
CLIPPING - 17/06/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Farmácias desaceleram menos que o varejo
16/06/2015 - Valor Econômico
Um dos mais resilientes segmentos do varejo em tempos de crise, as farmácias têm perdido ritmo de expansão, mas a desaceleração ocorre num ritmo inferior ao desaquecimento do comércio.
No segmento de farmácias, a alta nas vendas foi de 10,8% de janeiro a março, versus expansão de 13,8% no mesmo intervalo de 2014 - queda de três pontos percentuais, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado, da processadora de cartões Cielo, que reúne informações de transações em 1,6 milhão de pontos de venda no país. Em abril, o setor cresceu 12,5% e, em maio, 11%.
Dados sobre as vendas do comércio de janeiro a março mostraram alta de 1,3% no primeiro trimestre, versus alta de 7,6% no mesmo período do ano anterior. Os percentuais foram deflacionados pelo IPCA/IBGE.
"Farmácias são menos sensíveis às variações em crédito do que às perdas de renda e de emprego. E mesmo quando esses indicadores pioram, é um segmento com uma "blindagem" maior por vender produtos essenciais e se beneficiar do envelhecimento da população", disse Rodrigo Baggi, economista da Tendências Consultoria.
Números da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) mostram que o setor fechou o ano passado com alta de 13,85% nas vendas e não medicamentos impulsionaram o desempenho, com expansão de 19%. Já neste início de 2015, de janeiro a março as vendas subiram 10,4%, (haviam crescido quase 17% nos três primeiros meses do ano passado) e não medicamentos tiveram alta de 13,44% (versus 20% no ano anterior).
Na pesquisa da Cielo, farmácias têm a menor desaceleração entre os 24 segmentos do varejo analisados. A pesquisa considera as transações eletrônicas com cartão de débito e crédito. A base da Cielo cobre 54% das transações no país.
Para o gerente da área de Inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto, a expansão orgânica das redes de drogarias em certos mercados, como o Nordeste, ajudou a manter o indicador de crescimento em dois dígitos neste ano. As aberturas de unidades ganharam força e essas lojas novas passaram a computar suas vendas de forma anualizada nos últimos índices de vendas.
Implante a jato
16/06/2015 - Folha de S.Paulo
Incomodado com a falta de opções para que suas pacientes pudessem prever os resultados de implantes nos seios, o cirurgião plástico nova-iorquino Norman Rowe decidiu criar uma alternativa: um "test-drive".
O Instabreast, como batizou o procedimento, permite que as mulheres passeiem pelas ruas com seios temporariamente aumentados. Como no conto de fadas "Cinderela", eles voltam à realidade após um determinado tempo --neste caso, 24 horas.
"Geralmente, para mostrar à paciente qual seria o resultado, nós colocamos implantes no sutiã ou tiramos uma foto e usamos o computador para ver como ficará. Elas são boas, mas não dão à paciente uma ideia real de como será ter seios maiores", afirma.
A técnica criada por Rowe é razoavelmente simples: ele escolhe uma região perto de cada um dos mamilos, aplica anestesia local e injeta solução salina nos seios até que eles cheguem ao tamanho desejado. O líquido é naturalmente reabsorvido pelo corpo com o decorrer das horas.
O procedimento dura 20 minutos e, segundo Rowe, "ninguém nunca desistiu por causa da dor", que é mínima.
"Não doeu nada e eu adorei ter 'instaseios'. Queria que o efeito durasse mais de 24 horas", diz Mery, 25, que passou pelo procedimento para testar o tamanho de seus implantes no consultório da cirurgiã Jennifer Capla, que também aplica a técnica.
Mery diz que a redução no tamanho dos seios ao longo das horas é imperceptível, mas as idas ao banheiro aumentaram significativamente, por causa da reabsorção da solução salina pelo corpo.
Embora tenha sido criado para auxiliar pacientes em busca de implantes, o Instabreast tem uma potencial óbvio de atração para mulheres que querem ter seios maiores por um dia --para ir a uma festa ou à praia, por exemplo.
Em seu consultório no Upper East Side, área nobre de Manhattan, Rowe faz entre oito e dez aplicações do Instabreast por semana, praticamente todas na sexta-feira.
Ele desencoraja, no entanto a aplicação frequente da técnica. Tanto Rowe quanto Capla dizem que decidiram cobrar preços altos para evitar o uso repetido: US$ 2.500 (R$ 7.775). O valor é descontado do total da cirurgia para aumentar os seios, cerca de US$ 9.000 (R$ 27.990).
