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CLIPPING - 31/08/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Mais tecnologia a um custo menor

28/08/2015 - Valor Setorial - Saúde


Para reduzir o forte peso dos biofármacos no orçamento anual do Ministério da Saúde, da ordem de 51 %, o governo implantou um programa de parcerias entre laboratórios nacionais e estrangeiros para absorção de conhecimento e transferência de tecnologia para a produção local. O objetivo é que o Brasil ingresse no seleto grupo de países que investem em pesquisa e inovação da chamada rota biotecnológica, voltada para o desenvolvimento de medicamentos destinados principalmente ao tratamento de doenças típicas da terceira idade.

Conduzidos por Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs), os projetos têm como requisitos a participação de laboratórios públicos e o fornecimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) de remédios com preço inferior ao do mercado. Embora consumam em torno de 51 % do orçamento público anual da saúde, os biofármacos representam apenas 4% do volume total de compras.

Pelo SUS, são oferecidos à população 26 biofármacos para tratamento de câncer, diabetes, artrite, doença de Gaucher, hemofilia, além de imunoterapia e hormônio de crescimento. Para 2015, estão previstos 11 novos medicamentos produzidos por meio dessas parcerias, dos quais seis são biológicos.

A produção local movimenta oda a cadeia produtiva nacional do setor farmacêutico, afirma Artur Roberto Couto, diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz, autarquia que tem quatro contratos assinados de PDP: Infliximabe (Remicade), da Janssen-Cilag; AlfaTaglicerase, da israelense Protalix, e as vacinas Pneumocócica 10 e Tetraviral (MMRV), ambas da GSK. Além disso, soma uma carteira de desenvolvimento próprio de 34 produtos, entre vacinas, reativos diagnósticos e biofármacos.

O Infliximabe é comercializado pela Janssen-Cilag no mercado brasileiro desde 1998. Este ano, o Bio-Manguinhos obteve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para assumir o seu fornecimento ao SUS. Segundo Couto, o Ministério da Saúde gastou R$ 175 milhões com a compra do medicamento no ano passado. Com a perspectiva de redução anual de 5% no preço final, o Brasil poderá economizar RS 258 milhões em divisas em sete anos.

Até o momento, o Bio-Manguinhos forneceu cerca de 130 mil frascos do Infliximabe, de um total de 178.969 previstos para 2015. "Neste primeiro ano, a economia de divisa foi de RS 4 milhões", afirma Couto. Indicado para o tratamento de doenças crônicas, como artrite reumatoide, doença de Crohn, espondilite anquilosante, colite ulcerativa, psoríase e artrite psoriásica, o medicamento será produzido pela Bionovis, joint venture entre os laboratórios Aché, EMS, Hypermarcas e União Química, na fábrica que está sendo construída em Valinhos (SP).

Entretanto, a Janssen-Cilag seguirá como responsável pela venda do Remicade ao setor de saúde privada no Brasil. Com atuação em doenças infecciosas, hematologia, sistema nervoso central e imunologia, a empresa considera o biofármaco estratégico para os seus negócios. Além do Remicade, que registrou vendas de USS 6,8 bilhões em nível global no ano passado, há mais dois projetos aprovados com foco nessa área: o do Ustequinumabe (Stelara) e o do Golimumabe (Simponi).

Segundo Luiz Dias Rubio, CEO da Janssen-Cilag, outras novidades devem chegar ao mercado nos próximos anos, como o Daratumumabe, um anticorpo monoclonal destinado ao tratamento de mieloma múltiplo, que é um tipo de câncer do sangue. "Acreditamos que será um novo paradigma no tratamento da doença. Esperamos registrar o produto entre o fim de 2015 e o começo de 2016 e, talvez, um ano depois iniciar a comercialização no Brasil."

Da carteira de desenvolvimento da Bionovis fazem parte dez projetos de biofármacos, dos quais sete em parceria com o laboratório Merck, um com a Janssen-Cilag e dois próprios. Em diferentes fases, os trabalhos são conduzidos ao ritmo do vencimento das respectivas patentes, diz Odnir Finotti, presidente da Bionovis, que mantém a projeção de faturar o equivalente a R$ I bilhão no período de dez anos com a venda dos produtos.

O complexo fabril de Valinhos terá condições de produzir o primeiro lote de medicamentos em larga escala, no fim de 2017, se o cronograma de certificação da planta e de homologação dos equipamentos for seguido. "A capacidade instalada é de 400 quilos de princípios ativos por ano, que são suficientes para abastecer a demanda interna", revela Finotti, acrescentando que o investimento na montagem do parque fabril gira em torno de R$ 350 milhões.

A brasileira Eurofarma negocia com o Bio-Manguinhos contrato de PDP para transferência de tecnologia do Filgrastima - biossimilar do Granulokine, da Roche -, que passou pela fase de estudos clínicos e aguarda registro da Anvisa e de órgãos reguladores de outros países. "A expectativa é de que o medicamento esteja disponível para a população brasileira no ano que vem", afirma Vanda Dolabela Magalhães, gerente de biotecnologia da companhia.

O Filgrastima induz o crescimento dos neutrófilos, que são células de defesa, evitando que pacientes com câncer ou que se submeteram a transplantes contraiam doenças infecciosas oportunistas em decorrência da quimioterapia, que destrói o sistema imunológico. Segundo Vanda, a fábrica da Eurofarma, instalada em São Paulo, tem capacidade de suprir a demanda interna, aliviando os cofres públicos. Nos últimos cinco anos, o Brasil gastou cerca de RS 80 milhões na aquisição desse medicamento para abastecer o SUS.

Os projetos de dois anticorpos monoclonais - Trastuzumab, para o tratamento de câncer de mama, e Etanercept, destinado a doenças autoimunes -, desenvolvidos pelo Cristália em parceria com o laboratório coreano Alteogen, estão em fase de estudos clínicos, que devem durar por pelo menos mais 24 meses, conforme previsão de Ogari Pacheco, presidente da companhia.

No total, o Cristália toca cinco projetos de biológicos simultaneamente, como o da Colagenase para tratamento de feridas e queimaduras. Na Anvisa há um pedido de autorização para produção do medicamento com insumo nacional, derivado de proteína vegetal, em substituição ao importado, que é à base de proteína animal. "Trata-se de uma inovação incrementai", destaca Pacheco, que estima negócios de US$ 6 milhões com sua oferta no Brasil e exportações em torno de U$S 40 milhões.

A lista de projetos de biofármacos da Pfizer inclui medicamentos para as áreas de imunologia (Adalimumab e Infliximabe) e oncologia (Bevacizumabe, Rituximabe e Trastuzumab), que estão na última fase de estudos clínicos. Segundo Victor Mezei, presidente da companhia no Brasil, há uma parceria com a brasileira Orygen Biotecnologia, uma joint venture formada pelos laboratórios Eurofarma e Biolab, que envolve a construção de uma fábrica para biossimilares. "Isso permitirá uma nova etapa de desenvolvimento local para a produção desses medicamentos no país", afirma.

A construção da fábrica de biofármacos da Libbs, em Embu (SP), está na fase final e tem previsão para iniciar a produção dos lotes-pilotos no primeiro semestre de 2016. A planta terá capacidade de produção de 24 mil litros de biofármacos dos cinco projetos de PDPs com a argentina Chemo e os laboratórios públicos Instituto Butantan e a Bahiafarma.

Segundo Márcia Martini Bueno, diretora de relações institucionais da Libbs, o projeto mais adiantado é o do medicamento Rituximabe, para tratamento de linfomas e outras doenças autoimunes, que deverá ser comercializado em 2017. "Aumentamos de 25 para 29 o número de centros brasileiros de pesquisa, com o objetivo de acelerar a inclusão de pacientes, e conseguirmos finalizar o estudo no prazo previsto."




