37015
ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

83507
PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

CLIPPING - 15/06/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Queixas ligadas a remédios crescem 20% ao ano no país

13/06/2015 - Folha de S.Paulo


Queixas relacionadas a medicamentos têm crescido nos serviços de saúde.

O sistema de notificações pelo site da Anvisa é relativamente novo. Desde 2007, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu 82.730 notificações de eventos adversos e falhas técnicas relacionadas a remédios. Em 2007, foram 2.172 reclamações. No ano seguinte, foram 5.705, aumento de 163%. A partir daí, crescimento médio foi de 20% ao ano.

Do total, 44 mil notificações são de queixas técnicas, quando o problema antecede o uso e é ligado ao próprio produto. São os casos em que há suspeitas de falsificações, falta de registro e desvios de qualidade.

A outra parte se refere a eventos adversos: danos não intencionais causados após o uso dos produtos, seja por reações imprevistas, erros de medicação ou prescrições inadequadas, por exemplo.

Para especialistas, o número real de problemas deve ser ainda maior, sobretudo nos casos de eventos adversos. O problema tem levado o setor a buscar novas formas de registro e a incentivar uma mudança de comportamento.

"O paciente tem que perder o medo de perguntar. Ele tem todo o direito de saber que remédio está tomando", recomenda Walter Mendes, da Fiocruz. Para ele, isso pode ajudar a evitar problemas de doses e remédios errados.

O paciente pode ainda se informar sobre contra-indicações e a evolução do tratamento, para que as reações não sejam confundidas, diz Charles Schmidt, diretor da SBMF (Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica).

REORGANIZAÇÃO

Segundo a Anvisa, o crescimento no número de registros ocorre após uma reorganização do setor.

Schmidt concorda. "Não é que os remédios estão causando mais eventos adversos. O que houve é um empoderamento do paciente e intensificação do treinamento médico para que notificassem. Se as pessoas não notificam, não sabemos o que está acontecendo com os remédios."

A maior parte das queixas ainda vem de profissionais de saúde e instituições. Pacientes relatam dificuldade de acesso ao sistema.

Após as notificações à Anvisa, a agência pode tomar medidas que vão da alteração da bula à suspensão da comercialização e recolhimento do medicamento.

Segundo o órgão, os efeitos adversos mais notificados são casos de hipersensibilidade, mas cujo benefício do medicamento justifica o risco na utilização.

Em 2014, por exemplo, ao menos 95 remédios tiveram a comercialização ou uso suspensos --a maioria após identificação de falhas na qualidade do produto, como mudanças na aparência, erros na embalagem e até troca de um remédio por outro.




Indústria farmacêutica diz que número é baixo

13/06/2015 - Folha de S.Paulo


Representantes da indústria farmacêutica dizem investir em sistemas de farmacovigilância para monitorar os casos de eventos adversos e outros problemas com medicamentos.

Para a indústria, no entanto, o número de notificações e de medicamentos recolhidos por queixas técnicas e eventos adversos é baixo.

"A quantidade de recall é residual", afirma Telma Salles, da Pró-Genéricos. Ela diz que os produtos passam por testes de eficácia, qualidade e segurança.

Salles atribui o aumento nas notificações à maior fiscalização pela Anvisa e a uma conscientização do paciente. Em alguns casos, o registro também vem das próprias indústrias.

"Todas as empresas hoje mantêm um departamento para acompanhar isso", afirma Nelson Mussolini, do Sindusfarma, sindicato que reúne as principais indústrias farmacêuticas do país.

Segundo ele, o efeito adverso é natural em qualquer produto e é preciso distinguir eventos como esses com casos de intoxicações por mau uso, como automedicação.




SUS terá droga mais eficaz para hepatite

13/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Três novos medicamentos para hepatite C, que ampliam as chances de cura e reduzem o tempo de terapia, passarão a ser ofertados pelo Sistema único de Saúde (SUS) neste ano. As drogas – daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir – tiveram adoção aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias e, pelos cálculos do Ministério da Saúde, estarão disponíveis no segundo semestre.

“O impacto da nova terapia será tamanho que já podemos começar a pensar em eliminar a hepatite C”, avaliou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Jarbas Barbosa. O tratamento tem taxa de cura de 90% – um porcentual significativamente maior do que o usado até agora: entre 50% e 70%. A duração da terapia é de 12 semanas, menos do que as 48 necessárias atualmente. Além de mais eficaz, o tratamento provoca muito menos desconforto para os pacientes: os efeitos colaterais são menores e a medicação é oral.

“É uma esperança, principalmente para quem já fez dois, três tratamentos, e não teve bons resultados”, afirmou o diretor do Movimento Brasileiro de Luta Contra Hepatites Virais, Jeová Pessin Fragoso. Ele afirma estar preocupado, no entanto, com a indicação que será dada para os remédios. “Como a terapia é cara, certamente haverá limitações.”

O secretário afirmou que os novos remédios poderão ser indicados tanto para pacientes que acabaram de receber o diagnóstico quanto para aqueles que já completaram o tratamento tradicional, mas que não se curaram.

Para o primeiro ano, deverá ser adquirido o suficiente para o atendimento de 15 mil pacientes. A estimativa do governo é de que a compra seja em um valor de R$ 500 milhões. O preço médio de cada tratamento é de US$ 70 mil. “É um valor alto. Mas estamos negociando valores. Além disso, é preciso avaliar o ganho para o paciente. Sem falar na prevenção de tratamentos para cirrose ou de transplantes”, completou Barbosa.

Ele observou que o contrato de compra será realizado com curta duração, justamente tendo em perspectiva essa possibilidade de, em futuro próximo, versões genéricas dos medicamentos estarem disponíveis.

Vírus. A hepatite C é causada por um vírus transmitido por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de material para preparo e uso de drogas, objetos de higiene pessoal – como lâminas de barbear e depilar –, alicates de unha, além de outros objetos que furam ou cortam na confecção de tatuagem e colocação de piercings. Estima-se que no Brasil entre 1,4 milhão e 1,7 milhão de pessoas tenham tido contato com o vírus. A maior parte do grupo é formada por pessoas com 45 anos ou mais. “Muitos não sabem que estão infectados. Daí a necessidade de teste”, disse Barbosa.




Com toxoplasmose, grávida luta na Justiça para obter remédio em falta

13/06/2015 - G1


Foi há três semanas, durante um exame de rotina do pré-natal, que a psicóloga catarinense Barbara Lohmann da Silva, de 26 anos, descobriu que está com toxoplasmose. “A notícia em si já foi um choque, a doença pode trazer vários problemas de saúde ao bebê”, diz Bárbara. Mas ela ainda enfrenta um outro problema: a espiramicina, remédio indicado para tentar evitar a transmissão da doença para o filho, está em falta nas farmácias.

Grávida de 28 semanas, Bárbara corre contra o tempo e recorreu nesta semana à Justiça para conseguir o medicamento. Ela conta que está sendo acompanhada por uma obstetra e uma infectologista na cidade de São Miguel do Oeste, no Oeste no estado, e está fazendo um tratamento alternativo com um medicamento genérico.

“Tem estudos que dizem que ele funciona, mas outros falam que não é tão eficaz como o outro. Na dúvida, minha médica pediu que eu tomasse para prevenir. Mas só vamos saber até que ponto afetou meu bebê quando ele nascer”, diz a gestante, que não tem sintomas da doença.

Nos casos mais graves, segundo o Ministério da Saúde, um bebê contaminado com toxoplasmose pode apresentar complicações que vão de anemia a hidrocefalia, além de problemas no fígado e alterações na visão.

Transmissão da doença

Bárbara não sabe quando nem como adquiriu a doença. “Ela é transmitida pelas fezes do gato”, explica o infectologista Luís Fernando Aranha Camargo, que trabalha no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e é diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Por isso é importante que a gestante evite o contato, não coma carnes cruas e consuma verduras desinfetadas. Peço até para não comer fora de casa”, diz o médico.

Como o genérico também não está disponível na rede pública, Bárbara contou com a ajuda da mãe para conseguir comprar 15 caixas do medicamento alternativo, que são suficientes apenas para as quatro primeiras semanas do tratamento – ela terá de tomar até o fim da gravidez.

“Por mês, o custo com o remédio genérico é de quase R$ 600. Não tenho condições de comprar para as próximas semanas. Ainda bem que minha mãe me ajudou desta vez”, conta Bárbara.

Respostas negativas

A gestante afirma que buscou as redes de apoio e recorreu à Secretaria Regional de Saúde para conseguir o remédio gratuitamente, mas a resposta foi negativa. Nesta sexta, ela entregou à Defensoria Pública de São Miguel do Oeste os últimos documentos necessários para a abertura de um processo. “Pelo que entendi a ação será contra o Sistema único de Saúde (SUS).

"O poder público precisa pressionar e garantir a produção. Imagina uma criança ter problemas por falta de um medicamento tão simples de produzir?", reforça o infectologista Aranha Camargo.

A assessoria de comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste confirmou que “foi emitida uma negativa para a gestante com base na lista da Regional, que não contempla esse item”.

De acordo com a gerência de saúde do órgão, “nesses casos, que são raros, quem adquire o medicamento é o município para que o processo seja mais rápido, pois entrando na Justiça, será demorado e ela não tem esse tempo”.

