
CLIPPING - 26/06/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
‘Temos de avaliar impacto orçamentário’
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Responsável pela área que define que tipos de medicamentos e tecnologias o Sistema Único de Saúde (SUS) deve cobrir, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, admite que, embora o trabalho nessa área seja baseado em evidências científicas, o impacto econômico da incorporação de novas tecnologias também é levado em conta. Em entrevista ao Estado, o gestor defende mais recursos para a saúde e incentivo à produção nacional de insumos.
l Quais são os critérios usados pela Conitec na hora de decidir incorporar ou não um medicamento? Primeiro, o produto tem de estar registrado na Anvisa. Tem gente que pede para incorporar medicamento que está em fase experimental em outros países. Na Conitec, a gente discute se deve usar, porque muitas vezes existem três, quatro tipos de medicamentos para a mesma doença, só que o preço de um deles é o triplo do outro. O laboratório pode falar que o dele é melhor, mas a Conitec analisa evidência científica, checa se a informação da indústria é verdadeira ou não. Avalia os estudos apresentados sobre segurança e eficácia, custo-efetividade, que também é um parâmetro internacionalmente usado em que se verifica a vantagem daquele novo medicamento em relação ao que já é usado, quando é o caso. Avalia o impacto orçamentário também porque, assim como em qualquer outro governo, o ministério tem um orçamento definido.
Por exemplo, novos medicamentos de hepatite C. O Brasil vai ser um dos primeiros países em desenvolvimento a incorporar esses remédios. Desconheço que haja um medicamento importante na relação da Organização Mundial da Saúde que não foi incorporado, a não ser quando você tem ao lado dele outro que já tem uso no Brasil e que é mais barato. Esses medicamentos de hepatite C vão custar entre R$ 480 milhões a R$ 500 milhões neste ano. O impacto orçamentário importante não foi um impedimento para incorporar, porque é um medicamento que tem uma vantagem tremenda em relação aos anteriores, que aumenta o porcentual de cura para mais de 90%, são medicamentos orais, mais confortáveis para o paciente e o tratamento que durava quase um ano passa a ser de 12 semanas.
l Uma das críticas feitas por médicos e pacientes é que as decisões da Conitec muitas vezes se apresentam como pareceres científicos, mas, na verdade, têm motivação econômica. Infelizmente no Brasil são poucos os médicos que têm conhecimento para fazer uma análise crítica de evidências.
Às vezes, chegam pedidos à Conitec de algumas sociedades de especialistas que são absolutamente desprovidos de conteúdo técnico. Então, quando a gente não incorpora por impacto orçamentário, isso é dito expressamente. A Conitec faz uma recomendação e as pessoas podem entrar com recurso. Não teve nenhum recurso que demonstrou que a análise da Conitec estava equivocada.
l Mas existem remédios oncológicos com eficácia e segurança comprovadas, sendo usados em outros países, que não foram incorporados com o argumento de não haver evidências científicas.
Mesmo nesse caso, duvido muito que isso ocorra, porque se isso tivesse ocorrido, era muito fácil a associação ter preparado um recurso para derrubar a decisão. O que acontece muitas vezes é que muitos desses médicos que criticam olham as informações dadas pela indústria como se fossem evidência científica.
Medicamento a gente sabe que pode ser lançado com estudos iniciais e que, com o passar do tempo, vai se comprovando se aquilo tem efetividade ou não. Quando a indústria faz uma apresentação para o médico, ela só mostra os dados bons, mas quando tem metodologias para fazer a busca e validação de evidência, não conheço nenhum caso em que todas as evidências apontavam que era seguro, eficaz e melhor do que o já usado, aumentava a sobrevida e não foi incorporado. Desconheço absolutamente.
l E em relação a medicamentos específicos de oncologia que estão previstos na cobertura dos planos de saúde e não estão no SUS? Alguns pacientes com câncer podem ter menos chances de sobreviver se estiverem sendo tratados na rede pública? Eu discordo do pressuposto. Primeiro que a ANS não tem uma comissão de avaliação de incorporação de tecnologias. A ANS tem o rol e eles usam a avaliação feita na Conitec. Segundo, o que eles usam também é a judicialização. A ANS não tem o mecanismo que a gente tem, não dá para comparar. A lista deles não é feita com o padrão criterioso que a gente faz. Eu acho o contrário, acho que os pacientes nossos do SUS têm segurança que estão usando um medicamento não porque o médico gostou daquele laboratório ou daquele medicamento, mas porque ele é realmente efetivo.
l O excesso de ações judiciais pedindo determinado medicamento pode ter peso na decisão de incorporar? Nós não decidimos incorporar pela judicialização, ao contrário, tentamos mostrar ao juiz porque aquele medicamento não está incorporado. Temos desenvolvido o que chamamos de síntese de evidências. Em um ano, atendemos, por ofício, cerca de 700 demandas do setor judiciário e 300 por email. Foram mil consultas a essa base de dados, porque muitas vezes as pessoas entram com a ação para pedir uma marca específica quando já tem um produto com efeito semelhante incluído no SUS. Então, sabemos que parte da judicialização é mesmo o cidadão querendo ter direito ao acesso.
l O sr. defende o trabalho da Conitec, mas o que falta melhorar? Acredito que o trabalho que precisa ser aperfeiçoado não é na Conitec, é no País. Primeiro, os profissionais de saúde deveriam receber melhor formação nos seus cursos sobre como avaliar evidências científicas, porque são muitas vezes vítimas de pressão da indústria, de informações que não são baseadas em evidências. Segundo, que tivéssemos nas nossas sociedades de especialistas (algumas já têm) áreas de avaliação de incorporação de tecnologia para que as recomendações fossem feitas com base em estudos, tivessem uma metodologia.
l Mas aí o sr. está criticando somente instâncias externas, não tem nada para melhorar internamente? Claro que sempre pode melhorar, mas grande parte do nosso trabalho hoje é por conta disso. E ampliar a rede na qual a gente se apoia para a gente ter mais núcleos e instituições acadêmicas de prestígio no Brasil para núcleos de avaliação de tecnologia em saúde porque se tivesse mais, não sobrecarregaria tanto a Conitec. E temos um processo de capacitação continuada desses servidores da Conitec, que fazem workshop de análise de determinados de produtos, de custo-efetividade.
l Como lidar com os gastos crescentes do ministério com medicamentos? A Constituição brasileira garante o acesso universal e integral ao mesmo tempo. Essa combinação que muitas vezes causa esse debate da judicialização. Essa é uma conquista importante. Agora quando a gente coloca esse conceito da integralidade, ou seja, todas as pessoas têm acesso, da vacina até o transplante cardíaco, claro que um dos debates que tem que ser feito na sociedade é qual é o nível de financiamento que a gente precisa, porque para garantir esse papel constitucional do sistema, vamos ter que pensar sempre em processo crescente do orçamento da saúde.
l Qual seria essa solução para o financiamento? Em vez de limitar o acesso, eu prefiro aumentar o orçamento, mas isso é um debate para o Congresso e a sociedade fazer. Agora com o envelhecimento da população, com as novas tecnologias e com os dados que mostram um importante aumento dos gastos com medicamentos, seguramente quando a gente olha para adiante o orçamento do Ministério da Saúde vai ter que continuar crescendo para dar conta dessas demandas.
l Existe alguma forma de estreitar a parceria entre indústria e governo? Temos uma interação muito forte para desenvolver a produção nacional de medicamentos. Entao pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, temos vários PDPs, os chamados processos de desenvolvimento produtivo, que são parcerias entre laboratórios privados nacionais e internacionais com produtores públicos brasileiros. Estamos avaliando 98 parcerias dessas firmadas. E nós temos todo ano a gente divulga uma lista todo ano de produtos em que a gente recebe proposta de PDP, agora a gente está na fase de análise. Parte dos medicamentos que a gente coloca nessa lista são exatamente medicamentos de alto custo para câncer, artrite reumatoide e outras doenças autoimunes.
Só 1/3 dos remédios propostos entram no SUS
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Desde 2011,quando o Ministério da Saúde criou uma comissão para definir quais medicamentos e tecnologias seriam incorporados à lista da rede pública, apenas 30%dos pedidos de incorporação apresentados ao órgão foram aprovados. Em pouco mais de quatro anos, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) recebeu 419 pedidos de inclusão de novos insumos, dos quais 127 foram aceitos pela pasta. Das demandas restantes, 70 nem sequer foram julgadas porque não preencheram os requisitos básicos para análise, 65 tiveram a incorporação negada e outras 65 ainda estão em análise. De acordo com a Conitec, estão entre os motivos para a recusa de incorporação a insuficiência de evidência de eficácia e superioridade em relação às alternativas terapêuticas disponíveis no SUS, avaliação econômica inadequada e impacto orçamentário muito elevado.
Embora apenas um terço das propostas de incorporação tenham sido aceitas, o Ministério da Saúde afirma que o número médio de tecnologias incluídas na lista do SUS por ano é quase três vezes maior após a criação da Conitec. Enquanto de 2011 até 2014, foram incorporados, em média, 31 novos insumos por ano, antes da criação da Conitec, a média de inclusões anuais era de 12 tecnologias.
Os dados do ministério mostram ainda que a oncologia foi a especialidade com o maior número de pedidos de incorporação, com 15% das solicitações. Em seguida, com 12% das solicitações cada uma, estão as áreas de reumatologia e infectologia. É na área de tratamento contra o câncer em que se concentram asmaiores críticas àConitec. De acordo com especialistas, medicamentos inovadores com estudos que comprovam a sua eficácia ainda não estão disponíveis para os pacientes da rede pública.