Feijão em frasco de remédio

29/08/2015 - Correio Braziliense


Após comprar um remédio para a mãe em uma farmácia de Sobradinho, a bancária Eliana Sena, 44 anos, espantou-se ao abrir o frasco do produto e encontrar caroços de feijão (foto). Eliana conta que notou que o lacre do medicamento estava rompido. “Quando abri, achei estranho ter tão pouco conteúdo. Coloquei em um prato e contei 24 caroços de feijão. Voltei imediatamente à farmácia”, conta. De acordo com a bancária, a quantia de R$ 205, gasta ao comprar o remédio, foi devolvida à cliente, que registrou uma ocorrência na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Ministério Público e no laboratório Zodiac, responsável pela produção do remédio. Ainda segundo Eliana, ao voltar à farmácia e relatar o caso, os funcionários duvidaram da veracidade. O gerente fez algumas ligações e depois abriu um novo pote do mesmo medicamento, que estava no estoque, e também encontrou feijões. “A receita que o médico me deu era para três caixas do remédio. Eu comprei só uma, pois era caro e não sabia se ela (a mãe) se adaptaria. Se tivesse comprado todas, provavelmente, ia pegar o estoque da farmácia. Como provaria que recebi feijões?”. De acordo com a bancária, o laboratório entrou em contato com ela por e-mail e informou que a referida embalagem, deixada na farmácia, será recolhida para investigação e apuração de eventuais irregularidades.




Mercado Aberto: Distribuição de medicamentos cresce 18% no semestre

30/08/2015 - Folha de S.Paulo


Enquanto a maioria dos segmentos econômicos do país amarga retrações, o de distribuição de produtos farmacêuticos pode até comemorar. O faturamento das empresas do setor avançou 18% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado.

As vendas atingiram

R$ 6,63 bilhões nos seis primeiros meses de 2015. Em unidades, foram 403 milhões, o que representa elevação de 12%, segundo dados da Abradilan (associação que reúne as distribuidoras).

"O setor sente reflexo da crise, mas não tanto quanto os demais. As pessoas só deixam de comprar medicamentos em último caso", diz o diretor-executivo da entidade, Geraldo Cardoso Monteiro.

Prova de que o segmento também sofre com o freio na economia é o ritmo de expansão em anos anteriores. A média no primeiro semestre costumava ficar entre 20% e 25%, chegando a 30% algumas vezes, segundo a entidade.

Os próximos meses devem ser de desaceleração e a estimativa do setor é encerrar 2015 com uma alta de 13% a 15% no faturamento.

"Muita gente dispensada no primeiro semestre ainda tinha seguro-desemprego. Agora, não terão mais. Os demitidos deixam de ter plano de saúde e de ir ao médico com frequência, reduzindo o consumo de medicamentos", afirma Monteiro.

As 140 empresas associadas à entidade empregam hoje cerca de 11 mil pessoas. "Por enquanto, não temos percebido queda."




Medicina tecnológica

31/08/2015 - Folha de S.Paulo


Tem sido profícua e intensa a relação entre medicina e tecnologia nos últimos cem anos. Da invenção do eletrocardiograma, no início do século 20, até o recente desenvolvimento de órgãos artificiais e próteses robóticas, são inúmeros os avanços produzidos nas áreas de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação.

A introdução de muitas das novas tecnologias no sistema de saúde, contudo, constitui desafio considerável. Seja pela especificidade de seus usos, seja pela complexidade envolvida, a incorporação dessas ferramentas à rotina hospitalar é um dos fatores que mais encarecem a assistência médica.

Distingue-se, nesse ponto, o resultado da aplicação das tecnologias de comunicação à medicina.

A chamada telemedicina é uma das maneiras mais baratas e eficazes de oferecer certos atendimentos médicos de qualidade num país com as dimensões do Brasil. Afinal, não são muitos os profissionais, sobretudo especialistas, que se dispõem a viver em localidades distantes dos grandes centros.

Tampouco é viável sempre deslocar para cidades maiores pessoas que, em muitos casos, precisam apenas de consultas de rotina.

O expediente permite, por exemplo, que médicos do Hospital Geral de Vitória da Conquista, no interior da Bahia, discutam com colegas do hospital Albert Einstein, em São Paulo, as condutas e procedimentos no atendimento a um paciente internado na instituição baiana, como mostrou a série de reportagens sobre tecnologia e acesso à saúde produzida por esta Folha.

Outras vantagens são a redução de custos e o aumento da eficiência de centros de saúde, já que um diagnóstico rápido e correto diminui o tempo de internação e o número de exames necessários. Países como Canadá, Austrália, Índia e China já utilizam com sucesso o recurso tecnológico.

A expansão dessa ferramenta no Brasil, porém, encontra sérios entraves. Eles começam na precária infraestrutura de muitos hospitais, que carecem não só de banda larga de internet como também de equipamentos médicos básicos.

Passam por aspectos regulatórios, como a falta de uma definição sobre responsabilidades com relação a eventuais erros, e terminam na resistência de muitos profissionais a adotar novas práticas.

Depois de ter dado um importante impulso à telemedicina na década passada, o Brasil progrediu pouco nos últimos anos. É uma pena. O potencial benefício a dezenas de milhões de brasileiros deveria ser mais do que suficiente para o país apostar nessa ferramenta.




Para crescer 30%, One Health, da Amil, busca cliente fora de São Paulo

31/08/2015 - Valor Econômico


A One Health, unidade de planos de saúde premium da Amil, aposta em mercados fora do eixo Rio-São Paulo para atingir a meta de crescimento de 30% neste ano, mesmo com a economia brasileira andando para trás. Hoje, 95% de sua carteira de 105 mil vidas está nesses dois Estados. Na mira estão Belo Horizonte, Curitiba e Distrito Federal, além de capitais do Nordeste como Recife, Fortaleza e Natal.

O público-alvo é o segmento corporativo. "As grandes empresas utilizam o produto [plano de saúde premium] para reter talentos e altos executivos, que acabam atraídos por esses diferenciais", afirmou Sérgio Ricardo de Almeida Santos, diretor-executivo da One Health.

De acordo com Santos, o número de clientes da unidade cresceu 29% no ano passado. A carteira inclui também os clientes da Lincx, uma das principais operadoras de alto padrão do país, que foi comprada pela Amil em 2011. Desde outubro de 2012, o grupo Amil é controlado pela americana United Health.

"Há um mercado que busca diferenciação e conveniência e que ainda não saturou. Então, o potencial de crescimento é real e deve permanecer por um bom período, mesmo havendo essa retração", afirmou o executivo. Entre os diferenciais em relação a planos menos sofisticados, ele citou cobertura abrangente no exterior, facilidade de reembolso e acesso a hospitais de referência. Seu principal concorrente nesse nicho é a Omint, que conta com cerca de 120 mil vidas.

Os planos de crescimento da One Health não preveem mais aquisições, apenas a atração de novos clientes. Em maio de 2011, a Amil comprou a Lincx e incorporou os seus 20 mil usuários, mantendo a marca. O segmento foi alocado em uma unidade separada, junto com os planos premium One Health, que tinham sido lançados um ano antes pela Amil. Hoje, dos 105 mil usuários dessa divisão, 82 mil têm planos Lincx (que continua sendo vendido) e 23 mil têm convênios Black, da própria One Health.

Santos diz que a disparada do dólar em 2015 tem afetado as operações e obriga a unidade a buscar alternativas para reduzir gastos e não repassar a alta de custos para o cliente. "Isso é natural do mercado e nós nos preparamos para melhorar a eficiência das operações", disse.

No ano passado, a Amil registrou em seu balanço prejuízo de R$ 259,4 milhões, o que representou quase sete vezes mais do que o apurado em 2013. O diretor da One Health, no entanto, descarta qualquer influência dos resultados ruins: "São operações separadas", disse, sem informar números específicos da unidade. O faturamento do grupo Amil é publicado de forma consolidada, sem o detalhamento por segmentos.




Cientistas

31/08/2015 - IstoÉ


Pesquisadores dos EUA anunciaram a descoberta de tratamentos que tentarão reprogramar células cancerígenas para que elas voltem a ser saudáveis. É um dos mais significativos passos na busca pela cura da doença. Chegou-se ao tal "software" quando se percebeu que as proteínas de adesão (mantêm as células unidas) interagem com o "microprocessador" biológico denominado micro RNA - ele funciona na produção de moléculas. Nesse processo, o micro RNA inibe geneticamente o câncer quando entra em contato com células normais.