Remédio em falta

O superintendente da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive), Fabio Gaudenzi de Faria, afirma que, em situações como essa, os municípios recorrem ao estado, mas que, no momento, a espiramicina está em falta nas farmácias.

“é um problema sério de desabastecimento. Tentamos realizar a compra direta, mas simplesmente não é vendido. A informação que temos, em relação ao remédio contra a transmissão da toxoplasmose, é de que o fornecimento está sendo restabelecido”, diz o superintendente.

O G1 procurou o laboratório Sanifi, que produz o antibiótico espiramicina no Brasil, com o nome de Rovamicina. Em nota, o laboratório, com sede em São Paulo (SP), informou que a produção do medicamento está temporariamente suspensa, mas que o remédio não foi retirado do mercado.

Laboratório suspendeu produção

“A empresa deve retomar a sua produção assim que tiver aprovado o novo fabricante do princípio ativo. Nesse período, a Sanofi está priorizando as demandas urgentes e o setor público e espera normalizar em breve a fabricação e os estoques”, informou o laboratório.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a espiramicina é "componente básico da assistência farmacêutica". "O financiamento deste componente é de responsabilidade dos três entes federados, mas cabe aos estados, Distrito Federal e municípios a aquisição, seleção, armazenamento, controle de estoque e prazos de validade, além da distribuição e dispensação destes medicamentos", diz o texto enviado ao G1. Segundo o Ministério, houve alteração do local de fabricação do princípio ativo e o laboratório responsável por produzir o remédio está "em processo de atualização do registro do medicamento Espiramicina junto à Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]", realizando testes.

"A Anvisa autorizou a importação do princípio ativo para que, quando ocorrer a atualização do registro do medicamento, a produção seja realizada pela empresa no menor prazo possível", informou o Ministério da Saúde.

De acordo com Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, sindicato que reúne indústrias farmacêuticas, a produção de antibióticos está sendo mundialmente afetada porque a empresa que fornecia o princípio ativo encerrou suas atividades e há todo um processo para aprovação de um novo fornecedor, para atender à legislação brasileira. "Há um desabastecimento mundial".

'Fica a angústia'

A obstetra Roxana Knobel, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, diz que, mesmo com o uso do medicamento indicado, o risco de transmissão da toxoplasmose de mãe para o filho é incerto. “Quando mais precoce a doença na gravidez, menor a chance de transmissão. Mas quando ela acontece, os efeitos costumam ser mais graves”.

Enquanto aguarda os próximos passos na Justiça, Bárbara vai montando o enxoval de Gael com a esperança de que ele nasça com saúde. “Fica aquela angústia de não saber o que vai acontecer. Gostaria muito que esta situação se resolvesse, pois não desejo a nenhuma futura mãe o que estou vivendo”, desabafa a psicóloga.




‘Lipo’ para artéria é opção para diabético

14/06/2015 - O Estado de S.Paulo


O procedimento, que é menos invasivo do que a colocação de stents (tubos metálicos inseridos em artérias obstruídas para liberar o fluxo sanguíneo), segundo especialista do hospital, deve beneficiar principalmente diabéticos com doença arterial obstrutiva periférica. Trata-se de entupimento das artérias dos membros inferiores que causa dores e dificuldade para andar.

“A principal vantagem é não colocar o metal, que pode se deslocar e causar lesões nos pacientes. O stent não é ruim, é o padrão-ouro, mas, se puder não colocá-lo, é melhor”, explica o chefe do Serviço Vascular do hospital, Alvaro Razuk. O centro médico é ligado à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

A técnica se chama aterectomia direcional e é feita usando um equipamento, o TurboHawk, que suga e elimina a gordura da artéria. Por meio de um corte de cinco milímetros na região da virilha do paciente, o médico introduz e controla um cateter revestido com uma fina camada metálica e com uma lâmina. A desobstrução é na artéria femoral, localizada na região da coxa.

“A raspagem da gordura é feita pela lâmina, mas é totalmente controlada pelo médico. O material retirado é armazenado em um recipiente. Trata-se de um processo parecido com a lipoaspiração, mas não retira uma quantidade tão grande de gordura”, afirma Razuk.Sintomas. Fumantes, pessoas sedentárias, homens com mais de 60 anos, obesos e pacientes com maus hábitos alimentares também estão entre as pessoas mais propensas a desenvolver a doença. O porteiro Eliezer Silva de Lima, de 65 anos, foi o primeiro paciente a ser submetido à técnica e faz parte dos três primeiros grupos. Ele começou a fumar aos 23 anos e não pratica atividades físicas. Há três meses e meio, apresentou sintomas da doença arterial obstrutiva periférica.

“Comecei a sentir dor nas pernas e elas ficavam inchadas. Eu conseguia andar, no máximo, 30 metros e tinha de parar para descansar. Tomava medicamentos e não passava. Meu pé direito ficou ferido e o dedão, muito escuro.” Lima diz que recebeu a informação de que seria submetido à técnica e que resolveu aceitar. “Eu não tenho dúvidas de que estou melhor agora. A minha idade não ajuda muito, mas estou bem.”

Segundo Razuk, em todo o mundo, acontece 1 milhão de amputações por ano em decorrência da doença e 50% dos pacientes ainda não tinham sido submetidos a tratamento. Ainda de acordo com Razuk, o entupimento das artérias pode continuar evoluindo e aparecer em outras partes do corpo, causando complicações em órgãos como o cérebro e o coração. Mas a nova técnica é voltada apenas para a artéria femoral.

Potencial. Razuk diz que o procedimento já é realizado nos Estados Unidos e na Europa. “é uma técnica recente, que existe há dois anos, mas os resultados são animadores. Outros hospitais do País devem utilizá-la também.”

O especialista pondera, no entanto, que o preço pode atrapalhar a disseminação do procedimento. “Uma angioplastia com stent custa em torno de R$ 15 mil e é mais barata do que esse dispositivo, que deve ficar 50% mais caro.”

Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Walter Minicucci diz que é importante buscar procedimentos menos invasivos e que evitem riscos para os pacientes, mas que é fundamental fazer trabalhos de conscientização da população. “A gente procura evitar tratamentos que causem complicações, mas há outras técnicas para melhorar o risco, como manter o colesterol baixo e não fumar.”

Para Luiz Francisco Machado da Costa, diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), a técnica vem para complementar os tratamentos tradicionais para a doença. “é um dispositivo que não é experimental, mas muito pontual. é para abrir um caminho quando a placa de gordura está muito rígida. Essa técnica não veio para substituir, mas para agregar, é mais uma alternativa.”




Em projeto pioneiro, Curitiba envia teste de HIV pelo correio

13/06/2015 - Folha de S.Paulo


Em um projeto-piloto para facilitar o diagnóstico e o tratamento da Aids, Curitiba começou a oferecer testes de HIV pela internet.

Voltado à população mais vulnerável à doença --homens que fazem sexo com homens--, o projeto pretende melhorar o diagnóstico e o tratamento tardios, considerados hoje a maior causa de mortes por Aids no país.

Após solicitar o kit pela internet, o interessado o recebe pelo correio ou pode retirá-lo pessoalmente. Ele faz o teste com saliva e recebe o resultado na hora. Depois, deve informá-lo no site.

"A Aids ainda é uma doença com estigma. O teste eletrônico dá mais privacidade", diz a pesquisadora Marly Cruz, da ENSP-Fiocruz, parceira do projeto com o Ministério da Saúde, a ONG Dignidade, a UFPR e a Unaids.

Em caso de resultado positivo, o paciente recebe pela internet uma guia de encaminhamento para um serviço especializado, onde fará outros exames para confirmar o resultado e iniciará o tratamento. Essa ponte entre diagnóstico e tratamento é o "pulo do gato" da ação.

Para garantir que o paciente vá comparecer às consultas, uma pessoa ligada à ONG Dignidade o monitora por até três meses. Também fica à disposição para tirar dúvidas e identifica eventuais falhas.

Os resultados do projeto-piloto ainda estão em avaliação. O teste virtual já foi feito por mil pessoas, das quais 11 foram diagnosticadas com o HIV. No futuro, o projeto poderá ser expandido para outros grupos de pacientes.

Para Mário Scheffer, especialista em saúde pública da USP, novidades no diagnóstico e tratamento são bem-vindas, dado o desafio da epidemia. Ele recomenda, porém, que a iniciativa seja avaliada antes de ser replicada, principalmente devido ao risco de delegar o diagnóstico --que deveria estar a cargo da rede pública de saúde-- aos pacientes e a instituições.




A PÍLULA ROSA DO PRAZER FEMININO

15/06/2015 - Istoé Dinheiro


O prazer masculino ganhou uma nova dimensão graças ao advento do Viagra, o medicamento contra disfunção erétil, criado pelo laboratório americano Pfizer, no fim dos anos 1990. Desde então, surgiram outros 23 medicamentos voltados à performance sexual, dando origem a um mercado avaliado em cerca de USS 5 bilhões, por ano, apenas nos EUA. Até então, o foco era exclusivamente nos homens. Contudo, essa história começou a ser reescrita, exatamente por uma mulher, Cindy Whitehead, fundadora e CEO da Sprout Pharmaceuticals, que conseguiu pavimentar o caminho para a aprovação do ADDYI, conhecido como Flibanserin e apontado com o "viagra feminino".