“Uma das maiores lutas que tivemos foi a incorporação do trastuzumabe, indicado para câncer de mama, e que mesmo com mais de dez anos de evidência científica só foi incorporado pelo SUS em 2012, ainda deixando de fora as pacientes com o tumor do tipo metastático”,reclama a mastologista Maira Caleffi,presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).
Para a especialista, há pouca participação da classe médica na estrutura da comissão.Entre os órgãos que integram a Conitec, a maioria são instâncias governamentais,como as secretarias do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e os conselhos de secretários municipais e estaduais de saúde. A única entidademédicaa terassentonaConitecé oConselhoFederal deMedicina (CFM). “Essa comissão não tem credibilidade com as sociedades de especialidades.A gente se mobiliza,apresenta pareceres científicos durante o período de consulta pública e eles nunca consideram esses documentos”, reclama Maira.
Diretor do centro oncológico Antonio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa, o médico Fernando Cotait Maluf afirma que outras drogas para câncer também estão fora dalista de cobertura do SUS, como pertuzumab e T-DM1, para o câncer de mama, e abiraterona e enzalutamida, para o de próstata.Ele afirma que os remédios dão um ganho maior de sobrevida aos pacientes com a doença avançada. “Não tenho dúvida que os pacientes do SUS hoje têm menos recursos de tratamento do que os de convênios e particulares. Entendo que os recursos financeiros do governo são limitados, mas seria importante que outras entidades, que reúnem médicos e pacientes, participassem da discussão do que é prioritário incorporar”, defende o oncologista.
Diagnosticada com câncer de mama em 2000, a aposentada Eny Rodrigues, de 58 anos, descobriu uma metástase em 2006 e ouviu dos médicos do hospital onde se tratava, no SUS, que tinha no máximo mais um ano de vida. “Disseram que não existia mais tratamento para o meu caso. A sorte foi que um dos médicos estava participando de um estudo com um novo remédio e me chamou.” O medicamento em questão é o pertuzumab, que mantém Enyviva até hoje.“Ele não deixa a doença crescer,mas me revolta saber que eu só tenho acesso porque participei da pesquisa.
Perdi uma amiga recentemente que estava com a mesma doença e não teve essa sorte. Quantas vidas poderiam ser salvas se esse remédio estivesse disponível no SUS?”, questiona ela. O ministério afirma que as regras da Conitec “garantem as melhores escolhas tecnológicas para a eficiência do sistema público de saúde e a proteção do cidadão”. De acordo com a pasta, a comissão “exige documentos e estudos que comprovem evidência clínica consolidada de eficácia,eficiência e custo-efetividade dos medicamentos ou insumos estratégicos”.
Gasto federal com remédios sobe 53%
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
As despesas do Ministério da Saúde com a compra de medicamentos cresceram 53% entre 2011 e 2014 e já consomem quase 14% do orçamento federal voltado para ações e serviços públicos de saúde. O aumento equivale ao dobro da inflação acumulada no período, que ficou em cerca de 27%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Dados do ministério mostram que, em 2011, o gasto com a compra de remédios foi de R$ 8,4 bilhões, o equivalente a 11,6% do valor total gasto pelo pasta com ações de saúde naquele ano.Em 2014,as despesas passaram para R$ 12,9 bilhões, que correspondem a 13,9% dos R$ 92,2 bilhões destinados para o custeio de todo o Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão para 2015 é que a compra de remédios consuma R$ 14,3 bilhões do governo federal.
De acordo com Jarbas Barbosa,secretário de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, o peso financeiro dos medicamentos para o governo é ainda maior, pois esses números só mostram as despesas federais com produtos comprados diretamente pela pasta. “Não entra aí o gasto com medicamento hospitalar,que é quando o próprio hospital compra seus medicamentos para serem utilizados nos tratamentos e reembolsamos o valor”, explica Barbosa.
Segundo o secretário, mais de um terço do valor gasto pelo ministério com remédios é usado para a aquisição de medicamentos de alto custo,como quimioterápicos ou drogas para o tratamento de doenças raras.
Em 2015, esse grupo de produtos vai consumir R$ 4,9 bilhões do orçamento federal da saúde. Em seguida com os maiores custos aparecem os programas de vacinação, que teve um novo imunizante incluído no ano passado, para o HPV, e o Farmácia Popular, por meio do qual o governo fornece gratuitamente, até mesmo em drogarias da rede particular, medicamentos para doenças crônicas como diabete, hipertensão arterial e asma. Cada um desses programas gera um custo de R$ 2,8 bilhões.
Caminho sem volta. Ao incorporar a vacina contra o HPV, que previne câncer de colo de útero e outros tumores associados ao vírus, o governo federal viu seu custo com vacinas subir R$ 361 milhões.
Segundo o professor titular da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) Oswaldo Tanaka, com a garantia constitucional de acesso universal à saúde e a rapidez da indústria no lançamento de novas tecnologias, os custos governamentais com medicamentos só tendem a aumentar.
“Nós entramos numa trilha difícil de voltar.Com a internet, o paciente tem cada vez mais informação sobre os remédios e tecnologias existentes e sobre seus direitos e o medicamento, por sua vez, é supervalorizado, visto de forma mítica.O paciente bebe cerveja, não faz exercício, não cuida da saúde, e acha que o remédio vai resolver tudo”, diz o especialista.
Para Tanaka, o desafio só poderá ser enfrentado com o repasse de mais recursos para a área da saúde. “Não acho que o caminho seja limitar o acesso porque a única política social realmente inclusiva no Brasil é a da saúde e a população não merece perder isso.Tem que haver mecanismos que tornem a gestão mais eficiente e diminuam a velocidade de crescimento do uso de medicamentos, como práticas de prevenção e promoção da saúde”, defende o professor.
Judicialização. Além do gasto crescente com a aquisição de medicamentos que integram a lista de cobertura do SUS, o governo tem se preocupado com o aumento no número de ações judiciais contra o governo pedindo medicamentos que estão fora da relação de produtos oferecidos pela rede pública ou até mesmo remédios que nem sequer têm autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem comercializados no País. Entre 2011 e 2014, os gastos do ministério com a compra de medicamentos por decisão da Justiça passou de R$ 218,5 milhões para R$ 722,9 milhões, alta de 230%.Mais de um terço do montante gasto no ano passado com pedidos judiciais foi usado para a compra de medicamentos importados, sem registro na Anvisa.Foram R$257,9 milhões desembolsados pelo governo federal com drogas que só são comercializadas fora do País.
Cresce número de recusas de registro pela Anvisa
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
“Para fazer esta avaliação há uma série de desdobramentos técnicos que passam pela pesquisa pré-clínica,pesquisa clínica, processo de síntese do produto,linha de fabricação,certificações do fabricante, entre outros”, disse a agência, em nota. Em resumo, a Anvisa analisa se o risco do produto é compatível com o benefício que ele traz.
Em 2014,as categorias de produtos responsáveis pelo maior número de recusas foram os medicamentos genéricos e similares, com 47,6% e 63,3% de negativas, respectivamente. Na primeira categoria, foram 302 pedidos julgados, dos quais 144 foram indeferidos. Na segunda, dos 213 produtos apresentados para avaliação, 135 tiveram o registro negado. Em 2010, o porcentual de recusas das duas categorias foi bem menor.No caso dos genéricos, 27,6% dos 289 pedidos foram negados.
Já entre os similares, o índice de indeferimentos foi de 23,7% das 164 solicitações apresentadas para avaliação da Anvisa.
A agência informou que conta com 80 técnicos trabalhando especificamente na área de registros de medicamentos, mas que a distribuição dos profissionais na análise de diferentes tipos de remédios depende do número de demandas.
Espera por análise regulatória ultrapassa 4 anos
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
No longo processo de estudo, registro e oferta de um novo medicamento, o paciente brasileiro pode esperar até quatro vezes mais tempo do que cidadãos de outros países para ter acesso ao produto. Dados do governo e de associações do setor mostram que os demorados processos de análise dos órgãos regulatórios brasileiros consomem até quatro anos e nove meses, enquanto em outras nações, o prazo pode ser de apenas um ano.
Estão somados nesse prazo os três principais processos necessários para que um medicamento chegue ao paciente da rede pública. O primeiro é a autorização governamental para a realização de pesquisas clínicas que vão comprovar a eficácia do medicamento.O projeto de pesquisa precisa receber dois avais: o ético, dado pelos comitês de ética em pesquisa (CEPs) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), e o da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que julga os aspectos de eficácia e segurança do medicamento estudado.
Enquanto no resto do mundo a licença para a realização dos testes não demora mais do que seis meses, no Brasil, ela com frequência ultrapassa um ano. “O principal problema é a necessidade de dupla avaliação do aspecto ético, pelo CEP e pela Conep, que muitas vezes têm questionamentos diferentes.
Essa análise deveria ser feita apenas por um único órgão, como acontece na maioria dos países”,defende Ana Paula Ruenis, diretora-presidente da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro). A Conep tem 60 dias para dar seu parecer, mas, de acordo com Ana Paula, esse prazo geralmente é superior a 120 dias. Após a realização dos testes clínicos, caso a eficácia e a segurança do medicamento fiquem comprovadas, o fabricante submete à Anvisa a solicitação de registro do medicamento, para que ele possa ser comercializado em território nacional.É nesse processo em que se apresenta a maior diferença em relação a outros países. Dados da agência referentes ao ano passado mostram que o tempo de análise pode demorar até 2 anos e 9 meses no caso de um medicamento genérico e um ano e cinco meses para um remédio novo.