"Não é algo que eu faça com frequência em uma pessoa que queira ficar bonita para um evento, é para determinar se ela é candidata para o implante", diz Capla.
"Há mulheres que vêm aqui para fazer isso porque têm um evento no tapete vermelho ou uma festa e não têm interesse em passar por uma cirurgia. E eu as desencorajo, embora não as mande embora", afirma Rowe.
Ainda assim, ele está desenvolvendo uma nova técnica, chamada de "Vacation Breasts" (Seios de Férias, na tradução literal). A ideia é aumentar a duração do Instabreast, de 24 horas para cerca de três semanas.
CONTROVÉRSIA
Mas a aplicação não é unanimidade entre os médicos e uma versão que dure mais deve aumentar a controvérsia em torno da técnica.
"Por que uma mulher gastaria milhares de dólares em um procedimento que estica o tecido mamário e tem potenciais complicações?", diz o presidente da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, Michael Edwards.
Os riscos, afirma, envolvem infecções, distorção dos seios e até danos a tecidos mais profundos.
Rowe rechaça as críticas. "Qualquer médico que diga que isso pode esticar a pele está sendo tolo. Você precisaria usar isso por muito mais tempo para algo assim acontecer." Ele admite, no entanto, que pode haver hematomas após a procedimento. Além disso, afirma que o risco de infecção sempre existe ao perfurar a pele.
Moléculas promissoras são identificadas para o tratamento de leucemia, aponta estudo
15/06/2015 - O Globo / Site
Três moléculas promissoras para o tratamento da leucemia, capazes de atuar seletivamente sobre as células cancerígenas, com pouco impacto sobre os leucócitos saudáveis, foram identificadas por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), segundo informações da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
A pesquisa, cujos resultados preliminares foram publicados na revista científica “European Journal of Medicinal Chemistry”, pretende contribuir com a redução da mortalidade da doença, conhecida como “câncer no sangue”. Com uma ocorrência de mais de 10 mil novos casos no Brasil apenas em 2014, a leucemia leva seis mil pessoas desse total à morte, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A doença maligna acomete os leucócitos, ou glóbulos brancos, que são produzidos na medula óssea e responsáveis por grande parte da defesa do nosso corpo. Assim, um dos sintomas da doença de origem geralmente desconhecida é a queda na imunidade do paciente.
Segundo Floriano Paes Silva, um dos coordenadores da pesquisa e chefe do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos, do IOC, e Cientista do Nosso Estado, da Faperj, as moléculas com potencial de ação seletivo para células malignas são chamadas tecnicamente de hits (em português, acerto).
“Elas atuam no alvo certo, preservando as células sadias e, com isso, os efeitos adversos são minimizados”, diz o pesquisador à Fundação, acrescentando que encontrá-las é o primeiro passo para desenvolver novos fármacos que sejam mais potentes e que, ao mesmo tempo, sejam menos tóxicos.
A proposta da pesquisa foi combinar dois tipos de arcabouço molecular com ação já conhecida na farmacologia. Potente contra a leucemia, mas geralmente tóxico ao organismo, um deles é o núcleo naftoquinona. Já o outro é o núcleo triazol, chamado de núcleo privilegiado, capaz de fornecer diferentes tipos de interação com outras moléculas, como modular a atividade de uma substância ou alterar o seu padrão de seletividade.
“A partir desse conhecimento, a ideia foi combinar as duas estruturas para tentar obter uma composição que mantivesse a atividade anticancerígena, mas que fosse menos prejudicial aos tecidos saudáveis”, diz Silva, complementando que cerca de 30 novos princípios ativos foram sintetizados pelo seu grupo de pesquisa, em parceria com a equipe da UFF, dos quais três foram considerados promissores.
Em seguida, os estudiosos testaram esses novos compostos em glóbulos brancos saudáveis e em quatro tipos diferentes de leucemia, consideradas mais letais. De acordo com Silva, a razão para isso é que a variedade de formas da doença faz com que cada uma apresente características clínicas específicas e, assim, a resposta aos fármacos seja bastante diversa.
“Os experimentos mostraram que concentrações mínimas desses compostos foram capazes de matar metade das células malignas, preservando a integridade de leucócitos sadios. Estes só foram destruídos quando administramos doses com concentração 20 vezes maior que a inicial”, afirma.