A primeira vitória aconteceu no dia 4 de junho, quando o comitê de aconselhamento para questões reprodutivas e de urologia da FDA, agência que regula os medicamentos e alimentos nos EUA, aprovou a liberação da droga. A decisão final será conhecida apenas em 18 de agosto. Mas é tida como certa, porque a FDA dificilmente deixa de acatar as recomendações de seus órgãos consultivos. Ainda não há uma estimativa do potencial de vendas do medicamento. Mas a pílula rosa, a exemplo da azul masculina, deve ter uma carreira promissora no mercado, pois 43% das americanas alegam sofrer de algum tipo de disfunção sexual. "Será mais um blockbuster na indústria farmacêutica", afirmou a empresária à Bloomberg. Para seguir em frente, a Sprout, que possui apenas 25 funcionários, emitiu US$ 50 milhões em debêntures.

A história do Flibanserin será lembrada como a vitória da persistência e de um lobby bem articulado desenvolvido por uma startup baseada no Estado da Carolina do Norte. Fundada por Cindy e seu marido Robert Whitehead, em 2011, a empresa nasceu com capital de USS 20 milhões amealhados junto a 59 investidores-anjos. Os recursos foram usados em uma eficiente campanha que abusou das bandeiras de igualdade de gênero, desfraldadas pelo movimento feminista. A droga foi desenvolvida pela alemã Boehringer Ingelhim, que desistiu do medicamento após a primeira negativa da FDA, em 2010. Três anos depois, Cindy assumiu o projeto e todos os testes clínicos envolvendo 11 mil pacientes. Mas garante ter tido sempre certeza em relação ao terreno em que estava pisando. Graduada em contabilidade pela Universidade de Kentucky, ela é especializada em estratégias de marketing. Trabalhou na Merck e atuou em empresas de biotecnologia, nas quais participou de processos de fusão e aquisição. Também esteve à frente da aprovação do Testopel, a primeira droga de liberação progressiva de testosterona a ganhar a chancela do FDA.




Em estudos, ayahuasca melhora depressão

14/06/2015 - Folha de S.Paulo


"Tome 150 ml desse chá de folhas chacrona com o cipó-mariri uma vez por mês e volte daqui a seis meses para avaliação", poderá dizer um médico para seu paciente depressivo no futuro. Pesquisas desenvolvidas por cientistas da USP de Ribeirão Preto mostram que a bebida ritualística (única maneira de consumo legal no Brasil) conhecida como ayahuasca ou daime tem propriedades antidepressivas e é capaz de agir rapidamente, em poucas horas. Os efeitos duram por pelo menos três semanas.

Segundo o psiquiatra Jaime Hallak, que lidera os estudos, a ayahuasca tem potencial a ser explorado.

Um estudo publicado em 2014 na "Revista Brasileira de Psiquiatria" que ganhou repercussão internacional mostrou que após a ingestão de um copo (entre 120 e 200 ml, de acordo com o peso da pessoa) do chá, os sintomas de depressão foram reduzidos em média em 80%, avaliados com questionários preenchidos pelos pesquisadores.

Hallak diz que os pacientes não foram orientados ou influenciados durante as alucinações produzidas nas primeiras horas após a ingestão.

Em um novo estudo do grupo, ainda não publicado, os cientistas mostram que a ayahuasca age na mesma área do cérebro que os antidepressivos: na região límbica.

O próximo passo, já em andamento, é a realização de um estudo com voluntários divididos aleatoriamente em grupos, sem que ninguém saiba exatamente o que está tomando, para garantir que não é a expectativa de estar tomando a ayahuasca que está causando o efeito.

Para a psiquiatra Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira de Estudos do álcool e outras Drogas, é preciso ter cuidado com a novidade. O perigo seria o uso da droga fora dos rituais ou do contexto de pesquisa.

"Como não é um antidepressivo tradicional, ainda não sabemos se as substâncias que compõem o chá causam dependência, o que poderia ser um risco bem sério para se assumir. é como os estudos com THC [substância psicoativa da maconha]: todo cuidado é pouco, mas para isso temos a ciência."

Outros estudos já mostraram que a ayahuasca também consegue atenuar sintomas de ansiedade.

Hallak conta à Folha que, com todo esse potencial farmacológico a ser explorado, já existem farmacêuticas interessadas em achar uma formulação na qual os princípios ativos da bebida pudessem ser administrados com mais segurança e menos efeitos colaterais.

Um dos problemas é que a bebida é "suja" e não contém somente os princípios-ativos DMT e THH (veja infográfico).

"Claro que há contaminantes, que podem ser responsáveis pelos efeitos colaterais. Em média, 50% das pessoas que bebem o daime têm náuseas e/ou vomitam.




Plantão Médico: A gota de sangue e seus muitos vírus

13/06/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: JULIO ABRAMCZYK


A partir de uma gota de sangue, uma nova tecnologia, a VirScan (escaneando vírus), poderá identificar vírus aos quais as pessoas foram expostas ao longo da vida, segundo pesquisa publicada na revista "Science".

Os autores identificaram, em 569 pessoas de vários países e diferentes continentes, em média dez vírus aos quais elas estiveram expostas. No total, identificaram 84 espécies de vírus.

O vírus é um parasita submicroscópico formado por ácido nucleico envolto em camada de proteína. O viroma humano, componente viral do microbioma, ainda não é bem conhecido, e a nova tecnologia poderá contribuir para o seu melhor entendimento.

Estudos preliminares com o VirScan revelaram intrigantes propriedades gerais do sistema imunológico humano no efeito hospedeiro-vírus, segundo G. J. Xu e os 16 co-autores da Universidade Harvard, do MIT, do Instituto Médico Howard Hughes e do Brigham and Woman's Hospital, em Boston, EUA.

PRÊMIOS

A Fundação Conrado Wessel realiza na segunda (15), na sala São Paulo, às 17h, a cerimônia de entrega da 13ª edição do Prêmio FCW de arte, ciência e cultura.

Os laureados são a atriz Fernanda Montenegro (cultura), o físico José Goldenberg (ciência), o médico Protásio Lemos da Luz (medicina) e os fotógrafos Gabriel Pinoti Affonso, André de Libero Hauck Ferreira e João Teixeira Castilho (arte).




Inca perde liderança no combate ao câncer

13/06/2015 - O Globo


Demissão de diretor agrava a tensão entre Instituto Nacional do Câncer e Ministério da Saúde, com reflexos nas ações contra câncer, informa Há um mês, a secretária de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, Lumena Furtado, visitou o Instituto Nacional do Câncer (Inca) na Praça da Cruz Vermelha, no Centro do Rio. Percorreu algumas unidades, ouviu explicações e, antes de sair, chamou o diretor-geral, Luiz Antônio Santini, num canto para comunicar que ele estava demitido. A decisão foi recebida no instituto como a gota d’água de um processo de esvaziamento que está retirando do Inca a liderança das políticas de Saúde em câncer, para reduzi- lo a um mero hospital de assistência.

Desde a visita da secretária, um clima de tensão tomou conta da Praça da Cruz Vermelha. As desconfianças provocadas pela saída de Santini, após dez anos no comando do Inca, foram reforçadas pela divulgação do plano orçamentário anual do Ministério da Saúde, que excluiu o Inca das ações nacionais. Entre elas, a campanha de redução do tabagismo, da qual o instituto é pioneiro. Os recursos foram limitados a uma única ação de manutenção dos serviços.

Nomeado em 1995 pelo então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, Santini gostava de dizer que sempre entrou no Inca “como se fosse a primeira vez, pela alegria de iniciar mais uma jornada”. Saiu como se fosse a última, “pela certeza do dever cumprido”. Ao cruzar pela última vez a porta do instituto com o diretor, no dia 13 de maio, levou mais incertezas do que convicções. Pare ele, é um erro diminuir o protagonismo do Inca, transferindo as ações contra o câncer para um departamento do Ministério da Saúde, em Brasília:

– Estão descartando 78 anos de experiência do Inca como se o câncer, segunda maior causa de morte do país, pudesse ser tratado como mais uma doença.

TABAGISMO DESPENCOU

Um dos orgulhos da equipe foi a campanha antitabagista lançada nos anos 1990. Encabeçada pelo Inca, fez a taxa de fumantes do país despencar de 36% da população, em 1989, para 12% no ano passado.

O esvaziamento teria começado há cerca de um ano, quando o Inca perdeu assento no colegiado gestor do Ministério da Saúde, órgão informal que define as políticas do setor e as prioridades, entre as quais as ações contra o tabagismo, câncer de mama e câncer de colo do útero. O papel do instituto foi assumido pelo Departamento de Atenção Especializada e Temática da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS). Desde que o atual ministro, Arthur Chioro, assumiu o cargo em abril do ano passado, o diretor-geral só foi recebido uma única vez.

– O Inca não pode ficar resumido à estrutura do SUS para dar assistência. Ele é muito mais do que isso: pesquisa, formação de pessoal, inovação. Quem sabe mais do que o Inca para definir políticas de saúde em câncer? Vejo com preocupação essa sensação de esvaziamento, de caça às bruxas – lamentou o diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Gustavo Schwartsmann.

