
CLIPPING - 02/09/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
França elege uso do Avastin para grave doença ocular degenerativa
01/09/2015 - Portal Setor Saúde
O Avastin é um medicamento que reduz o crescimento de novos vasos sanguíneos. Ele é comumente usado para tratar diferentes tipos de câncer, além do tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI). No Brasil e em diversos outros países, a droga permanece indicada para o tratamento de câncer de mama, mas nos EUA, por exemplo, a substância deixou de ser usada, permanecendo aprovada para outros tumores, como colorretal. Segundo a FDA, não havia evidência de que o Avastin aumentasse ou melhorasse a qualidade de vida das pacientes com câncer mamário. Além disso, efeitos colaterais como pressão alta e hemorragias ainda eram comuns nas pacientes.
Na França, o Ministério da Saúde autorizou por decreto, em vigor desde de 1º de setembro, o reembolso de Avastin, da EfiflH. no tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma doença que costuma surgir ao envelhecer (http://setorsaude.com.br/as-doencas-de-olhos-que-surgern-ao-envelhecer/). A Agência Nacional de Drogas e Produtos de Saúde (ANSM, sigla em francês), havia dado aval específico para o Avastin, para o tratamento de DMRI em ambiente hospitalar. A ministra da saúde francesa Marisol Touraine pretende, agora, promover o uso de Avastin em substituição ao Lucentis, da Novartis, para o mesmo tratamento.
Enquanto uma aplicação de Lucentis custa € 900, em média, o Avastin vai custar, de acordo com o ministério francês cerca de € 30. O tratamento da DRMI, custou, ao país europeu, cerca de € 428 milhões em 2013. A prescrição do Avastin permitirá, portanto, economias substanciais "respeitando a segurança do paciente", diz a Ministra Marisol Touraine.
"Não haverá relutância por parte dos médicos se as drogas têm efeitos, tanto eficazes quanto colaterais, idênticos", disse Patrick Gasser, presidente da União Nacional dos Médicos Especialistas da França.
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença que atinge 30 milhões de pessoas em todo o mundo - quase 3 milhões no Brasil -, pode comprometer a qualidade de vida, mas não leva a cegueira. O glaucoma, por sua vez, atinge 2% dos brasileiros acima dos 40 anos (cerca de 1 milhão de pessoas). O risco de desenvolver a doença chega a triplicar após os 70 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados 2,4 milhões de novos casos anualmente - 60 milhões de pessoas acometidas em todo o mundo.
O Avastin e Lucentis foram ambos desenvolvidos pelo Genentech, laboratório americano que firmou acordo de comercialização com a Novartis válido em todo o mundo, excluindo os EUA-onde o Genentech mantém a patente exclusiva -. Mas o laboratório foi adquirido pela Roche em 2009 e, sendo assim, quando a Novartis vende Lucentis, paga uma parte das suas receitas a Genentech, uma subsidiária da Roche. O Lucentis, também utilizado para o tratamento da degeneração macular causada pela idade, desde 2012 consta no rol da ANS.
Cientistas criam droga que 'altera' DNA e inibe evolução do câncer
31/08/2015 - Oncoguia
Cientistas da Universidade de Brasília desenvolveram uma droga capaz de alterar a estrutura do DNA e assim evitar a multiplicação de células com câncer. A pesquisa começou há quatro anos, e o grupo aguarda atualmente a liberação de R$ 170 mil para prosseguir com o estudo. A expectativa é de que o remédio já esteja no mercado daqui a 12 anos.
De acordo com os pesquisadores, a descoberta partiu da ideia de enxergar o nucleossomo – unidade da cromatina, que compacta o DNA dentro da célula – como alvo terapêutico. O medicamento atua conectado a ele, modulando a abertura e fechamento das fitas de informação genética. Assim, ele interfere na interação entre o DNA e proteínas, podendo "barrar” o que não é desejado, como o câncer.
A tecnologia não impede o surgimento da doença, mas evita que células com informações genéticas não desejadas se reproduzam. "No câncer, por exemplo, temos uma alta proliferação celular, e isso acontece porque a expressão de vários genes está desregulada na célula. Se regulamos essa disfunção, tratamos o câncer”, explica a biomédica e doutoranda em patologia molecular Isabel Torres.
"Não esperamos que esta nova classe de drogas cure a doença, mas, sem dúvida, ela representa uma esperança aos pacientes que não respondem a terapias tradicionais. A ideia é associar estas novas moléculas a outras drogas disponíveis no mercado para obtenção de uma melhor resposta clínica”, completa.
Orientador da pesquisa, o professor e médico Guilherme Santos afirma acreditar que o procedimento possa ser utilizado contra vários tipos de câncer, como o gliobastoma (no cérebro) o melanoma (na pele), além de doenças hormonais e obesidade. Os primeiros resultados do trabalho foram publicados na revista "Trends in Pharmacological Sciences – Cell" no final de março.
A próxima etapa envolve testes em camundongos e ainda não tem data para acontecer por falta de recursos. Para recrutar investidores enquanto esperam dinheiro de fundos de pesquisa, os cientistas criaram a startup Nucleosantos Therapeutics. A ideia é que ela descubra e desenvolva mais moléculas que possam se ligar a nucleossomos.
Isabel afirma que a nova tecnologia surge como alternativa para pacientes que perderam as esperanças nos tratamentos convencionais. "Como cientista, acreditamos que esta estratégia inovadora terá um grande impacto na forma de observar o funcionamento celular e com isto poder intervir precisamente em distúrbios celulares. É incrível observar que poderemos modular diretamente a expressão gênica e, consequentemente, o conteúdo proteico das células."
Etapas
A pesquisa foi dividida basicamente em quatro etapas: desenho e simulações das potenciais drogas; experimentos que demonstrem a interferência nas interações feitas pelo DNA; experimentos em animais; e testes em seres humanos. Os cientistas já gastaram R$ 70 mil, de financiamento do governo federal, além de aproveitar parte do material usado na pesquisa de Santos no pós-dourado na Inglaterra – avaliado em R$ 60 mil.
Ainda não há definição sobre o formato do novo medicamento, mas a equipe estuda testá-la tanto via oral quanto injetável. "Precisamos de financiamento para podermos avançar nesta pesquisa. Seria ótimo podermos contar com dinheiro de doações de empresas e pessoas ricas – milionários com ações filantrópicas –, a exemplo do que ocorre em outras grandes universidades, como Harvard e Cambridge”, diz a biomédica.
O desabastecimento de remédios impede tratamentos de pacientes na Venezuela
01/09/2015 - Folha de S.Paulo
Lutando contra um câncer de mama há um ano e meio, Dania Garcia, 50, precisa tomar diariamente um comprimido de Letrozol 2,5 mg.
Há três meses, o remédio sumiu das prateleiras de Guarico, Estado no centro-norte da Venezuela onde a vendedora mora. Para tentar consegui-lo, ela precisa viajar cinco horas de ônibus e procurá-lo em Caracas.Na rede pública, Dania buscou o remédio por semanas. Depois achou uma caixa em uma loja privada, a 2.500 bolívares, um terço do salário mínimo que recebe.
Na última sexta (28), ela finalmente conseguiu 30 comprimidos de Letrozol numa farmácia estatal a custo zero. Mas sua viagem e a da irmã que a acompanhou consumiram todo seu salário.
"Em um mês terei de fazer tudo isso de novo", diz.
A falta de remédios é uma das facetas mais dramáticas do desabastecimento na Venezuela. Segundo a Federação Farmacêutica Venezuelana (Fefarven), a escassez atinge sete de cada dez medicamentos vendidos no país.
"De cremes para queimadura a remédios para o sistema nervoso, passando por tratamentos cardiológicos e anticoagulantes, quase tudo falta", diz Freddy Ceballos, presidente da Fefarven.
Um dos casos mais urgentes é o dos anticoncepcionais. Ceballos prevê aumento na taxa de gravidez adolescente num país que já é recordista sul-americano nesse índice.
Em julho, um pico de escassez de Prednisona e Cellcept, drogas que impedem o organismo de rejeitar órgãos transplantados, levou venezuelanos a recorrerem a remédios para cachorros e gatos. Os remédios reaparecem, mas sem a garantia de que o abastecimento se normalize.
"Pacientes transplantados dependem de um coquetel de remédios que só faz efeito se todos forem tomados com regularidade. O problema é que quando um remédio ressurge, outro some", diz Francisco Valencia, ativista pelos direitos dos transplantados.
HOSPITAIS
A saúde pública também é afetada pela escassez de peças de reposição em equipamentos hospitalares.
Médicos ouvidos pela Folha dizem ser difícil mesurar o total de mortes causadas pela falta de drogas e insumos. Mas todos concordam que a medicação irregular reduz a chance de sobreviver.
"A escassez me obriga a mudar a medicações. Mas há remédios insubstituíveis", diz o oncologista Paulo Pereira. Segundo ele, o paciente perde tanto tempo buscando remédios que um tratamento de seis meses dura oito.
Um conhecido cientista político, que pediu para não ser identificado, passou três semanas à procura de remédios para seu pai, que tem câncer.
"Nem com todo o dinheiro possível consegui comprar. Só achei graças a uma campanha em redes sociais", diz.
A situação só não é pior, dizem médicos e pacientes, por causa do apoio de empresas privadas, fundações e doações individuais.
