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CLIPPING - 19/06/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

A Allergan

18/06/2015 - Valor Econômico


A Allergan, farmacêutica irlandesa, fechou a compra da americana Kythera por US$ 2,1 bilhões. Em abril, a Kythera solicitou aprovação dos reguladores dos EUA para seu novo tratamento, à base de injeções, contra a gordura no pescoço que causa o chamado "queixo duplo". A aquisição da Kythera vai permitir à Allergan ampliar seu arsenal de tratamentos cosméticos, que já inclui o Botox.




Lacunas no desenvolvimento de medicamentos estimulam onda mundial de fusões e aquisições

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


O setor farmacêutico passa por um frenesi de fusões e aquisições há quase dois anos, e alguns dos maiores nomes da indústria lutam pelo controle de novos medicamentos de alta demanda.

O ano passado estabeleceu o recorde de transações de aquisição no setor, e 2015 já teve um começo forte, com US$ 193,9 bilhões em operações no ramo da saúde anunciadas desde janeiro, de acordo com a Thomson Reuters.

Com a disparada no valor das transações, subiu também o ágio que os compradores estão dispostos a pagar para garantir o controle de remédios novos e potencialmente lucrativos.

Em março, a Pharmacyclics, empresa de biotecnologia que fabrica um único medicamento de combate ao câncer, foi adquirida pela norte-americana AbbVie por US$ 21 bilhões, ágio de quase 50% sobre o valor estimado para a companhia antes de surgir a informação de que ela estava à venda.

Neste mês, a Alexion, que desenvolve medicamentos para o tratamento de doenças raras, fechou acordo para adquirir a Synageva Bio-Pharma, uma rival de menor porte, por US$ 8,4 bilhões, um ágio de 139% ante o valor de mercado da empresa antes do anúncio da transação.

PRECIPÍCIO DE PATENTES

Para muitos, esse é um sinal de que as avaliações das empresas do setor estão saindo do controle. Um dos principais motivos para que empresas concordem em pagar ágios tão altos é porque elas estão sendo forçadas a encarar a perda da exclusividade de alguns de seus remédios mais importantes.

De 2011 para cá, muitas das maiores companhias farmacêuticas estão diante de um "precipício de patentes", o que as leva a adquirir o controle de um medicamento a fim de cobrir as lacunas nas suas linhas de produtos em desenvolvimento.

Por exemplo, o principal remédio da AbbVie, o Humira, que responde por mais de metade das vendas da empresa, começará a perder a proteção de sua patente no final de 2016, o que explica, em parte, porque a companhia se dispôs a pagar tanto pelo Imbruvica, o remédio produzido pela Pharmacyclics.

Fusões e aquisições não são a única maneira de proteger a base de faturamento de um remédio.

Algumas empresas também adotaram uma abordagem mais vigorosa para a gestão de sua propriedade intelectual. Mas elas vêm encontrando forte resistência da parte das entidades que bancam os custos dos sistemas de saúde, que muitas vezes veem os medicamentos genéricos "copiados" como uma de suas melhores armas na luta contra o custo crescente.

Assim que uma patente expira e um remédio perde a sua exclusividade, o mercado é tomado por uma inundação de versões genéricas. Os fabricantes desses remédios genéricos têm autorização para levar seus produtos ao mercado sem submetê-los a testes clínicos prolongados e dispendiosos, o que permite que os vendam a preços inferiores ao do produto original.




Laboratório fundado por bioquímicas em Brasília se expande para SP e MG e estuda novas compras

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Com as aquisições, o Sabin avançou nos mercados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, passando a atuar no segmento de exames de imagem, considerado um dos mais rentáveis do setor.

A chegada ao mercado paulista ocorreu em novembro com a compra das oito unidades do Quaglia Laboratório, em São José dos Campos (SP). Quatro meses depois, foi a vez de arrematar as 12 unidades do Laboratório Renato Arruda, em Campo Grande (MS). No início deste mês, foram compradas as quatro unidades do Ipac Medicina Diagnóstica, laboratório de Uberlândia (MG), que oferece exames de imagem.

As aquisições não foram fortuitas. O Sabin tem planos de se tornar uma marca nacional. Desde 2012, sete redes de laboratórios foram compradas em seis Estados.

A empresa quer desembolsar R$ 200 milhões neste ano na compra de rivais --o valor das operações já fechadas não foi revelado.

O plano de expansão foi pensado em 2010, quando as fundadoras, as bioquímicas Janete Vaz e Sandra Soares Costa, decidiram aderir a um programa da Fundação Dom Cabral. A estrutura da empresa foi repensada, e um projeto de crescimento, desenhado. Durante dois anos, as sócias mapearam o mercado atrás dos melhores alvos para aquisição, enquanto abriam novas filiais.

Começaram por Estados geograficamente mais próximos. "A logística é um fator crítico. Exames mais complexos são feitos em Brasília e têm de chegar na capital no mesmo dia", diz Lídia Abdalla, que assumiu a presidência-executiva do Sabin em 2014, quando Vaz e Costa passaram a compor o recém-criado conselho de administração da empresa.

O movimento de expansão fez com que o Sabin mais que triplicasse o faturamento, saindo de R$ 120 milhões em receitas em 2009 para R$ 415 milhões no ano passado. As unidades saltaram de 56 para 146 no período.

DO PRóPRIO BOLSO

Hoje, a rede está em Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

Os planos seguem ambiciosos. Em análise, está a expansão para a região Sul. A meta neste ano é ampliar em 30% o faturamento.

Os investimentos são feitos com capital próprio das sócias e "uma pequena parcela" de empréstimos bancários, afirma Abdalla.

As fundadoras resistem há anos ao assédio de investidores interessados em comprar uma participação do Sabin. Segundo Abdalla, pelo menos por enquanto, a estratégia será mantida.




Brasileiras se unem para entrar no mapa dos biológicos

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Parcerias entre empresas brasileiras, multinacionais, laboratórios públicos e governo buscam colocar a indústria brasileira no mercado mundial de medicamentos biológicos.

Ramo dos mais promissores da indústria farmacêutica, a produção de remédios biológicos deve ter crescimento de vendas a taxas de 10% ao ano até 2020 e alcançar um valor de movimentação anual de US$ 290 bilhões, segundo a consultoria Persistence Global Market.

Mais complexos e caros do que os sintéticos, os biológicos são produzidos a partir de células vivas, submetidas a técnicas de engenharia genética e biotecnologia.Quatro laboratórios brasileiros devem investir ao menos R$ 1,6 bilhão no desenvolvimento desses medicamentos nos próximos anos. A maior parte dos recursos virá de financiamento do BNDES.

Em parceria com multinacionais e laboratórios públicos, as empresas irão produzir biossimilares (remédios que possuem efeitos comparáveis aos originais) de sete medicamentos cujas patentes vão expirar até 2020.

A iniciativa segue o caminho da criação do mercado de genéricos no país, no final dos anos 1990. As empresas brasileiras entrarão no mercado produzindo o que já foi desenvolvido no exterior. A seguir, a partir do conhecimento adquirido no processo de transferência de tecnologia, espera-se que criem produtos inovadores, diz Pedro Palmeira, chefe de departamento do BNDES.

LANÇAMENTO

Há perspectivas de que produtos 100% nacionais sejam lançados em breve. O laboratório Cristália aguarda a aprovação da Anvisa para produzir uma pomada para tratamento de feridas feita a partir da enzima colagenase.

Diferentemente do produto similar disponível atualmente, a enzima desenvolvida pela empresa é feita a partir de substrato vegetal, o que elimina o risco de contaminação animal, diz Ogari Pacheco, presidente da Cristália.

A Bionovis, formada em 2012 a partir da parceria entre quatro indústrias nacionais para produzir medicamentos biológicos, também tem pesquisas para desenvolver seus próprios produtos.

Odnir Finotti, presidente da empresa, conta que a companhia irá investir US$ 75 milhões para sua primeira linha de medicamentos, hoje em fase de testes. A Bionovis não revela detalhes sobre os itens em desenvolvimento.

A empresa espera ter sua linha de produção montada no final de 2016 e prevê produzir os itens desenvolvidos por ela a partir de 2018.




Rastreabilidade de medicamentos divide a indústria farmacêutica

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Segundo a Anvisa (agência reguladora), os objetivos são evitar falsificações e contrabando, controlar remédios com receita e administrar eventuais recalls ou escassez.

O projeto prevê que cada embalagem traga um código bidimensional e um número único de identificação, ao lado da data de fabricação, da validade e do número do lote.

A Anvisa esperava um piloto, com ao menos três lotes de remédios rastreáveis, até dezembro deste ano e que o sistema começasse a operar até o final de 2016. A Sindusfarma, porém, que agrega 195 empresas com cerca de 95% do mercado do país, diz que o prazo foi insuficiente.

"Nos EUA, levou dez anos. Aqui, com muito mais dificuldades logísticas, querem fazer em menos tempo, não é realista", diz Nelson Mussolini, presidente da entidade.

Outro argumento é que, mesmo que o prazo fosse realizável, não há ainda um sistema em farmácias, hospitais, clínicas e postos de saúde que permita o compartilhamento dos dados, o que tornaria o sistema inútil.