Outro sinal de limitação da atuação do Inca foi a perda da gestão de um dos maiores programas de formação em radioterapia do mundo. Batizado de “Expand”, nasceu no Inca e agora está entregue a Brasília. Professores do instituto lamentam que, para enfrentar o déficit de radioterapia para o SUS, Chioro tenha desprezado a única instituição a formar radiologistas no Brasil – este curso demora 1.940 horas, habilitando apenas 12 profissionais por ano.

O instituto já vinha enfrentando um desgaste com o ministério em razão da parceria com a Fundação Ary Frauzino, entidade sem fins lucrativos criada em 1991 para apoiar suas ações. Durante os últimos anos, a fundação passou a contratar empregados para trabalhar no Inca, preenchendo as necessidades mais urgentes, num modelo de financiamento questionado pelo Ministério Público Federal e por setores do governo. O convênio com a fundação termina no dia 31 de agosto e são claros os sinais de que o governo não irá renová-lo.

– Não sou contra os concursados, mas a gestão do Inca exige um modelo próprio. Funciona assim em qualquer lugar do mundo. Os programas estão sendo transferidos para Brasília, para serem geridos de um gabinete isolado. Não é assim que vamos enfrentar a doença – lamenta o presidente da fundação, Marcos Moraes.

A redução do Inca ao atendimento hospitalar é um paradoxo para a sua equipe, pois alcança o instituto no momento em que desenvolve programas destinados a desconcentrar a rede de atendimento. Um dos desafios está expresso nos arredores do instituto, cujas ruas ficam amontoadas de furgões num diário leva e traz de pacientes – alguns deles, submetidos a radioterapia, precisam se deslocar diariamente de cidades do interior, em viagens penosas.

O novo diretor do Inca, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça, considerado um médico estranho aos quadros do Inca, até agora não chamou nenhum chefe de equipe para conversar. Embora a questão não seja discutida abertamente, estes chefes chegaram a um consenso se o quadro se agravar: pedirão demissão coletiva. Procurado pelo GLOBO, o Ministério da Saúde divulgou nota para informar que “a troca ocorrida na gestão do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) faz parte da rotina administrativa dos três institutos vinculados ao Ministério da Saúde e não acarretará em nenhum prejuízo aos atendimentos e serviços oferecidos pelo Instituto”.

PASTA DIZ MANTER RECURSOS

Para o Inca, o Ministério da Saúde comunicou que tem garantido “orçamento estável e crescente", com o registro de crescimento de 117% entre 2004 e 2014, passando de R$ 194,5 milhões para R$ 422,1 milhões no período. Entre 2010 e 2014, diz a nota, o crescimento foi de 32%: “Cabe esclarecer que o Inca é uma unidade administrativa vinculada à pasta e, portanto, possui orçamento próprio, além dos repasses de custeio do atendimento e do investimento”.




Saúde e preconceito

14/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Estudo divulgado na semana passada mostra que, nos países europeus em que a homofobia está mais presente, homens e mulheres gays e bissexuais usam de forma mais precária os serviços de saúde e de prevenção à aids, fazem menos testes de detecção do HIV e falam pouco sobre sexualidade com médicos e profissionais da área.

O preconceito e a discriminação funcionam como barreiras importantes para a disseminação da ideia e da prática de uma vida sexual mais saudável e segura. O trabalho foi realizado pela Escola de Saúde Pública de Yale, nos Estados Unidos, e publicado na revista especializada Aids.

Os pesquisadores usaram um levantamento feito pela internet com quase 175 mil homens, em 35 países europeus, que trazia informações sobre comportamento e uso dos serviços de saúde. Os resultados foram cruzados com dados como políticas, leis e atitudes da população em relação à homossexualidade. Quanto maior a homofobia no país, menor era o nível de informação sobre HIV e menos consistente o uso de preservativo. Segundo os especialistas, a chegada dos aplicativos de encontro nos celulares tem aumentado de forma mais aguda o sexo de risco justamente nos locais em que há maior discriminação.

O resultado chega em um momento importante em relação à divulgação de novos dados brasileiros sobre comportamento e sexualidade. Na semana passada, uma pesquisa da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo mostrou um aumento da ordem de 600% no número de casos de sífilis no intervalo de 2007 a 2013. A faixa dos homens de 40 a 49 anos é uma das mais afetadas. Dentro do grupo de homens que fazem sexo com outros homens, o número pode ser ainda mais importante.

Apesar de muito mais flexível em questões de orientação sexual, o Brasil ainda enfrenta manifestações importantes de preconceito e violência em relação aos gays e bissexuais. Se o mesmo que acontece na Europa vale por aqui, o que é muito provável, a homofobia pode estar deixando parte da população mais longe do acesso aos serviços de prevenção e de saúde sexual.

A questão do gênero. Para combater o preconceito, além de leis mais rígidas – tanto no combate à homofobia como na garantia de direitos –, seria importante que a discussão de orientação sexual, sexualidade e gênero fosse institucionalizada nas escolas.

Não faz mal à sociedade nem à família, e muito menos aos jovens, que se quebrem tabus e preconceitos e que se garanta justiça e igualdade a todos. Aliás, ao contrário, só faz bem! Ninguém vira “gay” porque se discute gênero na sala de aula. Meninos e meninas não vão confundir seus papéis sociais porque se trata do assunto na escola. Mas a vida de quem sofre discriminação e bullying pode melhorar muito! Além disso, discutir gênero vai muito além da orientação sexual. Um País que ainda registra recordes de violência contra as mulheres não pode fugir da questão.

Na contramão de toda a lógica, a Câmara Municipal de São Paulo, na semana passada, discutindo o novo Plano Municipal de Educação (PME), pressionada por setores mais conservadores, resolveu retirar do projeto todas as menções que havia sobre gênero.

O texto original trazia propostas pedagógicas com conteúdos sobre sexualidade, diversidade, relações de gênero e identidade de gênero. Ele também previa formas de evitar evasão escolar por essas questões e recomendava registro e encaminhamento de denúncias de violência e discriminação motivadas por gênero e identidade. Na versão aprovada, a palavra gênero desapareceu. O PME está perdendo uma oportunidade de recomendar uma orientação que poderia auxiliar as escolas nessa importante discussão, e os mais jovens serão os mais penalizados. Vai ficar assim?




Artigo: Quanto mais cedo melhor

14/06/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: DRAUZIO VARELLA


é preciso que o teste rápido para a Aids esteja disponível nas farmácias, a ser realizado no lar.

Se eu descobrisse que havia contraído o HIV, começaria o tratamento imediatamente. Não levaria em conta se a transmissão era coisa de cinco anos atrás ou do mês passado.

Desde o final de 1995, quando surgiram os primeiros antivirais mais potentes, os especialistas discutem qual seria o momento ideal para iniciar o tratamento.

Baseados em observações pessoais e em estudos clínicos realizados com poucos participantes, alguns especialistas aconselham que os antivirais sejam prescritos assim que a infecção for diagnosticada. No Brasil, o Departamento de DST-Aids recomendou a implementação dessa estratégia já em 2013.

A falta de estudos conclusivos e as dificuldades na obtenção de recursos para medicar os 35 milhões de infectados existentes no mundo, entretanto, explicam por que boa parte dos países propõe tratar apenas aqueles com células CD4 na corrente sanguínea abaixo de 500 (normal entre 500 e 1.200/mm³).

Mais conservadora, a Organização Mundial da Saúde adota o limite de 350. Ainda assim, menos de 14 milhões de pessoas recebem os antivirais nos cinco continentes.

Para esclarecer a controvérsia, em março de 2011 foi iniciado o estudo Start, realizado em 35 países, entre os quais o Brasil.

O Start recrutou 4.685 participantes HIV-positivos, saudáveis, com mais de 18 anos, que apresentavam níveis de CD4 acima de 500. Metade deles começou o tratamento imediatamente, enquanto os outros receberam os antivirais apenas quando a contagem de CD4 caiu para valores abaixo de 350 ou surgiram as infecções oportunistas e os cânceres característicos da Aids.

O estudo foi programado para terminar no fim de 2016. Em março de 2015, no entanto, a análise estatística demonstrou diferenças significativas que justificaram a interrupção da pesquisa: no grupo tratado imediatamente ocorreram 41 óbitos ou progressão para a fase de Aids, contra 86 desses eventos entre os que receberam tratamento mais tardio.

Portanto, o início imediato da medicação reduziu em 53% a mortalidade ou progressão para a fase de Aids.

O Start é o primeiro ensaio clínico conduzido com milhares de participantes em vários países a demonstrar as vantagens do tratamento já nas fases mais precoces da infecção, estratégia com implicações pessoais que terão impacto na saúde pública, porque os antivirais modernos reduzem em mais de 90% a probabilidade de transmissão do vírus para os parceiros sexuais.

Em 1996, quando surgiram as combinações de drogas que ficaram conhecidas como "coquetel", a prevalência da infecção pelo HIV no Brasil era a mesma da áfrica do Sul. Ao contrário deles, nós adotamos a política de distribuição gratuita dos antivirais. Lá, a prevalência atual é de 10%. Se estivéssemos na mesma situação, teríamos milhões de brasileiros com o vírus, em vez dos 600 mil estimados pelo Ministério da Saúde.