No resto do mundo, esses prazos ficam em cinco meses e um ano, respectivamente. “No caso do genérico, se o processo fosse menos demorado,o consumidor poderia pagar mais barato porque teriam mais produtos de diferentes fabricantes no mercado”, diz Antônio Britto,presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). “Esses prazos já foram maiores, costumo falar que eles estão ‘despiorando’ porque a Anvisa tem tentado agilizar alguns processos,mas mesmo assim ainda estamos muito atrás de outros países”, completa ele.
Por fim,após o medicamento conseguir a licença de comercialização,ele ainda precisa ser avaliado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec),órgão do Ministério da Saúde que decide se o produto será oferecido na rede pública ou não. De acordo com o ministério, a análise dos membros da comissão leva em média seis meses, prorrogáveis por outros três. Após o primeiro parecer do órgão, a decisão ainda vai à consulta pública e, se a incorporação do medicamento for aprovada, o ministério tem outros seis meses para oferecê-lo aos pacientes. Nesse caso, não há como comparar com a média mundial porque são poucos os países que contam com sistema universal de saúde,com oferta gratuita de medicamentos.
Mudanças.Questionadas pelo Estado sobre a demora em seus procedimentos internos, a Conep e a Anvisa informaram que estão adotando novas regras com o objetivo de agilizar a aprovação das pesquisas clínicas no País.A comissão colocou em consulta pública resolução que muda o processo de acreditação dos comitês de ética em pesquisa(CEPs).Já a Anvisa colocou em vigor no início do ano regra que fixa prazo máximo de 90 dias para análise de estudos clínicos de fase 3 (última etapa de uma pesquisa) que estejam sendo realizados simultaneamente em outros países. Com isso, a ideia é que o Brasil não fique de fora de estudos internacionais por não se enquadrar nos prazos mundiais.
Para Interfarma e Abracro, porém, as mudanças no sistema CEP-Conep não são suficientes. “Mais comitês de ética serão acreditados,mas aConep vai manter o controle. Os CEPs não serão independentes e a dupla validação vai continuar sendo necessária.Dessa forma, não adianta agilizar o prazo da Anvisa se a pesquisa vai ficar presa nos órgãos de ética”, diz Ana Paula.
Quanto aos prazos de registros de medicamentos,a Anvisa afirmou que o tempo médio de análise de um novo remédio varia bastante conforme sua categoria e complexidade técnica. De acordo com a agência, “um processo com dados deficientes vai motivar questionamentos por parte do técnico da Anvisa e por consequência um tempo maior de análise, enquanto um processo com dados bem claros e sólidos será analisado em um tempo menor”.
A agência ressaltou que existem diferentes filas de análise e, portanto, há a possibilidade de que a análise de um medicamento seja priorizada. Atualmente, podem passar à frente genéricosinéditos e produtos de interesse do SUS.
Eurofarma fecha parceria com a coreana Dong-A
26/06/2015 - Valor Econômico
Um dos maiores laboratórios nacionais e terceira no ranking da indústria de genéricos do Brasil, a Eurofarma deu mais um passo em seu plano de internacionalização e consolidação como farmacêutica regional, por meio de uma parceria com o laboratório sul-coreano Dong-A. Com presença em 15 países e exportações para 20 mercados, a companhia brasileira tem imprimido ritmo acelerado à compra de ativos, sobretudo na América Latina, e à assinatura de acordos internacionais que incluem transferência de tecnologia.
Desta vez, ao mesmo tempo em que lançou no país um medicamento para tratamento de disfunção erétil desenvolvida pela Dong-A, a Eurofarma estendeu acordo de co-desenvolvimento e comercialização da droga evogliptina, usada em pacientes com diabetes, firmado também com o laboratório sul-coreano e originalmente válido para o mercado brasileiro, para mais 17 países da América Latina.
"Há discussões com a Dong-A relativas a mais medicamentos. Essa é uma parceria que deve durar muito tempo", disse ao Valor a vice-presidente de pesquisa e inovação da companhia, Martha Penna. Resultados preliminares do estudo com a evogliptina comprovaram a eficácia da nova molécula, segundo a Eurofarma, que fará a fase 3 da pesquisa no país. A expectativa é a de que a droga esteja disponível no Brasil em 2021.
Desde 2009, quando comprou a argentina Quesada, a Eurofarma fechou a aquisição de uma série de farmacêuticas e operações fabris no Uruguai, Bolívia, Chile, Venezuela e Colômbia, entre outros países da região. Como resultado da investida, a brasileira atingiu, em 2014, cobertura de 78,4% do mercado latino-americano, segundo dados do IMS Health. E, até o fim deste ano, a Eurofarma pretende chegar a 90% da região, cujo mercado farmacêutico movimentou US$ 71 bilhões no ano passado.
A parceria com a Dong-A também representa mais um da série de acordos firmados pela farmacêutica brasileira em desenvolvimento na área de inovação radical, que envolve a pesquisa de moléculas novas, com transferência de tecnologia para produção local.
De acordo com Martha, a nova droga, da classe dos inibidores DPP4, traz avanços no sentido de apresentar pequena interação com outros medicamentos habitualmente usados por pacientes com diabetes e de dispensar o ajuste de dose naqueles que apresentam insuficiência renal, o que deve ser comprovado na fase 3 que terá início no país ainda em 2015.
No ano passado, a Eurofarma faturou R$ 2,6 bilhões e registrou alta de 17,4% nas exportações. A Costa Rica foi o principal destino de exportação da empresa, com destaque também para Paraguai, Vietnã, Chile, Equador e Panamá. Nessa conta não estão incluídos os embarques para atender as operações internacionais, que em 2014 representaram 10,1% dos negócios da companhia.
Fornecimento de remédio que trata sífilis volta em 15 dias, diz ministra
23/06/2015 - O Nortão Online
A ministra interina da Saúde, Ana Paula Menezes, disse nesta terça-feira (23) que o fornecimento da penicilina benzatina, muito conhecida pelo nome comercial Benzetacil, deve voltar ao normal em até 15 dias.
O antibiótico, usado para tratar sífilis e outras infecções, está em falta no setor público e privado. A crise de abastecimento, segundo o ministério, é provocada pela escassez de matéria-prima.
“Daqui 15 dias a situação estará normalizada", disse a ministra interina" disse ela ao G1, em um evento sobre saúde realizado em São Paulo nesta manhã. “Não teve nenhuma falha de compra dos gestores. O produtor teve problema com a matéria-prima e isso atrasou a sua distribuição. O ministério sentou com os laboratórios com a perspectiva de que possam retomar, da maneira mais rápida, a distribuição do medicamento”, afirmou Ana Paula.
Atualmente, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existem no Brasil quatro empresas com registro válido para produzir a penicilina benzatina, também conhecida como benzilpenicilina benzatina ou penicilina G benzatina. A Eurofarma, que produz o remédio com nome comercial Benzetacil, a Fundação para o Remédio Popular (Furp), o Laboratório Teuto Brasileiro S/A e a Novafarma Indústria Farmacêutica LTDA.
Problema mundial
Segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), que representa boa parte das indústrias farmacêuticas do Brasil, o desabastecimento de penicilina é um problema mundial e a interrupção do fornecimento dos insumos para a produção foi repentina, o que originou o problema.
Além de ser a primeira linha de tratamento contra sífilis, o remédio é ainda usado para tratar outras infecções, como a febre reumática aguda, doença bacteriana que afeta coração, cérebro e articulações.
Em um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2005 sobre o controle de infecções como a febre reumática aguda, o problema do abastecimento de penicilina benzatina já foi citado.
"Nos últimos tempos, tem havido problemas tanto em relação à disponibilidade quanto em relação à qualidade da penicilina benzatina ao redor do mundo. Em muitos países, essa medicação é escassa, e frequentemente está indisponível por períodos prolongados. Ainda mais preocupante, a qualidade da medicação é altamente variável."
Remédio de artrite consegue dar cor às manchas do vitiligo
25/06/2015 - Folha de S.Paulo
Um remédio para artrite reumatoide conseguiu repigmentar as manchas brancas de uma paciente com vitiligo. 0 feito foi descrito na revista científica "Jama Dermalology", da Associação Médica Americana.
O vitiligo é uma doença de pele que provoca perda da pigmentação. Os tratamentos atuais (cremes com esteroides e fototerapia) podem ser eficazes em alguns casos, mas não conseguem reverter a doença.
Cientistas da Universidade Yale (EUA) resolveram então lestaradroga tofacitinibe, que já havia mostrado bons resullados contra a calvície.
Após cinco meses de tratamento, a maior parte das manchas nas mãos, no rosto e no corpo da voluntária de 53 anos sumiu. Segundo os autores, não houve efeitos colaterais.
Antes que o remédio seja lançado, porém, são necessários testes com mais paciente
Procura por antirretrovirais aumenta 30%
25/06/2015 - O Estado de S.Paulo
O número de pessoas que iniciaram tratamento com antirretrovirais no País aumentou 30%, segundo o Ministério da Saúde.
Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, o número de pacientes com acesso ao medicamento passou de 57 mil para 74 mil. O salto, segundo a pasta, se deve à implementação do Novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids e à ampliação dos testes. Nos quatro primeiros meses de 2014 foram realizados 1,9 milhão de exames. Neste ano, no mesmo período, foram 2,1 milhões.
“Esses dados demonstram a importância do novo protocolo”, disse a ministra interina, Ana Paula Soter.
A pasta lançou ontem campanha de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis (DST), focada em grandes festas populares do segundo semestre, como a Festa do Peão de Barretos (SP) e a Oktoberfest, em Blumenau (SC). Algumas ações já são realizadas nas festas juninas do Nordeste.