Meta é uma fatia maior do mercado

28/08/2015 - Valor Setorial - Saúde


Lançamento de novos produtos, expansão da força de vendas, presença mais efetiva no varejo e investimentos em centros de distribuição fazem parte das medidas adotadas por laboratórios farmacêuticos empenhados em ganhar mais espaço no segmento de genéricos, que cresce acima da média do mercado de medicamentos, tanto em receita quanto em unidades comercializadas.

Na Eurofarma, os genéricos apresentaram desempenho em valores superiores ao de toda a sua operação no ano passado: os negócios na área evoluíram 25%, enquanto os da empresa cresceram 18% no período. "A unidade de genéricos é estratégica para a companhia, que espera se manter entre os líderes desse segmento no país", afirma Maria Del Pilar Munoz, diretora-executiva de sustentabilidade e novos negócios.

Atualmente, os genéricos representam 11% das vendas da Eurofarma, que ocupa o quarto lugar no ranking nacional de fabricantes dessa categoria de medicamentos, com uma fatia de 9,35% do mercado.

No início do ano, a empresa lançou a Tadalafila, para tratamento de disfunção erétil, e a Azitromicina Suspensão, antibiótico indicado para o tratamento de infecções, otite média e doenças sexualmente transmissíveis. Os planos são de anunciar mais novidades nos próximos 12 meses.

Com uma atuação diversificada, a estratégia da Eurofarma para o mercado brasileiro é crescer em todas as unidades. O portfólio da empresa contém várias classes terapêuticas, entre os quais se destacam antibióticos, contraceptivos e sistema nervoso central. A área de prescrição médica é o carro-chefe, respondendo por 50% das vendas da empresa.

Segundo Maria Del Pilar, a Eurofarma fez uma revisão no seu planejamento estratégico até 2020 com a expectativa de aumentar de 6% para 10% do faturamento destinado a pesquisa e desenvolvimento e lançar de 20 a 25 produtos por ano no período. "A empresa entende que da sua atuação nos mercados atuais virão os recursos necessários para promover uma mudança no seu modelo cie pesquisa, migrando do modelo de cópias para o de inovação incrementai e radical."

A Medley ampliou a força de vendas. Sem revelar números, Wilson Borges, diretor-geral da companhia, diz que neste ano foram contratados representantes comerciais com o objetivo de reforçar a presença de seus produtos junto aos médicos e pontos de venda. A operação da empresa será beneficiada com o final da construção, pela sua controladora Sanofi, cio novo centro de distribuição em Guarulhos (SP), cujo investimento deve chegar a 200 milhões de euros até 2020.

Os lançamentos realizados em 2014 contemplam tanto genéricos, que representam 70% da receita do laboratório, quanto os medicamentos de marca (similares). A lista inclui o Oxalato de Escilalopram de 10 e 20 mg, para depressão e ansiedade, e o Tadalafila. Entre os similares, os destaques foram o Fluxocor, destinado ao tratamento de pressão arterial, e o Zinpass, para controle de colesterol alto. "Pretendemos lançar mais dez novos produtos nos próximos três anos, a maioria genéricos", diz Borges.

A Medley incorporou ao seu portfólio várias marcas da Sanofi Segundo Borges, a estratégia cie ampliar a oferta enfatiza as classes terapêuticas aplicadas no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, principalmente em cardiologia, sistema nervoso central e saúde feminina, áreas nas quais o laboratório tem uma forte reação. Com essa abordagem, a expectativa é de manter o crescimento em linha com o mercado.

A União Química, que nos últimos anos promoveu um realinhamento no seu portfólio, passou a concentrar a sua operação na oferta de medicamentos genéricos com maior valor agregado, para aplicação em nichos que poucos laboratórios farmacêuticos atuam. "A ideia não é ganhar em volume, mas com uma margem de venda maior. Esse será o nosso diferencial de crescimento nos próximos anos", afirma Paulo César Marques, diretor comercial da empresa.

O sucesso da abordagem depende da velocidade de registro de novos medicamentos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para o segundo semestre, está prevista a liberação de dez novos produtos apresentados pela empresa, a maior parte dos quais para o sistema nervoso central e de uso controlado. Outros medicamentos deverão ser lançados no mercado em 2016.

Uma alternativa para acelerar o processo de lançamento de novos produtos é a troca de dossiês, o que contribui para ampliar o portfólio de ofertas dos laboratórios. A União Química acredita que poderá absorver pelo menos oito produtos a partir das negociações que conduz com outras várias farmacêuticas brasileiras e multinacionais.

Os genéricos, que têm uma participação nos negócios da União Química entre 4% e 5% da linha de saúde humana, estão inseridos na divisão farma ao lado dos medicamentos de marcas e livres de prescrição médica (OTC). As outras duas divisões são a hospitalar e prescrição médica. A operação da empresa contempla ainda a área veterinária e a Anovis, dedicada à produção terceirizada de remédios.

A Anovis surgiu a partir da compra da planta industrial da Novartis, em Taboão da Serra (SP), em 2014. "E um negócio que vai crescer muito na companhia", diz Marques, lembrando que outra unidade da União Química, localizada em Brasília, também atua no modelo de produção terceirizada. A projeção da União Química é crescer 20% este ano, atingindo faturamento bruto de RS 1 bilhão.

A EMS, que cresce em todas as suas linhas de negócio, tem a liderança de dois anos consecutivos no segmento de genéricos, com uma estratégia de horizontalização nas grandes redes de drogarias e nas farmácias independentes. No primeiro semestre, a empresa aumentou em 30% o número de pontos de venda (PDVs) com seus produtos em relação ao mesmo período de 2014.

As divisões de genéricos e prescrição médica representam 70% dos negócios da EMS. O restante é oriundo das unidades hospitalar, OTC e marcas. Considerando toda a operação, a empresa terminou o exercício passado com uma participação no mercado de 13% em receita (em reais) e de 14% em unidades comercializadas. "A projeção gira em tomo de um incremento de 25% este ano", diz Marcus Sanchez, vice-presidente de marketing institucional.

Entre os lançamentos da EMS em 2015 figura o genérico do Xenical, denominado Orlistat, para ser administrado com prescrição médica a pessoas com sobrepeso ou obesas. Em 2014, foi lançada sua linha de Bálsamo Bengué, para tratamento de contusões, torcicolos, dores reumáticas e musculares, e o Condres, um colágeno não hidrolisado que atua no combate à osteoartrite, que é resultado de inovação incrementai.

O preço mais em conta que o dos medicamentos de marca e a cobertura de boa parte das doenças que acometem a população explicam o crescimento dos genéricos e a sua participação de quase 30% do mercado. Entre janeiro e junho deste ano, as vendas em unidades saltaram para 467,3 mil caixinhas, com alta de 12,3% em comparação a igual período de 2014, enquanto a receita (RS 9,1 bilhões) foi 24,6% superior, já o mercado total de medicamentos cresceu 11,2% em unidades comercializadas e 16,6% em receita, para R$ 36 bilhões.

Apesar da liderança dos genéricos, Telma Salles, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (ProGené-ricos), diz que há uma preocupação no setor com a alta do dólar, porque 85% dos princípios ativos utilizados na fabricação de remédios são importados. "Como o preço é regulado, a indústria terá que absorver os custos e, com isso, tende a diminuir os investimentos em pesquisa e desenvolvimento."




SP acusa ministério por verbas da saúde

29/08/2015 - Folha de S.Paulo


O governo Geraldo Alckmin (PSDB) e o Ministério da Saúde de Dilma Rousseff (PT) estão num embate sobre a forma de calcular os recursos do SUS repassados ao Estado.

O secretário de Estado da Saúde, David Uip, diz que há "pedaladas" (manobras do governo federal para adiar pagamentos) que fizeram com que São Paulo deixasse de receber R$ 1 bilhão nos últimos anos, o que pode levar à redução de atendimentos. Uip afirma ter acionado a Procuradoria do Estado para estudar medidas judiciais.

O Ministério da Saúde nega manobra ou redução de recursos e diz que o Estado não cumpriu 100% dos contratos com o SUS (leia na pág. B5).

O impasse envolve, principalmente, verbas dos atendimentos de média e alta complexidade. Uip pede aumento do teto financeiro porque o Estado ultrapassa o limite imposto pelo ministério.