A prescrição de antivirais para os 35 milhões de crianças e adultos infectados no mundo, reduziria bruscamente a velocidade de disseminação da epidemia.

Se considerarmos que atualmente apenas 62% dos adultos e 24% das crianças participam dos programas mundiais de distribuição gratuita, a um custo de US$ 6,3 bilhões por ano, concluiremos que seria necessário um investimento anual de R$ 20 bilhões. Para um esforço que envolvesse os países mais ricos do mundo, a quantia é irrisória; dinheiro de pinga, como diz o povo.

No Brasil, as estimativas são de que em cada quatro pessoas HIV-positivas, uma desconheça sua condição. Se estiverem certas, entre os 600 mil infectados haveria 150 mil espalhando o vírus sem saber. é muita gente. Se todos fossem tratados, a epidemia brasileira estaria controlada.

é preciso que o teste rápido para a Aids esteja disponível nas farmácias, de modo a ser realizado na saliva ou numa gota de sangue, na intimidade do lar. Não é o que fazemos com os testes para gravidez?

A ideia de que o aconselhamento com profissionais seja imprescindível para que as pessoas não se suicidem ao saber da positividade do exame é de uma ingenuidade atroz. Nunca vi ninguém se matar por medo de morrer.




Coreia registra mais 7 casos de Síndrome Respiratória do Oriente Médio

14/06/2015 - Valor Econômico / Site


A Coreia do Sul reportou neste domingo sete novos casos de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), elevando para 145 o número de infectados no país, informou o Ministério da Saúde.

Catorze mortes em razão do coronavírus Mers foram registradas até ontem, sábado, na Coreia do Sul, desde que em 20 de maio foi diagnosticado o primeiro caso de contágio do novo coronavírus. Foi um sul-coreano que voltava ao país de uma viagem ao Oriente Médio.

Desde então o vírus tem se propagado a um ritmo rápido, provocando alarme generalizado na quarta maior economia da ásia. Uma equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que visitou Seul durante cinco dias na semana passada advertiu, ontem, que o surto de MERS na Coreia do Sul era "grande e complexo" e que era esperado o aparecimento de mais casos.

Os especialistas disseram, no entanto, que não foi encontrada nenhuma prova da transmissão do vírus em comunidades fora dos hospitais.

O surto também provocou alarme no resto da ásia, incluindo Hong Kong, que, na semana passada, aconselhou seus cidadãos a evitarem viagens não essenciais para a Coreia do Sul.

Ontem, um cidadão sul-coreano foi internado de urgência em Bratislava, por suspeita de infeção pelo coronavírus Mers, segundo o hospital universitário da capital eslovaca. De acordo com a imprensa da Eslovênia, o homem é empregado de uma empresa subcontratada pela marca de automóvel sul-coreana KIA, sediada em Zilina, no norte do país, e chegou da Coreia do Sul no último dia 3 de junho.

Não existe, por enquanto, vacina ou tratamento para o coronavírus Mers, cuja taxa de mortalidade chega a 35%, de acordo com a OMS. Na Arábia Saudita, mais de 950 pessoas foram infectadas desde 2012 e 412 morreram.




Ministério da Saúde contraria Chioro e nega estudo para recriar CPMF

12/06/2015 - Valor Econômico / Site


O Ministério da Saúde negou, em nota, que o governo estude um novo modelo de financiamento para a saúde, nos moldes da CPMF. O comunicado contraria a afirmação do próprio ministro da Pasta, Arthur Chioro, que mais cedo afirmou que o governo está estudando uma nova contribuição, que incida sobre grandes movimentações financeiras e deixe de fora a classe média.

Em participação no 5º Congresso do PT, em Salvador (BA), Chioro disse que “estudamos uma proposta de contribuição sobre movimentação financeira que ‘tire’ amplos setores da classe média e incida sobre grandes movimentações financeiras”.

De acordo com a nota do ministério – que não cita a afirmação de Chioro –, porém, “o governo federal não trabalha com nenhum modelo novo de financiamento. Especificamente sobre a criação de uma contribuição financeira para a saúde, o Ministério da Saúde acompanha sugestões e debates, tanto da sociedade civil como também dos gestores e dos representantes do poder público, como prefeitos e governadores. Não há, no âmbito do governo federal – o que abrange a equipe econômica – nenhuma discussão em curso sobre o tema.”

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reforçou o posicionamento do governo. Ao ser questionado em São Paulo sobre o assunto disse que “não há perspectiva de CPMF”. Depois, afirmou: “Eu não estou cogitando”.




OMS convoca reunião de emergência sobre síndrome respiratória

12/06/2015 - Valor Econômico / Site


A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira que vai convocar, na próxima semana, a comissão de emergências sobre a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (Mers), depois de ter subido o número de mortes na Coreia do Sul.

Ao todo, 126 pessoas foram infectadas no país pelo coronavírus Mers (sigla em inglês) desde o primeiro diagnóstico, em 20 de maio, de um homem que tinha estado na Arábia Saudita e em outros países do Golfo Pérsico.

"O número de novos casos diminuiu, mas devemos vigiar a situação", declarou um porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, em entrevista em Genebra.

"A comissão de emergências vai se reunir na próxima semana, mas a data ainda não foi marcada, disse.

"Trata-se de analisar a situação" e determinar se "constitui uma emergência de saúde pública de alcance internacional", disse Jasarevic, acrescentando que a última reunião da comissão ocorreu em 5 de fevereiro.

A Coreia do Sul anunciou hoje que o balanço de mortes causadas pelo coronavírus Mers aumentou para 11, mas as autoridades pediram calma à população, destacando a diminuição do número de novos contágios.

Pelo menos 3.680 pessoas estão atualmente de quarentena, em casa ou no hospital, contra 3.805 nessa quinta-feira. A quarentena foi suspensa para 1.249 pessoas desde o início do surto, o maior fora da Arábia Saudita.

O Mers é um vírus mais mortal, mas menos contagioso, do que o responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars, a sigla em inglês) que, em 2008, fez cerca de 800 mortos em todo o mundo.

O vírus da Mers provoca infeção pulmonar, febre, tosse e dificuldades respiratórias, não havendo, por enquanto, vacina ou tratamento para o vírus. A doença registra taxa de mortalidade de cerca de 35%, de acordo com a OMS.

Na Arábia Saudita, mais de 950 pessoas foram contaminadas desde 2012 e 412 morreram.




‘Enfrentar a doença é mais heroico que se matar’

13/06/2015 - O Globo


“Tenho 53 anos. Nasci na Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, em Portugal. Meus pais emigraram para a província de Montreal, em Quebec, no Canadá, onde completei os meus estudos médicos. Atuo em hospitais acadêmicos que fazem parte da rede de hospitais da Universidade de McGill” Conte algo que não sei. A genética é fator decisivo para a longevidade. Sabemos por estudos que há genes que favorecem a vida longa. A pessoa comprovadamente mais velha, a francesa Jeanne Louise Calment, morta aos 122 anos, passou 112 sem ajuda e o restante numa casa de cuidados prolongados. Os irmãos dela viveram mais de 90 anos, bem acima da idade média de mortalidade de homens na França: 79.

E quanto ao ambiente?

Eu destacaria, além da alimentação, exercícios, moderação etc, a participação social, para manter a capacidade não somente física, mas intelectual. Há fatores geográficos. Por exemplo, na Sardenha, a dieta é superior à americana.

O interesse atual pelo tema se deve ao aumento da expectativa de vida?

Sim. Com o número maior de idosos, o envelhecimento faz com que o paciente de hoje seja muito diferente do de 30 ou 40 anos atrás. O efeito da idade torna as doenças crônicas, o que exige mais medicamentos, com redução das reservas fisiológicas.

Como adaptar o atendimento à presença mais constante do idoso nos leitos?

A América do Norte adotou o conceito de hospital amigo do idoso para nos lembrar que há cuidados de base: a pessoa idosa precisa que, em paralelo ao tratamento da doença aguda, nos ocupemos de mobilidade e nutrição, evitando que ela não piore durante a internação ou fique tempo demais internada, o que implica custo maior.

Qual é a relação entre força, mobilidade e massa corporal magra em idosos?

Quando somos jovens, todos os órgãos têm reserva superior ao necessário. O mesmo ocorre com a nossa reserva cognitiva. Mas ela vai diminuindo e chega a um ponto que atinge o nível que, em inglês, se chama “trash old”: abaixo dele, a pessoa perde a função. Em geral, perdemos 40% da nossa massa muscular entre 50 e 80 anos.

O que o senhor tem feito para ter um bom envelhecimento?

Tenho uma vida muito ocupada, então, precisei adaptá-la para manter um certo nível de atividade física. Subo muitas escadas em vez de tomar elevadores. Passeio com o cão 30 minutos em passos largos, cinco vezes por semana. E vou nadar 45 minutos aos domingos.

Os prazeres da vida jovem emitem uma fatura alta?

Envelhecer é inevitável, mas podemos minimizar a perda: parar de fumar, comer menos fast food, manter o peso, e participar da vida em comunidade.

A Suprema Corte do Canadá legalizou a eutanásia em casos terminais. O senhor é a favor?