Como evitar desnutrição e infecções após a alta hospitalar será destaque no XXI Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral
24/06/2015 - SnifDoctor
Entre os dias 18 e 21 de outubro, no Centro de Eventos e Convenções Brasil, em Brasília acontecerá o XXI Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral. O tema central deste ano será a "Transição do paciente do Hospital ao Domicílio”, que tem como objetivo explicar a importância de conduzir esta transição e como viabilizar a continuidade dos cuidados nutricionais no domicílio.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) e da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Robson Moura, são problemas cotidianos que precisam ser discutidos pela equipe multiprofissional, e esta discussão irá incluir representantes do governo para analisar a sua viabilidade econômica. “Como continuar a terapia nutricional após a alta hospitalar, quais recomendações precisam ser transferidas pela equipe de terapia nutricional ao cuidador do paciente, a importância da família nesta transição bem como os cuidados com a higiene no manuseio de sondas e dietas enterais são fatores importantes para o bem estar do paciente, além de evitar reinternações hospitalares”, esclarece Dr. Moura.
Muitos se enganam ao pensar que as complicações ficam no hospital quando o paciente recebe alta hospitalar. Segundo o presidente da SBNPE, é preciso orientar muito bem tanto o paciente quanto a pessoa responsável, chamada de cuidador. Ao receber alta, é necessário dar continuidade ao tratamento e à rotina alimentar em casa, e esse cuidador torna-se peça fundamental e essencial para este processo e transição.
Para o especialista, as informações e orientações devem ser passadas ao cuidador por meio de um diálogo bem claro e também devem ser entregues por escrito, para que o cuidador não corra o risco de esquecê-las. Depois de ficar internado no hospital por um período, o paciente está com vontade de saborear a comida caseira. Porém ele deve continuar com a dieta mesmo em casa, e a equipe do hospital deverá orientar o cuidador oferecendo algumas sugestões de pratos para diversificar a dieta e torná-la menos monótona.
Três fatores são fundamentais para evitar essa monotonia: a criatividade na formulação da dieta, a socialização do paciente com os membros da família na hora da refeição e tornar o ato de alimentar-se prazeroso.
Segundo o presidente da SBNPE, na maioria dos casos, o mais indicado é a dieta industrializada, por ser mais completa e ter todos os nutrientes que o paciente precisa naquele momento. “É preciso orientar o cuidador que, na melhor das intenções, prefere fazer a comida em casa, achando que assim fará bem ao paciente. Porém, no processo caseiro, muitos alimentos acabam perdendo suas propriedades nutricionais, enquanto que no processo industrial, isso não ocorre”, alerta Dr. Moura. Cuidado com a higiene oral: Um ponto que poucas pessoas prestam atenção é com relação à higiene oral. As pessoas esquecem que o paciente, quando está restrito ao leito, fica impossibilitado de fazer a higiene oral sozinho e precisa que alguém faça isso para ele. Essa preocupação deve ser passada ao cuidador também, para que ele dê continuidade quando o paciente for para casa, já que, se o paciente ainda estiver impossibilitado de fazer sua própria higiene oral, é o cuidador quem deve auxiliá-lo. Endereço: SHS Quadra 06, Lote 01, Conjunto A, Setor Hoteleiro Sul Mais informações: http://cbnpe2015.com.br/ e ou 3889-9909
Jovens criam camisinha que muda de cor com doença transmissível
26/06/2015 - Folha de S.Paulo
Jovens cientistas britânicos foram o destaque da premiação TeenTech ao criar uma camisinha que muda de cor ao entrar em contato com alguma DST (doença sexualmente transmissível).
A equipe de alunos da Isaac Newton Academy, em Londres, já foi contatada por uma fabricante de preservativos, impressionada com o feito dos garotos. Eles ganharam o prêmio da categoria Futuro da Saúde.
"Criamos a camisinha S.T.EYE como uma nova forma de detectar as DSTs e ajudar o futuro da próxima geração. Queríamos criar algo que tornasse a detecção de DSTs mais segura, para que as pessoas pudessem agir imediatamente na privacidade de suas casas. Temos certeza de que vamos oferecer a chance de deixar as pessoas agirem de maneira responsável", disse Daanyaal Ali, 14.
A ideia dos garotos foi vista de perto pelo príncipe Andrew, duque de York e patrono da TeenTech, que vistou a Royal Society para conhecer jovens empreendedores.
Diagnóstico e início de tratamento podem demorar meses
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
É consenso entre médicos que o diagnóstico precoce aumenta as possibilidades de cura. Mas as longas filas para exames básicos e a sequência de encaminhamentos para diferentes especialistas, com intervalos espaçados entre consultas,interferem no processo.
Presidente da Oncoguia, ONG que oferece apoio e orientação para pacientes com câncer,Luciana Holtz diz que os pacientes da rede pública são prejudicados com as fases impostas para que eles tenham acesso ao tratamento.
“Tudo começa na atenção básica. Os postos de saúde têm muitos problemas. O primeiro é que, muitas vezes, não tem médico. Quando tem, ele não examina,não olha no olho e não toca no paciente.Depois, há fila paraexames simples,comomamografia e colonoscopia. Com o resultado dos exames, ele volta para o posto para, então, ser encaminhado para o especialista.Outra etapa é a atenção especializada, que também tem fila”, detalha.
Luciana dá como exemplo a fila do exame de colonoscopia, feito para a detecção de câncer colorretal. “Os postos não fazema colonoscopiaea fila pode chegar a seis meses. Mas, com câncer,você ganha tempo quando age rápido.” O exame é o que tem maior fila na cidade de São Paulo entre os procedimentos de detecção dos tipos mais comuns de câncer.São 143 dias, pouco mais de quatro meses, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde referentes a 2014.A secretaria informa, no entanto, que a situação já foi pior. Em 2012, a espera era de 222 dias.
No caso da colposcopia, que rastreia o câncer de colo de útero, a redução da fila foi de 204 dias, em 2012, para 93 dias em 2014. Segundo a pasta, não há filas para os exames de Papanicolau, toque retal, PSA e raio X de tórax para detectar câncer de pulmão. A secretaria atribui a diminuição da espera aos oito hospitais-dia da Rede Hora Certa e às quatro unidades da Rede Hora Certa Móvel, centros que integram realização de exames, consultas com especialistas e procedimentos cirúrgicos.
Um erro complicou o quadro da costureira aposentada Edilene Bolkart, de 35 anos.Diagnosticada com câncer de mama em 2011,os médicos do hospital público onde ela se tratava,na cidade catarinense de Campo Erê, não pediram nenhum exame para verificar se o tumor havia migrado para outros órgãos.
“Quando tive o primeiro diagnóstico, eu já tinha dor nos ossos, mas eles não pediram o PET/CT nem uma cintilografia óssea. O que aconteceu foi que eu tratei o câncer de mama e, um ano e meio depois, descobri que havia metástase nos ossos”, conta ela. “Fico muito decepcionada, porque se eu tivesse o tratamento correto desde o início, talvez meu quadro não tivesse ficado tão grave”, diz a paciente, que ainda realiza sessões de quimioterapia para manter a doença controlada.
Demora. Pela lei 12.732, mais conhecida como Lei dos 60 dias, o prazo entre o diagnóstico e o início do tratamento para o câncer não deve ultrapassar dois meses. No entanto, dois anos após a lei entrar em vigor, quase metade dos pacientes ainda não consegue iniciar o tratamento no prazo. Criado em 2013, o Sistema de Informação de Câncer (Siscan) monitora o cumprimento da lei. Segundo o Ministério da Saúde, o sistema ainda está em implantação e é utilizado por 10.970 serviços de saúde em 4.867 municípios do País.
“O sistema possui 29.188 pacientes registrados com câncer, dos quais 13.810 estão em tratamento.Dos pacientes em tratamento, aproximadamente 60% estão em cumprimento com a Lei dos 60 dias”, afirmou o ministério, em nota.
A radioterapia é um dos tipos de tratamento em que os pacientes mais têm dificuldade de acesso na rede pública. “A fila da radioterapia em Sorocaba, por exemplo, está um caos. Já passa de seis meses”, afirma a presidente da Oncoguia.
O pai da vendedora Priscila Rodrigues Ramos, de 27 anos, está na fila de espera desde setembro do ano passado na Santa Casa do município do interior paulista.Ele foi diagnosticado com câncer de próstata em outubro de 2013 e,em agosto do ano passado, submetido a uma cirurgia para retirar o tumor.
Priscila conta que o pai foi chamado para o hospital neste ano para fazer uma radiografia e informado que faria uma tomografia antes de iniciar o tratamento.
No dia do primeiro exame,em maio,recebeu a informação de que a máquina de tomografia estava quebrada.
“Agente ficou muito feliz porque tinham chamado depois de quase um ano, mas já faz mais de um mês que a máquina quebrou e não resolvem. Falaram que não dá para fazer em outro lugar, porque tem de fazer com o especialista do hospital. Estou sempre ligando para cobrar.” A Santa Casa de Sorocaba confirmou que o tomógrafo está quebrado. Sobre a radioterapia, o hospital informou que a fila tem 188 pessoas e que a agenda está lotada.
SUS tem centros de excelência em oncologia
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Quando se viu com câncer de mama e sem plano de saúde, após o fim de um contrato de 25 anos, a professora e empresária Catia Jonas Dias, de 47 anos, ficou desesperada. A doença teria de ser tratada em algum hospital do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas o tratamento revelou uma realidade que até então não conhecia: a excelência disponível aos pacientes com câncer na rede pública.