No Brasil, há mais de 400 fabricantes e importadores de remédios, 300 distribuidores, 50 mil farmácias, 50 hospitais federais, 500 hospitais estaduais, 1.000 hospitais municipais, 40 mil postos de saúde, 20 mil clínicas e 50 mil consultórios, segundo levantamento da PwC (PricewaterhouseCoopers).

O objetivo é que o caminho de cada caixa, da porta da indústria à casa do consumidor, seja reportado ao governo. As indústrias forneceriam um software a cada farmácia, para dar baixa em cada caixa comprada e recolher informações do paciente e do médico. As indústrias consolidariam os dados e os repassariam ao governo.

Farmácias, distribuidores e atacadistas, porém, são contra. "Se um laboratório sabe o estoque que a rede tem, pode oferecer o produto para outra em condição melhor", afirma o presidente da associação de farmácias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto.

Por outro lado, as farmacêuticas que já investiram na compra de máquinas para imprimir o código bidimensional reclamam da prorrogação. Segundo a Interfarma, 95% de seus 55 associados já estão prontos para entregar os três lotes até o fim do ano, o que custou em média R$ 8,5 milhões. "Um investimento basicamente perdido caso a lei seja adiada em uma década", diz Antonio Britto, presidente da entidade. A Interfarma propõe adiar a implementação em três anos.

A Anvisa afirmou que está ciente das reclamações, mas que elas devem ser dirigidas ao Legislativo, pois seria necessário mudar a lei.

- No Brasil, há mais de 400 fabricantes e importadores de remédios, 300 distribuidores, 50 mil farmácias, 50 hospitais federais, 500 hospitais estaduais, 1.000 hospitais municipais, 40 mil postos de saúde, 20 mil clínicas e 50 mil consultórios




Remédio sem fronteiras

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Após se tornar competidora de peso no segmento de cópia de medicamentos, a maior parte delas vislumbra a internacionalização como caminho para romper outra barreira: o desenvolvimento de moléculas inovadoras.

"Elas não estão indo ao exterior apenas para exportar. O objetivo é a fronteira tecnológica. é aprender e se apropriar de tecnologias avançadas", diz Reginaldo Arcuri, presidente da FarmaBrasil, que reúne brasileiras envolvidas em projetos inovadores.

O caso da Eurofarma, citada por especialistas no setor como um dos exemplo mais emblemáticos nessa corrida, abrange tanto a aquisição de empresas estrangeiras como a construção de filiais.

O plano de internacionalização da empresa começou em 2005, quando ela ainda tateava outros territórios apenas por meio de exportações. Em 2009, a brasileira fez a primeira aquisição no exterior: a argentina Quesada.

"No início, priorizávamos operações pequenas para custear com recurso próprio, mas com destaque a medicamentos de prescrição que já praticávamos", diz Maria Del Pilar Muñoz, diretora de novos negócios da Eurofarma.

Hoje, a América do Sul está quase toda coberta com operações da empresa. A companhia tem planos avançados na Venezuela, apesar de entraves políticos. O México também é alvo.

"Já temos unidade legal constituída e pessoas trabalhando para adiantar os registros", afirma Muñoz.

No curto prazo, a meta é fincar o pé no Equador e no Paraguai. A ideia é elevar a proporção de itens inovadores no portfólio majoritariamente formado por genéricos.

Em seu passo mais recente, neste ano, a Eurofarma comprou participação em uma empresa de inovação, pela primeira vez, na área de antibióticos, a Melinta.

"Com essa aquisição, poderemos participar de projetos inovadores, pois vamos ter acesso aos conhecimentos científicos. Nosso plano sempre foi sair de um modelo de produção de cópias e ir migrando para inovações radicais e incrementais."

PORTFÓLIO PRÓPRIO

Na farmacêutica Biolab, que também quebra fronteiras, o processo foi diferente. O presidente da empresa, Cleiton Marques, diz que a internacionalização ocorreu a partir de portfólio próprio.

"Dentre as grande farmacêuticas brasileiras, a Biolab é a única que não trabalha com genéricos. Nossa internacionalização foi mais lenta. Constituímos um portfólio que agora nos permite sair com produtos inovadores."

O desenvolvimento de moléculas novas pode ser incremental, quando se adiciona um uso novo a um produto já existente, ou radical, quando parte do zero. Ambos requerem anos de pesquisa e de investimentos, em um processo mais prolongado do que a comercialização de genéricos.

"Já temos produtos registrados ou em processo em nove países", diz Marques, que se prepara para abrir filial da Biolab na Flórida (EUA) neste mês e está em andamento para inaugurar um centro de desenvolvimento no Canadá.

"A aprovação de estudos no Canadá é rápida. Tem pessoal capacitado e incentivo de governo." A Biolab também está na França, por meio de terceirização, de um laboratório para testes pré-clínicos.

O Cristália é outro laboratório brasileiro com presença fora do país. Em 2011, comprou na Argentina uma empresa que exporta para América Latina e Oriente Médio.

Já o laboratório Aché, um gigante nacional, optou pela exportação. A empresa começou a trabalhar sua marca no exterior em 2008, priorizando a inovação.

A primeira exportação aconteceu em 2010, por meio de um medicamento para hipertensão que passou a ser comercializado por uma farmacêutica mexicana. Hoje, a empresa trabalha com uma rede internacional de alianças para a venda de 25 medicamentos para 12 países.

Para Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (sindicato da indústria), a expansão internacional foi possibilitada pelo rigor regulatório da Anvisa, estimulado pela Lei dos Genéricos.

"Quando a Anvisa baixou uma série de normas endurecendo as regras do o mercado, as empresas brasileiras precisaram se desenvolver e se tornar competitivas. Isso trouxe a oportunidade de saírem do Brasil porque as regras do jogo também são duras lá fora. A agência tem problemas burocráticos que ainda precisam ser resolvidos, mas nos ajudou muito em termos de rigor regulatório", afirma Mussolini.




Grandes Números

19/06/2015 - Exame


O Brasil está ficando para trás no desenvolvimento de remédios – e a culpa é da burocracia. Segundo a Interfarma, associação que reúne os principais laboratórios farmacêuticos do país, de dezembro de 2014 a março deste ano foram cancelados 16 testes de novos medicamentos. O motivo: os conselhos de ética vinculados ao Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária levam cerca de um ano para autorizar esses testes – o dobro da média mundial. Por causa da demora, os laboratórios estão conduzindo as pesquisas em outros países. Uma conseqüência é atrasar a chegada dos novos remédios ao mercado brasileiro.




A venda avançou

19/06/2015 - Exame


Está avançando o processo de venda da divisão de fraldas da empresa de bens de consumo e medicamentos Hypermarcas. Pelo menos três interessados estão no páreo para a aquisição. segundo executivos que acompanham as negociações: a chilena CMPC, dona no Brasil da fabricante de papel Melhoramentos, a japonesa Uni-charm e a americana Kimberly-Clark. Como EXAME noticiou em maio, a Hypermarcas é assessorada pelos bancos de investimento Citigroup e Bank of America Merrill Lynch. A Hypermarcas é dona das marcas Pompom e Sapeka, para bebes, e Bigfral, para o mercado geriátrico. A empresa pagou 1 bilhão de reais pelas marcas e espera revendê-las por pouco mais de 1.5 bilhão.




BR Pharma adia definição sobre saídas para operação.

19/06/2015 - Valor Econômico


A Brasil Pharma adiou a definição sobre soluções para equalizar a estrutura de capital da companhia. Serão mais 30 dias de análise por parte do conselho de administração, e, segundo apurou o Valor, as saídas avaliadas envolvem um novo aumento de capital na empresa, que poderia ser de, no mínimo, R$ 500 milhões, segundo fonte.

A companhia informou no fim de abril que iria avaliar, em maio, as opções apresentadas pela administração, e pediu agora mais prazo, segundo ata da reunião do conselho publicada dias atrás. Ontem, as ações da empresa em bolsa fecharam o dia cotadas a R$ 0,89, queda de 1,1%. No ano, o papel perdeu 65% do valor.

Enquanto isso, a subsidiária de uma empresa em que o BTG tem posição minoritária (o BTG Investments LP), está colocando mais recursos na Brasil Pharma, subscrevendo debêntures simples emitidas pela varejista de farmácias. Em cinco séries (da 3ª emissão) foram subscritos R$ 170 milhões nos últimos seis meses por uma controlada do BTG Investments LP, braço de investimentos do banco, segundo documentos arquivados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os contratos foram firmados após o fim de dezembro.

A soma equivale a quase a metade do aporte feito em 2014, por meio de aumento de capital do BTG Pactua l na empresa, que atingiu R$ 400 milhões.

Os recursos estão sendo utilizados como capital de giro e pré-pagamento ou amortização de contratos financeiros. Ao fim de março, a empresa tinha R$ 804 milhões em dívida líquida - e posição de caixa de R$ 12,3 milhões - versus R$ 685 milhões em dívida em dezembro e caixa de R$ 36 milhões.