A escassez de remédios e outros produtos, sobretudo alimentos e artigos de higiene, é causada por vários fatores. Um deles é a fraca produção industrial num país acostumado a importar quase tudo que consome.
Na última década, o aparato industrial ficou ainda menor depois que o governo de esquerda implementou políticas como controle de preços e de câmbio e expropriações, inibindo a já parca produção.
A situação piorou em 2014, quando o preço do petróleo, sustentáculo da economia local, desabou. Com menos dólares em caixa, a Venezuela não consegue atender sua necessidade de importação.
Para a federação farmacêutica, o quadro só mudará quando o governo parar de enviar petróleo subsidiado a países aliados e privilegiar o desenvolvimento da indústria local. "O governo recentemente importou um lote de remédios cubanos. Como confiar num produto em que a etiqueta diz 'proteger da luz', mas está em frasco transparente?", indaga Ceballos.
O governo não responde aos contatos da Folha. À agência de notícias Reuters, o presidente do Instituto Venezuelano de Seguros Sociais, Carlos Rotondaro, negou a escassez de remédios, mas admitiu "falhas pontuais" no abastecimento.
Médicos preveem que o fechamento do principal posto de fronteira com a Colômbia agrave o problema.
Veneno de vespa brasileira ataca células cancerígenas
02/09/2015 - Correio Braziliense
Na pele, ele causa dor, coceira, queimação e inchaço. Mas, para a medicina, o veneno nem sempre é vilão: Hipócrates receitava arsênico contra úlcera; Plínio, o Velho, apostava no líquido extraído de serpentes para curar a catarata. Hoje, com maior sofisticação técnica, a ciência também se volta à investigação de substâncias tóxicas que levem ao desenvolvimento de novos remédios. Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), um grupo de pesquisadores encontrou no veneno de uma vespa brasileira o potencial de combater células cancerosas. O resultado do estudo foi publicado na edição de ontem da revista Biophysical Journal, do grupo Cell.
A descoberta está em fase embrionária, ressaltam os cientistas. Mas, se confirmada nas próximas etapas, poderá fazer do veneno da Polybia paulista forte candidato para compor uma nova classe de medicamentos oncológicos, que visam à camada de lipídeos da membrana celular. “Isso poderia ser útil no desenvolvimento de novas terapias combinadas, em que múltiplas drogas são usadas simultaneamente para tratar um câncer ao atacar diferentes partes das células cancerígenas ao mesmo tempo”, destacou, em um comunicado, o pesquisador da Universidade de Leeds Paul Beales, coautor do estudo. Nos testes da Unesp, realizados com células cancerígenas de tumores sólidos, cultivadas em laboratório, o veneno evitou o crescimento das estruturas doentes, mas poupou as saudáveis.
De acordo com João Ruggiero Neto, pesquisador do Instituto de Biociências da Unesp e também autor do artigo, em 2009, os cientistas da universidade brasileira detectaram, pela primeira vez, a presença de um peptídeo chamado MP1 no veneno da Polybia paulista. A substância começou a ser explorada por sua atividade antibacteriana.
“O MP1 é um potente bactericida e não citotóxico e tem grande potencial de substituir antibióticos convencionais”, esclarece Ruggiero. “O crescimento no número de cepas resistentes aumenta exponencialmente, e a busca por novos compostos bactericidas é de grande importância”, lembra. O cientista explica que a substância retirada do veneno da vespa atua criando poros na membrana celular. Dessa forma, parte do citoplasma se perde, o que inviabiliza a ação da bactéria. Com as células cancerígenas investigadas no estudo, é possível que o mecanismo seja o mesmo, embora Ruggiero não descarte outras possibilidades.
O trabalho da Unesp soma-se a outras pesquisas que buscam, nos venenos de animais peçonhentos, substâncias com potencial anticâncer. Em Cuba, o Instituto de Oncologia e Radiobiologia do Ministério de Saúde Pública vem realizando testes com a toxina de um escorpião da Ilha no combate a tumores de cérebro. Na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, estudos ainda preliminares constataram o potencial de um elemento sintético que mimetiza o veneno de abelhas, cobras e escorpiões para impedir a proliferação celular do câncer de mama e do melanoma.
Divisão impedida
“Nem todos os venenos têm o mesmo potencial anticâncer, mas alguns conseguem frear o crescimento das células”, explica o professor do Instituto de Biociências da Unesp Mário Sérgio Palma, que também assina o artigo no Biophysical Journal. De acordo com o cientista, as toxinas agem em um processo fundamental do desenvolvimento do tumor: a divisão das células que, no caso do câncer, ocorre de forma desordenada. “A toxina trava a divisão celular. Quando ela vai se dividir em duas, para se duplicar, o veneno trava as fibras e mata as células. Não é uma ação genética, é mecânica”, esclarece.
Ao mesmo tempo, o tecido saudável não é atingido, um pré-requisito que qualquer candidato a medicamento precisa cumprir. João Ruggiero Neto explica que isso acontece devido às características diferentes das células doentes e saudáveis. “Nas saudáveis, existe uma assimetria na distribuição de fosfolipídeos”, diz, referindo-se às moléculas que constituem a membrana celular. “Dois fosfolipídeos PE e PS (fosfatidiletanolamina e fosfatidilserina) estão na camada interna da bicamada. Nas células de câncer, esses fosfolipídios estão na camada externa. O PS tem carga negativa, e o peptídeo tem carga positiva, então há atração do peptídeo pela membrana por causa das cargas opostas. A camada externa das células saudáveis não tem carga, logo o peptídeo não é atraído pela membrana”, ensina.
Apesar dos resultados bem-sucedidos, há um longo caminho antes que o veneno da vespa seja confirmado como possível substância anticâncer. O próximo passo é testá-la em modelos de pequenos animais, como roedores, mas, embora existam planos para isso, falta orçamento. “Existe um planejamento, mas não sabemos quando haverá liberação de recursos, ainda mais com essa crise”, observa Mário Sérgio Palma. Serão necessários ainda testes com animais maiores e, depois, em humanos, um processo que pode levar mais de 10 anos. Se, no meio do caminho, os efeitos colaterais forem muito fortes, a substância é descartada. Porém, caso os resultados preliminares se confirmem, o veneno da vespa poderá beneficiar pacientes de diversos tipos de câncer, como os de pulmão e fígado. “A toxina tem um enorme potencial”, diz Palma.
Veneno de vespa brasileira pode virar arma de ataque ao câncer
02/09/2015 - O Globo
Um composto presente no veneno produzido por uma vespa nativa do Brasil tem o potencial de se tornar um poderoso aliado na luta contra o câncer, servindo de base para uma nova classe de medicamentos para combater a doença. Popularmente conhecida como “paulistinha”, a vespa da espécie Polybia paulista é comum no Sudeste do país. Agressiva, ela é responsável por muitos ataques na região, o que levou os cientistas a investirem no estudo de suas toxinas. E foi neste processo que eles encontraram a molécula, batizada MP1.
Com ação bactericida, a MP1 era originalmente usada pelos insetos para preservar as presas capturadas e armazenadas em seus ninhos, já que eles só se alimentavam delas vivas. Estudos recentes, no entanto, mostraram que a molécula também tinha a capacidade de atacar células cancerosas enquanto poupava as saudáveis. Este tipo de ação seletiva é considerado ideal para o desenvolvimento de tratamentos contra o câncer, e agora um novo estudo, com a participação de pesquisadores brasileiros, descobriu como a MP1 faz isso, abrindo caminho para que a própria molécula, ou versões sintéticas mais eficientes dela, sejam utilizadas em remédios contra a doença.
Em artigo publicado na edição desta semana do periódico científico “Biophysical Journal”, os cientistas relatam que a MP1 age abrindo buracos na membrana das células cancerosas, o que faz com que elas “sangrem”, perdendo proteínas e outras substâncias essenciais para sua sobrevivência e, assim, acabem morrendo. Este efeito citotóxico não chega a ser incomum, mas o detalhe é que a MP1 faz isso ao se ligar com dois lipídeos ( moléculas de gordura) que células com alguns tipos de câncer — próstata e bexiga, assim como uma variante especialmente resistente a medicamentos da leucemia — expressam na parte externa de suas membranas, e que em células saudáveis permanecem “escondidos” na parede interna das mesmas. E é por isso que um medicamento que tenha como base este composto apresenta esse potencial de matar apenas as células doentes.
— Esta característica da MP1 de atacar só células doentes é muito interessante e é por isso que estamos tão animados — conta Mário Sérgio Palma, professor do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista ( Unesp) e um dos coautores da pesquisa. — Estamos mexendo com algo que pouca gente ousou mexer, tentando desenvolver uma droga que interfira com a parede e não com o núcleo das células cancerosas, o que já é alvo de muitas pesquisas. Isso vai servir de base para toda uma nova classe de medicamentos contra o câncer e também nos dá condições de driblar resistências, já que o modo como a membrana se forma é uma característica muito rígida dos organismos e é muito difícil sua estrutura mudar.A animação de Palma é dividida por Paul Beales, pesquisador da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e colíder do estudo, e por João Ruggiero Neto, também da Unesp.
— Isso pode ser muito útil no desenvolvimento de terapias combinadas contra o câncer, em que múltiplas drogas são usadas simultaneamente para atacar diferentes partes das células cancerosas ao mesmo tempo — destaca Beales.