Ano após ano,hospitais públicos e particulares que tratam pacientes da oncologia pelo SUS recebem equipamentos com tecnologia de ponta, incorporam medicamentos modernos e apostam no fortalecimento médico-paciente por meio da humanização para ter sucesso na luta contra a doença.
Catia não nega que sentiu medo.
“Estava sem pagar o plano (de saúde) havia dois meses e fiquei com aquela imagem de corredor no SUS.” Mesmo assim, ela buscou atendimento em um posto de saúde em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, onde começou a ser avaliada.
Após atendimento com clínico geral, foi submetida a uma série de exames e consultas com mastologistas e oncologistas.Ela tinha de correr contra o tempo, porque descobriu o câncer em estágio avançado. “Em 40 dias, o tumor cresceu de dois para cinco centímetros. Meu câncer estava em grau três e os médicos diziam que eu tinha de 35%a 40% de chance de cura.” Foi por meio de um projeto do Hospital Sírio-Libanês com pacientes da rede pública que ela chegou ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), onde ainda faz tratamento.
“Em dois anos, nunca tive problemas.Aquele hospital funciona como um relógio. Tudo é de última tecnologia, os profissionais são treinados. Nem em sonhos imaginaria que teria um atendimento como esse na rede pública.” O atendimento multidisciplinar também a surpreendeu.
“Além do oncologista,tenho nutricionista, pneumologista e faço fisioterapia e reabilitação.
Queria parar de fumar e faço parte do grupo de apoio ao tabaco.
Uso medicamento, adesivo, chiclete de nicotina. Eles oferecem tudo.” Inaugura do em 2008,o Icesp, ligado à Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, está entre os maiores hospitais especializados em tratamento de câncer da América Latina e realiza mais de 50 mil atendimentos por mês. “Hoje, o Icesp dá um tratamento do mais alto nível com alta tecnologia, treinamento da equipe e todos os tratamentos são padronizados. Eles seguem linhas de conduta estabelecidas por instituições internacionais.
Temos ainda uma área de pesquisa clínica onde realizamos projetos com novos tratamentos”, explica Paulo Hoff, diretor-geral do instituto.
Na parte de diagnóstico e acompanhamento da evolução do câncer, o hospital conta com dois aparelhos de PET/CT,equipamento de medicina nuclear que,por meio de marcadores tumorais, permite que o médico visualize de forma precisa as lesões.
Desde o ano passado, um robô para cirurgias está sendo testado. “Ele está sendo usado para ver a viabilidade econômica de tratamentos robóticos no SUS.” A novidade deste ano foi a inauguração do centro de simulação realística, ocorrida em fevereiro, voltada para o treinamento de profissionais. “É uma área na qual reproduzimos o ambiente do hospital com consultórios,banheiros e temos robôs que imitam os pacientes.
Podemos fazer o treinamento de técnicosdeenfermagem,enfermeiros, atendentes. A gente prepara melhor os profissionais para receber os pacientes.” Mesmo com os avanços,o instituto também encara diariamente uma série de desafios.
“Há um número crescente de pacientes e nossa infraestrutura precisa ser expandida. Além disso, todososavanços tecnológicos vêm com um custo muito elevado.” Na região metropolitana de São Paulo, outro centro médico públicos e destaca no tratamento oncológico.Ainda neste mês, o Hospital Geral de Guarulhos vai passar a oferecer radio cirurgia para seus pacientes.O procedimento, que é menos invasivo, vai beneficiar pessoas com lesões tumorais no cérebro, coluna e medula.
O centro oncológico da unidade entrou em atividade em maio deste ano e tem capacidade para atender 1,2 mil casos novos de câncer por ano. Ele tem como objetivo ampliar a rede de atendimento para pacientes da Grande São Paulo, Taubaté, Sorocaba, Registro e também da Baixada Santista. Com a radio cirurgia, a radiação para combater o tumor é emitida apenas sobre ele, o que preserva os tecidos próximos à lesão.
Filantropia. Com ações voltadas para pacientes com câncer provenientes da rede pública desde seu ano de fundação, em 1953, o Hospital A. C. Camargo Cancer Center pretende aumentar em 25% o investimento em ações filantrópicas para esses pacientes neste ano. “Em 2014, o investimento foi de R$ 56 milhões. Neste ano, a estimativa é de que vamos investir cerca de R$ 70 milhões”, diz Jarbas Salto Junior, superintendente de operações do hospital.
Uma das prioridades é oferecer atendimento igualitário. “O hospital atende pacientes do SUS e faz atendimento particular.
Sabemos que o SUS não autoriza todos os tipos de tratamento, como a cirurgia robótica, mas oferecemos o que temos em tecnologia para o diagnóstico e tratamento.”
Brasil é um dos países que menos investem em saúde pública
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Comparado com outros países que têm sistema universal de saúde, o Brasil é a nação que tem o menor porcentual de investimento público em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados apresentados pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, durante o Fórum Estadão Saúde.
Os dados mostram que o governo brasileiro investe 4,7% do PIB em saúde, índice muito inferior aos gastos de Canadá, França, Suíça e Reino Unido, onde os porcentuais de investimento variam de 7,6% a 9,0%.
O gasto total do País per capita com saúde,contando investimentos públicos e privados, também está bem abaixo da média dos países desenvolvidos com modelos universais. Na Suíça, por exemplo, esse valor chega a U$ 9.276, enquanto o Brasil investe U$ 1.083 por habitante na área da saúde.
Embora o investimento brasileiro seja considerado baixo comparado com essas nações, o País tem gastos em saúde superiores a todos os demais países do Brics que, além do Brasil, inclui Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em comparação com o Mercosul, oBrasil se saimelhor que paísesmais pobres, como Paraguai e Venezuela, mas está atrásdenaçõescomoaArgentinae o Uruguai noinvestimento público em saúde.
“O Ministério da Saúde tem aumentado ano a ano os investimentos em saúde, mas nosso gasto público ainda é menor do que países vizinhos. Temos de debater novas fontes de recursos. O diagnóstico é que a saúde é subfinanciada,mas não cabe apenas ao ministério dar a solução.O Congresso e a sociedade têm que discutir isso também”, disse Barbosa. De acordo com o secretário, somente com ações e serviços públicos em saúde, sem contar o pagamento de pessoal, a pasta gastou R$ 92,6 bilhões no ano passado, valor três vezes maior do que era investido dez anos antes.
Para a ministra interina da Saúde, Ana Paula Menezes, por mais que o governo federal venha ampliando o número de tratamentos e medicamentos oferecidos na rede pública, o cidadão tem razão em cobrar, porque o investimento ainda não é suficiente. “O tensionamento por mais recursos é adequado.” Mesmo com o subfinanciamento, para o governo o SUS pode ser considerado um exemplo de universalidade e igualdade em muitas áreas. “No ano passado, por exemplo, com o início da vacinação contra o HPV, o Brasil passou a oferecer todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. Hoje podemos dizer que uma criança pobre no Brasil vai ter acesso às mesmas imunizações que uma criança com acesso à saúde privada”, disse o secretário.
Paciente de planos vive mais que o do SUS
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Com o atraso na incorporação de drogas inovadoras à lista do SUS, o paciente com câncer tratado na rede privada pode ter a chance de viver de dois a três anos mais do que um doente atendido na rede pública. Essa foi uma estimativa feita pelo oncologista Carlos Barrios, do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, ao comparar resultados de diferentes terapias indicadas para câncer de mama metastático.
Em sua apresentação no Fórum Estadão Saúde, o especialista mostrou que enquanto a quimioterapia tradicional oferecida para pacientes da rede pública com esse tipo de tumor dá sobrevida de 20 meses, o tratamento associado a outras drogas mais modernas promove ganho de 56 meses, cerca de dois anos mais. “Não defendo que a Conitec incorpore uma droga de alto custo que dê sobrevida de um, dois meses. Mas nesses casos estamos falando de anos”, disse o oncologista.
O tumor de mama é o tipo maisprevalenteentreasmulheres, depois do câncer de pele não melanoma. Somente neste ano,57 mil mulheres deverão receber o diagnóstico da doença no País.Quase metade das brasileiras descobrem o tumor já em fase avançada.
Oncologista no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), da rede pública estadual, e no Hospital Sírio-Libanês,Max Mano disse que as diferenças entre os setores público e privado são gritantes, não só no tratamento,mas também no diagnóstico. “Quando saio do serviço público e vou para o meu consultório particular, parece que mudei de País”, relatou.
Hoje, o rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) obriga os planos de saúde a cobrirem mais drogas oncológicas do que as incluídas na lista do SUS. O especialista afirma que a dificuldade de acesso se dá não só na questão dos medicamentos inovadores, mas também em exames mais básicos de detecção de câncer,como a mamografia, e em tratamentos tradicionais contra a doença, comoa radioterapia.
De acordo com dados apresentados por Mano, 40% dos pacientes que precisam desse tipo de tratamento não conseguem ter acesso a ele.
Mano afirmou que o Brasil conta hoje com 283 unidades de saúde habilitadas em oncologia, quase metade delas (135) na Região Sudeste.NaRegiãoNorte,porexemplo, só temdezdesses centros.
Polêmica. Os especialistas em oncologia presentes no fórum demonstraram preocupação com a posição da ANS em considerar as avaliações da Conitec como um dos principais critérios de incorporação de um medicamentonalista de cobertura obrigatória dos planos.Conforme revelado pelo Estado na semana passada, pela primeira vez, a agência decidiu retirar um medicamento do seu rol de procedimentos após a Conitec decidir pela não incorporação do produto na lista do SUS.