Além disso, desde janeiro, a Brasil Pharma contratou R$ 290 milhões em Cédula de Crédito Bancário (CCB), título emitido em favor de um banco, em operações com Itaú, HSBC, Santander e Bradesco. O Valor calculou que, apenas com instituições financeiras, a companhia já captou pouco mais de R$ 610 milhões desde o ano passado - R$ 290 milhões desde janeiro deste ano e R$ 323 milhões em 2014.

Ao se somar os empréstimos bancários, o aumento de capital e a entrada de recursos via debêntures desde o início de 2014, foram quase R$ 1,2 bilhão. A empresa teve receita líquida de R$ 3,5 bilhões em 2014 e prejuízo de R$ 613 milhões, versus R$ 151 milhões em perdas em 2013.

Como o Valor já antecipou, a empresa estaria considerando um novo aumento de capital para conseguir finalizar a reestruturação na empresa e vendê-la posteriormente. Com a reformulação sendo tocada com suporte da consultoria de Enéas Pestana, poderia existir apoio maior de acionistas em acompanhar um possível aumento de capital neste momento. Outra hipótese é a venda de ativos, como suas redes de farmácias, ou a venda de todo o negócio.

A Brasil Pharma chegou a sondar cadeias varejistas para verificar interesse em pontos ou redes, mas as conversas não avançaram. A empresa não se manifesta sobre o assunto. O grupo varejista somava ao fim de março, 1.214 unidades, sendo 725 lojas próprias e o restante franquias. A empresa é dona das redes Big Ben (o maior negócio do grupo), Farmais, Mais Econômica, Rosário e Sant'ana.

A necessidade de buscar soluções para a reduzir os níveis de endividamento da empresa refletem um desacerto nas finanças e na operação da companhia.

A BR Pharma enfrenta uma reestruturação por conta de erros estratégicos tomados na condução do negócio, como já admitiu a própria direção. A empresa teve dificuldades para integrar redes regionais adquiridas e, com a elevação de estoques entre o fim de 2013 e o início de 2014, acabou sentido aumento de despesas e efeito sobre resultados. Discordâncias entre os sócios sobre condução do negócio também afetaram a operação. Até alguns meses atrás, os ex-controladores da rede Big Ben, ainda na gestão da rede adquirida em 2011, resistiam a integrar o negócio à BR Pharma.

A fase atual envolve uma série de ajustes, como redução de despesas operacionais, avançando na integração das cadeias, correção no nível de estoques, revisão de sortimentos e na definição de preços em cada rede, além de medidas para tentar evoluir na integração com a Big Ben.




Mercado Aberto: Farmacêutica exporta tecnologia para grupo mexicano

19/06/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: Maria Cristina Frias


O laboratório farmacêutico nacional Cristália fechou o seu primeiro negócio para exportar tecnologia de produção de medicamentos.

O contrato foi firmado com um grupo mexicano para a transferência de sistemas de fabricação de antirretrovirais.

O nome da empresa parceira e o valor do negócio não foram informados. "Enviamos técnicos, trabalhamos juntos na adaptação da planta e ela foi aprovada neste mês", diz Ogari Pacheco, presidente do Cristália.

Como estimativa, o empresário disse que, se um projeto semelhante fosse desenvolvido no Brasil, seria necessário um aporte de US$ 40 milhões (cerca de R$ 125 milhões, no câmbio atual).

Além de um valor fixo pelo contrato, o grupo brasileiro deverá receber royalties de aproximadamente 3,5% sobre as vendas de antirretrovirais que forem feitas pelo parceiro mexicano.

O Cristália tem como meta elevar a 9%, até o fim de 2016, a participação dos negócios internacionais no faturamento da companhia. Em 2014, a fatia foi de 6% do total de R$ 1,6 bilhão movimentado.

No mercado interno, a empresa tem procurado se adaptar ao momento de crise econômica. Em vendas de remédios para hospitais, que representam 40% do total, o grupo financia por conta própria alguns compradores que estão mais apertados.

"Há casos em que ampliamos os prazos de pagamento, mas com diminuição dos descontos", diz Pacheco.

A companhia estima que deverá fechar 2015 com um crescimento nominal de 8%, abaixo dos 14% registrados no ano passado.




SUS será base para definir remédios de convênios; coberturas podem cair

19/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Alista de tratamentos e medicamentos oferecidos na rede pública passará a ser uma das principais referências consideradas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para definir o que os planos de saúde deverão cobrir.

Hoje, muitos procedimentos oferecidos na saúde privada não são cobertos pelo Sistema único de Saúde (SUS).Entidades médicas, de pacientes e de direito do consumidor criticam a ideia de aproximar as duas listas. Para elas,os beneficiários perderão coberturas.

Hoje,a ANS abre uma consulta pública para avaliar as tecnologias que serão incluídas e excluídas do rol de procedimentos de cobertura obrigatória, atualizado a cada dois anos. Pela primeira vez, a agência prevê a exclusão de um medicamento oncológico com base em uma decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Em 2014,o medicamento everolimus,quimioterápico oral indicado para câncer de mama com metástase, passou a compor a lista de cobertura obrigatória.

Na revisão que vai a consulta pública a partir de hoje, a ANS retirou o medicamento da relação, com base em uma decisão da Conitec de não incorporar o remédio na rede pública.

“A Conitec tem uma avaliação mais criteriosa e verificou que não há ganho real de sobrevida com esse medicamento. Por isso estamos propondo a exclusão”, afirma Raquel Lisboa, gerente-geral de regulação assistencial da ANS.

A executiva da agência afirma que as decisões da comissão, criada em 2011,poderão ser consideradas como um dos principais critérios para definir outras inclusões ou exclusões no rol. “A Conitec faz um trabalho técnico nessa questão da incorporação.

Vários países já usam essa metodologia, e a ANS tem um assento na Conitec. Se já temos essa expertise no Brasil, não há por que não utilizá-la”, afirma Raquel.

Ela destaca que os quimioterápicos orais foram incluídos no rol em 2014 por determinação de uma lei federal que obriga a ANS a incorporar automaticamente todos os medicamentos do tipo, assim que eles obtenham o registro de comercialização.A gerente afirma que,embora a inclusão seja automática, a exclusão pode acontecer quando houver uma recomendação técnica nesse sentido, como é o caso do everolimus.

Pacientes e médicos criticam a decisão. “Os planos de saúde deveriam funcionar, de fato,como saúde suplementar. Se a agência começar a se basear pela lista da Conitec, ela estará nivelando por baixo. é um absurdo”, diz Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.

Diagnosticada com câncer de mama há oito anos, a funcionária pública Jussara Del Moral, de 50 anos, teve metástase nos ossos em 2013, passou por todos os tratamentos possíveis, mas a recidiva voltou no ano seguinte.

Ela começou a tomar o medicamento everolimus, coberto pelo plano, em outubro.

“É isso que mantém a doença controlada e impede que surjam novas metástases. No meu caso,retirar o remédio da cobertura do plano significa uma condenação”, diz ela.

Cada caixa do medicamento, suficiente para um mês de tratamento, custa R$ 13 mil. “Eu não vou ter condições de arcar com isso se o medicamento sair da lista de cobertura”, diz ela.

Justiça. Advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Joana Cruz afirma que a medida pode aumentar os casos de ações judiciais pedindo o medicamento. “O problema é que a gente sabe que o acesso ao Judiciário não é para todos e,por isso,muita gente vai ficar sem o tratamento.” A gerente da ANS afirma que essa e outras modificações no rol ainda estão em estudo. “A consulta pública ficará aberta por 30 dias e toda a população poderá participar”, disse ela.

Para Raquel, a utilização das avaliações da Conitec como um dos critérios na definição do rol de procedimentos não prejudicará os beneficiários de planos.

“Na saúde suplementar também é preciso usar os critérios da Conitec,como eficácia,segurança e custo-efetividade. Não podemos deixar de considerar isso, porque, se uma tecnologia causa um impacto econômico muito grande no setor,isso será repassado ao consumidor”, diz.




Lentidão da Anvisa já traz desabastecimento

19/06/2015 - Brasil Econômico


O atraso na liberação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de insumos importados está prejudicando desde o início do ano a indústria farmacêutica, levando até ao desabastecimento de produtos como os kits para diagnóstico da dengue. A espera pela chamada “anuência sanitária”da agência reguladora aumentou de menos de uma semana corrida para até 30 dias úteis, de acordo com a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), que representa 40 empresas do setor. A situação é particularmente crítica nos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e do Galeão.

“Nossos insumos têm vida útil curta,de oito,nove meses.Um atraso de 45 dias é muito para nós”, comenta Eduardo Weizmann, gerente de Operações da empresa. Por causa dos atrasos, a Medivax não têm conseguido cumprir prazos previstos em licitações para entrega de produtos à prefeituras e órgãos de Estado.

“Faltam funcionários na Anvisa para fazer a liberação dos produtos importados”, afirma Carlos Gouvêa, presidente executivo da CBDL. “O quadro da agência tinha muitos servidores federais cedidos por outras autarquias e órgãos federais,alguns deles já extintos. Uma grande parte se aposentou e não houve preenchimento das vagas em aeroportos”.Por utilizar matérias-primas com menor vida útil, mais perecíveis, o segmento de diagnóstico laboratorial vem sofrendo mais com a demora nas liberações.Fabricantedekitsparadiagnóstico da dengue, a carioca Medivax, por exemplo, tem esperado em média 45 dias para obter a liberação de seus insumos no Aeroporto do Galeão.