Segundo Palma, a ideia agora é manipular a estrutura da MP1 para ver se outros formatos da molécula se mostram mais eficientes no ataque às células cancerosas enquanto continuam a poupar as saudáveis, assim como avançar para experimentos com modelos animais para comprovar sua eficácia e segurança, até chegar a ensaios clínicos com seres humanos. Este processo pode levar muitos anos, mas já esbarra nas costumeiras burocracia e falta de recursos que afligem a ciência brasileira, lamenta o pesquisador: — Já sabemos como devem ser as próximas fases da pesquisa e quanto isso deverá custar, só não sabemos se e quando teremos os recursos para isso.
Risco de demência medido pela saliva
02/09/2015 - Correio Braziliense
Perdas cognitivas que comprometem a execução de atividades do cotidiano são chamadas de demência. Mais frequente em idosos, a condição, que resulta, por exemplo, em falhas de memória, preocupa principalmente quando é irreversível, como no Alzheimer. Cientistas dos Estados Unidos sugerem um método preventivo simples contra o problema. Segundo eles, medido na saliva, o nível do cortisol pode indicar se há maiores riscos de desenvolvimento do quadro debilitante.
Pesquisas anteriores deram pistas sobre a relação entre o hormônio do estresse e a demência. “Elas têm demonstrado que a depressão aumenta o risco de demência, mas nós não sabemos muito sobre como isso ocorre. Níveis elevados desse hormônio têm sido encontrados em depressivos, e a teoria é de que o cortisol tem um efeito tóxico no hipocampo, área do cérebro que desempenha um papel importante na memória”, explicou Lenore J. Launer, pesquisadora do Instituto Nacional sobre Envelhecimento em Bethesda (EUA) e uma das autoras do estudo.
Para checar as relações, o grupo de cientistas analisou amostras de saliva de 4.244 voluntários com, em média, 76 anos e sem demência. As coletas foram realizadas de manhã e à noite. Os participantes também foram submetidos a uma varredura do cérebro para avaliar o tamanho do órgão e realizaram testes de memória e de pensamento. Juntando os dados, concluiu-se que a parcela de idosos com níveis mais altos de cortisol tinha um volume menor do cérebro — condição atrelada a maiores chances de demência —, e a composta por idosos com níveis menores do hormônio tinha o órgão maior e se saiu melhor nos testes cognitivos.
Os cientistas, porém, têm dúvidas sobre como o nível de cortisol e o tamanho do cérebro se relacionam. “Uma vez que esse estudo apenas olhou para um instante no tempo, não sabemos o que vem primeiro: os altos níveis de cortisol ou a perda de volume cerebral”, explicou Launer. A equipe acredita que mais pesquisas são necessárias para esclarecer melhor também a influência do cortisol sobre a demência, mas eles reforçam que desvendar essa associação poderá ajudar a prevenir e combater um preocupante problema de saúde.
“É possível que a perda do volume cerebral que ocorre com o envelhecimento leve a uma menor capacidade do cérebro de parar os efeitos do cortisol, que, por sua vez, leva a mais perda de células cerebrais. Entender esses relacionamentos pode nos ajudar a desenvolver estratégias para reduzir os efeitos do cortisol no cérebro”, adianta a autora. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no mundo, haja 47,5 milhões de pessoas afetadas por demência senil.
Além da tensão
Mauro Roberto Piovezan, neurogeriatra do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), conta que estudos anteriores demonstraram que, em situações de estresse, a reação de liberação de cortisol também pode causar alterações no corpo que estão ligadas à memória. “Existe até uma associação com o Alzheimer. Testes já mostraram que pacientes com esse problema de saúde têm níveis maiores de cortisol”, complementa.
Piovezan, porém, destaca que outros fatores podem interferir no desenvolvimento da demência. “Há outros causadores, como o diabetes, a hipertensão e o colesterol alto. Podemos falar apenas por alto, mas existe a chance de que haja uma interação entre todos esses fatores levando à perda cognitiva”, diz.
Márcia Chaves, neurologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta outras alternativas também em desenvolvimento e focadas em prevenção à demência. “Já sabemos que pessoas com melhor desenvolvimento cognitivo, que têm mais escolaridade e melhor padrão nutricional apresentam menos chances de ter o problema. Porém, o que se investiga por décadas ainda não foi encontrado: uma forma de saber o que exatamente causa essa doença”, explica.
Obesidade
Um estudo publicado na edição de ontem da revista médica Molecular Psychiatry comprova que estar obeso ou acima do peso ideal após os 50 anos pode agilizar o desenvolvimento do Alzheimer. Segundo a equipe formada por estudiosos norte-americanos, canadenses e taiwaneses, a cada ponto a mais no índice de massa corporal (IMC), há uma aceleração de 6,7 meses do mal neurodegenerativo. Os pesquisadores chegaram ao número após analisar 1.400 pessoas sem comprometimentos cognitivos ao longo de 14 anos. Dessas, 142 tiveram Alzheimer e apresentaram, na sexta década de vida, um IMC mais elevado.
What's News: A Valeant
02/09/2015 - Valor Econômico
A Valeant, farmacêutica canandense, informou que fechou acordo com a britânica AstraZeneca para adquirir, por US$ 445 milhões pagos em três etapas, os direitos de vender o remédio para psoríase brodalumab. As duas empresas também compartilharão os lucros com a venda do medicamento. Pelo acordo, a Valeant assumirá todos os custos de desenvolvimento associados com a aprovação regulatória do produto. A expectativa é que ele seja submetido para aprovação nos EUA e na União Europeia ainda este ano.
Investimento de Dilma em saúde entre janeiro e julho cai 32%
02/09/2015 - Folha de S.Paulo
O gasto do governo federal com investimentos (obras e compras de aparelhos) na saúde caiu 32% nos primeiros sete meses de 2015 em relação a igual período do ano passado.
De janeiro a julho de 2014, o desembolso para construção de unidades de saúde e compra de equipamentos médicos chegou a R$ 2,5 bilhões. Neste ano, o montante não passou de R$ 1,7 bilhão.
Em meio à crise, o Ministério da Saúde sofreu um corte de R$ 13 bilhões em seu orçamento original, que era de R$ 121 bilhões para 2015.
Foi o segundo maior ajuste na Esplanada –superado apenas pelo da pasta das Cidades. Mesmo com o corte, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, dizia que a pasta havia sido "preservada" e não sofreria forte impacto.
Mas, na semana passada, quando o governo ensaiou ressuscitar a CPMF, Chioro mudou o tom ao defender que o novo tributo fosse exclusivo para a saúde. "Se não encontrarmos uma solução, municípios e Estados deixarão de cumprir o compromisso com a população", disse.Entre as ações com maior queda na aplicação de recursos está a estruturação de unidades de atenção especializada em saúde, responsáveis por consultas com especialistas e exames. Essa é uma das áreas consideradas prioritárias pelo governo neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).
Entre janeiro e julho de 2014, as verbas para essa área chegaram a R$ 495,9 milhões. Nos primeiros sete meses deste ano, o montante foi de R$ 252,3 milhões (redução de 49%). A construção de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) também caiu 62%, de R$ 478 milhões para R$ 183 milhões em gastos efetivos.
Poucas ações tiveram crescimento nos gastos. A verba destinada à implantação e melhorias de sistemas de abastecimento de água em pequenos municípios, por exemplo, mais que dobrou –de R$ 47,5 milhões em 2014 para R$ 111,1 milhões nos primeiros sete meses deste ano.
O ministério nega queda e diz que a comparação só deve ser feita com o ano completo.
Alguns Estados e municípios já reclamam da redução no fluxo de recursos.
A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (PA) afirma que a capital teve redução de repasses para investimentos e atraso no pagamento.
Em Maceió (AL), o subsecretário de Saúde, Joellyngton Medeiros, afirma que, diante da verba limitada, foi preciso diminuir o número de procedimentos como cirurgias plásticas e bariátricas, que não geram risco de epidemia.
O orçamento da Saúde é fortemente comprometido com gastos com pessoal e despesas administrativas (como compra de medicamentos). Os investimentos correspondem a 4% da previsão de desembolsos deste ano.
OUTRO LADO
O Ministério da Saúde afirma não ser possível apontar uma queda nos investimentos da pasta porque é preciso levar em conta que a execução do Orçamento do governo federal é anual.
"A análise da reportagem induz o leitor ao erro. (...) Para que esta afirmação seja feita, é preciso aguardar o fim do ano orçamentário", informa nota enviada pela assessoria de imprensa do ministro Arthur Chioro.
O ministério destacou que o desembolso dos recursos depende da aprovação do Orçamento pelo Congresso Nacional, o que só ocorreu neste ano em abril.
A nota afirma ainda que os gastos da pasta também dependem da complexidade dos projetos financiados, "que devem ser aprovados tecnicamente e acompanhados na sua execução".
O ministério informou que o corte afetou principalmente "despesas discricionárias, que são, basicamente, despesas administrativas, de custeio e novos convênios".
Em maio, o governo federal anunciou corte de R$ 11,77 bilhões no orçamento da Saúde. Em julho, houve um bloqueio extra, de R$ 1,18 bilhão.
A pasta diz, no entanto, que o montante destinado para investimentos neste ano é R$ 2 bilhões acima do valor previsto no ano passado.
Mercado Aberto: Varejo de higiene e beleza cresce 7,5% no semestre
02/09/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias
O valor das vendas do setor de higiene e beleza teve uma alta nominal (sem descontar a inflação) de 7,5% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014, segundo dados da Nielsen.