Por ano, segundo ele, o deficit é de R$ 492,6 milhões. "Cerca de 44% dos atendimentos de média e alta complexidade do Brasil são feitos em São Paulo. O que vamos fazer? Negar atendimento?"

Em julho de 2014, o ministério reconheceu, em ofício enviado ao secretário, que a produção ambulatorial e hospitalar dos serviços estaduais, entre abril de 2013 e março de 2014, havia atingido R$ 3,654 bilhões, enquanto os recursos repassados eram de R$ 3,143 bilhões.

"Entendo a defasagem entre o teto e a produção e informo que a liberação de recursos para compensação da defasagem se dará à medida da disponibilidade orçamentária deste Ministério da Saúde", diz um trecho do ofício. Segundo Uip, essa compensação nunca aconteceu.

INCENTIVOS

Em janeiro deste ano, ele diz que se surpreendeu com um novo ofício do ministério informando que, na verdade, o governo federal está repassando mais recursos do que o Estado está gastando.

Isso porque, afirma Uip, o ministério passou a somar incentivos (verbas que vão para serviços como Rede Cegonha e Rede de Atenção às Urgências) aos atendimentos de média e alta complexidade, o que não ocorria antes.

"Como estratégia para negar recursos a São Paulo, o ministério diz que o nosso teto é acima daquilo que gastamos. Imagina se a gente vai deixar de gastar um tostão sequer?", indaga o secretário.

Outro problema, segundo ele, é a demora para a habilitação de serviços que já operam no Estado, como leitos de UTI e atendimentos oncológicos, que, juntos, somam R$ 133 milhões por ano.

Há processos desde outubro de 2014. "Como precisamos de mais leitos, colocamos para funcionar sem saber quando vamos receber."

Para Uip, a manobra é uma forma de maquiar a falta de recursos. "Falta dinheiro, mas não dá mais para arcarmos com esse ônus."




Pasta da gestão Dilma nega manobra e diz que Estado descumpre contrato

29/08/2015 - Folha de S.Paulo


O Ministério da Saúde nega que tenha havido manobra no repasse de recursos para São Paulo, conforme sustenta o secretário da Saúde, David Uip, e diz que o método de cálculo das verbas é o mesmo desde 2007.

Segundo o ministério, cerca de 30% dos repasses de média e alta complexidade para São Paulo são feitos hoje por meio de incentivos –referentes a programas específicos, e não à produção geral.

Afirma também que, para haver aumento de verbas, o "governo paulista deve comprovar que realizou 100% das ações contratualizadas com o SUS, o que não acontece".

Segundo a nota, o Estado de São Paulo "vem reduzindo o percentual de execução do teto de atendimentos de média e alta complexidade: de 91,9%, em 2013, para 82,4% (primeiro trimestre de 2015)".

"Hoje se paga mais do que o governo estadual consegue comprovar", diz a nota.

O ministério explica que os recursos federais destinados ao custeio dos serviços de média e alta complexidade em 2014 ultrapassaram R$ 4,1 bilhões, 25% a mais que o total registrado em 2010.

Sobre o ofício de 2014 reconhecendo o deficit entre a produção paulista e o montante repassado, o ministério diz que o documento retratou "um momento pontual".

A nota afirma que o assunto foi discutido há duas semanas com o ministro da Saúde, Artur Chioro, Alckmin e Uip e que, na ocasião, ficou acertado um repasse de R$ 14 milhões referentes a novos leitos de UTI. "O ministério já está encaminhando como combinado", diz.

Segundo o ministério, durante a audiência, o secretário Uip foi orientado "a iniciar medidas de gestão para ampliar seus recursos, como solicitar para a central nacional de regulação os tratamentos realizados em pacientes de outros Estados, o que resultaria em ampliação de R$ 19,6 milhões das transferências federais para o Estado somente em 2014".

Uip argumenta que, em muitos desses casos, a pessoa usa endereço de parentes que moram em São Paulo, o que dificulta o rastreio.




UTI de Aluguel

31/08/2015 - IstoÉ Dinheiro


A Kquipamed, de São Paulo, um dos principais fornecedores de equipamentos médicos e hospitalares do País, desenvolveu uma solução para contornar a queda nas receitas dos hospitais e, consequentemente, de novos aparelhos: o aluguel de leitos completos de UTI. " Esse serviço evita que o hospital fique com leitos parados, o que não só custa dinheiro, como diminui a capacidade de atender pacientes e salvar vidas", diz a diretora Thais Barbosa.




Calvário infantil nos hospitais

31/08/2015 - Correio Braziliense


Há duas semanas, a pequena Iasmim caiu e, desde então, Joelma e Andson buscam uma consulta para a filha sem sucesso: por conta das dores no braço, bebê parou de engatinhar

As crianças protagonizam um dos maiores desafios da Secretaria de Saúde. Em oito meses de governo, a pasta ainda não conseguiu otimizar os serviços pediátricos. Essa era uma das metas de Rodrigo Rollemberg no início do mandato. Várias tentativas foram realizadas, todas sem sucesso. Na lista de espera para conseguir uma consulta, por exemplo, constam 1,6 mil nomes e não há previsão para atendimento. O Executivo local coloca a culpa no deficit de 30% de profissionais da especialidade. Mas o problema é maior. Faltam balanças infantis, medidores de altura, abaixadores de língua e aparelhos de pressão. A peregrinação de quem precisa de tratamento é cada vez maior.

A espera para encontrar um profissional pode durar 2,5 anos, segundo um relatório do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Os 587 médicos da rede não suprem a alta demanda. O cenário fica ainda mais pessimista quando se observa que, até o fim do ano, 27 profissionais temporários deixarão de trabalhar. Para o GDF, 870 especialistas bastariam — mesmo o número sendo abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 20 pediatras para cada grupo de 100 mil habitantes. Hoje, integram o quadro de servidores apenas 611. Todas as tentativas de nomeação de pediatras concursados foram frustradas. O índice de desistência, desde o início do ano, foi de 69%. Dos 78 nomeados em 2015, apenas 24 tomaram posse.

A gravidade do sucateamento é tão grande que a Secretaria de Saúde se viu obrigada a remanejar os poucos pediatras da rede. A primeira intervenção foi na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião, onde o setor foi extinto para que os nove médicos passassem a atender em outras unidades. A pasta ainda estuda outras mudanças semelhantes. “Não há definições acerca do assunto no momento, mas não descartamos a possibilidade”, admitiu Carmen Lívia Martins, coordenadora da pediatria.

Atualmente, o Hospital de Base e o Hospital Regional de Samambaia não oferecem atendimento desse tipo. A presença dos pediatras nas outras regiões é baixa (veja quadro). Cerca de 21% das demandas não são atendidas pela pediatria da rede pública, segundo um estudo do Tribunal de Contas do DF. O documento ressalta a precariedade do serviço. “Na pediatria, a falta de balança infantil, medidor de altura, abaixador de língua, aparelhos de pressão infantil e balões de oxigênio (este último muito utilizado na época de seca, quando problemas respiratórios infantis são comuns) foi a reclamação mais frequente”, diz o texto.

Apenas 2% do orçamento da pasta é usado em investimento na rede, o que piora ainda mais o panorama. “Em alguns casos, percebeu-se que o atendimento só não foi descontinuado pela falta de equipamentos e material porque médicos, enfermeiros, auxiliares e odontólogos levaram equipamentos particulares ou realizaram rateios e bazares para adquiri-los”, crava o estudo do TCDF.




Endometriose em escala industrial

30/08/2015 - Correio Braziliense


Para até 15% das mulheres, o período menstrual é uma experiência torturante e incapacitante, que pode causar problemas psicológicos e levar ao afastamento social. Vítimas de endometriose, elas sofrem cólicas tão fortes que precisam recorrer ao pronto-socorro e, não raras vezes, chegam a desmaiar de dor. Nos últimos anos, pesquisadores começaram a constatar um aumento nessa incidência. Embora os médicos concordem que, em parte, o fenômeno está associado à melhora do diagnóstico, alguns estudos sugerem a participação de agentes tóxicos ambientais no incremento de casos da doença.