Além de gerar desabastecimento de alguns produtos no mercado, a demora na liberação aumentou os custos de armazenagem, já que até passarem pelo crivo da Anvisa as mercadorias ficam estocadas em portos ou aeroportos. “A conferência pela Anvisa, em conjunto com o despachante aduaneiro, demorava três dias até o fim do ano passado”, conta Jorge Janoni, diretor geral do laboratório Kovalent e da importadora e distribuidora Byosis. Como a armazenagem é paga por semana, o grupo normalmente gastava apenas o valor referente a sete dias.

Agora, chega apagar por quatro semanas de estocagem. “Todo mundo está super estocando. O problema é que o nosso produto tem prazo de validade”, diz Janoni.

De origem francesa, o laboratório bio Mérieux enfrenta dificuldades similares. “O volume de itens impactados pela lentidão já supera os 13 mil kits de diferentes produtos e reagentes utilizados no diagnóstico in vitro em laboratórios e hospitais.

Alguns laboratórios e hospitais irão receber produtos com até 60 dias a menos de validade, na média”, estima Wesley Schiavo,gerente de Produto da bio Mérieux.

Já os fabricantes de medicamentos tendem a ser menos afetados do que os de produtos de diagnóstico laboratorial, por normalmente trabalharem com matérias-primas de validade mais extensa. Mesmo assim, a Interfarma – entidade que engloba 55 laboratórios – confirmou em nota que “algumas farmacêuticas associadas informaram estar enfrentando uma espera acima do normal para a liberação de cargas contendo matéria-prima e medicamentos”.

Ainda de acordo com a associação, “a espera acima do normal não chegou a comprometer o abastecimento do mercado nacional, mas o risco disso acontecer não está descartado”. No Brasil, 86% da matéria-prima empregada na fabricação de medicamentos é importada. “Praticamente toda a indústria farmacêutica é afetada pela demora na liberação das cargas”, acrescenta a Interfarma.

Um executivo do setor que pediu para não ser identificado conta que participou na semana passada de uma reunião com o diretor-presidente substituto da Anvisa, Ivo Bucaresky, na qual o tema foi abordado.

“Ele se mostrou ciente do problema e disse que a agência está fazendo um esforço em termos de recursos humanos para diminuir os atrasos,com remanejamento de pessoal”,conta ele.

Procurada para comentar os atrasos na liberação de insumos importados, a Anvisa não se pronunciou.




Avanços na busca de vacina eficaz contra o HIV

19/06/2015 - O Globo


A prodigiosa capacidade do HIV em mudar a configuração das proteínas em sua superfície para escapar da ação do sistema imunológico é um dos maiores obstáculos na criação de uma vacina eficaz contra o vírus, causador da Aids. Mas se tem algo que o HIV não pode mudar é o formato da “ponta” da proteína que usa para se ligar e invadir o tipo de célula específica de nosso corpo onde se reproduz, como uma “chave” que se encaixa numa fechadura.

Diante disso, nos últimos anos diversos grupos de pesquisadores têm buscado uma forma de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos capazes de identificar e neutralizar esta “chave”, mesmo que o vírus mude completamente a estrutura de todo resto da proteína que a suporta, no que chamam de “anticorpos de ampla neutralização”. Isto é algo que uma pequena parcela ( cerca de 20%) das pessoas soropositivas só faz muito tempo depois de infectadas, quando já é tarde demais para que possam conter a doença. Agora, no entanto, alguns desses grupos de pesquisadores sediados nos EUA relatam avanços importantes na estimulação e aceleração desse processo, em um trio de artigos publicado ontem nas prestigiosas revistas científicas “Science” e “Cell”.

– À medida que o HIV passa por mutações no paciente, o sistema imunológico se adapta continuamente – explica Pia Dosenovic, primeira autora do artigo publicado na “Cell”. – Em alguns pacientes, este processo leva à produção de anticorpos de ampla neutralização, que são anticorpos incomuns, capazes de se ligarem e neutralizarem uma grande gama de variantes do HIV que circulam globalmente. Eé a produção destes anticorpos que estamos tentando estimular com uma vacina.

UMA ‘CHAVE’ DIFíCIL DE COPIAR

A primeira dificuldade enfrentada pelos cientistas na busca por este tipo de vacina contra o HIV foi encontrar uma forma de reproduzir a “chave” usada pelo vírus para invadir nossas células. Em condições normais de laboratório, este código se desfaz quando eles tentam isolá- lo da cadeia de proteínas virais, o que impede sua transposição direta na produção de uma vacina, como acontece com muitos imunizantes que usam partes dos micro- organismos que são desenhados para combater.

Assim, os pesquisadores sintetizaram diversas moléculas, chamadas “imunogênicos”, capazes de induzir as células B, as “fábricas” de anticorpos de nosso sistema imunológico, a responderem a esta “chave”. Em um dos dois artigos publicados na “Science”, eles relatam o sucesso de um destes imunogênicos, batizado eOD-GT8 60mer, na ativação inicial desta resposta imunológica pelas células B, em experimento com camundongos geneticamente modificados, com sistema imunológico similar ao humano.

– A vacina parece funcionar bem em incitar essa resposta primária de anticorpos em nosso modelo com camundongos – diz David Nemazee, professor do Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia, e autor sênior deste artigo na “Science”.

Mas conseguir provocar esta primeira reação do sistema imunológico não é o bastante para que se tenha uma vacina eficaz contra o HIV. é preciso ainda ensinar “passo a passo” as células B a produzirem logo e em grande quantidade os anticorpos de ampla neutralização contra o vírus. Os cientistas então criaram outra série de imunogênicos – que chamaram de “nativos” por se assemelharem mais com a “chave” natural do vírus – para guiar este processo. Injetadas em coelhos e macacos, duas destas moléculas se mostraram capazes de estimular e acelerar as células B na transição entre produzirem anticorpos específicos contra apenas um tipo do vírus e a fabricação dos de ampla neutralização, informam os pesquisadores no segundo artigo publicado na “Science”.

VACINAÇÃO EM DOSES MÚLTIPLAS

Por fim, o estudo publicado na revista “Cell” une os achados dos artigos anteriores, indicando que uma vacina bemsucedida contra o HIV provavelmente terá que ser administrada em múltiplas doses, cada uma com um imunogênico ou uma mistura de imunogênicos específicos, de forma a primeiro ativar a resposta inicial das células B ao padrão da “chave” molecular do vírus e, depois, progressivamente, encaminhá- las rumo à efetiva produção dos anticorpos de ampla neutralização do microorganismo. No experimento, também realizado com camundongos geneticamente modificados, os cientistas novamente demonstraram que, enquanto a molécula sintética foi eficiente em incitar as células B a reconhecerem esta parte do vírus, os imunogênicos “nativos” foram mais eficazes depois, numa espécie de “sintonia fina” dos anticorpos que eles deveriam fabricar para combater as diversas variações do HIV.

– Embora nossos resultados sugiram que imunizações sequenciais possam tornar possível a vacinação contra o HIV, apenas começamos a entender como esta sequência funcionaria – ressalta Pia Dosenovic. – Conhecemos o início e o fim, mais ainda não sabemos o que deve acontecer no meio.

Apesar de todos os estudos terem sido realizados com animais, os cientistas estão otimistas quanto à possibilidade de futuramente replicar os resultados em humanos, embora ressaltem que ainda vai levar algum tempo até que as pesquisas atinjam este estágio e uma vacina contra o HIV esteja de fato disponível.

– Os resultados são mesmo espetaculares – conclui Dennis Burton, chefe do Departamento de Ciências Imunológicas e Microbiais do Instituto de Pesquisas Scripps e coautor dos dois artigos publicados ontem na “Science”. – Estamos de fato começando a ver a racionalidade de como o desenho da vacina pode funcionar.




Revolução da longevidade começa ao nascer

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Em 1950, a expectativa de vida do brasileiro andava por volta de 45 anos. Hoje ela chegou a 75 e as projeções indicam que antes de 2050 --quando a proporção dos que têm mais de 60 anos terá alcançado 30%-- ela terá ultrapassado 80 anos. Seremos um Japão de hoje, o país mais envelhecido do mundo.

Uma transição tão rápida de um "país de jovens" a um longevo exige do setor saúde uma resposta radical, pois, sem saúde, o envelhecer deixa de ser uma conquista para virar um imenso problema. Não faz sentido!

A Organização Mundial da Saúde define o "envelhecimento ativo" como o processo de otimizar as oportunidades para saúde, educação continuada, participação e segurança de modo a promover a qualidade de vida à medida que envelhecemos. A definição pressupõe uma perspectiva de curso de vida.

O processo de envelhecer tem início até mesmo antes de nascermos. Quanto mais cedo começa-se a otimizar as oportunidades de saúde, mais preparados estamos para envelhecer bem. Está implícita a importância da prevenção.