PERFIS GENÉTICOS DISTINTOS
O pesquisador destaca, ainda, que outro resultado positivo foi que os diversos compostos sintetizados apresentaram ações diversas sobre algumas linhagens da doença, o que comprova que células cancerígenas com perfis genéticos distintos têm respostas diferentes aos fármacos. Um exemplo seria que uma das substâncias se mostrou 19 vezes mais potente sobre células de leucemia linfoide (mais frequente na criança) do que sobre aquelas de leucemia mieloide (mais comum no adulto). Para Silva, essa seletividade é "muito boa" para o desenvolvimento de tratamentos, já que quanto maior a especificidade de uma terapia, melhor ela será.
O próximo passo do estudo, segundo o pesquisador, é identificar os mecanismos de ação dessas substâncias promissoras. Isso é, entender como ocorre a indução da morte de células malignas e expandir a avaliação da citotoxicidade desses compostos e, ainda, analisar quais são os fatores que protegem os leucócitos saudáveis. Estima-se que pelo menos mais dez anos de estudos sejam necessários para que as moléculas hits cheguem de fato a compor um novo fármaco, englobando pesquisas de base e, posteriormente, ensaios clínicos com modelos experimentais.
“Nossa expectativa é que, num futuro próximo, essas moléculas possam se tornar uma alternativa viável para o tratamento de casos resistentes ou de reincidência da leucemia linfoide aguda, ajudando a reduzir as taxas de mortalidade da doença”, relatou.
Chocolate está associado a menor risco cardiovascular
15/06/2015 - Portal Exame
O consumo de chocolate estaria "associado" a riscos reduzidos de doenças cardiovasculares - segundo pesquisadores britânicos que não apresentaram provas de uma ligação direta entre o cacau e o bem-estar das artérias.
O consumo de chocolate amargo já foi associado no passado, por meio de diversos estudos, a uma melhor saúde cardiovascular, mas sem que qualquer relação de causa e efeito tenha sido claramente estabelecida.
Para este estudo, um grupo de pesquisadores britânicos procurou analisar as correlações entre o consumo de chocolate e a saúde cardiovascular de um grupo de 25 mil homens e mulheres que moram em Norfolk (leste da Inglaterra) e o acompanhou durante, em média, dez anos.
Os cientistas colocaram em relação as quantidades de chocolate que os participantes declaravam consumir e os dados sobre sua saúde cardiovascular: taxa de colesterol, ocorrência de acidentes cardíacos, de acidente vascular cerebral (AVC), etc.
A partir desta observação, foi constatado que aqueles que declaram consumir mais chocolate têm estatisticamente menos doenças cardiovasculares.
"Segundo este estudo (...), o consumo de até 100 gramas de chocolate por dia está associada a um risco menor de doenças coronarianas e AVC (...)", indicam os pesquisadores num artigo publicado online na revista britânica especializada Heart (do grupo BMJ).
Mas o autores reconhecem também que aqueles que comem mais chocolate são também mais jovens, menos gordos, dispõem de melhor saúde e praticam mais esportes.
Seria possível, então, que o estilo de vida seria o responsável por tornar este grupo de pessoas menos sujeito às doenças do coração.
Além disso, aqueles que sabem que estão em risco de doenças cardiovasculares podem ter tendência a limitar o consumo de chocolate em busca de um estilo de vida melhor, observaram os pesquisadores.
"Apesar de tudo, os itens acumulados relatados neste estudo sugerem que o alto consumo de chocolate pode estar associado a benefícios cardiovasculares", concluíram.
Entrevistado pela AFP, o médico nutrólogo Arnaud Cocaul, do hospital parisiense da Pitié Salpêtrière, explica que trata-se de "um estudo de observação com todas as suas limitações. Uma indústria alimentícia não pode usá-lo como argumento de venda".
Outro especialista parisiense da nutrição, Pierre Azam ressalta por sua vez que "nenhuma certeza em matéria de saúde pública pode sair deste tipo de estudo". Azam disse preocupar-se com os "estragos" com as "reduções" que podem ser feitas pela população a partir destes estudos.SP estende vacinação contra a gripe para professores, PMs e carteiros
15/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site
A Secretaria Estadual de Saúde decidiu estender a campanha de vacinação contra a gripe para mais três grupos a partir desta segunda-feira (15). Os professores, servidores da educação, policiais militares e carteiros poderão ser imunizados até o dia 26.