As investigações concentram-se especialmente na influência do bisfenol A (BPA) e das dioxinas no desenvolvimento da endometriose. Os nomes podem parecer pouco familiares, mas trata-se de substâncias presentes em praticamente todos os aspectos da vida moderna. Sintetizado pela primeira vez no fim do século 19, o BPA entrou em uso comercial na década de 1960 e é empregado na fabricação de plásticos rígidos. Eletrodomésticos, potes, mamadeiras, embalagens, latas e outra infinidade de produtos indispensáveis ao dia a dia contêm o composto químico que pode contaminar alimentos e bebidas, ainda que em pouca quantidade. Já as dioxinas são subprodutos de processos industriais, como queima de material hospitalar, fumaça de veículos e resíduos das termelétricas.

Em comum, esses agentes são desreguladores endócrinos, explica Bianca Bianco, geneticista do Instituto Ideia Fértil de Saúde Reprodutiva da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. “Os reguladores podem mimetizar a ação de um hormônio, como se estivessem fazendo a função dele. Têm sido ligados a problemas como puberdade precoce, infertilidade e endometriose”, conta. A médica é autora de um artigo publicado no jornal Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde que faz uma revisão de pesquisas que relacionam essas substâncias à endometriose. “Uma vez que mimetizam o hormônio, podem estimular a expressão de um gene e causar a doença”, afirma Bianco, ressaltando, contudo, que ainda não há confirmação desse efeito.

A dificuldade está no fato de a endometriose ser uma doença multifatorial. Entre os prováveis causadores, estão falhas no sistema imunológico, que não consegue destruir as células do endométrio que crescem para além do útero; e um número muito grande de genes relacionados. Tanto variantes quanto desregulações na expressão genética são fortes candidatos a desencadeadores da doença. Os fatores ambientais não provocariam mutações, mas, como se fossem interruptores, ligariam ou desligariam determinados genes, provocando alterações no sistema endócrino. “Outra questão é que não se sabe se o problema surgiria devido a uma substância isolada ou se por uma mistura dessas substâncias. Não podemos dizer que os desreguladores endócrinos são os únicos vilões”, destaca a geneticista.

Constatações diversas

Ainda assim, um corpo crescente de estudos investiga essa associação. No artigo de Bianca Bianco, ela cita 11 trabalhos internacionais realizados com mulheres e animais nos quais foram pesquisados os efeitos de substâncias sobre o desenvolvimento da endometriose. Um deles, conduzido na Bélgica, constatou que a prevalência da doença em mulheres inférteis varia de 60% a 80% — nesse país, as concentrações de um tipo de dioxina no leite está entre as mais altas do mundo.

Em outra pesquisa, cientistas canadenses implantaram tecidos do endométrio na cavidade pélvica de macacos expostos cinco vezes por semana a doses de dioxina ao longo de um ano. Nos animais que tiveram contato mais longo com as maiores dosagens da substância, o fragmento persistiu e aumentou, de forma similar ao que acontece na endometriose.

Chefe do ambulatório de endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o ginecologista Marco Aurelio Pinho de Oliveira tem percebido, na prática, o que os estudos sugerem. Há 18 anos, o médico atende pacientes na instituição e diz que está notando um crescimento expressivo no número de casos de endometriose. “No ambulatório, usamos os mesmos métodos diagnósticos durante esse tempo, e observo que houve um aumento real de pacientes mais jovens e mais graves”, diz.

Depois de avaliar estudos científicos, o médico tem poucas dúvidas sobre o motivo por trás disso. “O meio ambiente, hoje, é altamente agressivo. Os desreguladores endócrinos são liberado no plástico, estão nos alimentos, na água...”, enumera. “Provavelmente, essas pacientes têm uma tendência genética e as substâncias tóxicas do meio ambiente interagem com esses genes, fazendo com que a doença se desenvolva”, explica.

“Observo que houve um aumento real de pacientes mais jovens e mais graves (…) Provavelmente, essas pacientes têm uma tendência genética e as substâncias tóxicas do meio ambiente interagem com esses genes, fazendo com que a doença (a endometriose) se desenvolva”




Coração de velcro

29/08/2015 - Correio Braziliense


Recuperar um coração que sofreu infarto é um trabalho difícil, já que a complicação, caracterizada pela diminuição ou pela interrupção súbita do transporte sanguíneo, compromete o funcionamento do músculo cardíaco, responsável por bombear o sangue pelo corpo. Para resolver esse problema, pesquisadores do Canadá desenvolveram um material biodegradável que simula o tecido do órgão vital. A nova tecnologia, detalhada na edição de hoje da revista Science Advances, poderá auxiliar no tratamento da principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Os autores do trabalho buscaram desenvolver uma solução que imitasse o tecido cardíaco sem a necessidade de uma cola, alternativa até então não atingida. “Em engenharias voltadas para a criação desse tecido, há uma limitação de design, com grande parte de projetos desenvolvidos com uma camada única. Com isso em mente, a nossa tecnologia de velcro, inspirada nesse tipo de tecido, pode permitir o empilhamento das estruturas sem o uso de um adesivo”, justificou ao Correio Boyang Zhang, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Toronto.

O material é chamado de Pomac e funciona como uma plataforma para as células. Em cima dele, são colocadas estruturas que compõem o tecido cardíaco, como cardiomiócitos, fibroblastos e células endoteliais. Elas se desenvolvem e ficam unidas, formando um grande tecido colado pelo polímero (veja infográfico). A forma de junção das estruturas é o grande diferencial do trabalho, reforça Zhang. “A vantagem principal dessa tecnologia está na facilidade de uso. Tecidos multicamadas podem ser construídos por encaixe à pressão, utilizando camadas individuais que podem ser rapidamente formadas enquanto se mantém a integridade deles. Essa técnica é algo que acreditamos ser única no campo.”

Nos testes iniciais, os cientistas também observaram que o novo material é capaz de se contrair em resposta à simulação de um campo elétrico, o que indica que ele pode ser estimulado utilizando uma corrente eléctrica, fazendo, assim, com que o polímero flexível reproduza os movimentos do tecido cardíaco. “Assim que você os une, ao aplicar a estimulação do campo elétrico, vemos que eles se movem em sincronia”, explicou, em comunicado, Milica Radisic, líder do projeto e professora da Universidade de Toronto. Como é biodegradável, o polímero, com o tempo, se desintegraria sem causar problemas ao organismo em que foi implantado.

Sistema complexo

Mauro Paes Leme, cirurgião cardíaco e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta que a reprodução de tecidos cardíacos tem sido o objetivo de muitos pesquisadores desde a descoberta das células-tronco. “Quando esse advento surgiu, muitos trabalhos tentaram utilizá-las de uma forma que pudessem ser injetadas diretamente no coração, com a esperança de estimular o músculo cardíaco para ele se recuperar”, conta. A dificuldade nesse processo, porém, está no fato de a área infartada sofrer uma necrose. “Em vez de virarem cardíacas, as células-tronco se transformaram em fibroblastos, que surgem para a cicatrização do coração”, explica o especialista.

Leme destaca que o tecido cardíaco é muito complexo e precisa da interação de diversas células para funcionar corretamente. “Para recriá-lo, precisamos de cardiomiócitos, fibroblastos e células endoteliais, que o formam, interagindo. O que os pesquisadores canadenses fizeram foi isso. Juntaram, como se fosse um biscoito recheado, cada tipo dessas estruturas por meio de um sistema biodegradável com o objetivo de imitar o coração da forma mais idêntica ao original. Isso parece ser a melhor estratégia”, avalia.

O cirurgião cardíaco destaca que, caso o projeto canadense possa ser aplicado em humanos — os testes se limitaram a camundongos —, seria de grande ajuda para o tratamento de uma complicação que tem crescido bastante no mundo. A aplicação clínica, porém, estima Leme, demanda pelo menos mais uns 15 anos de estudo. “Seria de grande valia, já que as doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo. Em 2000, foram feitas cerca de 600 mil cirurgias (onde) de ponte de safena, e muitos especialistas já especulam que a insuficiência cardíaca deve ser, na próxima década, uma das doenças mais importantes do planeta. Um sistema ajudaria a salvar milhares de vidas”, acredita.