Ao envelhecermos, as doenças crônicas passam a ter um peso crescente. Já hoje 75% das mortes no Brasil são causadas por tais doenças, que em grande parte podem ser prevenidas ou ao menos postergadas. Tais enfermidades não só matam como são responsáveis por grande carga de morbidade e incapacidade, com custos em espiral.

A chamada transição epidemiológica --das doenças agudas, sobretudo infecciosas, para as crônicas-- já se fez. No entanto, continuamos priorizando modelos voltados para o agudo, tratando de doenças crônicas como se elas fossem episódicas.

É primordial desenvolver uma cultura do cuidado. Até porque ainda não sabemos o suficiente para a prevenção e o tratamento de doenças degenerativas altamente incapacitantes como, a doença de Alzheimer, e problemas osteomusculares cuja prevalência irá aumentar exponencialmente, pois o grupo de idade que mais cresce no Brasil hoje é o dos muito idosos, com mais de 80 anos.

Se o envelhecimento ativo interessa ao indivíduo, concerne também a quem presta serviços --e a quem, afinal, paga a conta, seja o setor público, seja o privado.

Medidas preventivas transcendem o setor da saúde. Os planos de saúde devem investir muito mais na prevenção, inclusive estimulando-a.

Urge também desenvolver um sistema que garanta um contínuo de cuidados: da promoção à saúde e prevenção aos cuidados primários, secundários e terciários. Do berço à sepultura, um sistema que nos atenda de modo holístico, com continuidade.

A experiência internacional mostra claramente que os sistemas de saúde mais preparados, exitosos e sustentáveis são os centrados em uma atenção primária à saúde.

A revolução da longevidade exige a adoção de tais modelos, não somente no setor púbico, mas também no privado. As empresas que mais eficazmente responderem a esses desafios sairão à frente. Afinal, há desafios, sim, mas também imensas oportunidades.




Cientistas buscam algoritmo para indicar risco de doença

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Quatorze cientistas baseados na cidade de Asheville, no Estado da Carolina do Norte (EUA), reviram diariamente os dados de consultas médicas e de exames feitos por 1,7 milhão de brasileiros.

O grupo, formado por doutores em matemática e em estatística, busca construir algoritmos capazes de dizer quando um indivíduo desenvolverá uma doença --ou a probabilidade de que ele tenha problemas de saúde.

O time é uma das apostas da SulAmérica, quarta maior operadora de saúde do país, para avançar na prevenção de doenças e reduzir o número de internações.

"As doenças estão aí, basta a gente conseguir identificar", diz Maurício Lopes, vice-presidente da SulAmérica.

O atendimento ao público idoso tem papel de destaque nessa estratégia. Eles são 10% da população de segurados, mas boa parte possui doenças crônicas e apresenta taxa elevada de internação.

Com os dados reunidos pelos cientistas, é possível selecionar os idosos que necessitam de atenção especial e melhorar a abordagem nos programas de prevenção.

Segundo a SulAmérica, hoje idosos que participam dos programas têm 31% de redução na frequência de internação e 25% no tempo que ficam internados. Com isso, há redução de pelo menos 20% nos custos para a empresa.

"Se não tivermos um processo de gestão de saúde robusto e permanente, não teremos sustentabilidade", diz Lopes. Hoje há 5.500 idosos nos programas. A meta para 2014 é chegar a 12 mil.

Para massificar as iniciativas de prevenção, a empresa lançou uma plataforma de atendimento on-line em parceria com a americana Healthways International. Por meio dela, é possível encontrar especialistas para dar dicas de cuidados pessoais e alimentação. Neste ano, a empresa investirá pelo menos R$ 70 milhões para custear as iniciativas.




Multinacionais apostam na tropicalização de equipamentos

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


"É um trabalho que visa melhorar a eficiência dos hospitais, oferecendo apenas as funções que cada instituição precisa, sem desperdício", diz Carlos Goulart, presidente-executivo da Abimed (associação que reúne a indústria de produtos para saúde).

Um exemplo é o lançamento de um tomógrafo móvel pela Siemens e pela empresa de furgões Truckvan, há cerca de um mês. O equipamento é produzido no Brasil.

"Pelas dimensões continentais, é difícil que todos os municípios tenham esse porte de tecnologia em seus hospitais. A ideia é atender diferentes localidades com um único equipamento", diz Cláudio Campos, gerente da unidade de tomografia computadorizada da Siemens.

Segundo ele, a pressão por custo-benefício é maior no Brasil do que nos Estados Unidos ou na Europa.

"A remuneração por exames é menor no Brasil, ou seja, os custos precisam ser menores. Recentemente, isso se intensificou por causa da desvalorização cambial, que tem impacto nas peças importadas, e do encarecimento da energia", diz Campos.

O braço de saúde da multinacional GE expandiu a sua carteira de clientes no país após a empresa iniciar fabricação nacional, em 2010, em Contagem (MG), com a produção de raio-x.

Desde então, a unidade progressivamente introduziu a produção de tomografias, arcos cirúrgicos, ressonâncias e adicionou a linha de ultrassom em 2014.

O resultado foi uma expansão das vendas a hospitais fora do eixo Rio-SP, impulsionadas pelas linhas de crédito Finame, do BNDES, segundo Daurio Speranzini Júnior, presidente da GE Healthcare na América Latina.

"Os equipamentos que fazem parte da linha de crédito contam com taxas de juros de 7% e 9% ao ano. São atrativas se comparadas aos 16% a 23% de juros ao ano praticados pelos bancos comerciais", diz Speranzini Júnior.

FINANCIAMENTO

Segundo o BNDES, os equipamentos para diagnóstico por imagem, que possuem custo unitário alto, apresentaram as maiores taxas de crescimento nos financiamentos nos últimos anos. Do total de ressonâncias da GE produzidas no Brasil em 2014, apenas 27% destinaram-se ao eixo Rio-SP, um índice que já chegou a ser 70%.

Entre seus clientes, estão instituições públicas e privadas de Estados como Maranhão, Piauí e Tocantins. São, em geral, compradores da primeira ressonância. Para tais regiões, a demanda maior é por máquinas equipadas com softwares mais básicos, e, portanto, de menor custo.

"Com o tempo, entendemos que esse era um público que não precisava só de equipamentos, mas também de treinamento para utilizá-los", afirma o executivo da GE.




Máquinas reduzem tempo de atendimento

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


A baixa média de leitos no Brasil aumenta a demanda por equipamentos com maior produtividade, segundo Daniel Mazon, vice-presidente sênior da divisão de saúde da Philips na América Latina.

"Recentemente, lançamos um ultrassom para responder a uma demanda da América Latina: a necessidade de atender seus pacientes em tempo menor", afirma.

A Johnson&Johnson afirma que a necessidade de adaptação no país se estende para todos os tipos de produtos, como as linhas de sutura.

Segundo Marcio Coelho, presidente da divisão médica no Brasil, algumas das "tropicalizações" são soluções de logística e embalagens maiores.

A carência de máquinas hospitalares se repete em diversos segmentos da área de equipamentos, como o de marcapassos e desfibriladores.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, são implantados 190 marcapassos por milhão de habitantes no Brasil, ante 382 na Argentina e 767 nos Estados Unidos.

Para Zolmo de Oliveira, diretor comercial da divisão de marcapassos da alemã Biotronik, apesar de ser interpretada como oportunidade de crescimento, há gargalos que freiam o setor. "Faltam recursos e investimentos no SUS [Sistema único de Saúde]. O valor despendido por paciente ainda é pequeno", diz.




A receita mexicana

19/06/2015 - Exame


Tudo no laboratório mexicano genomma é sui generis. Seu fundador, o empresário Rodrigo Herrera, tinha uma produtora de comerciais no México e conseguiu o capital para criar a empresa penhorando um relógio de grife em 1996. No Brasil, de ilustre desconhecido até 2010, passou a ter um faturamento de 530 milhões de reais graças a cosméticos e medicamentos com nomes como Cicatricure, para cicatrizes e rugas. e Asepxia, para acne. Conseguiu esse desempenho usando uma fórmula que chocou muita gente por aqui – do nada. tornou-se um dos maiores anunciantes do país. Em 2014, o Ge-nomma ultrapassou a gigante de bens de consumo Unilever e tornou-se o segundo maior anunciante do pais – atrás da rede de eletrodomésticos Via Varejo. Em alguns intervalos comerciais, a Rede Record chega a apresentar dez peças publicitárias do Genomma. E Cicatricure para lá, Cicatricure para cá, Asepxia para acolá, num ritmo de deixar tontos os telespectadores mais atentos. é a mesma estratégia que a empresa adotou no México, onde é o maior anunciante local, e na Argentina. Seus garotos-propaganda são celebridades como o cantor Luan Santana e a apresentadora Marília Gabriela. A mais nova contratada do grupo é a apresentadora Xuxa. A empresa não fabrica nem um comprimido no Brasil – tem contratos com laboratórios brasileiros e importa alguns produtos.

Com esse jeito peculiar de ser, o Ge-nomma, digamos, chegou chegando ao Brasil. Foi o campeão de crescimento de 2011 a 2013. Impulsionado pela propaganda, o Cicatricure tornou-se o sexto produto mais vendido nas farmácias do país. O Brasil se tornou um dos maiores mercados da empresa, atrás do México.

