "Diário Oficial da União". Tratase da maior operadora de convênios médicos a quebrar no setor.

A preferência na transferência será dada às cooperativas médicas, em especial, à Central Nacional Unimed (CNU) e Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp), mas outras operadoras também podem ficar com a carteira. A Qualicorp já fechou acordo com a Fesp e os seus 160 mil clientes que têm planos por adesão da Paulistana poderão migrar para a Unimed Fesp, com isenção de carência e preços equivalentes. A gestora de benefícios também negocia com outras operadoras a migração dos clientes da Paulistana.

O grande entrave na transferência da carteira da Unimed Paulistana são os 160 mil planos individuais ¬ modalidade em que o reajuste de preços é regulado pela ANS e fez as operadoras e seguradoras de saúde desistirem desse produto. Na cidade de São Paulo, nenhuma das grandes operadoras oferece convênio médico para pessoa física. Pelas regras atuais da agência reguladora, não é possível adquirir somente os planos empresariais e a operadora que fica com uma carteira nessas condições é obrigada a manter um preço equivalente. Essa exigência pode afugentar possíveis interessados, uma vez que um dos problemas da Unimed Paulistana foi a má precificação de seus produtos. No entanto, segundo uma fonte do setor, a ANS pode adotar uma resolução normativa permitindo que os convênios médicos individuais de operadoras em liquidação sejam "reprecificados". A agência informou, por meio de comunicado, que não comenta rumores de mercado.

Caso a Paulistana não consiga transferir seus usuários para outra cooperativa ou operadora no período de um mês, a agência reguladora realiza um leilão para todo o mercado que dura entre 15 e 30 dias. Se ainda assim, não houver nenhum interessado, a ANS adota regimes de portabilidade em que o usuário pode migrar, sem necessidade de cumprir carências, para outra operadora que tenha um produto equivalente ou com valor superior, mas neste último caso o cliente paga o valor adicional. As portabilidades têm duração de 60 dias, cada, e são prorrogáveis.

Segundo o presidente da Unimed Paulistana, Marcelo Nunes, objetivo agora é transformar a cooperativa numa prestadora de serviços ¬ que tem uma rede própria formada por hospitais, clínicas e laboratórios ¬ para os clientes do sistema Unimed. No entanto, um dos requisitos para se tornar uma prestadora de serviço é não ter dívidas com a rede. Atualmente, a Paulistana tem um endividamento entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões com hospitais, clínicas e laboratórios. Nas duas últimas semanas, grandes prestadores de serviços, como a Rede D'Or, dona de 30 hospitais como São Luiz e D'Or, e a Dasa, que tem os laboratórios Delboni Auriemo e Lavoisier, romperam contrato com a Paulistana. Segundo Nunes, a dívida será paga com as provisões técnicas (reservas exigidas pela ANS para serem usadas em casos de liquidação), reversões tributárias (referentes a pagamentos de impostos que estão sendo questionados na Justiça) e faturamentos que ainda não foram creditados. No fim de 2014, as provisões técnicas somavam R$ 197, 65 milhões.

Com patrimônio líquido negativo em quase R$ 170 milhões e um passivo tributário de cerca de R$ 1 bilhão, a Unimed Paulistana enfrenta sérios problemas de gestão com forte interferência dos médicos cooperados na administração, segundo fontes do setor. Nos últimos seis anos, a cooperativa médica tentou por duas vezes profissionalizar sua gestão com a contratação de Maurício Neves, em 2009, e Augusto Cruz, em 2013, no entanto, os dois executivos de mercado não conseguiram colocar todos os seus projetos em prática. "Havia uma vaidade muito grande entre os médicos da diretoria anterior e não há liberdade na tomada de decisões", disse uma fonte que acompanhou as duas tentativas de profissionalização. Procurados pelo Valor, Neves e Cruz informaram que preferem não se manifestar.

Entre 2009 e 2015, a ANS instaurou quatro regimes de direção fiscal e técnica para acompanhar in loco as finanças e o atendimento médico da Paulistana. Somente por 18 meses, a cooperativa médica conseguiu sair do regime de direção fiscal da ANS. A primeira "intervenção" em 2009 foi tumultuada com o diretor fiscal da agência reguladora sendo impedido de entrar na sede da cooperativa médica. Na época, a ANS entrou com uma ação judicial e afastou a diretoria.




