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CLIPPING - 10/06/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Distribuidoras vão fechar ano com crescimento menor

09/06/2015 - Valor Econômico


Os reflexos da crise econômica já começaram a aparecer nas estatísticas oficiais de emprego e renda e, a partir do segundo trimestre, devem alcançar os negócios das distribuidoras de medicamentos com atuação no mercado brasileiro. Depois de saltar 19,6% no ano passado, o faturamento dessas empresas, que chegou a R$ 9,67 bilhões em 2014, deve crescer menos em 2015, entre 13% e 15%, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan).

"Dependendo do impacto do ajuste fiscal, essa expectativa pode mudar. No primeiro quadrimestre, houve expansão de 19%, mas o segundo trimestre deve fechar um pouco abaixo disso", disse ao Valor o diretor-executivo da entidade, Geraldo Monteiro.

Apesar do ritmo ainda expressivo de expansão, que supera a projeção de alta de 8% a 10% nas vendas de medicamentos no país do IMS Health, o executivo afirma que os negócios das distribuidoras estão de fato crescendo, "mas não conforme o planejado".

A instabilidade da economia brasileira e a falta de padrão de fiscalização sanitária e de segurança jurídica também vêm tendo impacto negativo no setor, conforme Monteiro. Além de grupos estrangeiros terem desistido de entrar no mercado nacional, há aqueles que colocaram à venda as operações locais.

Exemplo disso é o anúncio do grupo alemão Celesio AG, que atua globalmente no atacado e no varejo de produtos farmacêuticos, no fim de abril, de que colocou à venda seus ativos no país "após a revisão de seu plano de negócios para o Brasil".

O grupo, cujas operações no país incluem a Panpharma, que detém 15% de participação no mercado brasileiro de distribuição de fármacos, e a Oncoprod, com foco na distribuição de medicamentos oncológicos, informou que pretende se concentrar nos mercados da Europa.

No ano fiscal de 2014, o grupo teve receitas de € 22,3 bilhões, com alta de 4,3% na comparação anual. No primeiro trimestre fiscal de 2015, os resultados da Panpharma e da Oncoprod aparecem na linha de operações descontinuadas com receitas de € 391,3 milhões, alta de apenas 0,5% frente aos € 389,2 milhões apurados um ano antes.

"Há cerca de um ano, tive uma reunião com um grupo que queria comprar ou uma distribuidora ou uma rede de farmácias no país, mas que acabou desistindo. Os estrangeiros têm mais dificuldade de lidar com esse cenário de incertezas", explicou Monteiro.

A existência de regras que podem variar de município a município também afeta as empresas de capital nacional e dificultam um processo de consolidação das distribuidoras, na avaliação do executivo. "A dinâmica do negócio é regional. Não acredito em consolidação no curto prazo".

Soma-se a isso a competição cada vez mais acirrada nesse mercado, que é atendido tanto pelas distribuidoras quanto pela venda direta das próprias farmacêuticas. A Abradilan, segundo o executivo, conta com 140 associados, que representam 20% do mercado farmacêutico nacional e 27% das vendas de genéricos. Para fazer frente à concorrência, cada vez mais distribuidoras estão assumindo também a operação logística dos medicamentos, acrescentou Monteiro.




Falta de verba paralisa produção de remédio contra o câncer

09/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Cerca de mil pacientes tiveram o tratamento de câncer de tireoide e exames de diagnóstico suspensos no Brasil entre segunda e terça-feira, 9, em razão da falta de radiofármacos produzidos pelo Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen). Por causa de uma dívida acumulada ao longo do ano, o instituto teve o fornecimento de material radioativo interrompido por uma das empresas. “O pagamento da parcela foi feito na semana passada, mas não houve tempo suficiente para atender à demanda desta semana”, afirmou o superintendente do Ipen, José Carlos Bressiani.

Somente no Hospital de Câncer de Barretos, 11 pacientes ficaram sem o tratamento e 16 sem fazer exames de cintilografia, indicado, por exemplo, para identificar problemas cardíacos. “Números não refletem o drama enfrentado pelos pacientes. Muitos chegam após seis meses de fila e já perderam o momento ideal da terapia”, disse o coordenador do serviço de medicina nucelar do Hospital de Câncer de Barretos, Marcelo José dos Santos.

Pacientes reagiram com choro e, em alguns casos, com agressividade diante da notícia de que o tratamento havia sido suspenso, relatou Santos. No caso da terapia para tireoide, pacientes têm de suspender por um mês o uso de hormônios, devem se submeter a uma dieta restrita e precisam chegar ao hospital acompanhados.

“Não é difícil entender a reação. Eles gastam tempo, dinheiro, já estão emocionalmente abalados. Chegar aqui e receber a informação de que o tratamento terá de ser adiado acaba sendo desesperador.”

O superintendente do Ipen afirma que a dívida do instituto teve como ponto de partida a redução nos repasses feitos pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Em nota, o ministério negou e disse que o repasse está regular.