A alta é 1,33 ponto percentual superior ao avanço dos preços no período (o IPCA ficou em 6,17%) e um ponto maior do que a média de oito segmentos analisados pela companhia.
O setor só perdeu para produtos de limpeza, perecíveis e bebidas alcoólicas, que registraram alta de 9,4%, 8,5% e 7,6%, respectivamente.
"Higiene e beleza já vem se destacando há alguns anos. Quando o consumidor opta por fazer cortes nos gastos, mantém os desse segmento, mesmo que seja com itens mais baratos", diz Bruna Fallani, da Nielsen.
A distribuição dos produtos em vários tipos de estabelecimentos, como mercados, farmácias e perfumarias, também favorece o segmento, de acordo com Fallani.
Os super e hipermercados foram os que registraram o maior incremento na comercialização desses itens, com 8,9% nos primeiros seis meses do ano.
Nas farmácias e perfumarias, a alta ficou em 6,8% e 2,4%, respectivamente.
A pesquisa da Nielsen será divulgada em evento da Beauty Fair, que acontece entre os dias 5 e 8 deste mês em São Paulo.
Decisão sobre recriação de tributo da saúde é do Congresso, diz ministro
31/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site
A decisão de recriar qualquer tributo para financiar a saúde, nos moldes da antiga CPMF, ficará a cargo do Congresso Nacional, de acordo com o ministro Nelson Barbosa (Planejamento).
Ele falou sobre o assunto após apresentar o projeto do Orçamento para 2016 com deficit de R$ 30,5 bilhões.
"O foco não é aumento de receita. Se forem necessários mais recursos, essa é uma discussão que vai ficar para o Congresso Nacional", afirmou Barbosa nesta segunda-feira (31) ao divulgar a proposta de Orçamento para 2016.
O ministro Joaquim Levy (Fazenda), que também participou do anúncio, se referiu indiretamente à CPMF ao afirmar mais de uma vez que é necessário criar "uma ponte", com "ações provisórias" para que o país passe por esse momento de "travessia".
Em relação ao deficit projetado no Orçamento de 2016, os ministro também transferiram para o Congresso a responsabilidade de encontrar uma solução para transformá-lo em superavit."O deficit pode ser eliminado de diversas formas", afirmou Barbosa. "Esse é um deficit que a gente espera que seja temporário, e vamos construir soluções para o aumento de receita e diminuição de despesas."
"Há necessidade de encontrarmos caminhos para lidar com as questões estruturais, os gastos obrigatórios, como estamos falando há muito tempo, e caminhos para que nós alcancemos o resultado primário que nós nos propusemos."
DESPESAS
O projeto encaminhado ao Congresso prevê que as despesas da União vão crescer R$ 104,8 bilhões no ano que vem frente a 2015, o equivalente a 0,4 ponto percentual do PIB.
A projeção de alta está concentrada nas chamadas despesas obrigatórias, principalmente previdenciárias (crescimento estimado em R$ 52,2 bilhões) e pessoal (R$ 21,7 bilhões).
As despesas não-obrigatórias, que abarcam os gastos administrativos, crescerão R$ 16,5 bilhões, mas como proporção do crescimento esperado para a economia, ficarão estáveis.
Para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), estão previstos gastos de R$ 42,4 bilhões que serão aplicados prioritariamente em projetos já em andamento, segundo os ministros.
"Procuramos fazer uma proposta de despesa bem realista e adequada à disponibilidade de recursos", afirmou Barbosa.
"A prioridade agora é completar nossa obrigação, não iniciar projetos novos se não houver recursos disponíveis. É reduzir os restos a pagar, completar as obras em andamento e iniciar projetos novos somente se forem compatíveis com as nossas disponibilidades de recursos."
PPA
O ministro Nelson Barbosa anunciou também as prioridades do governo nos próximos quatro anos, que fazem parte do PPA (Plano Plurianual) 2016-2019.
São elas: educação de qualidade, inclusão social e redução de desigualdades, aumento da produtividade e competitividade (com ênfase na atuação complementar dos setores público e privado no investimento) e fortalecimento das instituições públicas, com melhora na qualidade da gestão e maior controle social.
As fontes de recursos previstas são da ordem de R$ 8,2 trilhões.
Mercado Aberto: Tecnologia tipo exportação
01/09/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias
A indústria nacional de tecnologia assistiva, que engloba próteses e equipamentos usados por pessoas com deficiência, será incluída no trabalho de apoio às exportações da Apex-Brasil (de fomento ao comércio exterior).
O país tem hoje uma fatia de 18% do mercado global, atrás de Estados Unidos e Alemanha. "A ideia é multiplicar essa participação e tentar fazer a indústria nacional virar líder [no segmento]", diz David Barioni Neto, presidente da agência.
Um plano de negócios que indicará potenciais mercados no exterior está em produção em parceria com a Abimo (de equipamentos médicos) e a Abridef (de produtos e serviços para pessoas com deficiência).
Dados prévios mostram que ao menos 30 grupos brasileiros do setor têm capacidade de exportação.
No primeiro semestre deste ano, os embarques de produtos de acessibilidade apenas na área de saúde, como próteses, cresceram 33% em relação ao mesmo período de 2014, segundo a Abimo.
"O potencial é muito maior, pois empresas menores ainda têm dificuldades para exportar, como o custo de obtenção de certificações", diz Clara Porto, da associação. O plano setorial deverá ser finalizado em 60 dias.
US$ 46,7 milhões foram as exportações brasileiras de tecnologia assistiva na área de saúde no primeiro semestre (cerca de R$ 170 milhões)
US$ 35,1 milhões foram as exportações no mesmo período de 2014
What's News: O Google
01/09/2015 - Valor Econômico
O Google anunciou ontem que sua divisão de ciências da vida vai trabalhar com a farmacêutica francesa Sanofi para encontrar novas maneiras de monitorar e tratar a diabetes, doença que deve afetar 592 milhões de pessoas no mundo todo até 2035, segundo a Federação Internacional da Diabetes. A Sanofi é uma das líderes em remédios para a diabetes, os quais responderam por 21% dos US$ 38 bilhões que a firma faturou em 2014. As empresas não revelaram quanto vão investir na parceria.
What's News: A Bristol-Myers
01/09/2015 - Valor Econômico
A Bristol-Myers, farmacêutica americana, informou que fechou acordo para ter o direito exclusivo de comprar a Promedior - empresa de capital fechado que é dona de um remédio experimental contra a fibrose pulmonar idiopática, o PRM-151 - por até US$ 1,25 bilhão.
A Bristol-Myers, que vai pagar US$ 150 milhões pelo direito, pode exercê-lo após a conclusão dos testes clínicos do remédio, que devem ser iniciados nas próximas semanas.
Como a falta de sono afeta a sua saúde
01/09/2015 - Terra
Pesquisas recentes sugerem que dormir pouco tem grande impacto no bem-estar geral de uma pessoa, independentemente de hábitos como fumar e beber ou do estresse. Saiba o que estudos sobre o tema dizem.
Pessoas que dormem menos de seis horas por noite têm 4,2 vezes mais chances de ficarem resfriadas. A constatação é de um estudo tornado publico nesta semana por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
"O sono é o principal fator de bem-estar. Não importa a idade da pessoa, o quanto ela é estressada, seu nível educacional ou salarial, sua origem étnica ou se é fumante. A quantidade de sono é fator fundamental para determinar o quanto ela é saudável", explica Aric Prather, um dos pesquisadores.
Os efeitos da falta de sono e os benefícios que dormir suficientemente pode proporcionar são uma espécie de mantra repetido pelos médicos.
Mas em uma sociedade que premia a redução do sono como sinal de produtividade e compromisso com o trabalho, Prather diz que são necessários "mais estudos para realmente passar a ideia de que o sono é crucial para o bem-estar".
Abaixo, uma lista de estudos que ilustram os riscos de não ter uma boa noite de descanso.
1. Memória e funções cognitivas prejudicadas
Além de desacelerar o nosso tempo de reação e obstruir o desempenho em geral, a carência de sono tem efeitos negativos de longo prazo no aprendizado, processamento de novas informações e na capacidade cognitiva de alto nível.
O pesquisador William Killgore, da Escola de Medicina de Harvard, publicou, em 2010, um estudo no periódico científico Progress in Brain Research. A conclusão foi que, mesmo quando a atenção e a vigilância são restabelecidas, uma pessoa cronicamente privada de dormir também tem dificuldades de ser criativa, inovadora e ter "aspectos mais divergentes de cognição".
Em outras palavras, enquanto talvez você possa ser capaz de se levantar e tomar boas decisões no trabalho após não dormir bem por uma semana, você deverá ter problemas para finalizar aquele texto, filme ou pintar.
2. Maior risco de obesidade
Várias pesquisas estão acontecendo para determinar se dormir mais ajuda a pessoa a perder peso, uma vez que muitos estudos já conectam ciclos de sono curto com o aumento da obesidade.
Pesquisadores concluíram, há anos, que a obesidade pode afetar os ciclos de sono das pessoas, causando, por exemplo, a apneia – uma situação em que a respiração é interrompida durante o sono, resultando em perda retroativa dos ciclos na fase REM, quando ocorrem os sonhos mais vívidos. A apneia é geralmente um sintoma de obesidade.