“Deu um pânico a ANS usar como base a Conitec. O que todos esperavam é que o sistema público fossemelhoradopara ficar mais próximo do privado, mas parece que estão fazendo o contrário, reduzindo a cobertura para ficar tudo pior”, disse Max Mano.
Saúde pede mais diálogo e integração
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Para enfrentar o desafio de garantir acesso de todos os brasileiros a tratamentos inovadores no SUS, sem estourar os gastos previstos no orçamento, o governo federal não terá outra escolha a não ser dialogar com todos os atores envolvidos no processo, como médicos e indústria farmacêutica, e encontrar um caminho socialmente justo e financeiramente viável.
A necessidade de coordenação entre diversos setores da saúde foi um dos principais pontos debatidos no Fórum Estadão Saúde, realizado na terça feira, no Hotel Grand Hyatt,em São Paulo, com a presença de representantes do governo, entidades médicas, organizações de pacientes e academia.
O evento teve como foco discutir as dificuldades de acesso de pacientes da rede pública a tratamentos e medicamentos de ponta,muitas vezes já cobertos pelos planos de saúde, mas não incorporados à lista do SUS.De acordo com os especialistas, a situação mais grave se dá na área de oncologia. No evento, eles afirmaram que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) deixou de incorporar, nos últimos anos, por causa do custo alto, vários medicamentos quimioterápicos com eficácia comprovada. “As decisões da Conitec hoje não têm tido critérios coerentes nem o respaldodaclassemédica.O resultado disso é uma lista do SUS defasada”, disse Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, ONG que trabalha com pacientes com câncer, e uma das palestrantes do fórum.
Secretário de Ciência,Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde,Jarbas Barbosa admitiu que não é fácil a tarefa de avaliar o que será oferecido na rede pública, mas afirmou que é impossível fazer essa análise sem considerar uma série de critérios, inclusive os econômicos. “Temos um desafio tremendo de acompanhar as inovações e descobertas e garantir que elas tenham um espaço mais rápido de avaliação, com segurança”, disse Barbosa.
“Mas não há sistema universal de saúde no mundo que faça incorporação de tecnologias de maneira livre. Temos de levar em conta um conjunto de decisões e não só o caso de um paciente.
O objetivo da Conitec não é colocar uma barreira, é dar racionalidade ao processo.” Diante da dificuldade do governo de, com recursos insuficientes,cumprir a Constituição e dar tratamento a todos que necessitam, a maioria dos palestrantes do fórum concordou que não basta procurar culpados e fazer críticas, é preciso buscar soluções de forma conjunta. “Todos os players que participam dessa complexa equação estão se acusando em vez de fazer uma discussão ampla e transparente. O número de pacientes com câncer deverá tomar proporções drogas vai acrescentar pressão a esse sistema. Esse diálogo, portanto, é urgente, es epidêmicas nos próximos anos e a melhora dos resultados terapêuticos com no sob o risco de perdermos muitas vidas”,defendeu Carlos Barrios, oncologista do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.
O especialista afirmou que o governo deveria se mobilizar para costurar um acordo em busca de soluções e ressaltou a necessidade de negociar com a indústria os valores das novas tecnologias.
“É impensável achar que vamos lidar com esse problema com os preços que estão sendo praticados. A coisa mais importanteagora é ter um objetivo alinhado. Se chegarmos a esse objetivo será mais fácil sentarmos todos juntos, desarmados, para discutir valores”, disse o oncologista.
Convidada do fórum,a ministra interina da Saúde, Ana Paula Menezes, afirmou que a pressão por mais recursos é crescente e concordou que o governo não é capaz de buscar soluções sozinho.“Esse desafio de garantir universalidade com equidade diz respeito a todos nós, do setor público e do privado. A nossa abordagem tem de ser olhar para a necessidade coletiva”, disse.
Judicialização. A ministra citou o grande número de ações judiciais movidas contra o SUS como uma prova dessa pressão crescente por ampliação do acesso a tratamentos mais modernos.De acordo com Ana Paula, o gasto do ministério com o cumprimento de decisões judiciais deve chegar a R$ 1 bilhão neste ano.
A chamada judicialização da saúde também é motivo de preocupação para o secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip. Ele citou o caso de medicamentos inovadores para a hepatite C que começarão a ser oferecidos pelo SUS neste ano.“O problema é que o ministério vai comprar doses para 15 mil pacientes e, só no Estado de São Paulo, devemos ter 200 mil pacientes com a doença. O que vai acontecer com isso? Vou ser judicializado por aqueles que não receberem o remédio”, disse ele, que defende uma mudança na Constituição que defina prioridades no sistema público de saúde.“Sou a favor das incorporações da Conitec, mas falta discutir quem vai pagar essa conta. Não adianta apenas garantir a tecnologia se não tivermos o recurso. Estamos no meio de uma crise nacional. Os municípios estão tendo de assumir o subfinanciamento da saúde hoje. Eles são obrigados por lei a colocar 15% da sua receita na saúde, mas tem alguns que estão investindo mais de 30%.
Se não sentarmos e conversarmos em cima de um pacto federativo,tirarospartidarismos, teremos dificuldades muito sérias”, disse.
Para Denizar Vianna, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) especializado em economia da saúde, o governo terá de seguir o que fizeram outros países e definir um limite de custo considerado válido para cada tratamento.
“Vários países já definiram esse limiar de custo-efetividade,o limite de valor por vida salva.
Para isso, compararam as alternativas terapêuticas e a efetividade e verificaram o que esse tratamento proporciona de ganho.
Por aqui, isso não está tão claro. Precisamos definir critérios de priorização e a métrica desses critérios”, disse.
Max Mano, oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do Hospital Sírio-Libanês, defendeu que a classe médica seja mais ouvida na definição dos critérios de incorporação no SUS. “A Conitec tem o seu viés por reduzir gastos, o que é altamente legítimo,mas uma coisa que incomoda é quando as medicações são reconhecidas no mundo inteiro,já foram aprovadas pela Anvisa e não são incorporadas no SUS. Uma diretriz terapêutica tem de ser reconhecida pelos especialistas e parece que isso não tem acontecido.”
Donos do laboratório Salomão Zoppi negociam venda de fatia para fundos
26/06/2015 - O Estado de S.Paulo
O laboratório de exames SalomãoZoppi Diagnósticos (SZD), fundado pelos médicos Luís Vitor Salomão e Paulo Sérgio Zoppi no início dos anos 1980, está sendo sondado por fundos de investimentos e por empresas concorrentes. A companhia paulista, de médio porte, afirma estar disposta a vender apenas uma fatia minoritária do seu negócio, mas diz não ter pressa para concluir a operação.Fontes ouvidas pelo Estado afirmaram que os fundos Advent, Warburg Pincus, Carlyle e KKR e o laboratório mineiro Hermes Pardini olharam o negócio.
“Temos um plano de expansão firme até 2020, que inclui a abertura de novas unidades de atendimento e consolidação no segmento de exames genéticos, que ainda é restrito no Brasil, mas tem potencial para crescer”, disse Mário Pereira, vice-presidente executivo do SZD. Ex-executivo da farmacêutica Aché e do laboratório Hermes Pardini, Pereira chegou ao grupo no fim de 2011 a convite dos dois acionistas do SZD, que possuem 50% de participação cada um, para agilizar o processo de profissionalização da empresa. A expectativa é que os médicos Salomão e Zoppi, que atuam como copresidentes, passem a fazer parte do conselho de administração da companhia e Pereira assuma o comando.
Segundo ele, a empresa foi assediada por vários fundos interessados em entrar como acionista no negócio, mas os sócios só estão dispostos a negociar entre 20% e 30% de fatia da companhia. O executivo disse, contudo, que não há negociações em andamento no momento. Ele nega que o Hermes Pardini também esteja de olho no negócio. No ano passado, o SalomãoZoppi contratou a empresa americana MTS Health Partners, que está prospectando negócios para o laboratório.
Procurados, Advent, Warburg Pincus, Carlyle, KKR e Hermes Pardini informaram que não comentam rumores de mercado.
As negociações envolvendo o SalomãoZoppi têm pelo menos duas barreiras: o alto preço cobrado pelos acionistas e o fato de o laboratório não querer abrir mão do controle neste primeiro momento, dizem fontes. A empresa é avaliada em cerca de R$ 500 milhões no mercado. “O Warburg Pincus, que já olhou o SalomãoZoppi, está tentando comprar ativos de saúde no País para fazer uma grande consolidação nesse setor. Já o Advent não costuma participar de operação no qual não possa ser o controlador”, disse uma fonte.
Médio porte. Com faturamento de R$ 200 milhões em 2014, o laboratório prevê encerrar este ano com receita bruta de R$ 270 milhões. O Ebtida (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia ficou em R$ 30 milhões no ano passado e deve encerrar em R$ 50 milhões este ano. “A expectativa é de atingir faturamento de R$ 800 milhões até 2020”, disse Pereira. Concentrado em São Paulo, o SZD tem atualmente nove unidades laboratoriais na capital paulista. A décima unidade será inaugurada no fim de outubro na Lapa (zona oeste de São Paulo) e a 11ª unidade em março de 2016, em Osasco - a primeira na Grande São Paulo.
“O SalomãoZoppi é considerado o diamante que sobrou no mercado de laboratório de exames. O setor de saúde tem atraído o interesse de grandes investidores e tem muito potencial de consolidação”, disse Victor Falzoni, analista do banco Brasil Plural.