Dívidas. Diante da falta de definição sobre os recursos destinados ao instituto em 2015, a pasta repassou, segundo Bressiani, 1/18 avos do orçamento de 2014. “Com isso, as dívidas se acumularam.”

Pelos cálculos de Bressiani, a dívida chega a R$ 20 milhões. Além da redução de recursos, o Ipen enfrenta o aumento no valor de material radioativo. “Usamos produtos importados.”Pelos cálculos de Bressiani, os recursos são suficientes até setembro.




Iniciativa da Anvisa aumenta pressão para laboratórios reduzirem preço de medicamentos

08/06/2015 - Primeira Hora


A iniciativa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ao aprovar resolução para acelerar a liberação de pesquisas com remédios no Brasil, na última quinta-feira (5), jogou mais luz em uma situação que tem incomodado muitos médicos e pacientes no Brasil: os preços abusivos dos medicamentos aprovados.

Segundo eles, a culpa pelo aumento dos casos de câncer no Brasil deve ser atribuída também aos laboratórios, e não apenas ao SUS (Sistema único de Saúde), à Anvisa e a outras instituições governamentais.

A acusação é de que muitas das empresas têm responsabilidade nesta questão e poderiam utilizar o Dia Mundial de Luta contra o Câncer, lembrado na última quarta-feira (4), para repensar tal postura. A queixa vale também para medicamentos complexos de outras doenças graves.

Dizendo-se conhecedores da pressão financeira exercida pelos laboratórios, que visam também ao lucro, os médicos garantem que a dificuldade de acesso da população a medicamentos caros tem também relação com a relutância dos laboratórios em subsidiar alguns produtos essenciais, o que diminuiria os preços.

O oncologista Rafael Kaliks, diretor clínico da ONG Oncoguia e crítico do SUS, ressalta que muitos laboratórios continuam mantendo preços altos por receio de perder a competitividade no mercado. Mesmo quando, segundo ele, já lucraram muito.

— Existe exagero na lucratividade com drogas medicamentosas por parte desses laboratórios. Eles não abrem mão do lucro absurdo.

Para Kaliks, esses laboratórios, que têm a matriz em outros países, não têm interesse em reduzir os preços no Brasil, mesmo quando o remédio em questão já não é tão avançado.

— Mesmo eles tendo lucrado muito com um medicamento que já está com um registro perto de expirar, não reduzem o preço, temendo abrir um precedente também para outros países, em outros casos semelhantes.

O oncologista Andre Deeke Sasse, do Hospital das Clínicas da Unicamp, tem uma visão um pouco diferente, mas não tira a responsabilidade dos laboratórios. Segundo ele, ocorre, por tabelamento inicial, uma redução de custos de um medicamento cuja patente está perto de expirar.

Mas, na opinião de Sasse, apesar de os remédios ainda terem um custo alto, principalmente em relação ao câncer, o chamado custo efetivo, neste caso, vale a pena, pois eles continuam eficientes em muitos tratamentos. Os medicamentos, porém, quase não chegam à população.

Sasse diz que tal tipo de remédio acaba sendo objeto de barganha dos laboratórios, que não abrem mão de preços altíssimos para os novos, como uma retaliação ao fato de o SUS e a Anvisa se recusarem a incorporar os mais antigos.

— Para a população ter acesso aos medicamentos, os dois lados têm de ceder um pouco, tanto o governo quanto a indústria farmacêutica.

Custo alto

Quando questionado sobre o tema, Antônio Britto, presidente da Interfarma (Associação de Indústria Farmacêutica de Pesquisa), repassa o problema para o governo, argumentando que a medicina tem se tornado cada vez mais cara e complexa, porque se vale cada vez mais de tecnologia.

Ele diz que no Brasil há dois fatores que agravam a enorme dificuldade de acesso da população mais carente aos medicamentos.

— Um é a carga tributária. O remédio no Brasil paga mais imposto do que em qualquer país, mais do que biquíni e urso de pelúcia. O outro é que 75% dos medicamentos são comprados pelo bolso do cidadão, ao contrário da maioria dos países, onde os governos oferecem à população ou têm uma coparticipação na aquisição dos remédios.

Ele ainda argumenta que, em comparação com outros países, o preço dos medicamentos no Brasil é menor, mas, segundo ele, o governo tem pouco dinheiro para incluir os mais complexos em sua conta da Saúde. E dá a entender que os laboratórios não irão ceder.

— Para reduzir os preços o governo tem só que reduzir os impostos.

Segundo Marcelo Lima, diretor médico da Amgen no Brasil, o preço de um remédio recém-aprovado no País não é estipulado apenas pelo laboratório.

Ele afirma que existem negociações, definição de valores, avaliações feita pela Anvisa, juntamente com outros cinco ministérios, até a aprovação do valor final de um medicamento.

A Anvisa tem como uma das funções, após o registro do medicamento, monitorar este comitê interministerial que irá dar a palavra final ao preço.

Mas uma fonte dentro da agência admitiu que os laboratórios têm muitas maneiras de dificultar a redução dos valores.