A campanha, iniciada em 4 de maio, estava até agora restrita a idosos com mais de 60 anos, crianças com idade entre seis meses e cinco anos, gestantes, trabalhadores do setor de saúde, indígenas e pacientes diagnosticados com doenças crônicas.
Segundo a secretaria, a meta era imunizar 80% do público-alvo, que totaliza 14,7 milhões de pessoas. O número, no entanto, não foi atingido, chegando a imunização de 8.497.502 pessoas. As pessoas desse grupo que ainda não receberam a dose também podem procurar as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) até o dia 26.
O ministério da Saúde já tinha dito que foram adquiridas 54 milhões de doses da vacina, com prazo limitado de utilização (de 6 a 12 meses). Com isso, a pasta já apontava que cada município definiria o público que seria incluído na campanha caso sobrassem do grupo prioritário.
Além de imunizar a população contra a gripe A H1N1, tipo que se disseminou pelo mundo na pandemia de 2009, a campanha visa proteger a população de outros dois tipos do vírus influenza: A (H3N2) e B.
Manifesto internacional pede que comida seja regulada como cigarro
15/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site
Um manifesto publicado pela Consumers International, organização internacional de defesa do consumidor, pede que alimentos industrializados sejam regulamentados da mesma forma que o cigarro.
Entre as medidas sugeridas pelo documento está a proibição de publicidade de produtos não saudáveis para crianças e a adoção de rótulos frontais com informações claras –incluindo alertas sobre altas quantidades de gordura, sal ou açúcar, por exemplo.
“Estamos fazendo uma campanha mundial para que se aprove uma convenção de alimentos saudáveis nos mesmos moldes da convenção para o controle do tabaco, da Organização Mundial da Saúde. Só assim os governos terão força para enfrentar a indústria”, disse ao blog o chileno Juan Trímboli, diretor regional da Consumers International (para América Latina e Caribe).
Em vigor desde 2005, a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco determinou a adoção de uma série de medidas contra o tabagismo, entre elas a regulamentação de embalagens e impostos para desencorajar a compra de cigarro.
Mais de 170 países já aderiram ao tratado.
Para a Consumers International, já está mais do que na hora de também fechar o cerco contra produtos industrializados não saudáveis.
“A obesidade é uma epidemia. Em todos países latino-americanos praticamente 50% dos adultos está com sobrepeso (no Brasil, 52,5% da população adulta está acima do peso)”, afirma Trímboli.
Segundo ele, há avanços na regulação em alguns países da região. No Equador, por exemplo, desde 2013 os rótulos dos alimentos industrializados mostram se o produto tem alto, médio ou baixo teor de gordura, sal e açúcar. Na frente da embalagem há uma sinalização seguindo as cores do semáforo (vermelho se for alto, amarelo para níveis médios e verde para níveis baixos).No Brasil, em 2010 a Anvisa baixou uma medida obrigando os fabricantes a colocar frases de alerta nos rótulos dos alimentos, mas a resolução foi suspensa pela Justiça a pedido da indústria.
Para Trímboli, os alertas nos rótulos são uma tendência mundial. No Reino Unido, desde 2013 as embalagens exibem de forma clara a quantidade de calorias, gordura, sal e açúcar. Os nutrientes também são classificados em níveis (baixo, médio ou alto) e indicados por cores – de novo seguindo o semáforo. Além de rótulos mais claros, o manifesto internacional pede que sejam tomadas medidas para que os alimentos vendidos nas escolas sejam mais saudáveis e que aumentem os impostos sobre comidas processadas ricas em gordura, sal e açúcar.
“O consumo desses produtos é uma das principais causas do aumento da obesidade. Há outras, claro. é preciso mudar a cultura da família, que está cada vez mais acostumada com comidas rápidas e não saudáveis. Mas para isso é fundamental que as pessoas saibam o que estão comendo. Hoje o rótulo não diz nada, e o que diz, a população não entende.”
O documento foi assinado por 22 organizações, entre elas três brasileiras: o Instituto Alana, a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) e o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
Sífilis congênita cresce em SC e mata ao menos 35 bebês em 2014
16/06/2015 - G1
Só em Santa Catarina, pelo menos 15 bebês nasceram mortos no ano passado e outros 20 sequer chegaram à metade da gestação por causa de uma doença que poderia estar erradicada, mas cujos números têm alarmado médicos e autoridades na área da saúde em todo o Brasil: a sífilis congênita, quando a doença é transmitida da mãe para o bebê. E para piorar a situação, o medicamento que pode salvar essas vidas virou raridade nas farmácias.