Após Dilma sugerir volta da CPMF, Chioro descarta recriação do imposto

02/09/2015 - Valor Econômico / Site


Minutos depois de a presidente Dilma Rousseff ter sugerido que o governo ainda pode enviar uma nova CPMF ao Legislativo, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que a proposta de recriar o imposto está descartada. Ele também negou que o governo esteja discutindo um novo tributo para financiar a saúde.

Questionado se ele desistiu da ideia de ressuscitar o "imposto do cheque", Chioro respondeu que “da contribuição, sim; da discussão do financiamento [da saúde] jamais”.

Um pouco antes, em conversa com jornalistas após solenidade com campeões da olímpiada mundial de educação profissional, a presidente Dilma afirmou não gostar da CPMF. "Tem suas complicações, mas não afasto nenhuma fonte de receita”, sustentou.

Chioro se reuniu com mais de 20 deputados nesta quarta-feira, mas negou ter tratado da proposta de recriação do tributo. Os parlamentares pediram a liberação de emendas e realização de convênios. Uma sala da liderança do governo na Câmara virou o gabinete do ministro que “despachou” no Congresso para agilizar o levantamento das demandas.

Segundo Chioro, consultas feitas pela equipe da presidente Dilma mostraram que a volta da CPMF não era viável e, por isso, cabe ao governo, à sociedade e ao Congresso encontrarem uma solução para a escassez de dinheiro para a saúde, observou. O ministro disse que não deixará de debater a falta de recursos para o setor.




Unimed Paulistana quebra e precisa repassar clientes em 30 dias

02/09/2015 - Valor Econômico / Site


A Unimed Paulistana, cooperativa médica com 744 mil usuários, terá que transferir em 30 dias a sua carteira de clientes para outra operadora de planos de saúde, conforme o Valor antecipou. A determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi publicada nesta quarta-feira no “Diário Oficial da União”.

Segundo o presidente da Unimed Paulistana, Marcelo Nunes, em entrevista nesta semana, a preferência será dada para a Central Nacional Unimed (CNU) e Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp), mas outras operadoras também podem ficar com a carteira.

O portfólio, no entanto, não é cobiçado pelas outras operadoras porque mais de 150 mil é de planos individuais, modalidade em que os reajustados são regulados pela ANS. Ainda de acordo com Nunes, a rede própria de hospitais, clínicas e laboratórios da Unimed Paulistana continuarão prestando serviços aos usuários.

Segundo comunicado da ANS, a operadora que assumir a carteira da Unimed Paulistana deve ter “situação econômico-financeira adequada e manter as condições dos contratos sem prejuízos aos consumidores. Caso não realize a alienação nesse prazo, a ANS fará uma oferta pública para que operadoras interessadas ofereçam propostas de novos contratos aos beneficiários da Unimed Paulistana”

A companhia enfrenta uma grave crise financeira há pelo menos seis anos e fechou 2014 com um patrimônio líquido negativo em R$ 169 milhões. Nas duas últimas semanas, grandes prestadores de serviços, como a Rede D’Or, dona de 30 hospitais como São Luiz e D’Or, e a Dasa, que tem os laboratórios Delboni Auriemo e Lavoisier, romperam contrato com a cooperativa médica.

O passivo com os prestadores de serviços é de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões e o débito tributário gira em torno de R$ 1 bilhão, sendo que pouco menos da metade foi renegociada no Refis. Veja a posição da Unimed Paulistana no ranking dos 50 maiores planos de saúde do anuário Valor 1000:




Hospitais reagem à mudança do clima

03/09/2015 - Valor Econômico


Nas oito unidades do hospital Albert Einstein, o anestésico usado em cirurgias e exames é a maior fonte de emissões de gases-estufa do hospital. Na atmosfera, 1 kg de óxido nitroso (N2 O), a base do medicamento, faz um dano equivalente a 310 kg de CO2 , o mais volumoso dos gases-estufa. Um plano de emergência foi acionado em 2010, liderado pelos anestesistas, e o Einstein reduziu o consumo do gás em 23%. O caso do hospital ilustra o movimento do setor de saúde em começar a lidar com a mudança do clima e a se adaptar aos impactos.