Os pesquisadores Gugliemo Beccuti e Silvana Pannain, do Departamento de Medicina da Universidade de Chicago, também descobriram que ciclos de sono curtos e de qualidade ruim podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade.
O sono é um importante regulador das funções do metabolismo do corpo. Dormir menos significa que o corpo está menos capaz de regular o quanto ele consome, levando ao aumento da fome.
3. Estresse cardiovascular
Uma pesquisa de 2013 descobriu a "interação significativa" entre a carência de sono e a pressão sanguínea. Pesquisadores testaram um grupo de 20 jovens adultos saudáveis que nunca tiveram qualquer tipo de problemas no sono.
Depois de uma noite de privação de sono, houve aumento da pressão sanguínea nos jovens testados, o que causou também estresse psicológico agudo. O estresse cardíaco e cerebral levou os indivíduos a ter desempenho ruim em uma série de testes cognitivos padronizados.
Mesmo com oferta maior, só metade das meninas é vacinada contra o HPV
01/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site
A oferta da segunda dose da vacina contra o HPV para meninas de 9 a 11 anos, prevista para iniciar em setembro, esbarra, mais uma vez, na baixa adesão das famílias à primeira etapa da vacinação.
No início do ano, a vacina que antes era ofertada na rede pública apenas para meninas de 11 a 13 anos foi estendida para esta faixa etária, como forma de ampliar a proteção contra o vírus.
Até esta terça-feira (1°), no entanto, só 49% do público-alvo de 9 a 11 anos havia sido imunizado. Os dados são do PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde.
As doses começaram a ser distribuídas em março deste ano. Não há prazo para fim da campanha, que é permanente.
Ainda assim, a baixa adesão das famílias à vacina contra o HPV coloca em risco a efetividade da política, que visa diminuir os índices de câncer de colo de útero, hoje a terceira causa de morte por câncer entre mulheres no país.
Além disso, quanto mais cedo a vacinação ocorrer, mais eficaz é a proteção –daí a vacina ser indicada a partir de 9 anos, quando ainda não foi iniciada a vida sexual e, com isso, há menos chance de exposição ao vírus.
Especialistas apontam a dificuldade em levar as adolescentes para unidades de saúde e o temor de eventos adversos à vacina como os principais fatores para a baixa adesão.
No ano passado, uma parceria massiva com as redes de ensino fez com que a primeira etapa de vacinação de meninas de 11 a 13 anos terminasse com mais de 100% do público-alvo imunizado.
Na segunda dose, quando a parceria passou a se restringir a algumas escolas, esse índice caiu para 60%, segundo dados atualizados até terça-feira. Agora, a primeira etapa de vacinação para meninas de 9 a 11 anos registra percentual ainda menor no balanço destes seis primeiros meses: 49%.
Ao todo, a vacina tem três doses: a segunda é ministrada após seis meses, e a terceira, após cinco anos. Sem as três doses, a imunização não é totalmente efetiva.
Dados preliminares de uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em parceria com o governo do Distrito Federal mostram que 85% dos pais que levaram as filhas para serem vacinadas souberam da vacina por meio de uma carta da escola. O governo estuda estratégias para ampliar a parceria com as redes de ensino. Em São Paulo, a segunda dose da vacina deve ser ofertada nas escolas entre setembro e outubro.
Pais que tiverem filhas que ainda não foram vacinadas ou que tiverem doses atrasadas podem procurar as unidades básicas de saúde para obter a proteção, segundo Carla Domingues, coordenadora do PNI.
Segundo a coordenadora, de 70 casos de reações adversas registradas desde o início de 2014, só 30 foram confirmadas, um número considerado baixo diante das 10 milhões de meninas vacinadas, afirma. Destes 30, a maioria ocorreu por reações psicológicas como ansiedade, completa.
De acordo com Helena Sato, diretora técnica de imunizações de São Paulo, situações como essas são mais frequentes em casos de vacinas aplicadas em adolescentes.
Ela lembra de reações semelhantes, motivadas por ansiedade, durante campanhas ocorridas na Jordânia e Austrália, por exemplo.
"A vacina [contra o HPV] já é aplicada em mais de 60 países do mundo. Na Austrália, já se começa a ver resultados positivos, com redução de doenças. A própria OMS [Organização Mundial de Saúde] diz que é segura", afirma.
MANIFESTO
Na tentativa de divulgar a proteção contra o HPV, quatro entidades lançaram um manifesto nesta terça em que orientam os pais a levarem suas filhas de 9 a 13 anos a unidades de saúde para completarem o esquema de vacinação, "medida necessária para evitar milhares de infecções e perdas irreparáveis", segundo o texto.
O documento se refere aos cerca de 15 mil novos casos de câncer de colo de útero notificados por ano no país, segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer).
A cada ano, cerca de 5.000 mulheres morrem em decorrência da doença. O manifesto, que traz dados sobre a segurança da vacina, é assinado pela Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) e sociedades de pediatria, infectologia e pela Febrasgo (federação de ginecologia e obstetrícia).
Além das meninas de 9 a 11 anos, a vacina é indicada para mulheres de até 26 anos com HIV.
A dengue avança
02/09/2015 - O Globo
Aumento dos casos de dengue indica que Rio poderá ter outra epidemia no verão. Este ano, já foram 15.241 registros da doença na cidade, 633% a mais do que em 2014. Era o primeiro dia de férias do jornalista Daniel Mendonça, mas, quando ele acordou, na última segunda- feira, não tinha motivos para comemorar. Dores nas articulações, enjoo e febre alta o obrigaram a buscar atendimento na Clínica São Vicente, na Gávea. Foram cinco horas em observação, até que ouviu do médico o resultado do exame de sangue: o nível de plaquetas estava no patamar mínimo — no mesmo de quando tivera dengue, três anos antes. A viagem programada foi suspensa, e Daniel agora aguarda em casa o laudo de um outro teste, para saber se está ou não com a doença e se vai engrossar as suas estatísticas no Rio. De janeiro a agosto deste ano, a cidade teve 15.241 casos, uma alta de 633% em relação ao mesmo período do ano passado ( 2.079). No estado, o panorama é ainda pior: foram 52.877 pessoas infectadas nos primeiros oito meses do ano, 729% a mais do que em igual período de 2014 ( 6.378). Números que já fazem especialistas temer uma epidemia.— Quando tive dengue, em 2012, foi no auge do verão. Na minha casa, não tenho planta. Nem moro perto de lugar de risco para se contrair a doença. Como posso ter tido tanta sorte? — ironiza Daniel, que mora na Tijuca.
Dois fatores, segundo infectologistas, podem ter contribuído para o crescimento do número de casos. O primeiro é o calor. O inverno, estação em que a temperatura deveria ser mais amena, teve altas temperaturas. E o pouco que choveu foi suficiente para abastecer os criadouros do mosquito Aedes aegypti. Além disso, o vírus que está fazendo vítimas agora — a doença tem quatro tipos — pode ser um que não circula há anos, portanto há menos gente com imunidade a ele.
— Em 2012, o vírus tipo 4 fez um estrago. Agora, pode ser que o tipo 1, que não circula há muito tempo, esteja de volta. A dengue é cíclica. Quando há um surto, é praticamente zero a chance de haver muitos casos no ano seguinte, porque a população está imune — diz o infectologista Edmilson Migowski, da UFRJ.
A prefeitura não informou que tipo de vírus tem infectado mais os doentes nos últimos meses. Bangu foi o bairro com o maior número de casos de janeiro a agosto deste ano: 2.179, um aumento de mais de 1.000% em relação ao registrado na região no mesmo período de 2104. Os números mais altos continuam na Zona Oeste. Em Realengo, foram 771 pessoas infectadas e em Padre Miguel, 706. Na Zona Norte, Irajá teve 511 casos e Vila Isabel, 425.
REGIÃO SUDESTE TEM MAIS REGISTROS
A febre alta e as manchas vermelhas pelo corpo levaram a operadora de marketing Sayonara Sepúlveda, de 47 anos, a procurar uma unidade de saúde da prefeitura há dois meses. Foi a primeira vez em que ela teve dengue.
— Foi horrível. Não desejo isso para ninguém. Durante uma semana, fiquei muito mal. Não conseguia me levantar da cama. O médico me receitou seis litros de água por dia. Nunca passou pela minha cabeça que eu pudesse ter dengue nesta época do ano. Graças a Deus, a minha filha, de 9 anos, não teve nada — conta Sayonara, moradora do Méier, bairro com cem registros da doença até agosto de 2015, número quatro vezes maior que no ano passado inteiro.
Segundo o Ministério da Saúde, entre janeiro e 8 de agosto deste ano, o Sudeste foi a região do país com o maior número de casos ( 886.472). No período, a capital paulista registrou a maior taxa de contaminação em abril: foram 456 casos por cem mil habitantes. No mesmo mês, o Rio atingiu 85. De acordo com Organização Mundial de Saúde ( OMS), uma taxa acima de 300 já configura uma epidemia.
Com o clima mais frio, os número desabaram nas duas capitais. Mesmo em queda, o Rio ultrapassou São Paulo em julho: foram 11,2 casos por cem mil habitantes contra 10,9.
— Os números indicam que a chance de uma epidemia no próximo verão é real. Os casos cresceram, e a cidade em julho ultrapassou São Paulo, que viveu uma epidemia há alguns meses — ressalta Migowski. — Devemos também ficar em alerta para as Olimpíadas. Se o Rio tivesse vivido uma epidemia este ano, daria para afirmar que 2016 seria tranquilo. Por enquanto, é prudente se preocupar.