Anunciar para o povão medicamentos vendidos sem receita é uma estratégia clássica, nascida ainda nos tempos em que o rádio era o veículo de comunicação de massas mais importante. Foi assim que surgiram marcas fortes, como Doril. Estomazil, Vitasay Stress, Gelol. Biotônico Fontoura e tantas outras. Mas o Genomma leva a receita ao paroxismo. A empresa cresceu tanto no Brasil graças a um acordo de exclusividade com a TV Record. Se as horas e mais horas de propaganda do Genomma na Record custassem o valor "cheio", ou seja. sem descontos, os mexicanos teriam gastado 3 bilhões de reais no ano passado – ou seis vezes seu faturamento no pais. Esse é o valor que é usado para dizer que a empresa é a segunda maior anunciante do Brasil. Mas a verdade é que. com o acordo, o Genomma consegue descontos altíssimos, estimados em 98% (nem a empresa nem a Record divulgam qual é o desconto). Assim, a verba de publicidade cai para 60 milhões de reais por ano. Ainda é muito, mas ajuda a colocar as coisas em perspectiva. Nos Estados Unidos, o Genomma tem há seis anos uma associação com a rede mexicana Televisa para a venda de medicamentos. A TV é acionista majoritária da distribuidora de medicamentos nos Estados Unidos, com 51% do negócio. é natural, portanto, que surjam especulações de que a parceria se repita por aqui com a Record – algo negado pelo Genomma (a Record não comenta). Neste ano. o Genomma passou a anunciar também na TV Bandeirantes.

Naturalmente, a fórmula do Genomma começou a incomodar. Os concorrentes começaram a questionar a estratégia comercial no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). No ano passado, o laboratório mexicano foi condenado pelo Conar a mudar uma propaganda do hidratante Goicoechea, que prometia eliminar va-rizes, após uma reclamação da Unilever. No fim das contas, o próprio Genomma admitiu que o Goicoechea não elimina as varizes – apenas alivia a sensação de formigamento. Nos últimos dois anos, foram 12 reclamações ao Conar.

Enquanto a briga se limitava à tentativa de barrar propagandas, o Genomma não tinha grandes problemas. A coisa ficou séria quando vários concorrentes começaram a lançar produtos parecidos para tentar pegar carona na propaganda alheia. Um ponto fraco dos produtos do Genomma é que são fáceis de copiar. No último ano, foram lançados 15 produtos de laboratórios nacionais para concorrer com os maiores sucessos do Genomma. Eles têm nomes similares para criar uma associação com as marcas marteladas nos comerciais. O Cicatricure ganhou um concorrente fabricado pela Cimed. chamado Cicatrimed. A União Quimica lançou o Cicatrigel. E a Kley Hertz tem o Cicatriclin. O hidratante Goicoechea ganhou o concorrente Goicodrat, da Cimed. "Podemos fazer campanhas nos pontos de venda e cobrar menos", diz um concorrente. Enquanto o Cicatricure custa cerca de 35 reais, o Cicatrimed é vendido por, aproximadamente, 22 reais; o Cicatriclin. por 29 reais; e o Cicatrigel. por 25 reais. "Quando há novos concorrentes nas categorias em que somos líderes, temos a certeza de que estamos no caminho certo", diz Daniel Prida. presidente do Genomma no Brasil.

Mas a verdade é que o aumento da concorrência começou a atrapalhar. Em 2013, o Genomma triplicou de tamanho. No ano passado, cresceu 17%, e. nos 12 meses até abril de 2015. apenas 2%, segundo dados da consultoria IMS Health. Esperava-se uma queda na taxa de crescimento após anos de expansão acelerada. Mas a participação de mercado da empresa, que chegou a se aproximar de 0.8% do total do mercado farmacêutico brasileiro, caiu para menos de 0,7%. (O Genomma diz esperar crescer 20% neste ano.) No ano passado, os resultados da empresa no México foram ruins e assustaram o mercado financeiro. No último trimestre do ano passado, as vendas caíram 43%, por causa da quebra de um varejista local de medicamentos e por excesso de estoque. Foram as boas vendas no Brasil, nos Estados Unidos e no Chile que ajudaram a manter a receita global praticamente estável em 750 milhões de dólares. Ainda assim, as ações do Genomma, listadas no México, caíram 54% em 12 meses. Em março, Rodrigo Herrera anunciou uma recompra de ações e uma nova estratégia comercial. com redução do estoque. Mesmo assim, bancos como Santander, Bar-clavs e Credit Suisse hoje recomendam a venda das ações. "O risco da companhia aumentou consideravelmente", diz o analista Reinaldo Santana. do Santander. em relatório. Crescer no Brasil seria um bom remédio para o Genomma. Manter ou não a fórmula atual? é a pergunta que o mexicano vai precisar responder.




Molécula presente na urina detecta câncer de próstata

19/06/2015 - Folha de S.Paulo


Uma molécula que pode ser usada para diagnosticar o câncer de próstata pela urina tem uma relação íntima com a origem da doença, sugere um novo estudo.

Os exames de urina usados para detectar a molécula PCA3 podem, inclusive, inspirar novas estratégias de ataque ao tumor de próstata.

O PCA3 desliga um mecanismo antitumor do organismo --o que pode levar à multiplicação desenfreada das células da próstata e, portanto, ao câncer. Bloquear a ação da molécula impediu a proliferação das células cancerosas em roedores.

"Em muitos casos, os tumores praticamente desapareciam", diz o biólogo Emmanuel Dias-Neto, do A.C. Camargo Cancer Center. Dias-Neto é coautor do estudo publicado na revista científica "PNAS", que também é assinado por Wadih Arap e Renata Pasqualini, brasileiros que trabalham na Universidade do Texas.

Segundo o biólogo, um dos próximos passos é bolar estratégias para o "delivery" das moléculas que bloqueiam o PCA3, ou seja, criar modos de levá-las até a próstata dos pacientes com precisão. Se funcionar, "teremos uma ferramenta potente", afirma ele.

DO CONTRA

O PCA3 é uma molécula literalmente do contra. Trata-se de uma forma de RNA, a molécula "prima" do DNA cuja função mais conhecida é a transmissão de instruções do material genético para as fábricas de moléculas nas células. Diferentemente dessa forma "normal" do RNA, porém, o PCA3 é originada a partir da fita de DNA que não costuma ser lida pelo organismo, conhecida como antissenso.

Os especialistas sabiam que o PCA3 aparece na urina após a massagem da próstata (feita pelo médico em pacientes com suspeita de alterações na glândula), e também que a molécula é 70 vezes mais comum em tumores do que na próstata saudável. Mas ninguém tinha ideia da função da molécula --ela podia ser apenas um subproduto das alterações genéticas do câncer, por exemplo.

Dias-Neto e seus colegas resolveram olhar os "vizinhos" do PCA3, ou seja, os trechos de DNA que ficam na outra fita da molécula, a fita "certa" que normalmente é lida pela célula. Acabaram descobrindo que as letras químicas do PCA3 se encaixam com precisão em parte de um gene até então desconhecido.

Para ser mais exato: as duas fitas de DNA são transcritas, ou seja, recriadas numa versão de RNA. Em situações normais, no caso do gene, isso seria um passo intermediário para que o RNA servisse de "receita" para uma proteína, a qual, por sua vez, desempenharia seu papel na célula. Só que o PCA3, ao se encaixar no RNA desse gene, acaba evitando esse funcionamento normal, porque surge aí uma forma anômala de RNA que a célula "rejeita" e se põe a desativar.

ON/OFF

Desligar o gene é uma péssima ideia, pois os pesquisadores mostraram que ele é um gene supressor de tumores. Sua atividade normal impede, em outras palavras, que as células da próstata passem a se multiplicar além da conta e da forma errada. Esse processo foi verificado pelos pesquisadores tanto em células de câncer de próstata cultivadas em laboratório quanto em tumores enxertados em camundongos. E, nesses dois contextos, impedir a ação do PCA3 fez o tumor perder força.

Os achados devem dar mais peso à prática de fazer o exame de PCA3, que ainda é pouco comum. O exame laboratorial mais usado no caso dos tumores de próstata é o do PSA, que tem a vantagem de poder ser detectado no sangue, mas é pouco específico --o aumento nos níveis pode estar ligado a alterações benignas na próstata, que não têm a ver com o câncer.

No entanto, o exame depende de equipamentos modernos, ainda pouco disponíveis, e seus custos não são cobertos por convênios.

Além disso, as descobertas devem dar novo impulso ao estudo desses RNAs "do contra", que ainda são pouco conhecidos, mas têm mostrado elos importantes com doenças, afirma Dias-Neto.




Mercado Aberto: Saúde

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


A Dr. Recomenda, plataforma on-line que liga pacientes a médicos, fechou uma parceria de três anos com a Pharmexx, companhia do setor de marketing para a indústria farmacêutica, que atua em 23 países, incluindo o Brasil.

A meta é expandir a rede de médicos que utilizam o sistema e, a partir do próximo ano, iniciar a internacionalização do negócio, começando pela Argentina. Hoje, mil profissionais usam o aplicativo.