Em 2014 foram registrados 269 casos de sífilis congênita em Santa Catarina, segundo dados da Divisão de Vigilância Epidemiológica (Dive), órgão da Secretaria de Estado da Saúde. Segundo o órgão, as notificações vêm aumentando nos últimos anos: em 2012 haviam sido 101 casos, com dois abortos e dois natimortos. Em 2013 os números deram um salto para 222 transmissões, com seis abortos e 15 natimortos. No ano seguinte, o número subiu novamente.
“Os dados são alarmantes. Esses números em Santa Catarina podem ser justificados pelo aumento na detecção dos casos, através de políticas como as implantadas no programa Rede Cegonha, mas é preciso considerar que o aumento dos casos de sífilis é um fenômeno mundial”, diz Fábio Gaudenzi de Faria, superintendente da Dive.
Como é transmitida
A sífilis é uma doença causada por uma bactéria e transmitida durante o contato sexual sem preservativo, inclusive no sexo oral. Em adultos, ela se manifesta como uma ferida no pênis, na vagina ou na boca. Os sintomas podem desaparecer e voltar tempos depois de uma forma mais grave, causando problemas na artéria aorta e até distúrbios cerebrais.
Quando acomete gestantes, a doença costuma causar danos graves se for transmitida ao bebê: ele pode ter desde malformações até problemas neurológicos graves, que podem se manifestar até mesmo depois do nascimento. De acordo com uma cartilha informativa do Ministério da Saúde sobre a sífilis congênita, 40% das crianças infectadas a partir de mães não-tratadas não sobrevivem.
A sífilis tem pelo menos três estágios. “Quanto mais cedo na gestação, pior. Se a mulher tem sífilis primária no início da gestação, esse bebê não nasce, as malformações são graves”, explica o pediatra Alvaro Koenig, da comissão de controle de infecção do Hospital Unimed, de Joinville, no Norte do estado.
Falta de remédio
Em meio ao aumento dos casos registrados, o estado ainda enfrenta desde o fim do ano passado a falta de penicilina benzatina (conhecida como Benzetacil), um remédio antigo e relativamente barato.
Gaudenzi explica que o medicamento faz parte do rol de produtos cuja responsabilidade de aquisição é do município, que recorre ao governo estadual, caso não consiga comprá-los.
“Não é questão de falta de dinheiro, tentamos fazer a compra direta, mas há um problema de fornecimento”, diz o superintentente. “As informações que temos é de um retorno gradual, mas como nem sempre elas traduzem a realidade, fica a preocupação”, complementa Gaudenzi.
'Poderia estar extinta'
“é uma doença facilmente tratável e poderia estar extinta, mas é urgente ter a penicilina. Ela salva a vida da criança”, afirma a obstetra Roxana Knobel, professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
Ela cita dados do Ministério da Saúde que apontam que, entre 2010 e 2013, 333 bebês morreram no Brasil com menos de sete dias de vida em decorrência da sífilis congênita. “Muitos deles poderiam estar vivos se a mãe tivesse tomado penicilina”, ressalta a médica.
No dia 19 de maio, a Dive emitiu uma nota técnica, à qual o G1 teve acesso, informando profissionais da saúde sobre a gravidade da situação da falta medicamento. “Diversos municípios de Santa Catarina têm relatado a diminuição e/ou desabastecimento da penicilina benzatina em seus estoques”, diz o texto.
De acordo com a nota, “tal situação torna-se crítica, uma vez que se trata do único tratamento com evidência técnica e recomendação atual para impedir a ocorrência da transmissão vertical de sífilis [de mãe para filho]”. Enquanto durar o desabastecimento, a penicilina deve ser ministrada apenas a gestantes – demais pacientes devem seguir um tratamento alternativo, com duração maior.
“A penicilina é a droga de escolha para tratamento de gestantes, por ser menos tóxica. Ela é mais eficaz e passou por muito mais experiências do que qualquer outra droga”, explica o infectologista Luis Fernando Aranha Camargo, médico do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Cabe ao estado e à indústria intervir e garantir a produção”, comenta.
Indústria farmacêutica
A explicação para o desabastecimento de penicilina, de acordo com a indústria farmacêutica brasileira, não é financeira. Segundo os laboratórios, falta certificação para um novo fornecedor de matéria-prima.