Apesar de o estado, segundo o critério da OMS, não ter vivido uma epidemia, os índices de infectados no fim do verão e no início do outono já mostravam uma situação preocupante. O maior número de contaminados foi registrado em maio — 13.035 ( 1.560% a mais que no mesmo mês do ano passado). Na época, para combater o mosquito transmissor da doença, o governador Luiz Fernando Pezão sancionou a lei 6.990/ 15, que obriga ferros- velhos e empresas de transporte de cargas e de passageiros a adotarem medidas para evitar o surgimento de criadouros.
— As multas variam de R$ 200 a 200 mil reais — diz o deputado estadual Luiz Martins ( PDT), autor do projeto da lei. — Ainda não sei de ninguém que tenha sido multado, o que é lamentável. Só o Procon tem atuado com eficácia.
O prefeito Eduardo Paes afirmou ontem desconhecer que os números da dengue deste ano estejam maiores que os de 2014. Ele informou que conversaria com o secretário de Saúde, Daniel Soranz, sobre o assunto.
PREVISÃO DE CHUVA CAUSA PREOCUPAÇÃO
Segundo a Secretaria municipal de Saúde, as ações de combate aos criadouros do mosquito na capital são realizadas o ano inteiro, mesmo nos meses de baixa incidência da dengue. Este ano, afirma o órgão, já foram feitos cinco milhões de inspeções a imóveis, em busca de focos do Aedes aegypti, tendo sido eliminados 550 mil. Em 2014, foram 8,4 milhões de visitas e mais de um milhão de focos extintos.
A previsão de chuva para hoje causa preocupação, por causa da possibilidade do aumento do número de mosquitos no Rio.— Se chover, sete dias são suficientes para haver mais mosquitos na cidade — disse o infectologista Marcos do Lago, que também é professor de pediatria da Uerj. — Uma vacina contra dengue deve surgir nos próximos anos. Enquanto isso, não há muito como se proteger. Em geral, de quatro em quatro anos ocorrem os surtos. O Rio pode estar próximo de mais um.
O SUS entre o ideal, o real e o possível
02/09/2015 - Valor Econômico
Muitos dos que rejeitam um novo tributo para financiar a saúde aplaudem decisões judiciais que obrigam o fornecimento de tratamentos de altíssimo custo pelo Estado. Esta posição, para manter sua coerência, parte da premissa de que a enorme distância entre o que se espera do Sistema Único de Saúde (SUS) e a realidade do que ele oferece se deve à corrupção, má gestão e falta de vontade política de governos. Embora não se possa minimizar estes problemas, reduzir as limitações do sistema público de saúde a eles reflete a falta de entendimento tanto da realidade do SUS quanto do que se pode esperar dele.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o gasto público per capita em saúde no Brasil quadruplicou nos últimos dez anos, mas ele é ainda seis vezes menor que no Reino Unido, em cujo sistema público de saúde o SUS foi inspirado. Não há lisura, competência ou vontade que permita ao SUS oferecer a mesma qualidade com um orçamento tão menor.
Porém, e se tomarmos o sistema britânico como um exemplo daquilo que o SUS pode ser, ainda que o Brasil consiga sextuplicar seu gasto público em saúde e tiver padrões britânicos de corrupção, gestão e vontade política (assumindo que tudo isso seja de fato melhor lá), continuará havendo limites com relação às ações e serviços que o SUS poderá oferecer.
O sistema de saúde britânico, mesmo com um gasto per capita muito maior que o nosso, tem filas de espera para procedimentos, acesso restrito a especialistas e exames, co-pagamento para alguns serviços, carência de vagas em hospitais psiquiátricos e limita o acesso a tecnologias de alto custo. É também um sistema que está sob enorme pressão financeira. Estima-se em mais de R$ 150 bilhões de reais o déficit do serviço nacional de saúde britânico até 2020 e especialistas temem pela sua sustentabilidade em um futuro próximo.
Para se ter a dimensão das diferenças, este valor é maior que todo o orçamento do Ministério da Saúde e das Secretarias estaduais de saúde no Brasil em um ano. E o Reino Unido não é um caso excepcional, pois mesmo países com gasto ainda maior em saúde têm encontrado dificuldades para financiar os custos crescentes em seus sistemas e não conseguem oferecer todo o cuidado à saúde que sua população espera.
Comparar o SUS com outros sistemas muito mais bem financiados (ou com versões idealizadas deles), se feito de forma descontextualizada, impede que se dê o devido reconhecimento e valor às conquistas que o SUS proporcionou. As melhoras significativas em indicadores como mortalidade infantil, mortalidade materna, expectativa de vida e acesso à atenção primária em saúde não seriam alcançadas em um país tão desigual sem um sistema público de saúde de acesso universal e gratuito.
Muitos cidadãos jamais teriam visto um médico não fossem por programas como o Saúde da Família e o Mais Médicos. Apesar da percepção geral negativa em relação ao SUS, pesquisas de opinião têm constantemente apontado que a maioria dos usuários do sistema está satisfeita com o serviço que recebe. A compreensão do que o SUS conseguiu realizar em condições de baixo financiamento e dos desafios que a saúde pública ainda precisa superar qualifica o debate sobre novas fontes de recursos para a saúde.
Expectativas irreais também levam a que se obrigue o SUS, por meio de ações judiciais, a fornecer tratamentos de alto custo, muitas vezes experimentais ou realizados no exterior, que não são custeados nem por sistemas muito mais ricos. O não fornecimento desses tratamentos pelo SUS é visto por parte da opinião pública e do Judiciário como uma falha do governo. Porém, esse não é necessariamente o caso e muitas vezes pode ser sinal de uma administração pública responsável.
O relatório "Making Fair Choices on the Path to Universal Coverage" da OMS propõe que sistemas de saúde priorizem serviços que ofereçam grandes ganhos em saúde a custo baixo e com evidência científica robusta de segurança e efetividade, ainda que isso implique não financiar tratamentos pouco custo-efetivos ou de natureza experimental. E quanto mais escassos os recursos, mais importante é a escolha de prioridades. Contudo, esse tipo de priorização que torna o sistema mais eficiente e justo é impossível quando se espera que ele forneça tudo a todos.
Mais construtivo do que pensar o que seria um sistema de saúde ideal e esperar que o SUS se conforme a ele seria, a partir do ponto onde estamos, planejar como torná-lo mais justo, humano e eficiente, e refletir sobre quanto esforço estamos dispostos a colocar na forma de maior tributação ou desinvestimento em outras áreas para que isso se realize. Em outras palavras, o que esperamos do SUS deve ser proporcional ao quanto queremos pagar por ele. Do contrário, existe um sério risco de que o SUS ideal atrapalhe o real e o possível.
Só 20% dos médicos fazem diagnóstico baseado em evidências, diz especialista
31/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site
Tecnologias avançadas para diagnóstico podem agilizar tratamentos, mas médicos ainda precisam se preparar para a aplicá-las. Diagnóstico: a base para prevenção e tratamento de doenças foi o tema da terceira mesa de debates do Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, realizado pela Folha no Tucarena, em São Paulo, nesta segunda (31).
Participaram da mesa o cirurgião Robinson Poffo, responsável pelo Programa Cirúrgico de Transplante Cardíaco do Hospital Albert Eistein, Álvaro Nagib Attalah, diretor do Centro Cochrane Brasil, e Armando Lopes, vice-presidente de Healthcare da Siemens.
Poffo discorreu sobre a aplicação da cirurgia robótica, cuja aplicação para a área de cardiologia no Brasil é das mais recentes em todo o mundo: começou a ser implementada há quatro anos. Hoje presente em 13 instituições em todo o país, a técnica vem ajudando a reduzir o tempo médio de internação dos pacientes de 12 para apenas quatro dias e é um exemplo de tecnologia de ponta que vem ajudando as instituições a racionalizar custos e aumentar a eficiência dos procedimentos."Incorporamos a tecnologia para agregar segurança ao atendimento dos pacientes, e ela tem mostrado que pode ser uma solução para os problemas do sistema publico, em razão da eficiência que traz", afirmou Poffo.
O cirurgião reconhece que o alto custo de tecnologias de ponta como a cirurgia robótica pode ser um empecilho para sua disseminação pelo país, mas o modelo de parcerias público-privadas entre hospitais privados e o sistema público de saúde deve ser o primeiro passo da adoção dessas tecnologias.
"A incorporação dessas tecnologias deve começar nas instituições de alta performance, para depois ser levada à rede pública por meio de parceria. Talvez nem seja preciso aumentar o número de leitos, e sim sermos mais eficientes no uso das tecnologias."
A cirurgia robótica, disse Poffo, há cinco anos era "um sonho distante" e hoje já permite a redução nos custos com internação de pacientes na rede privada.
A aplicação de tecnologias avançadas no diagnóstico de doenças encontra respaldo legal no Brasil, mas deve estar baseada nas melhores evidências científicas disponíveis, de acordo com a Lei 12.401. Na prática, porém, apenas 20% dos médicos brasileiros têm seu aprendizado baseado em evidências, ressaltou Álvaro Nagib Attalah, do Centro Cochrane Brasil.
O Cochrane é uma organização sem fins lucrativos que atua no mapeamento do conhecimento disponível na área de saúde e na elaboração e divulgação de revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados, o mais alto nível de evidência científica no setor.