O próximo passo dos autores da instituição canadense é analisar como o material funciona em outros animais. Apesar de dar foco ao problema cardíaco, uma vantagem futura do sistema de camadas é que ele pode ser aplicado em outros tipos de órgãos, como o pulmão e o fígado. “Usamos três tipos e células nesse trabalho: cardiomiócitos, fibroblastos e células endoteliais, mas, conceitualmente, não há realmente nenhuma limitação”, garante Radisic.

Em evolução

Há dois anos, o mesmo grupo de cientistas desenvolveu uma plataforma, chamada Biowire, formada por apenas uma única fibra do músculo cardíaco. O trabalho atual é consequência da expansão dessa tecnologia, com foco na facilidade de montagem dos tecidos em multicamadas. “Essas descobertas trabalham juntas com o objetivo de reconstruir o músculo do coração depois que ele é afetado, no pós-infarto. Nossa tecnologia funciona especificamente para o tratamento do infarto do miocárdio”, explica Boyang Zhang.




Da UPA ao hospital, um longo caminho

31/08/2015 - O Globo


O caminho de pacientes em busca de um leito para internação na rede pública de saúde do Rio é cheio de percalços. Com déficit diário de 200 leitos apenas nas UTIs, segundo dados do Conselho Regional de Medicina, parentes de doentes em estado mais grave recorrem à Justiça para conseguir uma vaga e, mesmo assim, não têm garantia de atendimento. A família da auxiliar contábil Maria Leonor Alves Teixeira, de 57 anos, precisou de três mandados judiciais para conseguir um leito. Ela estava desde segunda- feira na UPA de Rocha Miranda, com pneumonia. O quadro era tão delicado que ela estava em coma induzido. Apenas na noite de sábado a transferência para a UTI do Hospital Municipal de Acari foi autorizada.— Minha mãe estava com o sistema imunológico fraco, acabaria morrendo dentro daquela sala por causa dos outros pacientes, que chegavam doentes. Ela ficou três dias sem tomar banho — contou Tabata Clarina Alves de Souza, de 26 anos, filha de Maria Leonor.

NEM 20% DAS TRANSFERÊNCIAS SÃO ATENDIDAS

Há cerca de 1,1 mil leitos de UTI no estado, que registraram 18,8 mil internações em 2014. A cada plantão de 24h, segundo o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro ( Sinmed-RJ), uma emergência em um hospital estadual recebe cerca de 120 solicitações de transferência para leitos de tratamento intensivo. A estimativa do sindicato é que menos de 20% são atendidas. Presidente da entidade, Jorge Darze ressalta a incapacidade operacional das centrais que regulam os leitos:

— A situação é gravíssima e criminosa, pois o poder público tem ciência e não toma as medidas para aumentar os leitos, expondo o paciente a uma situação de risco permanente. É inquestionável a incapacidade das centrais de regulação de leitos. Mesmo sob ações judiciais, elas não têm o que fazer. Trabalham com os leitos e os médicos que têm.

A decisão de Tabata procurar a Justiça ocorreu quando um dos pulmões de sua mãe entrou em colapso. Sua baixa capacidade respiratória e a falta de previsão de quando um leito ficaria disponível levaram a família ao desespero. O problema obrigou a equipe médica da UPA a entubá- la. E, diante da seriedade do estado de saúde de Maria Leonor, Tabata recorreu aos tribunais. Era um sopro de esperança, já que pacientes que procuram leitos de UTI no Sistema Nacional de Regulação ( Sisreg) com mandados judiciais em mãos entram em uma fila que anda mais rápido.

O Sisreg é um software on- line, criado pelo Ministério da Saúde para gerenciar da rede básica à internação hospitalar. O sistema é ligado às centrais estadual ( CER) e municipal ( CRM) de regulação, que administram a demanda em suas devidas áreas.

Em janeiro deste ano, para otimizar a procura por vagas na rede pública do estado e do município do Rio, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o governador Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes, com seus respectivos secretários de saúde, acertaram a criação de uma Central Única de Regulação do Sistema Público de Saúde no Rio. Essa unidade, conforme informou a Secretaria de Estado de Saúde, ainda não funciona de forma completa. Até hoje, quase oito meses após a assinatura do acordo, saíram do papel apenas alguns pontos elaborados, como a Reuni- RJ, que regula procedimentos ambulatoriais de alta complexidade ( como gestação de alto risco, cirurgias bariátricas, radioterapia, hematologia e terapia renal).

A incapacidade de o sistema absorver todos os pacientes faz com que juízes que expedem os mandados judiciais de internação lancem mão da rede hospitalar privada.

— Os hospitais particulares são complementares e devem ser solicitados. O estado arca com os custos da internação. A legislação do SUS assegura isso — disse Darze.

AJUDA DE AMIGO PARA CONSEGUIR LEITO

No caso de Maria Leonor, os mandados judiciais não foram a única aposta de sua filha. Tabata se valeu também de um velho amigo que trabalha no Hospital de Acari. Ele aplacou a angústia da família ao descobrir que no local havia três leitos vagos. Comunicada sobre a história pela reportagem, na sexta- feira passada, a Secretaria municipal de Saúde tomou providências para que a assistente contábil conseguisse um dos três leitos. Foi o que aconteceu.

Os primeiros boletins médicos recebidos pela família no hospital revelam que o quadro de Leonor não evoluiu, mas Tabata não esconde que as esperanças aumentaram.

— A situação ainda requer muito cuidado, tanto pela pneumonia quanto pelo pulmão debilitado, que está com muita secreção — afirma. — Mas estamos sendo muito bem atendidos. A transferência nos fez acreditar que a cura é possível.




Receitas na Justiça

30/08/2015 - O Globo


Gastos do Ministério da Saúde com ações por tratamentos fora do SUS crescem 130% em dois anos, chegando a R$ 838 milhões em 2014. O pequeno Davi Miguel Gama, de 18 meses, nasceu com inclusão das microvilosidades intestinais, uma doença rara, que não permite a seu organismo absorver os alimentos. Ele precisa tomar soro na veia. Logo após o nascimento, o bebê passou cinco dias na casa da família, mas voltou às pressas ao hospital porque perdia peso e não mamava. Chorava muito. Quando chegou o diagnóstico, a família entrou com uma ação para que ele fosse submetido a um transplante de intestino nos EUA, já que no Brasil o procedimento não é oferecido. Quase um ano depois, a Justiça Federal de Franca, em São Paulo, favoreceu o menino, obrigando a União a arcar com gastos de viagem, cirurgia e tratamento, totalizando R$ 6 milhões. A criança e seus pais viajaram a Miami no final de julho, a bordo de uma UTI aérea disponibilizada pelo Ministério da Saúde.— Não tive saída. Fiz isso para salvar a vida do meu filho — diz o sapateiro Jesimar Gama, que, antes da decisão judicial, reuniu em campanha via internet R$ 1,6 milhão, quantia que será abatida do valor do tratamento. — Ele poderia ter morrido em várias ocasiões, vivia com infecções. Sabemos que o tratamento é caro, o dinheiro é público, de todos nós, mas é o meu filho.

A família Gama não está sozinha. Ano após ano, vem crescendo a quantidade de ações movidas contra municípios, estados ou a União para obrigar os governos a arcar com gastos de cirurgias e medicamentos não oferecidos pelo Sistema Único de Saúde, ou mesmo para apressar internações de emergência em hospitais públicos, transferências e a obtenção de remédios em falta no estoque.

Em 2014, o Ministério da Saúde gastou R$ 838,4 milhões devido a ações judiciais, principalmente referentes à compra de remédios. Um salto de 130% em relação a 2012, quando essas despesas foram de R$ 350,5 milhões.

Hoje, só no Tribunal de Justiça de São Paulo, há 43 mil processos em andamento na área da saúde, sendo que 93% contra o estado. No estado do Rio, segundo levantamento da Defensoria Pública e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), há 42.297 ações de saúde tramitando no Tribunal de Justiça. Deste total, 30.346, cerca de 70%, têm atuação da defensoria.