“Há um desabastecimento global. No caso da penicilina benzatina houve uma troca do fornecedor mundial de matéria-prima. Acredito que ela seja importada da índia”, diz Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, sindicato que reúne 95% da indústria farmacêutica brasileira.
“Não é questão de facilidade para produzir. O fornecedor resolveu parar de um dia pro outro em meados de 2014”, explica Mussolini, afirmando que “três ou quatro laboratórios” no Brasil fabricam o medicamento.
Em nome da indústria farmacêutica, ele nega que os laboratórios não estejam produzindo por falta de interesse financeiro na venda desses medicamentos. “De fato, a maioria desses remédios têm preço baixo, defasado. Mas as empresas têm sua responsabilidade social”, diz o presidente do Sindusfarma.
Ministério fez reuniões
Em nota, o Ministério da Saúde informou que vem monitorando a produção nacional do medicamento Benzetacil. “Laboratórios produtores alegaram dificuldades no processo produtivo, devido à escassez mundial no suprimento de matéria-prima”.
De acordo com a pasta, foram realizadas reuniões entre janeiro e abril deste ano para buscar uma solução ao problema. “As empresas se comprometeram em adotar todas as providências para normalizar o fornecimento do medicamento ainda neste mês de junho”.
Enquanto a situação não é normalizada, médicos e autoridades de saúde lembram da importância do uso do preservativo durante as relações sexuais e do pré-natal. “Se eu precisasse pedir apenas um único exame de pré-natal, seria o de sífilis”, avalia a obstetra Roxana Knobel”. “Também há testes rápidos para sífilis disponíveis em postos de saúde”, afirma o superintendente da Dive, Fábio Gaudenzi.
Falta remédio para toxoplasmose
O problema de falta de medicamentos em Santa Catarina não se restringe à penicilina. Na semana passada, o G1 mostrou a história de uma grávida do Oeste catarinense que descobriu ser portadora de toxoplasmose com 25 semanas de gestação.
O remédio indicado para evitar a transmissão da doença ao bebê também está em falta nas farmácias. Ela está fazendo um tratamento alternativo e luta na Justiça para conseguir a medicação gratuitamente. “Só saberei se meu filho terá problemas quando ele nascer”, diz a psicóloga Barbara Lohmann da Silva, de 26 anos.
Estados Unidos proíbem gordura trans em alimentos
17/06/2015 - Folha de S. Paulo
A FDA (agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA) baniu a gordura trans no país e deu três anos para que a indústria se adeque e retire a substância de alimentos industrializados como margarina, biscoitos, sorvetes e pizzas congeladas. Segundo determinação da agência, os óleos parcialmente hidrogenados que dão origem à gordura trans não são considerados seguros. "Essa ação deve reduzir as doenças do coração e prevenir milhares de ataques cardíacos por ano", disse Stephen Ostroff, médico e comissário interino da FDA em comunicado da agência. A gordura trans aumenta os níveis de colesterol "ruim", reduz os níveis de colesterol "bom" e, por isso, seu consumo é fator de risco para as doenças cardiovasculares. Em 2013, a FDA já havia anunciado o plano de eliminar a gordura trans e abriu uma consulta pública. De acordo com a agência, a decisão foi tomada com base nas respostas obtidas na consulta e em extensa pesquisa sobre os efeitos dos óleos parcialmente hidrogenados. Segundo a Organização Mundial de Saúde, seis países europeus praticamente baniram a gordura ao estabelecer limites bem baixos. A Dinamarca foi a primeira, em 2003. No país, a gordura trans deve corresponder a 2% do total de gorduras do produto. áustria, Hungria, Islândia, Noruega e Suíça depois estabeleceram limites semelhantes. BRASIL No Brasil, a gordura trans não é proibida. Contudo, acordos fechados entre o Ministério da Saúde e a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) têm reduzido os teores de sódio e de gorduras trans na comida industrializada. Uma meta estabelecida em 2007 limitou a gordura trans a 5% do total de gorduras em alimentos industrializados e a 2% do total de gorduras em óleos e margarinas. Um estudo feito pela Abia em parceria com o governo federal apontou que 95% das empresas ligadas à entidade alcançaram a meta. "A decisão americana é acertada. Nosso organismo não precisa de gordura trans. é diferente da gordura saturada, que em excesso faz mal, mas é necessária", diz José Faria, presidente do departamento de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. As gorduras trans começaram a ser usadas para substituir a gordura saturada de origem animal nos anos 1950. Só que não bastava trocar a banha pelos óleos vegetais, que são líquidos e não dão a mesma crocância e aparência aos alimentos como a gordura animal. Foram então criados processos de hidrogenação dos óleos que os tornam sólidos em temperatura ambiente e, no fim, dão origem à gordura trans. A alternativa era barata e, à época, pensava-se que também era saudável. O problema é que os substitutos da gordura trans --como o óleo de palma-- já preocupam a comunidade científica, que pede mais estudos sobre eles. Embora menos nocivos, eles também podem elevar o colesterol e o risco cardiovascular.