Desde fevereiro, os acionistas do Fleury (23 médicos e uma administradora), que estão reunidos na Core Participações, colocaram à venda uma parte do negócio. A gestora Tarpon é apontada como uma das favoritas para se tornar sócia do Fleury. No ano passado, o Gávea, que tem 30% de fatia no laboratório Hermes Pardini, tentou costurar a fusão entre os dois laboratórios, mas a operação não deu certo.
Conhecido na classe médica por sua qualidade e dupla checagem de exames, o SalomãoZoppi busca ativos no segmento de pesquisas genéticas, segundo fontes. A MTS Heatlh está prospectando negócios. A empresa não descarta parcerias internacionais, que preveem transferência de tecnologia para o laboratório nacional.
Adolescentes doam sangue no HC para incentivar solidariedade
26/06/2015 - Folha de S.Paulo
Há um ano e meio é permitida no Brasil a doação de sangue por voluntários adolescentes, a partir de 16 anos.
Mesmo assim, a ação desse público só representou 1% do total de coletas do ano passado no Hemocentro de São Paulo, um dos maiores do país, que teve cerca de 130 mil doadores em 2014.
Para mostrar que esse público pode fazer a diferença, 16 jovens, de 16 e 17 anos, foram nesta quinta (25) doar sangue. São alunos do colégio Santa Amália, mantido pela organização Liga Solidária.
"Fiquei com um certo receio de agulha, mas poder fazer algo que vai ter impacto direto na vida das pessoas falou mais alto. Não doeu nada", diz Gabriel Tavares Silva, 17. Não há diferença no processo de coleta do sangue do adolescente, que pode usar o celular e até tirar selfies durante a doação, mas é necessário ter autorização por escrito do responsável.
Tutelados e emancipados precisam apresentar documentação específica, que pode ser consultada no site www.prosangue.sp.gov.br.
"A partir dos 16 anos a pessoa já é considerada apta para doar e ela não terá nenhum prejuízo para a saúde", afirma a médica Fátima Hangai Nogueira, do Hemocentro de São Paulo.
Os alunos do Santa Amália vinham discutindo havia meses com seus professores a realização de alguma ação solidária. Junho foi o mês escolhido por, tradicionalmente, ter menos doadores.
"Falta mais incentivo, mais informação. Receber um estímulo da escola ajuda muito", declara Manoela Estabile, 17.
Após 4 mortes,PS em Guarulhos fecha por presença de bactéria
25/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Após a morte de quatro pacientes entre o mês passado e este mês contaminados com a bactéria Acinetobacter baumannii, o Hospital Municipal de Guarulhos, na Grande São Paulo, interditou a área de observação do pronto-socorro e transferiu 30 pacientes para outras unidades de saúde da cidade.
A detecção da bactéria foi confirmada pela Secretaria de Saúde do município anteontem, que também isolou pacientes com risco de terem sido contaminados, realizou exames nesses pacientes e também iniciou um processo de desinfecção do ambiente. Administração municipal. Em nota, a secretaria informou que a bactéria aparece com frequência em ambientes hospitalares e é resistente a antibióticos.
“Não se trata, porém, de superbactéria, mas de uma bactéria resistente.” A pasta disse ainda que o pronto-socorro vai atender apenas casos de urgência e emergência.
Para onde vai a ANS?
25/06/2015 - O Estado de S.Paulo
É da maior gravidade a decisão anunciada pelo novo diretor presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos de Souza Abrahão, de fazer o que chama de “integração” do setor de saúde privada – leia-se planos de saúde – com o Sistema Único de Saúde (SUS). A primeira ação concreta nesse sentido é a utilização da lista de tratamentos e medicamentos do SUS como um dos principais critérios para definir o que os planos devem oferecer a seus usuários. Como isso vai acarretar a exclusão de itens caros das obrigações dos planos, fica evidente a intenção de favorecêlos, sabe-se lá com que propósito, o que é inaceitável.
Trata-se de uma inversão de papéis, pois a função da ANS é antes buscar soluções que melhor convenham à outra parte, a dos que pagam pelo serviço da saúde privada.
Pela primeira vez a ANS pretende excluir das obrigações dos planos o fornecimento de um medicamento contra câncer com base em decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) de não colocá-lo na lista desse sistema. É o quimioterápico oral everolimus, indicado para o câncer de mama com metástase. Observe-se que cada caixa desse remédio, suficiente para um mês de tratamento, custa R$ 13 mil, uma despesa da qual os planos se verão livres, para desespero de quem precisa do tratamento.
Como disse um deles, ouvido pela reportagem do Estado: “No meu caso, retirar o remédio da cobertura do plano significa uma condenação”.
Segundo Souza Abrahão, “as avaliações da Conitec são parâmetros tanto para a inclusão quanto para a exclusão” de medicamentos. Esse processo, que começou com aquele quimioterápico, vai portanto continuar. Aliás, a gerentegeral de Regulação Assistencial da ANS, Raquel Lisboa, já anunciou que outras modificações na lista dos planos estão em estudo. Em algum momento, que não parece distante, as listas de medicamentos e tratamentos do SUS e dos planos deverão se igualar. “Temos várias ações na saúde suplementar (os planos) que muitas vezes se sobrepõem às ações do SUS. Então, a integração dos dois sistemas é fundamental”, diz o novo diretorpresidente da ANS, deixando bem clara qual é a sua política para o setor.
Se os dois vão oferecer a mesma coisa, por que pagar pelos planos? Seria melhor então abandoná-los e ficar com o SUS, o que evidentemente agravaria a superlotação do sistema.
É o que deseja a ANS? Mas isso dificilmente aconteceria.
Pela boa razão de que, além de medicamentos e tratamento, os planos oferecem atendimento hospitalar, que permite a seus aderentes escapar da notória precariedade dos hospitais públicos. Assim, só quem ganha com a nova posição adotada pela ANS são os planos, que terão considerável redução de despesa, em prejuízo de seus clientes.
É compreensível, diante disso, a reação de entidades médicas e de defesa dos consumidores. O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, condenou a nova postura da ANS em termos duros: “Trata-se de um retrocesso para os usuários dos planos de saúde e um insulto aos cidadãos brasileiros.
Em vez de buscar um padrão mais elevado para os tratamentos na área pública, os gestores resolvem nivelar a assistência por baixo, em detrimento do nosso bem-estar e da nossa qualidade de vida”.
Posição semelhante foi adotada pela presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz: “Se a agência começar a se basear na lista da Conitec (do SUS), ela estará nivelando por baixo. É um absurdo”.
Tão grave quanto esse nivelamento por baixo é a possibilidade de captura da ANS pelos planos de saúde que tal política sugere, pois tudo indica que serão eles os grandes beneficiários dessa reviravolta no comportamento do órgão. Tal desvirtuamento de uma agência reguladora é inadmissível, e por isso as autoridades federais que têm responsabilidade no caso não podem se omitir. Até porque, se isso é tolerado numa agência – e logo na que cuida da saúde –, todas as demais correm o mesmo risco.
Custos da saúde e da longevidade
25/06/2015 - DCI
Somente em 2013, as despesas assistenciais das operadoras de planos de saúde ultrapassaram R$ 90 bilhões, valor 14% maior do que o de 2012. Entre 2003 e 2013, a despesa assistencial per capita aumentou 151,3%, de acordo com dados da ANS. Já a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período foi menos da metade desse percentual: 72,02%.
Entre 2008 e 2013, as despesas assistenciais das operadoras de autogestões cresceram 72,78%, enquanto o aumento do mercado de saúde no mesmo período foi de 89,18%. É importante destacar que as autogestões oferecem uma cobertura mais ampla do que a dos outros planos de mercado e possuem o maior percentual da população acima de 60 anos da saúde suplementar.
São 22,8% contra 12% do setor, de acordo com dados da última Pesquisa Unidas.
Outro ponto crítico foi o crescimento das suas receitas, no mesmo período, na ordem de 71%, bem abaixo dos 82% da média do setor.
A incorporação acrítica de novas tecnologias, o envelhecimento da população, a judicialização da saúde e as não conformidades na cadeia produtiva, são alguns dos fatores críticos no cenário da saúde no Brasil. Na autogestão, essa situação fica ainda mais difícil com a regulação imposta pela ANS, que não considera as peculiaridades do nosso segmento, tampouco o fato de essas instituições não terem finalidade lucrativa.
Não há dúvida de que a sustentabilidade da saúde suplementar passa por implantação de mudanças complexas, como a regulação na incorporação de novas tecnologias, revisão no modelo de pagamentos dos prestadores de serviços, intenso combate aos desperdícios e fraudes na cadeia produtiva e implantação de formas de custeio, dentre outras.
No entanto, para assegurar a perpetuidade das autogestões precisamos ir além dos esforços primordiais, investindo cada vez mais na profissionalização da gestão.
Bactéria resistente faz hospital de Guarulhos fechar
25/06/2015 - Folha de S.Paulo
Após a confirmação de casos de contaminação por uma bactéria resistente a várias classes de antibióticos, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Municipal de Guarulhos decidiu fechar a unidade e o pronto-socorro até a descontaminação.
O local atende apenas casos de extrema urgência. A bactéria teria contribuído para a morte de quatro pacientes nos últimos dois meses.
A limpeza deve durar pelo menos até esta sexta (26). Segundo o diretor da UTI do hospital, Edenílson Calore, a bactéria só afeta pacientes que estejam muito debilitados.
A Secretaria de Saúde de Guarulhos informou que foi necessária a remoção de 20 pacientes.
Rótulos deverão exibir aviso para alérgicos
25/06/2015 - Folha de S.Paulo
Nova regra obriga fabricantes do país a informar a presença dos principais alimentos causadores de alergias.