Setor amadurece e já se volta a um país mais idoso

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Prevenção é a palavra-chave na busca pelo equilíbrio entre o bem-estar de pacientes e a saúde financeira dos planos de saúde.

Mudanças no perfil da população desafiam as empresas de saúde. Em 2030, os brasileiros com 65 anos ou mais representarão 13,4% do total, ante 7,9% neste ano. Com o aumento da expectativa de vida, a maior procura por serviços de saúde é inevitável.

Na linha de frente do relacionamento com os pacientes, os planos de saúde, que já convivem com alta de custos, se preparam para atender a esse grupo sem uma explosão nos gastos. A principal estratégia é a medicina preventiva, que começa a apresentar resultados positivos. Mas algumas companhias vão além e apostam até em algoritmos capazes de indicar quando um indivíduo pode desenvolver alguma doença.

Nos hospitais, o aval à entrada de capital externo movimenta o mercado de certificação. Ao mesmo tempo, eles ganham relevância para multinacionais, que oferecem equipamentos voltados à realidade brasileira.

As grandes farmacêuticas locais, por sua vez, alçam voos externos, enquanto as de menor porte contam com o apoio de gigantes estrangeiras para entrar na corrida por medicamentos biológicos --o primeiro 100% nacional deve ser lançado em breve.




Prevenção corta custo de planos com internação

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


A rotina repete-se nos centros de atendimento da NotreDame Intermédica espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Os programas de prevenção e as ações para o diagnóstico precoce são as principais ferramentas dos planos de saúde para mitigar o aumento de custos com o atendimento ao idoso. Com o envelhecimento da população, cresce a participação de segurados com 60 anos ou mais na carteira total (veja quadro).

Por ter a saúde mais frágil, esse público tende a recorrer mais a internações, exames e atendimentos de emergência. E pressionam os custos das operadoras.

Dados do sistema público de saúde dão a dimensão do problema. Em 2010, quando houve o último Censo, os idosos eram cerca de 11% da população. Mas consumiam 30% dos gastos com serviços hospitalares --não há dados para a saúde suplementar.

"Estudos mostram que, em mais de 70% dos casos, conseguiríamos evitar a hospitalização com técnicas simples de cuidado com o idoso enquanto ele está no baixo risco", diz Martha de Oliveira, diretora-presidente da ANS. O gasto médio com internação quase dobrou entre 2007 e 2013 (último dado disponível), enquanto a inflação ficou em 41%. Para as operadoras, deixar os idosos fora dos hospitais, que também se queixam da alta de custos, é central para a sobrevivência.

Em geral, os programas de prevenção envolvem equipes multidisciplinares e as atividades são gratuitas. Os idosos recebem convites para participar a partir de cartas ou contato telefônico. Muitas vezes a abordagem é feita por meio de familiares para aumentar as chances de adesão.

"Tem de aculturar a população. O programa depende crucialmente da adesão. é uma experiência ainda em curso", diz Marcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde, a maior do país.

Na operadora Amil, a vice-líder do setor, 17% dos cerca de 4 milhões de segurados já são idosos. Na carteira de planos individuais, em dois anos, a proporção saltou de 12,5% para 17,5%.

Com isso, a empresa, que já possui dois programas voltados ao atendimento de clientes com idade avançada, dará início a um projeto-piloto de médico de família. "O objetivo é proporcionar um atendimento mais próximo, aumentando o engajamento", diz Hans Dohmann, diretor de gestão de saúde da Amil.

RESULTADOS

O investimento costuma compensar. A NotreDame Intermédica afirma que, com os programas de prevenção, conseguiu reduzir em 42% o número de internações de idosos e em 60% o número de fraturas no fêmur, uma das principais causas de hospitalização e morte na população de mais idade, desde 2005.

"Um segurado acima de 60 anos custa três vezes mais do que um na faixa de 20 a 40 anos. Nossa prioridade agora é fazer prevenção desde os 20 anos", diz Irlau Machado Filho, presidente da NotreDame Intermédica, que tem 1,4 milhão de beneficiários.

Para a ANS, é preciso garantir também o diagnóstico célere. A agência pretende colocar em operação, no prazo de um a dois anos, um sistema nacional que permita o registro do histórico de atendimento dos segurados.

A HapVida já mantém um sistema de prontuário eletrônico. Nas 209 unidades próprias da operadora, a terceira maior do país, consultas e exame são registrados no sistema, facilitando futuros atendimentos. Segundo a operadora, os programas de prevenção e os sistemas para seleção de pacientes e controle de histórico permitiram estabilizar o gasto com idosos --ele é 185% superior ao dos beneficiários de até 58 anos.

- Em mais de 70% dos casos, conseguiríamos evitar a hospitalização com técnicas simples de cuidado com o idoso

11,9% foi o percentual de idosos em 2015

17% foi o crescimento da população brasileira entre 2000 e 2015

64% foi o aumento no número de beneficiários de planos de saúde no período

81% foi a expansão da população de idosos com planos de saúde




Operadora aceita apenas quem tem mais de 49 anos

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


E, apesar da percepção geral de que atender pacientes mais velhos é prejuízo na certa, a empresa tem lucro. Em 2014, foram R$ 84 milhões. "O mercado é carente de serviços a preço acessível", diz Teresa Cristina Mello, diretora de expansão e assuntos corporativos da operadora. O plano mais caro vendido pela empresa, para pacientes a partir de 59 anos, custa R$ 814,37. O mais barato (até 53 anos) é R$ 360,79. A empresa fechou 2014 com 268 mil beneficiários e contraprestações líquidas (receita) de R$ 1,125 bilhão. O crescimento em um ano foi de 25,8% no número de pacientes e de 41,7% na receita.

REDE PRÓPRIA

Para Mello, o resultado reflete investimento em gestão. "Saúde não é cara, mas a administração é trabalhosa." Os segredos seriam a forte atuação em prevenção para diminuir custos e a aposta na verticalização da rede de atendimento, que vai de centros de prevenção a hospitais e núcleos de tratamento especializado, como oncológico. Com essa estrutura, a operadora diz postergar doenças mais graves do paciente. Como exemplo, a diretora cita o acompanhamento da catarata: pacientes com a visão preservada têm menor risco de sofrer acidentes domésticos com fratura, que geram despesas mais caras aos planos. A taxa de sinistralidade, que calcula a relação entre receitas e despesas, da Prevent Senior está em 70% ante média de 81% para planos individuais apurada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), com dados fechados em dezembro de 2014.

RECLAMAÇÕES

O resultado operacional positivo, contudo, não livra a empresa de queixas na ANS. No resultado de fevereiro, a Prevent Senior era a 25ª com maior número proporcional de reclamações entre as cerca de cem operadoras de grande porte, com índice de 1,1 (relação entre a média de queixas com a média de beneficiários em seis meses). Desde que a ANS começou a suspender planos por descumprimento de regras, a Prevent Senior teve produtos suspensos em três ciclos --o segundo, o terceiro e o sexto. Segundo a agência, "a suspensão da comercialização dos planos mais reclamados ocorre pelo descumprimento reiterado por parte das operadoras dos prazos máximos para realização de consultas, exames e cirurgias e por negativa de cobertura assistencial aos beneficiários". A ANS não especifica as reclamações contra a Prevent Senior. A diretora considera normal que beneficiários da operadora, idosos, reclamem mais. "Tem pessoas que vivem a solidão. Trabalhamos com o público mais ativo, mas tem o mais idoso também."

- 25,8% foi o aumento no número de beneficiários da Prevent Senior em 2014

41,7% foi a expansão da receita da empresa no ano passado

25ª foi a posição da prestadora no ranking de reclamações da ANS, divulgado em fevereiro100operadoras de grande porte estão na relação da agência reguladora

- RAIO-X Prevent Senior (2014)

Receita: R$ 84 milhões Beneficiários: 268 mil Funcionários: 4.800




Hospitais cobiçam selo de alto padrão

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


Uma das maiores mudanças ocorridas no setor de hospitais no Brasil, a liberação para a entrada de capital estrangeiro, sancionada em janeiro, elevou a procura por acreditação, uma espécie de selo para chancelar a instituição que opera com altos padrões de qualidade.

Dentre os mais de 6.000 hospitais do país, menos de 5% têm algum tipo de acreditação --um desafio para a atração de capital estrangeiro, segundo Francisco Balestrin, presidente da Anahp (associação de hospitais privados). Nos EUA, essa proporção é de 90%.

"Instituições que querem se preparar para o capital estrangeiro estão buscando acreditações internacionais. É um processo que pode levar mais de dois anos e os hospitais começaram a fazer agora", diz Balestrin. Segundo a Anahp, dez hospitais iniciaram processos nas entidades de acreditação CBA e Accreditation Canada International desde janeiro.

A meta, explica Balestrin, é atingir patamares compatíveis com os altos padrões de profissionalismo exigidos pelos investidores estrangeiros, como modelos de governança e de gestão, organização de processos, protocolos e capacitação de funcionários.

ANÁLISE DO ALVO

Para o especialista Daniel Kalansky, do Motta, Fernandes Rocha Advogados, a situação de instituições disponíveis para negócios no Brasil ainda é pouco homogênea.