Esta lei não deveria existir. Dar a morte por compaixão não é um cuidado. Os médicos não deveriam jamais aplicar um produto que causa a morte. Temos é que acompanhar o doente e aliviar suas dores. O paciente tem direito a tratamentos. Os que pedem a eutanásia o fazem por razões de autonomia, não por sofrimento. Oferecer a morte como meio de aliviar o sofrimento causa um imenso dano à sociedade. é o que já acontece em Holanda, Bélgica e Suíça.

Então, não cometeria eutanásia mesmo se alguém muito próximo pedisse?

Eu não a cometeria nem a pediria nunca. Enfrentar a doença é mais heroico que se matar. Quando o paciente se encontra amado pelos familiares e apoiado por profissionais, ele não deseja a morte.




O médico é um individualista

15/06/2015 - Veja


Em dezembro do próximo ano, o médico Cláudio Lottenberg terá completado quinze anos à frente do Hospital Israelita Albert Einstein. Sob seu comando, a instituição passou por transformações extraordinárias, tanto no âmbito comercial como no social. O número de leitos quintuplicou, instaurou-se um dos maiores programas de transplante hepático do pais, fizeram-se parcerias com hospitais públicos. Neste ano, em que comemora seis décadas, o Einstein inaugurará uma faculdade de medicina. Mas a marca principal de Lottenberg é outra. Aos 54 anos, ele se revela um executivo de opiniões originais e corajosas. Entre suas defesas, o programa Mais Médicos e o uso da fé na gestão do hospital. "A excelência do hospital está profundamente ligada a seu DNA judaico", disse a VEJA.

O senhor defende em seus discursos públicos o programa do governo federal Mais Médicos. é postura contrária à da maioria dos gestores de saúde. Por que acredita estar certo? O Mais Médicos é entendido em sua superficialidade, apenas como a inserção de médicos cubanos. O programa é muito mais amplo. Ele prevê, por exemplo, a capacitação de profissionais e a ampliação de vagas de medicina. A importação dos cubanos seria feita compensatoriamente. caso os médicos brasileiros não se interessassem em preencher as vagas ofertadas pelo governo federal em locais distantes dos grandes centros. Mas aqui cabe ressaltar um ponto paradoxal. Não há como negar os riscos no atendimento de médicos cubanos. Esses profissionais têm de trabalhar com supervisão, e é possível que isso não esteja ocorrendo. No entanto, os brasileiros que nunca tiveram ao menos uma pessoa que os olhasse, que assistisse as suas aflições, estão muito felizes com os médicos cubanos. Quem está certo, afinal? A realidade é nítida: sem esses profissionais. inúmeros doentes de vários lugares do pais não teriam absolutamente nada. Diante dessa necessidade urgente de médicos, a argumentação contrária aos cubanos perde a força.

Mas o profissional brasileiro conseguiria praticar uma boa medicina em cidades distantes dos grandes centros? Não. Mas cabe a ele pressionar o Estado para criar as condições. A classe médica estava muito acomodada até a chegada dos profissionais cubanos. Sempre me pergunto: não fizemos o juramento de Hipócrates? Muitos discutem salários. Poucos, a inserção social. Procuro essa postura no Hospital Albert Einstein. Ninguém nos chamou para enviar ajuda aos sobreviventes do terremoto ocorrido no Haiti em 2010. Chegamos ao pais antes da Força Aérea Brasileira. Claro, o governo tem de criar condições de trabalho para o médico. Assim como tem de pagar bem ao profissional e oferecer uma carreira. Mas poucos davam atenção a essas questões até surgirem os médicos cubanos. Gosto muito da seguinte frase: "As boas intenções morrem nas palavras".

Recentemente, médicos de hospitais públicos e privados foram acusados de operar sem necessidade e usar próteses de segunda linha em troca de propina. Como eliminar esse tipo de crime? A situação é dramática em qualquer lugar do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram desperdiçados 700 bilhões de dólares na área da saúde só no ano de 2013. As duas principais causas do problema foram definidas: 40% dos casos estavam associados à falta de protocolos médicos bem estabelecidos; e 20%. a fraudes. O quadro é grave, não há dúvida quanto a isso. Acredito, no entanto, que responsabilizar unicamente o médico não resolve muita coisa. é apenas a ponta do iceberg. A indústria quer lucro a qualquer preço, a fonte pagadora quer sempre encontrar uma forma de pagar menos, os médicos são mal remunerados e o paciente quer ver seu problema resolvido. Não há um único culpado de plantão, portanto.

0 que faz o Albert Einstein para lidar com as ilegalidades? Tentamos nos blindar contra a fraude por meio de várias frentes. Fazemos um cerco. Primeiro. os médicos firmam um documento sobre conflito de interesses. Dessa forma, o profissional sabe que está sendo observado internamente. Padronizamos a relação com os fornecedores de próteses. Não aceitamos facilmente sugestões de fabricantes sem antes estabelecer uma discussão interna consistente. Afastamos fornecedores perante a mínima suspeita. Sei que posso perder alguns médicos por causa dessa nossa postura. E estou convencido de que. apesar disso tudo. condutas indevidas podem acontecer aqui dentro. Mas estamos atentos sempre.

0 Einstein deverá inaugurar ainda neste ano uma faculdade de medicina. Já não há cursos de medicina em excesso no Brasil? Nossa faculdade não será apenas mais uma no mercado. Ela formará um médico com virtudes hoje pouco lembradas no universo acadêmico. Os educadores estão preparando médicos que podem ser chamados de "técnicos de pessoas". O tecnicismo jamais substituirá a visão do contexto de vida do paciente. Um dos principais desafios da nova faculdade, portanto, será formar um médico com uma visão mais ampla de sua profissão. é preciso gerenciar dúvidas, orientar e saber trabalhar com conceitos de economia de saúde e protocolos bem estabelecidos. O profissional não pode tratar da doença simplesmente. Mas cuidar das pessoas em toda a sua complexidade.

Há um exagero no pedido de exames da parte dos médicos? Sim. Há uma quantidade imensa de exames e práticas médicas desnecessários, e também exagerado uso de recursos tecnológicos. O médico só conseguirá acabar com esse quadro, muito ruim, se tiver uma visão organizada e protocolar de seus atos, além de, evidentemente, ter uma visão ampla do doente. Insisto nessa questão. Vou citar um exemplo recente que aconteceu no Albert Einstein. Há cerca de três anos. propus a criação de um centro de segunda opinião em cirurgia de coluna. Nesse centro, os médicos avaliam as queixas dos pacientes que já chegam com indicação cirúrgica. São profissionais sem ligação com aqueles que fariam o procedimento cirúrgico. Mais que isso: desenvolvemos protocolos e definimos padrões cirúrgicos. Ou seja. criamos uma prática organizada de atendimento. O resultado foi surpreendente. Apenas 40% dos pacientes que chegam ao hospital com indicação de cirurgia de coluna são de fato submetidos ao procedimento. Evita-se o desperdício de tempo e dinheiro.

Como um hospital privado pode contribuir para melhorar a saúde pública? Em primeiro lugar, sendo exemplo de qualidade em gestão. Repito aqui: sem protocolos de condutas e tratamentos baseados em estudos sólidos não há como medir resultados e, portanto, não há como melhorar. Nossa participação na saúde pública é também na esfera prática. Temos o maior e mais bem aparelhado serviço de transplante de fígado acessível aos usuários do SUS. Mantemos uma ampla parceria com hospitais públicos municipais, o Dr. Moysés Deutsch e, a partir deste mês. o Vila Santa Catarina. ambos em São Paulo.

Como anda a relação médico e paciente no Brasil? Precisa ser mais humanizada. Não se trata de pegar na mão do doente nem de puxar a cadeira para ele se sentar. Uma relação humanizada envolve diversos fatores, todos com um único objetivo – pôr o paciente no centro das atenções, sempre e cada vez mais. é crucial lidar com o doente a partir das suas fraquezas. E não é possível agir desse modo se o profissional não admitir as próprias fragilidades. Chega de arrogância. O médico é um individualista. Não divide informações. Em um passado não muito distante, tal postura até era possível. O médico se bastava. Ele era único. Hoje é praticamente impossível o profissional dominar todas as informações com o grande avanço ocorrido na medicina. Veja o que aconteceu na minha área. No início as pessoas me procuravam principalmente para trocar de óculos. Hoje, para tratar das doenças que as fazem usar óculos e de outras tantas associadas ao envelhecimento, como glaucoma, degeneração macular senil. Será que eu tenho tempo e consigo ser perfeito em todos esses campos? Ou preciso de pessoas para me ajudar a ser mais resolutivo?

Há poucos meses, o senhor sofreu uma cirurgia de catarata. Como se sentiu no papel de paciente, justamente na área em que é especialista? Tive muita dificuldade em lidar com a doença do início ao fim. Primeiro, relutei para aceitar que estava com o problema de visão, mesmo sofrendo de um sintoma clássico. De repente, o grau dos meus óculos de miopia começou rapidamente a aumentar. Quando um paciente relata essa situação ao médico, o diagnóstico de catarata é praticamente certeiro. Mas, como era comigo, criava desculpas, relutava. Até que um dia minha visão de fato ficou comprometida e tive de aceitar o diagnóstico. A partir daí foi outro dilema: a cirurgia. Passei a me lembrar de todas as situações ruins que vivenciei em minha carreira, que foram raríssimas. O procedimento é extremamente simples e seguro. Mas nada funcionava comigo. O mês em que marquei a operação foi um dos mais sofridos da minha vida. Quando entrei no centro cirúrgico, tive a sensação de estar entrando para outra vida. Cheguei a pensar que ia morrer. E repito: como especialista no assunto, sei que isso não acontece. Só me tranquilizei no dia seguinte, quando voltei a enxergar.