Mudança aprovada pela diretoria da Anvisa nesta quarta-feira (24) ocorreu após pressão de grupo de mães.
A rotina de quem tem alergia alimentar e vive tentando entender as informações cifradas nas embalagens dos produtos ou ligando para o serviço ao consumidor das fabricantes está prestes a mudar.
Rótulos de alimentos e bebidas terão que informar a presença dos principais componentes que podem causar alergias (veja lista ao lado).
A decisão foi tomada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesta quarta-feira (24).
A norma entrará em vigor no país dentro de um ano, período em que as fabricantes deverão se adequar.
O alerta será feito por meio da mensagem "Alérgicos: contém...", que deve estar visível, em negrito, logo após a lista de ingredientes.
Países como Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia já têm regras determinando que as embalagens tenham avisos quanto à presença de alérgenos.
PRESSÃO DAS MÃES
A mudança ocorre após pressão de movimentos como o Põe no Rótulo, que reúne centenas de mães de crianças alérgicas e conseguiu que a Anvisa realizasse uma consulta pública sobre o tema.
A psicóloga Tatiana Araújo, 28, de Brasília, acompanhou a reunião da Anvisa e comemorou a decisão. "Parece até final de Copa do Mundo para nós. Vai facilitar muito", diz. Seu filho mais velho, Alexandre, 2, reage a traços --quantidades baixíssimas-- de leite e soja. O mais novo, Samuel, de 10 meses, tem alergia ao leite.
Antes dessa decisão, uma lei determinava que as empresas informassem apenas a lista de ingredientes e a presença de glúten. Não havia, porém, um alerta específico para quem sofre com alergias.
Além disso, os ingredientes costumam ser informados com letras miúdas e nomes técnicos pouco compreensíveis para o consumidor.
"O leite aparecia como caseína, soro, produtos lácteos. Isso confunde quem vai consumir", afirma o médico José Carlos Perini, presidente da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia).
Isso deve mudar, já que a regra prevê que os produtos sejam informados com nomes comuns, pelos quais são de fato conhecidos.
As empresas também terão que informar a possibilidade de contaminação do produto durante a produção --por causa de diferentes produtos processados na mesma máquina, por exemplo. Hoje, a presença não informada de traços de um ingrediente é tido como um dos principais vilões por quem sofre alergia.
Para Perini, as novas informações devem diminuir acidentes por reações alérgicas. Hoje, a estimativa é que de 1,5% a 5% da população sofra do problema. A alergia alimentar pode causar simples coceira nos lábios e desconfortos estomacais até inchaço, fechamento da garganta e choque anafilático.
Representantes das indústrias dizem que o prazo para a regra entrar em vigor é insuficiente. O ideal, defendem, seria de três anos, mesmo prazo adotado na Europa. Ana Maria Giandon, da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), critica a possibilidade de ter que alterar os rótulos duas vezes --o Mercosul também estuda a mudança.
"Se tivermos que nos adequar à norma no Brasil e depois no Mercosul, o custo será muito alto", disse.
Problemas de saúde causados pelo uso de smartphone e como evitá-los
24/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site
O celular é quase um companheiro inseparável, visto por muitos como um bem essencial no dia a dia –mas o que muitas pessoas não sabem é que o uso excessivo deles pode causar danos ao corpo humano.
Se você sente constantes dores de cabeça, um couro cabeludo extremamente sensível ou um incômodo atrás de um olho, a culpa pode estar no uso indevido do smartphone.
Especialistas dizem que são cada vez mais comuns os casos de "text neck" –"pescoço de SMS" em tradução livre–, dores na cabeça ligadas a tensões na nuca e no pescoço causadas pelo tempo inclinado em uma posição indevida para visualizar a tela do celular.
Segundo a fisioterapeuta Priya Dasoju, "pescoço de SMS" também pode levar a dores no braço e no ombro. "O que estamos vendo são cefaleias cervicogênicas", afirmou. Ela diz que o problema vem de tanto inclinar a cabeça para frente da tela do celular, e isso cria uma pressão intensa nas partes frontais e traseiras do pescoço.
Esse problema pode se agravar e, em alguns casos, pode levar a uma condição conhecida como nevralgia occipital. É uma condição neurológica em que os nervos occipitais –que vão do topo da medula espinhal até o couro cabeludo - ficam inflamados ou lesionados. Ela pode ser confundida com dores de cabeça ou enxaqueca.
"Cerca de 30% dos nossos pacientes que vemos têm nevralgia occipital", disse a osteopata Lola Phillips. "Você tende a ter esse problema quando usa muito tablets, laptops ou smartphones. Você começa a sentir uma tensão na parte da frente do pescoço e uma fraqueza na parte de trás dele."
A dor pode ser intensa, como se o pescoço estivesse "queimando", e começa na base da cabeça, se estendendo por toda a parte superior, no couro cabeludo. Geralmente, as dores começam na parte de trás da cabeça, no nervo occipital, mas às vezes elas ficam localizadas mais na parte da frente, acima dos olhos.
Corbis
Pacientes com problemas de nevralgia occipital relatam dores fortes de cabeça
'RAIOS DE DORES'
Adam Clark Estes começou a sentir dores de cabeça alguns meses atrás. Segundo ele, a dor é intensa. "É como se fosse a dor de uma ressaca forte. Você sente a cabeça latejando." Pacientes com problemas de nevralgia occipital relatam dores fortes de cabeça "Como se alguém tivesse me golpeado na cabeça com um cano de aço quente enviando raios de dores lancinantes no crânio", conta.
Você pode sentir a dor em um dos lados da cabeça ou nos dois, e até atrás dos olhos quando movimenta o pescoço. O conselho para curar o problema é mudar de postura na hora de mexer no celular –e evitar o uso excessivo dele.
"Quem sofre disso deveria pensar em adotar posturas diferentes quando estiver usando o celular. Sentar na vertical, por exemplo, e levantar o celular ou usar um suporte para ele ficar em uma altura mais adequada", explica a osteopata Lola Phillips. "É preciso ter mais disciplina com o uso do telefone também", reitera.
O tratamento inclui correção de postura, massagem e remédios anti-inflamatórios, mas em alguns casos é preciso tomar medidas mais drásticas. Adam Clark Estes teve que injetar um coquetel de esteroides e outros relaxantes nos nervos ao redor do seu pescoço.
"Dói bastante. Acho que o médico me deu quase 20 injeções separadas e depois delas eu fiquei tão mole que achei que iria desmaiar." "Depois de me recuperar, o médico me disse que me sentiria melhor em um dia - e melhorou mesmo", conta.
Médicos também podem receitar relaxantes musculares, antidepressivos. Especialistas dizem que a prevenção é a melhor opção. Diminuir o uso de smartphones ou então posicioná-los mais próximo da altura dos olhos são boas estratégias para evitar o problema.
"Tente não manter a mesma postura por muito tempo", disse a fisioterapeuta Priya Dasoju. "Coloque um lembrete no celular ou no computador para se certificar de que você não está na mesma posição por muitos minutos consecutivos."
Os médicos garantem que as condições causadas por uso excessivo de smartphones são apenas dolorosas, não fatais.
Diabetes gestacional pode prejudicar saúde do bebê, explica Dr. Gilberto Nagahama
24/06/2015 - SnifDoctor
Cerca de 10% das mulheres brasileiras podem desenvolver a diabetes gestacional, que traz diversos perigos para o bem- estar dos bebês.Amá-formação fetal, a hipoglicemia, além do óbito são algumas das possíveis consequências. Segundo o Dr. Gilberto Nagahama, ginecologista do Hospital San Paolo/SP, centro hospitalar localizado na Zona Norte de São Paulo, há um risco maior de óbitos fetais tardios (acima de 32 semanas) em pacientes com diabetes não controlada.
A respeito da má-formação do feto, como a cardíaca, o médico afirma que acontece, principalmente, quando a mãe engravida numa fase em que a diabetes se apresenta muito elevada. “A glicose materna passa pela placenta para o feto por um mecanismo chamado difusão facilitada. Isso significa que se a mãe está hiperglicêmica transmite muita glicose para o seu bebê pela placenta.”
Uma outra preocupação é a apresentação de muito líquido amniótico. Emalguns casos, apresenta uma quantidade tão grande que pode impedir a paciente de respirar, pois o útero aumenta de tamanho e comprime o diafragma. “Após o nascimento, os bebês de mães com diabetes descontroladaspodem ter diversos distúrbios metabólicos, sendo a hipoglicemia o mais comum.”
O diabetes mellitus gestacional se divide em dois grupos: o A1, controlada apenas com dieta, e A2, que necessita de medicação. “As gestantes devem ser rastreadas com o intuito de evitar a evolução da doença. Esse é um desafio a todos nós, pois estamos falando de medicina preventiva. Devemos lutar para modificar os fatores de risco, como o sedentarismo e a obesidade”, afirma o médico.
O ideal é que a paciente engravide com a hemoglobina glicada menor que 6,1%, ela traduz a glicemia média de aproximadamente 90 dias antes do exame. De acordo com o especialista, a mulher que pretende engravidar deveter um controle rigoroso para que possa iniciar a gestação com segurança.
“Sempre devemos lembrar que a doença é controlada com uma paciente e um médico conscientes do que fazem, além do uso da medicação com suas doses adequadas. Com este triângulo de interações, nada é superior ou inferior. Se tudo estiver equilibrado terá uma ótima gestação e um bebê saudável. Orientação nutricional e atividades físicasfazem parte do tratamento de controle do diabetes”, alerta o médico.