FALTA ORIENTAÇÃO MÉDICA

Em meio a tantas ações, há casos extremos como o de Davi. Ou o do bebê que nasceu, em julho, em Pedreiras, no Maranhão, com um problema cardíaco chamado tetralogia de Fallot (T4F). A Justiça obrigou o governo estadual a pagar por cirurgia e tratamento no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Mas há também muitas questões bem mais simples. Pedidos de medicamentos envolvem 18.384 dos litígios no TJ do Rio com atuação da Defensoria. Segundo a coordenadora de Saúde da Defensoria Pública do Rio, Thaísa Guerreiro, alguns médicos encaminham pacientes ao órgão sem sequer saber se os remédios receitados estão disponíveis em farmácias populares.

— Está banalizado. A Defensoria virou a porta de entrada na saúde, quando deveria ser ferramenta para casos graves. Não dá para entrar na Justiça para pedir AAS (comprimido contra dores). Esse remédio tem de ter em estoque. Está na hora de os governos municipais se programarem para essas compras — critica Thaísa. — A saúde é direito fundamental de todos os cidadãos. Daí a possibilidade de o Judiciário cobrar de todos os entes federativos.

De acordo com a juíza Deborah Ciocci, do Comitê Nacional do Fórum da Saúde, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça, a chamada judicialização da saúde cria a necessidade de orientação técnica para os magistrados. Em alguns tribunais, há núcleos com especialistas para auxiliar o juiz.

— Ações para obtenção de remédios de marca, quando há similar no SUS, por exemplo, não deveriam passar — pondera Deborah, segundo quem o magistrado deve ter consciência do impacto global de sua decisão, principalmente quando o caso envolver cifras altas. — A população está mais consciente de seus direitos. Já não é um privilégio de classes mais instruídas. E a judicialização pode reduzir as violações de direito cometidas pelo Estado. As demandas da saúde sensibilizam o Judiciário.

Para impedir que parte das demandas seja resolvida sem que virem ações judiciais, evitando, assim, toda a burocracia e os custos de um processo, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio criou, há dois anos, a Câmara de Resolução de Litígios de Saúde, reunindo também a Procuradoria Geral do Estado, a Procuradoria Geral do Município, o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública do Estado, a Defensoria Pública da União e a Secretaria Municipal de Saúde. O objetivo do órgão é resolver questões simples de maneira administrativa. Segundo o Núcleo da Fazenda Pública da Capital do Rio, em 2014, o órgão impediu 50% das demandas na área da saúde de se tornarem ações.

JUDICIÁRIO PARA CONSEGUIR LEITO EM UTI

Mesmo assim, a Secretaria do Estado de Saúde do Rio gastou, em 2014, R$ 71 milhões, ou 1,5% do orçamento da pasta, com ações relacionadas à saúde, atendendo cerca de 39 mil pacientes. É um valor 423% superior a 2007. Em 2015, o órgão estima que vai destinar 2% do orçamento.

— A judicialização é uma maneira de incluir pessoas no SUS. Uma proteção às minorias — comenta o subsecretário jurídico da pasta, Alex Linhares.

Muitas das ações que começam na Defensoria dizem respeito a leitos de UTI. Segundo Thaísa Guerreiro, há um déficit de 200 leitos no SUS. Ela conta que muitos funcionários em unidades de saúde orientam a procurar o plantão judiciário para garantir uma hospitalização ou uma transferência. São cerca de 150 processos por mês nesse caminho. — É furar fila — diz ela. A maior demanda do plantão, que no Rio só existe na capital (mas atende às demandas de todo o Estado), é para leito em UTI e para idosos. Carlos Augusto Maciel, de 44 anos, precisou de muita paciência para ajudar o pai, Augusto Peixoto, de 74 anos. Com sérios problemas cardíacos devido a um infarto, ele corria risco de morrer se não fosse internado em uma UTI. Ficou quatro dias aguardando um leito numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

— Nunca imaginei que precisaria entrar na Justiça para arrumar uma vaga na UTI. Quando uma pessoa corre risco grave, deveria ter prioridade — lamenta Maciel, que conseguiu tutela antecipada com a juíza de plantão. — Meu pai ficou uma semana na UTI. Saiu porque não corria mais risco de morrer. Mas agora precisa de uma angioplastia e vou entrar na Justiça de novo.




Mais e piores médicos

29/08/2015 - O Globo


O sistema de saúde brasileiro tem problemas estruturais graves, a começar pelo ensino. Criar novos cursos de medicina sem adequadas condições de funcionamento — professores qualificados e instalações — vai aumentar o risco desse instável e assimétrico sistema. Formar meios médicos para tratar meias doenças nunca se viu antes neste país. Agora veremos!

Grande parte das localidades escolhidas para instalação desses novos cursos não tem rede de saúde de qualidade, condição mínima para se estabelecer uma faculdade. O critério foi político e financeiro, já que o ensino da medicina é o mais lucrativo e o mais longo — seis anos de mensalidades e taxas.

O valor dobrou nos últimos quatro anos, hoje em média de R$ 6 mil. O lucro é enorme, pois o maior custo ocorre nos primeiros dois anos do curso, com os laboratórios de anatomia, histologia, fisiologia, entre outros. A partir do terceiro ano, os estudantes começam a ter aulas práticas, participando e ajudando nos cuidados dos pacientes. O custo é praticamente só para o pagamento de professores e obrigações administrativas. A maioria das faculdades não tem hospital universitário ou não proporciona adequada supervisão com professores para os acadêmicos dos últimos anos. Estes acabam virando mão de obra gratuita em obscuros convênios estabelecidos entre faculdades caça-níqueis e hospitais terceirizados.

Esse sistema está fracassado: ensina se inadequadamente e aprova-se irresponsavelmente. Infelizmente, 95% dos estudantes recebem o diploma de médico, pois as faculdades não reprovam.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo ( Cremesp), preocupado com a qualidade profissional, vem realizando desde 2005, de forma optativa, e a partir de 2012, de forma obrigatória, uma prova de medicina geral, para todos os formandos. O índice de reprovação em 2014 foi de 65% nas escolas privadas e de 33% nas escolas públicas.

Infelizmente, o Cremesp não pode condicionar o registro para o exercício profissional ao resultado da prova. Para tanto, seria necessária uma lei federal. Por exemplo, a prova da Ordem dos Advogados do Brasil que reprova 84% dos bacharéis de direito e, assim, não permite que eles exerçam a profissão.

Não tenho dúvida de que, entre as novas escolas, algumas, como a do Einstein e a da PUC-RJ, formarão médicos competentes. Mas a maioria não terá condição de formar profissionais completos, técnica e eticamente.

O Brasil tem 257 escolas médicas, sendo 118 criadas nos últimos 12 anos, 57% particulares. Só perdemos para a Índia, com 381. Ultrapassamos a China, que tem 150, e os EUA, com 141. Temos uma faculdade para cada 809 mil habitantes, enquanto na Índia essa razão é de 1 para cada 3,2 milhões; na China, 8,6 milhões; nos EUA, 2,2 milhões.

Outro absurdo está no currículo impositivo, que define as doenças dos pacientes do SUS. Quantidade sem qualidade: o resultado de mais essa pedalada serão médicos desinformados.

Precisamos de médicos mais bem formados.




Hospital das Clínicas cancela cirurgias

29/08/2015 - O Estado de S.Paulo


A falta do kit para cirurgia de catarata fez o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) cancelar procedimentos na capital. A informação foi dada ontem pela Rede Globo. Segundo a reportagem, o problema teve início na semana passada e causou o cancelamento de, ao menos, 240 cirurgias. Em nota, o hospital informou que o problema foi pontual.

'Setembro Verde' alerta população sobre prevenção do câncer de intestino 30/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site

A SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia) lança no próximo mês a campanha Setembro Verde, de alerta à população sobre a necessidade de prevenção do câncer colorretal.

As ações da campanha, feita em parceria com a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino, vão ocorrer em quatro capitais brasileiras, incluindo São Paulo.

No Rio de Janeiro, o público poderá conhecer uma estrutura que reproduz um intestino - uma espécie de túnel com 20 metros de comprimento e 2,5 m de largura -, entre os dias 4 e 7, no Barra Shopping, das 11h às 20h. As pessoas terão a oportunidade de ver reproduções de pólipos e assistir a vídeos sobre câncer de intestino. Ao final da visita, receberão informações e orientações de médicos ligados à SBCP.