Trata¬se de uma tendência recente e mundial. O Spaulding Rehabilitation Hospital, ligado à Universidade de Harvard, inaugurou em 2013 um hospital ambientalmente-modelo e que se comprometeu em reduzir emissões em 40%. Tem janelas que abrem, um detalhe importante. No atendimento das vítimas do furacão Katrina, janelas de hospitais foram quebradas porque não abriam, o ar-condicionado não funcionava e pacientes morriam de calor.

Durante dois dias, 800 profissionais da saúde se reuniram no Hospital SírioLibanês, em São Paulo, no "Seminário Hospitais Saudáveis ¬ O desafio do setor de saúde frente às mudanças climáticas". "O setor ignora o conceito de saúde pública ambiental", disse Vital Ribeiro, presidente do conselho da associação Hospitais Saudáveis. "Recebe os doentes, mas não quer saber se poluição do ar e contaminação de alimentos matam." Hospitais, abertos todos os dias, sete dias por semana, são fortes consumidores de energia e água. Têm problemas com volume e toxicidade dos resíduos. Nos Estados Unidos, contribuem com 8% das emissões do país.

O National Health Service britânico responde por 25% das emissões públicas do país. Na Europa, o setor (contando também a indústria farmacêutica) é responsável por 5% das emissões.

"Mudança do clima não é só assunto de preservação de florestas e ursos polares", disse Joshua Karliner, especialista em ambiente e saúde. "É um problema de saúde." Karliner coordena o time internacional da ONG Health Care Without Harm (HCWH), sediada na Califórnia, há 20 anos estimulando políticas públicas para que o setor reduza sua pegada ambiental.

O setor responde por 10% do PIB mundial. Nos EUA, essa fatia é de 18%. "Se conseguirmos mobilizar o poder de compras do setor podemos mudar padrões de produção e consumo", disse Karliner.

A HCWH coordena também uma rede global de 500 organizações que representam mais de 12,5 mil hospitais e centros de saúde no mundo. No Brasil são 142 hospitais e sistemas de saúde, representando 400 centros.

Para fazer parte da rede, o hospital tem que se comprometer com pelo menos duas de suas dez metas que pretendem reduzir consumo de energia e água, diminuir o uso de resíduos químicos e estimular compras sustentáveis.

Uma das iniciativas foi lançar o "Desafio 2020", que busca três compromissos de seus membros: que tenham metas de redução de emissões, que sejam mais resilientes frente aos desastres naturais e que liderem as políticas públicas na sociedade. "Mudança do clima é o problema de saúde mais contundente do século XXI, segundo a revista 'Lancet'", diz Karliner.

"Nessa ótica, transporte público é uma questão de saúde também." A adaptação dos hospitais aos eventos extremos é fundamental. "Hospitais têm que funcionar quando há desastres", disse. Por isso, alguns transferiram o centro de geração de energia do subsolo (sujeito a inundação, como no caso do furacão Sandy, em Nova York), para o teto.

Neilor Cardoso, responsável pelo sistema de gestão ambiental do Albert Einstein, disse em palestra que o programa de redução de emissões do hospital conseguirá cortes próximos a 45% entre 2010 e 2015. As iniciativas preveem reaproveitar calor para o aquecimento da água, trocar lâmpadas por modelos mais eficientes, instalar painéis de energia solar e ter elevadores inteligentes. No caso da redução do uso de N2 O, um dos êxitos foi obter a adesão dos médicos.

Durante a CoP-21, a conferência do clima das Nações Unidas em Paris, a rede de hospitais pretende lançar uma série de compromissos. A meta é conseguir 10 mil hospitais no mundo participando do esforço e reduzindo, em 2020, suas emissões de carbono em 26 milhões de toneladas ao ano. Isso equivale a tirar de circulação 5 milhões de carros ou a instalar 6 mil turbinas eólicas.

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