"Há boas oportunidades de consolidação, mas cada hospital tem situação muito diferente dos outros. Alguns têm governança, outros, não. Há casos de hospitais com muitos sócios, em que a opção por fazer a operação societária não é unânime", diz.

Segundo Kalansky, ao observar a lucratividade das instituições disponíveis, os fundos interessados analisam a relação com planos de saúde.

"Alguns hospitais não têm contas auditadas nem conselho de administração, e estão concentrados num único plano de saúde. Se um hospital tiver mais de 60% de seus atendimentos num plano, poderá até ter bom faturamento, mas a lucratividade será ruim", avalia.

A expectativa é que inicialmente os negócios se direcionem a aquisições, diz Walter Cintra Ferreira Junior, coordenador do curso de administração hospitalar da FGV.

"Neste momento veremos mais investimentos em estruturas já existentes do que em expansões, até para entenderem como o mercado brasileiro funciona", afirma.

Em maio, o fundo do governo de Cingapura anunciou a compra de fatia da Rede D'Or São Luiz. Um mês antes, o fundo americano Carlyle informou investimento bilionário na empresa. (joana cunha e renata agostini)




País pode economizar R$ 5 bi ao ano

18/06/2015 - Folha de S.Paulo


O governo federal pretende economizar R$ 5,3 bilhões por ano com a produção local de sete medicamentos biológicos cuja tecnologia está sendo transferida ao país.

Hoje, eles consomem R$ 2,8 bilhões dos R$ 12,7 bilhões do orçamento do SUS (Sistema Único de Saúde) destinado à compra de remédios, segundo o Ministério da Saúde.

A estimativa do valor a ser economizado leva em conta um aumento do uso desses medicamentos, diz Jarbas Barboza, secretário de ciência tecnologia e insumos estratégicos do Ministério da Saúde. A expectativa é de que ele seja alcançado em dez anos.

A transferência de tecnologia é feita por meio das PDPs (Parcerias de Desenvolvimento Produtivo). Nelas, uma multinacional que domina a manufatura de um medicamento com patente a vencer transfere essa tecnologia a um laboratório brasileiro privado, associado a um público.

O governo se compromete a comprar esses medicamentos das empresas inseridas no programa, assim que a sua produção começar. Já foram firmadas 18 parcerias.

Apesar de o programa significar o início da indústria de biológicos no Brasil, o atraso do país no setor preocupa. "Mesmo após o desenvolvimento dos genéricos, importamos 86% dos princípios ativos usados nos medicamentos para serem embalados aqui", afirma Antonio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).

Segundo sua avaliação, a Anvisa definiu uma boa regulamentação do setor de biológicos, o que garante segurança e possibilidade de inovar. Porém falta uma maior integração dos centros de estudo nacionais às redes mundiais de pesquisa.




Hospital São Paulo só vai internar emergência

18/06/2015 - O Estado de S.Paulo


O Conselho Gestor do Hospital São Paulo, administrado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), decidiu suspender a partir de hoje as internações eletivas – aquelas que não são de emergência.

A medida é um reflexo da crise financeira da instituição. O hospital é bancado principalmente por verbas do governo federal, que tem feito ajustes nas contas desde o começo deste ano.

Não há prazo para retomar esse serviço no centro médico da Vila Clementino, zona sul. A Unifesp disse, em nota oficial, que o objetivo é “preservar os pacientes já internados”.Cirurgias não emergenciais estão com a realização e o agendamento suspensos por tempo indeterminado.O mesmo acontece com internações para tratamentos especializados.

Ao lado do Hospital das Clínicas e da Santa Casa, o Hospital São Paulo é um dos três principais centros médicos para atendimentos de alta complexidade da capital, responsável pela cobertura de uma área de 5 milhões de habitantes. Segundo dados do site da instituição, são feitas 2,6 mil internações e 1,6 mil cirurgias por mês. A Unifesp não informou, porém, qual é a média de internações e procedimentos eletivos.

O funcionamento da urgência e da emergência continua normal – a média do hospital nesses serviços é de 900 casos mensais. Cirurgias encaminhadas diretamente do pronto-socorro, por exemplo, continuarão a ser feitas.

“Estamos vivendo uma situação de catástrofe”, afirmou ao Estado José Salvador Oliveira, médico integrante do Conselho Gestor. “A verba de orçamento que estamos trabalhando não cumpre a necessidade da compra dos insumos do dia a dia. É inviável continuar como está.”Outros cortes,diz ele,ainda serão avaliados.

Segundo Oliveira, o entrave para comprar materiais e insumos hospitalares se deve ao atraso nos repasses do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospital Universitários Federais (Rehuf). “Essa verba não estáchegando”, disse.A universidade informou que está em negociação há algum tempo como Ministério da Educação (MEC) para liberar mais dinheiro.

A pasta direcionou, neste ano, R$ 595 mil, via aportes emergenciais.O repasse ordinário – que costuma ser feito até maio, segundo gestores da área – será realizado até o fim deste mês, mas os valores ainda não foram definidos. O MEC negou o atraso, alegando que não há data fixa para o repasse. Em 2014,o Hospital São Paulo recebeu R$28,9 milhões pelo Rehuf.

“E o provador Oliveira. A lema é que o Estado também chegou a cortar recursos, no total de 10%”, afirmou José Sal Secretaria Estadual de Saúde confirmou a diminuição de verbas, mas ressaltou que a responsabilidade pelo Hospital São Paulo é do governo federal(mais informações nesta página).

No limite. Em 2015, o contingenciamento de recursos federais fez o hospital trabalhar com restrições orçamentárias.

Em abril, o Estado mostrou que a unidade operava com 150 profissionais a menos do que o necessário e déficit mensal de R$ 2,5 milhões.

Outro problema é a greve dos servidores das universidades federais, iniciada em maio.

A Unifesp ainda afirmou que a urgência e a emergência estão sobrecarregadas com “pacientes graves vindos sem nenhuma regulação, por causa da desestruturação de outras unidades de saúde públicas, seja por falta de médicos ou de recursos”.




Estado decide acionar plano de contingência

18/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Diante da decisão do Hospital São Paulo de suspender as internações eletivas, a Secretaria Estadual da Saúde deverá acionar nesta quinta um plano de contingência para tentar absorver em outros hospitais os pacientes não atendidos pela unidade federal. A secretaria não descarta um repasse emergencial para o hospital.

“À semelhança do que tivemos quando a Santa Casa fechou o pronto-socorro (em julho de 2014), o plano de contingência define dez hospitais estaduais prontos para receber esses doentes”, disse, ao Estado, o secretário estadual da Saúde, David Uip. “A questão do dinheiro vou ter de discutir amanhã (quinta) com o governador porque não tenho autonomia para liberar uma verba extra sem a autorização dele.”

Uip confirmou que o governo estadual cortou, em maio, 10% do valor repassado ao hospital, mas negou que isso tenha levado à decisão da unidade de reduzir atendimentos. “O governo do Estado repassa anualmente R$ 56 milhões ao Hospital São Paulo de forma voluntária. Por se tratar de um hospital federal, não temos obrigação. O problema do subfinanciamento é do Ministério da Saúde.” Ele disse que, além da verba fixa anual, a pasta repassou, em 2014, R$ 5 milhões emergenciais para que o pronto-socorro não fechasse.

O ministério informou que os repasses destinados ao hospital estão em dia e que a unidade recebe anualmente cerca de R$ 158 milhões para custeio de procedimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O órgão disse ainda que uma portaria de março garantirá repasse extra de R$ 12 milhões neste ano.

Questionada sobre o impacto da suspensão do atendimento nas unidades da Prefeitura, a Secretaria Municipal da Saúde não se pronunciou.




Estado anuncia repasse de R$ 3 mi para socorrer o Hospital São Paulo

18/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site


O Governo de São Paulo anunciou na tarde desta quinta-feira (18) um repasse de R$ 3 milhões para socorrer o Hospital São Paulo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O hospital decidiu suspender as internações não emergenciais por causa de uma grave crise financeira.

O secretário estadual da Saúde, Davi Uip, disse, porém, que a verba só será repassada caso o hospital se comprometa a retomar o atendimento completo. "Amanhã o hospital fará uma reunião com o conselho gestor para definir qual será a decisão deles. Mas lembro que esse hospital é federal e recebe financiamento do Ministério da Saúde. Nós ainda repassamos R$ 4,66 milhões a mais por mês", disse.

De acordo com o secretário, esse valor é suficiente para comprar medicamentos e insumos até que o hospital se recupere da crise e faça um ajuste nas contas."Nós não temos competência para avaliar se a gestão foi ruim. Nós temos conversado regularmente, mas não tivemos diálogos sobre fechamento. Nós temos dez hospitais prontos para receber cirurgias dessa unidade, mas eu tenho expectativa de que não será necessário", disse Uip.

Além da crise, o hospital está superlotado e ainda enfrenta uma greve. Segundo a administração do local, são atendidas cerca de 900 pacientes por dia no setor de urgência e emergência. A Unifesp diz que deveriam ser, no máximo, 300 pacientes diários.




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