"Muitos médicos, ao fazerem um diagnóstico, partem para condutas que fazem mais mal do que bem, e isso ocorre porque falta conhecimento científico na tomada de decisão", afirmou Attalah.
Segundo Attalah, até as disputas na Justiça em razão de procedimentos médicos - a chamada judicialização - poderiam ser reduzidas em mais de 70% se as evidências científicas fossem mais usadas na tomada de decisão. Em razão disso, o Centro Cochrane tem realizado parcerias com entidades ligadas à Justiça para disseminar o conhecimento baseado em evidências entre juízes e promotores.
Outro convênio é com o Ministério da Saúde, onde 30 mil profissionais da área já foram treinados com esse enfoque. A escolha de procedimentos clínicos utilizando o conceito de saúde baseada em evidências tem sido um dos trunfos do programa ObamaCare, nos EUA.
"Se a lei exige evidências científicas, é pra assegurar a saúde do paciente. É preciso racionalizar os custos da saúde no Brasil, mas sempre analisando o custo-benefício. Podemos economizar em tudo, menos em avaliação tecnologica de qualidade, que ajuda a prevenir o desperdício de recursos públicos", afirmou Attalah.
A tecnologia tem que ser vista como investimento, não como custo, na avaliação de Armando Lopes, vice-presidente sênior da Siemens Healthcare do Brasil. "Ela tem que se pagar, ter pé e cabeça e trazer retorno para quem investe, por isso é preciso gerar evidências", disse.
Segundo o executivo, as tecnologias na área de saúde tendem a baratear à medida que são incorporadas pelos hospitais, o que dá espaço para que novas fronteiras tecnológicas, como o uso de aplicativos para diagnósticos à distância (hoje já utilizados no Brasil na área de oftalmologia) e de impressões 3D se tornem mais competitivos no médio prazo.
"Esse conhecimento é importante na ampliação do acesso à saúde, pois vai permitir diagnosticar e tratar um número maior de pessoas com melhor retorno para as instituições de saúde", afirmou Lopes.
Pouco sono, mais doença
01/09/2015 - O Globo
Estudo mostra que quem dorme menos de seis horas tem quatro vezes mais chances de ficar resfriado. Os benefícios para a saúde de uma boa noite de sono são conhecidos há tempos pela medicina, mas um novo estudo, publicado ontem na revista científica “Sleep”, foi capaz de demonstrar que, além de cansaço e estresse, dormir pouco pode, literalmente, aumentar as chances de ficar doente. De acordo com os pesquisadores, pessoas que dormem seis horas ou menos por dia são quatro vezes mais propensas a pegar resfriados em comparação com quem dorme ao menos sete horas.— Vai além de se sentir grogue ou irritado — diz Aric Prather, professor de Psiquiatria na Universidade da Califórnia em São Francisco ( UCSF) e líder do estudo. — Não dormir o suficiente afeta a saúde física.
Também participaram da pesquisa profissionais das universidades Carnegie Mellon e de Pittsburgh. A equipe monitorou 164 voluntários com sensores que medem a duração e a qualidade do sono. Os participantes também responderam a entrevistas e questionários para a avaliação de outras variáveis, como estresse, temperamento e uso de álcool e tabaco.
Para medir a propensão ao resfriado, os participantes foram isolados em um hotel e tiveram o vírus administrado por via nasal. Eles foram monitorados por uma semana, com coleta diária de amostras de muco para avaliar a progressão da doença. Os resultados mostraram que os indivíduos que dormiam menos de seis horas por noite tinham 4,2 vezes mais chances de pegar o resfriado, em comparação com os que dormem mais de sete horas. Para quem dorme menos de cinco horas, a relação foi de 4,5 vezes.
— O sono vai além dos outros fatores que medimos — diz Prather. — Não importa idade, níveis de estresse, raça, educação ou renda. Não importa se é fumante ou não. Com todas essas variáveis sendo consideradas, estatisticamente o sono se mostrou um forte indicador para a suscetibilidade ao vírus do resfriado.
EFEITOS NO SISTEMA IMUNOLÓGICO
Os pesquisadores apenas mostraram a correlação entre distúrbios do sono e resfriado, mas Luciana Palombini, especialista da Associação Brasileira do Sono, acredita que se trata de uma reação do organismo ao estresse de uma noite mal dormida. Um outro estudo já havia demonstrado que a baixa quantidade ou qualidade do sono prejudica a eficácia da vacina contra a gripe por causa da liberação de hormônios que afetam o sistema imunológico.
E esse problema tende a afetar cada vez mais pessoas. O aumento das possibilidades de distração, seja por trabalho ou entretenimento, está criando um fenômeno de redução de horas de sono que já é considerado uma epidemia.
— Existe uma epidemia, sim, de restrição do sono — afirma Luciana. — Não é insônia. As pessoas, voluntariamente, estão dormindo menos do que precisam. As consequências de curto prazo são sonolência, dificuldade de concentração e irritabilidade, que acontecem no dia seguinte, mas existem também problemas no longo prazo.
No ano passado, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA ( CDC, na sigla em inglês) declarou a insuficiência de sono como uma “epidemia de saúde pública”. Estudos realizados por lá estimam que entre 50 milhões e 70 milhões de americanos adultos sofram de algum distúrbio do sono. De acordo com o CDC, pessoas que possuem essa insuficiência são mais propensas a sofrer de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, depressão, obesidade e câncer, além de terem a qualidade de vida e a produtividade afetadas. Estudos também relacionam a falta de sono com acidentes de automóvel e de trabalho e com erros médicos e ocupacionais.
O assunto é levado tão a sério que a Academia Americana de Pediatria, com respaldo do CDC, emitiu uma recomendação às escolas para que as aulas só tenham início após as 8h30m, para que os jovens estudantes possam alcançar o nível de descanso ideal para a idade, recomendado entre 8,5 e 9,5 horas por noite. Para adultos, a recomendação é de sete a oito horas.
Luciana ressalta que existem os dormidores curtos, aqueles que precisam de menos horas de descanso por dia, mas são uma minoria. É comum ouvir pessoas dizerem que dormem cinco ou seis horas e conseguem ficar bem no dia seguinte, mas isso não significa que elas não sofram de insuficiência.
— Às vezes, a pessoa se adapta a dormir pouco. Ela tem responsabilidades, precisa acordar e ficar bem, e consegue — comenta Luciana. — Mas ela pega um jornal para ler e dorme, liga a TV e dorme, ou passa o fim de semana inteiro dormindo. Isso é sinal de falta de qualidade no sono.
PROBLEMA SILENCIOSO
Apesar de, no longo prazo, a privação de sono contribuir para graves problemas de saúde, os pacientes só percebem que não estão dormindo bem em casos extremos. O pneumologista João Marcos Salge, do Centro de Medicina do Sono do Hospital do Coração de São Paulo, contou que são três os principais motivos que levam as pessoas a procurarem um médico: insônia aguda, ronco ( normalmente o parceiro que pressiona pela consulta) e episódios atípicos, como dormir ao volante ou falta de concentração para realizar tarefas.
— E o que tem acontecido cada vez mais são pessoas sem histórico de ronco ou sonolência, mas que sofrem de alguma patologia crônica cardiovascular ou neurológica — diz Salge. — Hoje, a privação do sono já é considerada fator de risco para doenças cardiovasculares.
Apesar de não existirem números que abarquem a questão no país, o especialista está convicto de que, ao menos nas grandes cidades, as pessoas estão dormindo cada vez menos:
— No fundo, nesse mundo moderno, existe a percepção de que dormir é perda de tempo.
E a tecnologia tem exercido papel fundamental nessa piora do sono. A professora Julia Barros tinha extrema dificuldade para pregar os olhos, que ficavam vidrados na tela do smartphone. Em média, ela dormia entre cinco e seis horas, e uma simples mudança de hábito provocou uma melhora sensível na qualidade de vida.
— Eu deixo o celular na cabeceira e não toco nele depois de ir para a cama — revela Julia. — Agora durmo oito horas por noite, e meu desempenho no dia seguinte melhorou bastante.
Para Salge, o uso de tablets e smartphones antes de dormir não é uma patologia, mas deve ser evitado.
— É mais um concorrente para o sono — sentencia.
Médicos mal remunerados praticam 'medicina vingativa'
01/09/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Cláudia Collucci
O termo "medicina vingativa" foi usado pelo médico Cláudio Lottenberg, presidente do Hospital Albert Einstein, durante debate no Fórum Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha nesta segunda (31).
Segundo Lottenberg, o médico mal remunerado pratica a medicina vingativa. Pede exames demais, desnecessários, para diluir a sua responsabilidade.
Fiquei curiosa sobre essa tal de medicina vingativa e fui atrás para saber mais. Há registros desde 1998, exatamente o mesmo ano da criação da lei 9.656, que rege os planos de saúde. Naquela época, a Sociedade Brasileira de Auditoria Médica estimava que 20% dos médicos credenciados a grupos de medicina de grupo, convênio médicos, planos de autogestão e seguradoras cometiam algum tipo de fraude. Como achavam que ganhavam pouco, os médicos criavam métodos para arrecadar mais.
Os associados tinham (e ainda têm) uma mentalidade parecida: como pagam, costumam ir a vários médicos da mesma especialidade até encontrarem um que considerem mais simpático, por exemplo. Esquecem que carteirinha do plano não é um cheque em branco. Aquele custo será repassado para ele no próximo reajuste do plano.