Alergias e intolerâncias alimentares confundem portadores e provocam déficit nutricional
16/06/2015 - O Estado de S.Paulo / Site
Presentes em 40% da população, as intolerâncias alimentares são frequentemente confundidas com as alergias alimentares. Os sintomas são, em diversos casos, parecidos, e a falta de confiabilidade nos exames de detecção aumentam as dúvidas dos pacientes em relação a ambas as doenças.
Segundo Renata Rodrigues Cocco, alergologista do Hospital Albert Einstein, “as alergias costumam apresentar sintomas que variam desde erupções cutâneas até problemas mais sérios, como distúrbios gastrointestinais (vômitos e diarreias) e anafilaxias (inchaço de órgãos do sistema respiratório)”.
Já no caso das intolerâncias alimentares, os sintomas estão geralmente relacionados ao trato gastrointestinal. “é muito mais comum surgirem transtornos na digestão do alimento, que variam de intensidade de acordo com a quantidade consumida”, explica.
Outra diferença entre as alergias e as intolerâncias alimentares está no fator causador. “As alergias são reações ligadas a alguma proteína presente no alimento que foi considerada um elemento estranho pelo organismo. Já a intolerância ocorre quando o corpo não possui enzimas para digerir determinado carboidrato, como no caso da lactose, por exemplo”, diz Renata.
Uma característica das alergias é que muitas são curadas naturalmente pelo organismo durante a vida, muitas vezes na fase de adolescência. “Por isso é muito mais comum em crianças. é muito raro encontrarmos adultos com alergias alimentares”, comenta.
As intolerâncias podem surgir já durante a fase adulta e, uma vez adquiridas, persistem pelo resto da vida. “Devido ao fato de ser causada pela falta de uma enzima, a única coisa que podemos fazer é criar uma dieta de restrição. Entretanto, comparada à alergia, a atenção que devemos ter não é tão radical, pois os sintomas são menos agressivos”, verifica a alergologista.
Tratamento. Tanto para alergias alimentares quanto para intolerâncias, não existem tratamentos comprovados cientificamente que eliminem a doença. “No caso de alergias, a recomendação é a restrição total do alimento em questão da dieta. Já no caso da intolerância, o consumo é permitido em alguns casos, desde que a quantidade ingerida não seja prejudicial para o trato digestivo”, interpreta a médica.
No entanto, quando a restrição a um determinado alimento for total, deve haver um acompanhamento de substituição nutricional. “Principalmente no caso de crianças, excluir algo da dieta pode levar a severos casos de anemia, desnutrição ou falhas no desenvolvimento. Por isso, sempre deve haver essa troca de um alimento por outro de equivalência nutricional”, alerta.
Diagnóstico de Alergias. Para a detecção de alergias alimentares, Renata Cocco afirma que o diagnóstico é muitas vezes baseado na observação. “O exame consiste em a pessoa ingerir uma determinada quantidade do alimento e, a partir daí, se observa as reações do organismo”, relata.
Entretanto, um exame de sangue específico pode indicar a presença da doença, que atinge cerca de 5% da população. “O teste conhecido como RAST consiste na verificação da imunoglobulina E (IgE) no sangue do paciente. Tal procedimento pode indicar a quais alimentos aquele indivíduo possui sensibilização alérgica”, conta a médica. No entanto, “um resultado positivo não significa necessariamente que a pessoa tem alergia àquele determinado alimento, apenas uma propensão”. O teste é encontrado em diversos laboratórios pelo País e possui cobertura da maioria dos planos de saúde.
Outro exame trazido recentemente ao Brasil promete ser mais eficaz no diagnóstico de alergias. Trata-se da identificação de frações proteicas a partir da tecnologia microarray (biochips de DNA que selecionam e se integram a partículas específicas predeterminadas), que pode identificar 112 alérgenos ao mesmo tempo.