Depois da capital fluminense, a campanha será levada a Belo Horizonte, nos dias 12 e 13; a Porto Alegre, de 18 a 20; e a São Paulo, de 25 a 27.

O presidente da SBCP, Ronaldo Salles, lembrou que o câncer de intestino afeta tanto homens quanto mulheres. "Cresce muito a importância do câncer de intestino em relação aos outros, porque câncer de próstata dá apenas em homens, e o de mama acomete mais mulheres. Em homens, é muito raro."

Salles destacou que o câncer de intestino pode ser prevenido. "O precursor do câncer é o pólipo benigno, que pode ser retirado durante uma colonoscopia [exame que permite analisar o revestimento interno do intestino]". Segundo ele, o procedimento pode evitar a transformação do pólipo em um tumor.

PREVENÇÃO

De acordo com o presidente da SBCP, toda pessoa acima de 50 anos deve fazer a colonoscopia, independentemente de ter sintomas ou casos de câncer de intestino na família. "A gente encontra pólipos em mais ou menos 20% dos exames feitos", afirmou. Outras medidas podem auxiliar na prevenção da doença, como ter uma boa alimentação, não fumar, ingerir pouca bebida alcoólica e ter uma boa qualidade de vida.

Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, feita no ano passado, era 15.070 casos novos de câncer de cólon e reto em homens, no Brasil, e 17.530 em mulheres. Esses valores correspondem, segundo o Inca, a um risco estimado de 15,44 casos novos a cada 100 mil homens e 17,24 casos novos a cada 100 mil mulheres.




Mulher morta em Serra Leoa teve teste positivo para Ebola

30/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site


O corpo de uma mulher que morreu em Serra Leoa teve teste positivo para o vírus do Ebola, menos de uma semana depois que a última pessoa no país que portava a doença teve alta do hospital, disseram profissionais da saúde.

A nova morte, se confirmada, é um revés na tentativa de por fim à epidemia que já dura um ano e meio na região e infectou mais de 28 mil pessoas –matando mais de um terço delas.

A mulher, morta no sábado, tinha 67 anos e residia no distrito de Kambia, na fronteira de Serra Leoa e Guiné.

O médico-geral da Serra Leoa, Brima Kargbo, afirmou à Reuters que duas amostras testadas no distrito de Kambia deram positivo para o Ebola. No entanto, novos testes estariam sendo feitos em Makeni, a principal cidade da província do norte, e na capital, Freetown.

"Estamos particularmente preocupados porque Kambia ficou 50 dias sem um único caso confirmado de Ebola, sugerindo a possibilidade de que tivesse acontecido um erro", disse Kargbo.

Ele acrescentou que a mulher que morreu trabalhava como comerciante. As pessoas que a conheciam afirmaram que ela não viajou recentemente. Ela é agora o primeiro novo caso de Ebola no país desde 8 de agosto.




Em Curitiba, parceria com médicos ensina depiladoras a alertar sobre DSTs

30/08/2015 - Folha de S.Paulo


Faz dois meses que a depiladora Elania de Oliveira Souza, 51, tem um bloquinho no balcão do seu salão de beleza. Quando precisa, preenche um formulário: "Eu, depiladora amiga, encaminho minha cliente à unidade de saúde do bairro para orientações".

Elania é uma das dez mulheres treinadas para serem "depiladoras amigas", num projeto-piloto feito na rede de saúde de Curitiba, idealizado pela Universidade Positivo.

A ideia é ensinar a identificar lesões que apontem doenças sexualmente transmissíveis e estimular as clientes a procurar auxílio médico.

"A brasileira vai todo mês à depiladora, mas, ao médico, vai uma vez por ano", diz a médica Andressa Gulin, professora da universidade e uma das idealizadoras do projeto.

Quando a ideia surgiu, no início de 2015, aumentava a ocorrência de algumas doenças venéreas em Curitiba. "A procura por exames preventivos diminuía a cada mês", conta a chefe da unidade piloto, Marcia Bora.

Ela encampou a ideia de Gulin e da colega Tatiane Herreira Trigueiro, que leciona enfermagem na universidade. Com a ajuda de alunas e agentes de saúde, mapearam as 18 depiladoras do bairro.

Num curso de quatro horas, as profissionais aprenderam a diferenciar o que é normal do anormal e conheceram a estrutura da unidade de saúde. A dica final é não diagnosticar, mas orientar a cliente a procurar um médico.

As aulas vieram ao encontro das apreensões das depiladoras. "Tem muita coisa que eu via e nem sabia o que era", conta Elania, na função há oito anos. "Agora, sinto mais confiança para comentar."

No posto de saúde, houve um aumento do número de exames: de 21 por mês, pulou para 52. O resultado é preliminar, mas anima a equipe.

Para Gulin, o projeto ajuda a romper tabus também quanto ao SUS. "Há vergonha, preconceito. As pessoas costumam dizer 'Ah, mas vai demorar meses'. Não vai, a coleta é feita na hora."

A médica vê no projeto uma oportunidade de atingir especialmente adolescentes. "Elas não falam disso com a mãe, não vão ao médico, mas vão à depiladora", diz Gulin.

A prefeitura quer expandir o projeto ainda este ano. Vai acrescentar orientações sobre higiene e abordar doenças e situações mais prevalentes em cada bairro.




Pantão Médico: Ômega 3 natural é insubstituível

29/08/2015 - Folha de S.Paulo


Atualmente, suplementos alimentares em pílulas com ômega 3 são apresentados como preventivos para alterações na saúde mental e problemas cardíacos. Pescados como o salmão e o atum contêm o ômega 3 natural e são os recomendados para consumo.

Para as pílulas de suplemento alimentar, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige que na caixa do produto conste com destaque a seguinte frase: "O consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídios, desde que associados a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis".

Estudo publicado nesta terça-feira, dia 25, na revista científica "JAMA", da Associação Médica Americana, relata que o consumo de ômega 3 em forma de pílulas não tem efeito estatisticamente significante na função cognitiva (processo mental relacionado à memória, como pensar e lembrar de algo).

Após cinco anos, não foi observada diferença entre quem recebeu o suplemento alimentar com ômega 3 em pílulas e outras pílulas que funcionavam apenas como placebo.

Participaram da pesquisa cerca de 3.741 idosos com idade média de 72 anos.

O estudo foi coordenado pela médica Emily Chew, da Divisão de Epidemiologia e Aplicações Clínicas dos NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos), com a colaboração de diversos grupos médicos da instituição.




Saúde Responde

29/08/2015 - Folha de S.Paulo


Fui diagnosticado com diabetes tipo 2. O que acontece se eu não tratá-lo?

De acordo com o médico nutrólogo do Hospital São Luiz, Celso Cukier, a primeira preocupação é com a obesidade. A célula adiposa funciona não apenas como uma reserva energética, mas também como produtora de substâncias inflamatórias ao nosso organismo. Associado ao sedentarismo, a obesidade causa a resistência insulínica –dificuldade de a glicose entrar nas células de maneira adequada e fornecer energia a elas. Assim, a glicose torna-se elevada e os níveis de insulina também.

Caso o diabético coma de forma exagerada ou use bebidas alcoólicas, a obesidade será pior.

Com o tempo, as reações inflamatórias da obesidade causam doença vascular, que pode comprometer artérias do rim, do cérebro e também do coração, muitas vezes levando ao infarto.




A agonia do SUS

31/08/2015 - IstoÉ


O IBGE apresentou na quarta-feira 26 os primeiros resultados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais. Foram estudados os 5.570 municípios do País. O quesito saúde deixa ligada, mais uma vez, a sirene de emergência - que as autoridades insistem em não escutar.

• 59,9% das cidades brasileiras precisam encaminhar pacientes da atenção básica do SUS para que sejam hospitalizados em outros municípios devido à carência de leitos e tratamentos especializados.

• 52,1% dos municípios têm de encaminhar doentes que estão sob cuidados do SUS para outros locais, até mesmo para realização de exames básicos e rotineiros. Desse total, 55,3% das cidades estão na região nordeste. Somente 6,5% dos municípios possuem UTI neonatal.

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