Os médicos que passam por situação semelhante costumam mudar a postura com os pacientes? Essa experiência mudou a minha vida pessoal e profissional. Não há dúvida de que me tornei um médico muito melhor. Estou mais próximo dos meus pacientes. Agora valorizo absolutamente todas as tristezas e angústias do doente, mesmo sabendo que esses sentimentos não vão repercutir na doença em si. Hoje me dedico com a mesma intensidade a discutir com o paciente sobre uma simples aflição e um procedimento cirúrgico. Mas estar do outro lado da mesa do consultório, digamos assim, e de um tipo de consultório tão familiar para mim, me fez cuidar mais da minha saúde. Nos últimos seis meses emagreci 6 quilos, voltei a praticar ginástica diariamente. Ganhei disposição. Sinto-me mais jovem. Tenho ânimo para brincar com meus filhos.

A imagem do Einstein está profundamente associada aos valores do judaísmo. Até que ponto essa relação é decisiva para a qualidade do hospital? A excelência do Albert Einstein está profundamente ligada ao seu DNA judaico. O judeu tem o papel de questionar permanentemente tudo. O judeu sempre acha que tem de fazer mais. Trata-se de um inconformismo sistemático. Isso para não falar do papel primordial da fé na gestão desse hospital. Tenho aqui, evidentemente, as melhores ferramentas da lógica e da ciência para comandar esse hospital. Mas me dou ao luxo de usar a fé como instrumento de gestão fundamental. O que significa acreditar naquilo que as pessoas acham que não vai dar certo. é acreditar em coisas não tão tangíveis. Essa atitude é um fator fundamental na busca constante da qualidade no Albert Einstein.

0 papa Francisco reconheceu o Estado da Palestina recentemente. 0 que o senhor achou disso? Francisco é um homem que tem avançado sobre temas polêmicos que ficaram parados por muito tempo. O Oriente Médio precisa encontrar uma solução para o povo palestino. Acredito que esse reconhecimento não significa uma negação do Estado de Israel. Mas de nada adianta tomar uma atitude se não houver um desdobramento de caráter prático. Gostaria que o papa não parasse esse movimento e usasse sua legitimidade para convencer o povo palestino de que, se não reconhecer o povo de Israel, não será possível nenhum tipo de entendimento. O papa tomou essa iniciativa positiva. Mas a partir de agora ele passa a ser um dos protagonistas dessa história. Ele tem de exigir do povo palestino que aceite também o Estado de Israel.




A operação Santa Casa

15/06/2015 - Veja São Paulo


José Luiz SeiúbaJ. de 58 anos. não é um homem de caminhos óbvios. Quinto dos sete filhos de Olavo Setúbal, ex-prefeito de São Paulo e um dos fundadores do Itaú. ele fugiu à vocação natural da família de banqueiros. Enquanto os cinco irmãos homens seguiram os passos do pai, José Luiz optou peia pediatria e. embora seja um dos acionistas da instituição financeira. jamais se envolveu no dia a dia da empresa. "As pessoas me interessam mais do que os números", justifica. Uma de suas grandes realizações no setor de sua especialidade ocorreu em 2005. quando comprou o Hospital Infantil Sabará. em Higienópolis, e nele investiu 100 milhões de reais. Em menos de uma década, o número de leitos triplicou, a equipe começou a fazer procedimentos mais complexos e a instituição ganhou um selo de qualidade internacional. Quando poderia relaxar um pouco, depois de pôr o negócio nos eixos, resolveu encarar uma das maiores encrencas da atualidade na área de saúde do país. Na última terça (9). com 168 votos, foi eleito por aclamação à cadeira de provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ele é o primeiro ex-aluno a ocupar o cargo, e a posse se deu em meio à pior crise financeira em mais de 450 anos de história. "Minha missão é reerguer a entidade e trazer de volta a credibilidade perdida", conta.

Maior hospital filantrópico do país, a Santa Casa atende cerca de 730000 pacientes por ano só no prédio com muros de tijolos da Vila Buarque. Entre 2009 e 2013, o patrimônio líquido da Santa Casa caiu de 220 milhões de reais para meros 323000 reais. A dívida acumulada hoje é de aproximadamente 520 milhões de reais. A gravidade da situação ficou clara em julho de 2014, quando o pronto-socorro do Hospital Central, que só presta serviços pelo SUS, fechou as portas por 28 horas. O então provedor, o advogado Kalil Rocha Abdalla, disse à época que fornecedores teriam se recusado a entregar insumos devido a pagamentos não quitados. A reabertura aconteceu apenas depois que o governo estadual se comprometeu a fazer um repasse emergencial de 3 milhões de reais. Fragilizado. o lugar viveu meses de caos. Exames foram suspensos, a coleta de lixo ficou comprometida e operações passaram a ser canceladas por falta de material cirúrgico e de remédios. Sem o pagamento do salário de novembro e do 13°. médicos ameaçaram entrar em greve, mas acabaram desistindo. A maior parte dessas pendências continua em aberto. Segundo o sindicato da categoria. 467 profissionais, o equivalente a quase um terço do corpo clínico, não receberam os atrasados. Das 39 unidades de saúde que a Organização Social administrava, restaram apenas sete – as demais foram devolvidas às gestões estadual e municipal.

Candidato único ao cargo de provedor. Setúbal assume após a renúncia do advogado Kalil Rocha Abdalla. formalizada em 16 de abril. Ele estava afastado oficialmente desde janeiro e teve os sigilos bancário e llscal quebrados a pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo. A investigação, de responsabilidade da promotora Dora Martin Strilicherk. inclui outros 21 nomes de pessoas físicas e jurídicas da administração passada e busca averiguar indícios de superfaturamento em compras e serviços, contratação de empresas terceirizadas envolvidas com funcionários e prática de nepotismo. "A irmandade funcionava, aparentemente, como grande empresa familiar, na qual filhos e cônjuges, mormente dos principais executivos e dirigentes, "coincidentemente', trabalhavam na mesma empresa", escreveu a promotora, em um trecho do despacho.

Abdalla se diz tranquilo em relação às investigações. "Nada ainda foi comprovado, só lamento que meu trabalho de décadas não tenha sido reconhecido."

Com o objetivo de abrir a caixa-preta dos números da instituição. Setúbal indicou há um mês cinco homens de sua confiança para compor a mesa administrativa. "Antes de montar um plano de ação. precisamos esmiuçar tudo", afirma. "As ações serão feitas de forma transparente." Fazem parte do time profissionais como o administrador Eduardo Carneiro, encarregado por quase dez anos da gestão da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). e o engenheiro Luiz de Campos Salles. ex-CEO da Itaú Seguros. Dias antes da posse, o grupo já havia solicitado dados e balanços completos, que ainda estão sendo processados. As informações preliminares, no entanto, assustam. Descalabros de todo gênero não param de aparecer. "Encontrei três aparelhos de raios X na caixa", espanta-se Carneiro, que calcula em 500000 reais o valor dos equipamentos. "Foram comprados sem planejamento e estão parados há meses. Tem até elevador encaixotado há mais de um ano, é muita desorganização". completa ele. O diagnóstico final da turma, que inclui ainda os empresários Paulo Mona e Francisco Gimenez, além do advogado Erasmo de Boer. ficará pronto no fim do mês. quando será apresentado à diretoria.

Setúbal também escalou um novo braço forte para tocar o dia a dia da Santa Casa. Desde a última quarta (10). Luiz Oberdan Liporoni é o diretor administrativo das duas unidades do Hospital Santa Isabel – braço particular do complexo. "Nosso objetivo é promover uma grande reestruturação e tomar o local viável financeiramente". afirma. Oberdan é especialista em gestão hospitalar e esteve à frente da AACD por mais de trinta anos. Ele é um dos responsáveis pela criação do Teleton no país. programa que viabilizou a construção de dezoito centros de reabilitação. Sua meta é elevar a taxa de ocupação dos leitos a 90% – hoje. ela não passa dos 50%. "O objetivo é ter bons resultados em até dezoito meses", conta. A pressa existe porque o lucro obtido no Santa Isabel será usado para equacionar a receita do setor filantrópico. "Hoje, 95% do dinheiro vem do SUS. Precisamos reduzir esse número a 60% para deixar a Santa Casa viável", explica Setúbal. ''Isso só será possível com a geração de novas receitas." No ano passado, o complexo de saúde arrecadou 1,3 bilhão de reais. A previsão é que esse número seja bem inferior a 1 bilhão em 2015.