Tudo conspira a favor dessa medicina perversa, a começar pelo atual modelo de remuneração, que premia a doença e não a saúde do pessoa. Que paga mais o especialista do que o generalista, o médico que deveria estar na porta de entrada do sistema de saúde.
Nenhum país do mundo com saúde universalizada acontece essa distorção que a gente vê por aqui, de o paciente marcando consulta direto com um especialista. No Canadá e Reino Unido, por exemplo, a regra é clara: passa primeiro com o médico de família, que é a referência dele dentro do sistema. É ele que, que, se for o caso, vai encaminhar o paciente para o especialista certo e dialogar com ele.
Com isso, evita-se o que a gente vê hoje por aqui: o paciente perdido dentro do sistema, passando de especialista em especialista, sem ninguém responsável por ele. Quando adoece, procura o pronto-socorro. Lá, faz um raio-X ou um outro exame qualquer e, pronto, está acabado o "cuidado".
Quando isso vai mudar? Quando nós, pacientes, sairmos da passividade. Foi a uma consulta e o médico mal te olhou e já pediu exames? Reclame.
Durante o fórum, uma das tendências discutidas foi o autocuidado, inclusive com o uso de aplicativos em saúde. Com mais acesso à informação, os pacientes terão maior responsabilidade dentro do tratamento, o que deverá ter impacto na própria atuação do médico. "Os médicos têm que entender que terão papel diferente no futuro e que perderão o protagonismo para o paciente", previu Paulo Chapchap, superintendente de Estratégia Corporativa do Hospital Sírio-Libanês. Espero estar viva para ver isso.
Raízes da libido.
01/09/2015 - Folha de S.Paulo
Recém-aprovado nos EUA, o "viagra feminino" –remédio Addyi, primeiro liberado para tratar disfunção sexual nas mulheres– ainda está longe de chegar às farmácias brasileiras. Mas as lojas e sites de produtos naturais do país estão abarrotadas de opções que prometem turbinar o apetite sexual feminino.
Usados juntos ou de forma individual, a lista inclui chá de diferentes raízes, infusões com erva daninha e até uma planta andina de nome exótico. Para os especialistas, faltam evidências científicas que comprovem a eficácia desses métodos naturais.
Mesmo assim, a popularidade e a variedade à venda não param de crescer.
Nesse mundo, a maca peruana, um tubérculo originário dos Andes, é a mais recente sensação. Algumas pesquisas indicaram que o vegetal estimularia a produção de testosterona, favorecendo o desejo sexual.
"Testosterona não é tudo. Todo mundo coloca muita coisa em cima da testosterona, mas ela sozinha não vai nunca fazer a mulher se liberar", diz o médico e terapeuta sexual João Luis Borzino.
Outros produtos afrodisíacos "famosos", como a catuaba (nome vulgar de diferentes ervas brasileiras, popularizado pela bebida alcoólica), o chá de laranjeira e o Tribulus terrestris (veja ao lado) também não são poupados do crivo dos especialistas.
"Em termos científicos, esses métodos não têm qualquer eficácia", diz Theo Lerner, ginecologista e membro do Ambulatório de Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP.
Apesar da falta de comprovação documentada da eficácia dos princípios ativos, eles podem funcionar de maneira benéfica para algumas: maca peruana, catuaba e as diferentes opções de elixires podem atuar como um placebo.
"Tem mulher que se sente muito melhor por estar usando um produtinho desses. E aí se solta, relaxa... Mas não necessariamente pela substância. É uma coisa de autoconfiança", avalia Borzino.
PROBLEMA COMUM
Pesquisas no Brasil e no exterior indicam que a disfunção sexual feminina é um problema comum, tanto em jovens quanto nas mais velhas.
Um levantamento feito em São Paulo com as participantes do Ambulatório da Sexualidade do HC indica que 65% das mulheres se queixam da falta de libido e 23% da ausência de orgasmos.
São relativamente poucos os problemas biológicos que comprometem o desejo e as relações sexuais, como algumas alterações na tireoide, depressão e a vaginite. A maioria dos casos tem forte componente emocional.
O sexólogo João Borzino destaca que as mulheres ainda sofrem mais repressão a seu comportamento, o que deixa profundas marcas em relação ao sexo.
"Há quem ache o próprio corpo tão sujo, tão proibitivo, que não tem nem coragem de introduzir o dedo na vagina para colocar um absorvente interno", diz ele.
Há um mês em tratamento para lidar com a falta de libido, a professora Daniela (nome fictício), 40, diz ser muito insegura com sua aparência. "Sou casada há dez anos e, há dois, não consigo mais transar com o meu marido com a luz acesa e sem pelo menos uma camiseta".
Para os especialistas, não existe uma fórmula única para lidar com a questão, mas eles ressaltam que a terapia psicológica e um trabalho de conhecimento corporal costumam ter papel muito importante.
"Não tem fórmula mágica ou única para todas, nem o 'viagra feminino'", ressalta Theo Lerner. A pílula americana, embora aprovada pelo órgão regulador americano, sofre críticas de que não apresentou evidências científicas suficientes que a legitimem.
Estudiosa da sexualidade feminina anos e autora de livros sobre o tema, Albertina Duarte, coordenadora do programa Saúde do Adolescente da secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, ressalta a importância de trabalhar a autoestima feminina.
"O ponto G também está no ouvido. A mulher precisa se sentir desejada, gostosa. O grande viagra é melhorar como a mulher se sente", diz.
ANS avalia repassar carteira da Unimed Paulistana
01/09/2015 - Valor Econômico
Com problemas financeiros há mais de seis anos, a Unimed Paulistana pode ser obrigada a transferir sua carteira com 745 mil usuários para outra cooperativa médica ou operadora de plano de saúde. Outra alternativa seria a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) renovar por mais um ano o regime de direção fiscal e técnica - medida em que um diretor da agência reguladora fica alocado dentro da operadora acompanhando o desempenho financeiro e atendimento aos clientes. A direção fiscal e técnica, cuja duração é de até um ano, foi implementada na Paulistana pela primeira vez em 2009, depois em 2013, foi renovada em 2014 e agora há um outro pedido de renovação por parte da nova diretoria da cooperativa médica que tomou posse em abril.
Caso a ANS determine a transferência da carteira, a preferência será dada à Central Nacional Unimed (CNU) e Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp), segundo o presidente da Unimed Paulistana, Marcelo Nunes. A CNU possui 1,7 milhão de usuários de planos de saúde corporativos ligados a companhias com escritórios em pelo menos três Estados do país. Em 2014, a Central Nacional Unimed teve receita de R$ 2,5 bilhões e lucro de R$ 42,4 milhões. Já a Fesp, que congrega exclusivamente as Unimeds do Estado de São Paulo e tem 582 mil clientes, apurou prejuízo de R$ 28 milhões para uma receita de R$ 1,1 bilhão no ano passado.
No fim dos anos 90 com a quebra da Unimed São Paulo, os clientes dessa cooperativa foram transferidos para a Paulistana, CNU e Fesp. Atualmente, a Central Nacional Unimed tem em sua carteira 10 mil usuários de planos de saúde individual provenientes da Unimed São Paulo.
De acordo com Nunes, caso seja decretada a alienação da carteira, os passivos tributários, bancários e com prestadores de serviço permanecem com a Unimed Paulistana. O endividamento com os hospitais, laboratórios e clínicas médicas gira entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões e, segundo o executivo, será coberto com as reservas técnicas (provisões exigidas pela ANS), reversões tributárias e faturamentos que ainda não foram creditados. Na semana passada, a Rede D'Or, dona dos hospitais São Luiz e D'Or, e a Dasa, que comanda laboratórios como Delboni Auriemo e Lavoisier, romperam contratos com a Unimed Paulistana por falta de pagamento.
Nunes destacou ainda que a atual rede própria da Unimed Paulistana formada por hospital, clínicas, laboratórios e os médicos cooperados continuarão prestando serviços para outras cooperativas médicas, independentemente do desfecho determinado pela agência reguladora.
O presidente da Unimed Paulistana conta que solicitou à ANS a prorrogação do regime de direção fiscal e técnica, que vence no próximo dia 22 de setembro, por mais um ano para implementar um programa de recuperação da empresa. "Hoje, o resultado operacional é negativo em 10%. Nossa meta é que esse indicador seja zero em fevereiro de 2016 e atinja uma margem Ebitda positiva de 10% em 2020", disse Nunes. Um dos indicadores financeiros mais preocupantes é o patrimônio líquido que ficou negativo em R$ 169,2 milhões em 2014.
O programa de reestruturação da Paulistana prevê a redução de despesas administrativas e custos com, por exemplo, mudanças da rede credenciada e compras diretas de órteses e próteses. No entanto, essa não é a primeira tentativa da cooperativa médica para equacionar as finanças que até já foram bem piores. Em 2012, a Unimed Paulistana registrou um prejuízo de R$ 120 milhões e precisou fazer uma chamada de capital para que os médicos cooperados entrassem com aportes a fim de compor um fundo de reserva técnica e margem de solvência no valor de R$ 67 milhões. Após esse resultado negativo, foi contratado Augusto Cruz, consultor e ex-presidente do Pão de Açucar, que permaneceu como CEO entre 2013 e o começo deste ano.