A alergologista considera que o teste deve ser analisado por um especialista já experiente na área. “Por ser um exame que verifica reações cruzadas, é de difícil interpretação. Por exemplo, alguém que possui ao mesmo tempo aversão ao látex e a uma fruta qualquer é alérgico a uma proteína comum a ambos os alimentos”, expõe Renata.
O exame por microarray está em fase de adequações e deve retornar ao mercado no segundo semestre deste ano.
Diagnósticos de Intolerâncias. Os exames que detectam intolerâncias alimentares também são, muitas vezes, realizados a partir de observação clínica. No entanto, um exame criado recentemente, chamado de Food Detective, tem atraído pacientes em busca de um diagnóstico preciso sobre os tipos de intolerância alimentar presentes em seus organismos e acaba levando-os a uma confusão ainda maior.
Em relação ao teste, Renata Cocco alerta que não existe nenhuma comprovação científica da eficácia do exame. “Ele simplesmente mede o nível de imunoglobulina G (IgG) no sangue. Porém essa substância pode estar relacionada a diversos outros fatores que não sejam a intolerância. Simplesmente não faz o menor sentido”, analisa.
Além de ineficaz, o teste é comercializado a preços elevados (de R$ 800 a R$ 3 mil) e não pode ser encontrado em rede pública. “Qualquer exame, principalmente de alergias e intolerâncias, pode apresentar falsos resultados. Porém, nesse caso, os pouquíssimos resultados corretos são obtidos por meio de pura sorte, sem qualquer lógica para tal. Não existe racionalidade”, argumenta.
De acordo com a Dra. Ana Paula Moschione Castro, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), não há embasamento científico para assumir que as intolerâncias alimentares estejam relacionadas à presença de anticorpos do tipo IgG. “As intolerâncias podem ocorrer por diversas razões, inclusive sem envolvimento do sistema imunológico. Portanto, não é possível confiar neste teste, nem sequer fazer inferências baseadas nos seus resultados”, analisa.
A diretora também reforça a posição de Renata Cocco e apresenta oposição à realização do teste em nome da entidade. “A ASBAI compartilha desta opinião por estimular profundamente a prática da medicina baseada em evidências vistas em trabalhos científicos ou opiniões de instituições idôneas e renomadas. Este repúdio ao teste para diagnóstico é compartilhado, inclusive, pela Academia Americana de Alergia e Imunologia”, acrescenta Ana Paula.
Tecnologia auxilia portadores. Alguns aplicativos também podem auxiliar quem é alérgico a manter a doença sob controle. No caso das dos alérgicos a remédios, o app “Alergia a Medicamentos”, lançado na última sexta-feira (12), promete auxiliar na identificação de componentes prejudiciais à saúde dos usuários. A partir de uma lista personalizada pelo alérgico, o sistema identifica, dentre uma lista com todas as substâncias regulamentadas pela ANVISA até maio (aproximadamente 27 mil), quais podem ativar uma reação adversa do organismo.De acordo com o desenvolvedor do aplicativo, o Dr. Fábio Morato Castro, alergologista, imunologista e professor da Universidade de São Paulo (USP), para utilizar o aplicativo, o usuário deve, primeiramente, cadastrar os remédios e princípios ativos aos quais é alérgico. “Na hora da compra, o paciente digita o nome do medicamento e o sistema indica se o cadastrado pode ou não consumi-lo, seguindo três categorias: verde (liberado para uso), amarelo (possibilidade de reação cruzada) e vermelho (restrição total do uso)”, afirma.
No caso de reações cruzadas, o aplicativo busca por medicamentos que possuem fórmulas parecidas com aquele indicado como perigoso pelo usuário. “Alguns remédios do mesmo grupo ou de grupos semelhantes podem ou não apresentar reações alérgicas na pessoa. Nesse caso, o sistema apresenta o alerta amarelo”, explica o especialista.
O app também pode ser utilizado por médicos que, no momento de receitar um medicamento, pode verificar se aquela substância pode causar uma reação alérgica em seu paciente.
Pelo fato de novas substâncias entrarem no mercado frequentemente, o sistema sofrerá atualizações constantes. “Atualizaremos anualmente o nosso banco de dados, pois o número de medicamentos cresce em uma velocidade impressionante”, verifica Castro.
Por enquanto, o aplicativo está disponível apenas para iOS, mas em breve serão lançadas versões para iPad e Android. O custo na App Store é de US$ 2,99.