Outra decisão tomada nos últimos dias é usar os 100 milhões de reais em precatórios (dívida ainda não quitada do governo federal com a Santa Casa) no pagamento de impostos atrasados. "Boa parte desses tributos é trabalhista, com o INSS e o FGTS", diz Paulo Mona. Durante a gestão de Kalil. a irmandade cogitava vender esses precatórios a terceiros. 'Teríamos uma perda de 50% do valor original, não vale a pena", entende Motta. O pagamento dos tributos vai permitir que a instituição tenha de volta sua Certidão Negativa de Débitos (CND), essencial para entidades que desejam participar de licitações.

No quadro de pessoal, o hospital passará por um importante processo de enxugamento. Estimativa anterior previa a demissão de cerca de 1300 funcionários – a maioria da área administrativa. Tem excesso de profissionais, gente mal alocada, funções mal definidas", comenta Carneiro. Está em curso ainda uma reformulação do estatuto que regula a administração. "A ideia e' modernizar as regras da Santa Casa", afirma o promotor Arthur Pinto Filho, criador da comissão responsável pelo trabalho. De acordo com membros do grupo, o objetivo é tomar a instituição mais dinâmica e competitiva. "O atual estatuto foi escrito há mais de 100 anos", diz Paulo Mona.

Ao mesmo tempo em que finaliza o mapeamento financeiro e dos cortes que serão necessários. Setúbal inicia a corrida atrás dc dinheiro. Para os próximos dias, planeja viajar a Brasília para reuniões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com Miriam Belchior, presidente da Caixa Econômica Federal. "Queremos mostrar a essas instituições que a Santa Casa voltou a ter credibilidade e pode honrar suas dívidas", explica. "Preciso apenas de um respiro financeiro para começar a trabalhar."

Antes de chegar ao comando do complexo filantrópico, o médico travou uma guerra política com seu antecessor. Na disputa para o cargo de provedor do ano passado. Seiúbal enviou cartas à irmandade com denúncias sobre o descontrole nos gastos. Em resposta, Abdalla. que tentava seu terceiro mandato, o acusava de querer transformar o hospital em uma filial do Sabará. "Foi uma eleição muito traumática", relembra Setúbal, que saiu derrotado com 45% dos votos no pleito, realizado em abril de 2014. Oito meses depois, quando os problemas da instituição eram mais evidentes, o pediatra foi procurado por Kalil. "Ele queria que eu voltasse para a mesa de administração e indicasse mais nomes", conta. "Respondi que, se gostasse mesmo da Santa Casa, ele deveria pedir demissão." Kalil confirma o encontro, mas diz que o convite não era bem esse. "Apenas pedi a indicação de três nomes para me ajudar."

Mesmo derrotado por Abdalla. Setúbal nunca abandonou seu desejo de ajudar a Santa Casa. "Meu irmão tem uma relação afetiva com o hospital", conta a socióloga Neca Setúbal. No período pós-eleiçôes, o pediatra se dedicou a compartilhar notícias sobre a instituição em uma página do Facebook e a fazer pequenas denúncias sobre a crise. "Paia ele, é quase um dever cívico salvar o hospital", comenta Sandra Regina Mutarelíi Setúbal, com quem está casado há 22 anos. O médico tem três filhos: a cineasta Beatriz, de 31 anos, o músico Gabriel. 29, e o estudante Olavo, 21 (só o mais novo é filho de Sandra, os outros são do primeiro casamento do pediatra). Ele acorda diariamente por volta das 7 horas da manhã. Faz atividades físicas três vezes por semana, acompanhado de uma personal trainer. Nas horas vagas, gosta de ler (no momento, está debruçado sobre Eternidade por um Fio, de Ken Follett) e de ouvir música (adora MPB. Beethoven. Stravinsky e Ar-vo Píirt). Nos fins de semana, vai para uma casa que tem em Porto Feliz (região metropolitana de Sorocaba). Lá. faz caminhadas e anda de bicicleta. Na capital, mora em Higienópolis. em um apartamento a poucas quadras do Sabará. Seu restaurante predileto é o Tuju, de culinária contemporânea, em Pinheiros. No meio da campanha do ano passado, teve um pequeno desmaio durante um almoço. A pedido da mulher, fez exames de checagem e descobriu seis vasos muito entupidos no coração. Fez a operação para colocação de steni e nunca mais teve problemas. Mais do que ninguém, sabe que precisará estar com a saúde em dia nos dois anos de seu mandato à frente da Santa Casa. "A situação é grave e não há milagres", diz. "Minha missão é pôr o complexo filantrópico em ordem em até cinco anos. Se eu conseguir, terei sido vitorioso."




Planos poderão cobrir mais 11 procedimentos

13/06/2015 - O Estado de S.Paulo


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abrirá consulta pública para atualizar a lista de cobertura mínima de planos de saúde. A ANS propõe inclusão de 11 procedimentos, entre terapias e exames.Também prevê o aumento de sessões de fisioterapia, psicoterapia, fonoaudiologia e nutrição (para grávidas). As mudanças passarão a valer a partir de janeiro.

“São procedimentos que terão grande impacto, que acompanham as novas tecnologias e o envelhecimento populacional”,afirmou Raquel Lisbôa,gerente-geral de regulação assistencial da ANS.

O novo rol incluirá avaliação geriátrica ampla a partir dos 60 anos.“É uma consulta mais ampliada para diagnóstico de síndromes como Alzheimer e demências.

Também avalia o uso simultâneo de remédios e faz a prevenção de quedas. Há estudos que mostram que essa avaliação diminui a mortalidade dos pacientes”, disse Raquel.

Das 11 novas propostas, quatro tratam de procedimentos oftalmológicos,como o tratamento a laser da retinopatia da prematuridade (lesão da retina em bebês prematuros). “é de fundamental importância, porque impede que evolua para a cegueira”, afirmou Reinaldo Ramalho, da Comissão de Saúde Suplementar do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Mas a ausência na lista do transplante lamelar de córnea frustrou oftalmologistas. “É procedimento menos invasivo, que tem menos casos de rejeição, porque preserva o tecido corneano do paciente.” A cobertura obrigatória é atualizada a cada dois anos. No ano anterior à inclusão, são discutidos os procedimentos que devem integrar a lista. A ANS recebeu 109 sugestões de novos tratamentos, dos quais 34 foram selecionados. Desses, oito estão entre os 11 que serão submetidos à consulta pública.




Fundos voltam a negociar com Fleury

15/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Gestoras nacionais, como a Tarpon, e estrangeiras, como Advent, KKR, além da Temasek, empresa de investimento do governo de Cingapura, e do fundo soberano do mesmo país, o GIC, estariam em conversas com a Core Participações, maior acionista do Fleury, apurou o Estado.Essa não é a primeira vez que os acionistas do Fleury tentam se desfazer de suas participações. Além das negociações fracassadas com o Gávea, fundos, como o Temasek, já tentaram entrar na empresa em 2009. Agora, embora as conversas sigam firmes, não há uma previsão de se concluir o negócio no curto prazo, dada a intrincada composição acionária da holding, que controla o Fleury.

A Core reúne 23 médicos e uma administradora de empresa e detém 41,2% de participação direta e indireta na companhia. Esse grupo é composto, em sua maioria, por acionistas com idade média acima de 60 anos. Parte deles já não estaria mais interessada em se manter no negócio. No bloco de controle, além da Core, está o Bradesco Seguros, com participação direta e indireta de 10,4%.

Em fevereiro, a Core informou que “analisa oportunidades estratégicas”, como a entrada de um sócio minoritário, mas que não tem interesse em vender o controle, como em 2014. A holding é assessorada pelo JP Morgan e pela Inspire Capital Partners, que conversam com os possíveis interessados. Fontes afirmam que pelo menos metade da fatia da Core será colocada à venda.

A Tarpon é a gestora que está em conversas mais avançadas com Fleury. Eles podem entrar sozinhos no negócio, mas não descartam se unir com fundos de pensão do Canadá e fundos soberanos para fazer uma oferta mais robusta e tornar o Fleury seu braço de negócio em saúde, assim como fizeram com a Abril Educação, disseram duas fontes ao Estado. Procurados, Tarpon e GIC não retornaram os pedidos de entrevista. Advent, KKR e Temasek não comentam o assunto.

Desconfiança. Com valor de mercado avaliado em R$ 2,8 bilhões, as ações do Fleury acumulam valorização de 11,7% neste ano. Mas os papéis da companhia foram castigados nos últimos meses, com a desconfiança do mercado em relação às incertezas sobre as mudanças no controle acionário da companhia. Na sexta-feira, as ações da companhia fecharam a R$ 18. O Estado apurou que investidores podem fechar um acordo pagando um prêmio de 10% sobre as ações.

“O negócio Fleury é muito bom e tem potencial para crescer, mas ainda há dúvidas sobre o comportamento dos acionistas da Core. No ano passado, eles estavam dispostos a se desfazer do controle. Agora, querem vender fatia minoritária”, disse Caio Moreira, analista do Banco Fator. “A empresa tem conseguido bons resultados nos últimos meses, mas é preciso entender qual o parceiro estratégico que eles querem”, afirmou Victor Falzoni, analista do Banco Plural.

Em entrevista ao Estado, o presidente do Fleury, Carlos Marinelli, afirmou que os executivos da empresa ficam de fora das negociações da possível venda de participação da companhia. “Meu trabalho aqui é buscar maior rentabilidade do negócio, que tem crescido nos últimos meses”, disse.

Icone do VLibras Widget. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.