Lima explica ainda que cada pesquisa requer anos de tentativas e investimentos, o que encarecem o custo do processo de desenvolvimento de um medicamento. Um dos métodos que facilitam o trabalho é a implementação das pesquisas em vários países.

— Isso encurta o estudo. Quanto maior a base de atuação, mais rapidamente a pesquisa é concluída.

O processo de descoberta de um medicamento é complexo e requer muita paciência até a sua conclusão, segundo o médico. Lima diz que a Tufts University, em Boston, Estados Unidos, fez um estudo em que constatou que o custo de um projeto para um medicamento é em média de US$ 900 milhões (R$ 2,34 bilhões).

— Demora de 10 a 12 anos para se desenvolver um medicamento a partir de 10 mil moléculas, para se chegar a uma.




Novas drogas contra o colesterol estão a um passo da aprovação nos EUA

09/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Uma comissão da Food and Drug Administration (FDA), agência que regula remédios nos EUA, recomendou a aprovação de novas drogas que se mostraram capazes de reduzir os níveis de colesterol ruim, o LDL.

Em resultados preliminares de estudos clínicos, pessoas que tomaram os remédios viram seus níveis de colesterol ruim cair significativamente. Os testes clínicos deverão ser concluídos em 2017.

Esses remédios são anticorpos que têm como alvo uma proteína (PCSK9) presente no fígado e no intestino e que destrói os receptores de LDL nas células. Esses receptores se encaixam no colesterol ruim e o tiram de circulação.

Ao impedir a ação da PCSK9, é possível baixar o LDL no sangue. Pessoas com mutações genéticas que levam à redução dos níveis da PCSK9 no sangue têm colesterol mais baixo.

Os remédios são injetáveis, e são aplicados a cada duas semanas ou uma vez por mês, dependendo da formulação.

Drogas de duas farmacêuticas, o alirocumab, desenvolvido pela Sanofi e pela Regeneron, e o evolocumab, da Amgen, receberam a recomendação da FDA para serem aprovadas, com 13 fotos a favor e 3 contra. A FDA costuma seguir a recomendação das comissões. A aprovação final deverá ser decidida entre julho e agosto.

As farmacêuticas pedem a aprovação das drogas para três grupos de paciente: aqueles com altos níveis de LDL, que não conseguem diminuir esses níveis apenas com estatinas; pessoas que já sofreram infarto, que têm diabetes e que não conseguem diminuir seus níveis de colesterol com estatinas; e pessoas com altos níveis de LDL que não toleram a estatina. Os médicos costumam definir como alto risco níveis de colesterol LDL acima de 70.

A Sanofi estima que a droga poderá ser aplicada em 11 milhões de americanos. A Amgem estima em 8 milhões.

Até agora, aparentemente todos que tomaram os remédios responderam bem ao tratamento. Os níveis de colesterol LDL caíram cerca de 40% a 65%, mesmo que o nível inicial foi alcançado com uso da estatina.

Os estudos clínicos também mostraram que os remédios aparentemente não têm mais efeitos colaterais do que um placebo. Paul Chew, diretor médico da Sanofi disse ao "New York Times" que tanto pacientes do grupo que tomou placebo quanto o grupo que tomou o medicamento relataram esquecimento.

Mais resultados serão obtidos conforme os estudos, que estão primeiramente tentando investigar se a drogas reduzem os casos de enfarto e mortes tão bem quanto reduzem os níveis de colesterol ruim, avançam.

A Sanofi está fazendo estudos com 27.500 pacientes e a Amgem com 18 mil.

CUSTO

As drogas, porém, prometem ser caras. Como muitas outras drogas contra o câncer, os novos medicamentos são anticorpos, produzidos a partir de células vivas a um custo muito elevado. As farmacêuticas não revelaram quanto elas pretendem cobrar pelas novas drogas, mas William Shrank, chefe científico da organização CVS Health, estimou ao NYT que elas podem custar de U$ 7 mil a U$ 12 mil por ano.




Novo marco da biodiversidade fortalece produção de remédios a partir de plantas

09/06/2015 - época Online


Não é incomum que, naquelas manhãs de ressaca, recorra-se ao prosaico chá de carqueja como remédio. Receita de avó. Infalível. A carqueja, planta nativa do Sul e do Sudeste do Brasil, é tão amarga quanto popular no tratamento de dores de estômago e indigestão. Usa-se o chazinho milagroso até para emagrecer. Pesquisadoras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) hoje se debruçam sobre o enigma da carqueja. Elas pesquisam se a planta tem mesmo em sua composição substâncias capazes de combater o parasita que causa a esquistossomose – doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde, afeta cerca de 240 milhões de pessoas no mundo. “Estamos na fase de estudos para verificar se a carqueja é segura”, diz Ana Lúcia Ruiz, coordenadora do Departamento de Farmacologia e Toxicologia de um centro multidisciplinar da Unicamp. Se a eficácia da carqueja se comprovar e algum gigante da indústria farmacêutica se interessar em produzir o medicamento e colocá-lo no mercado, completa-se o ciclo ideal da pesquisa com biodiversidade: o conhecimento popular inspira a ciência; a ciência abastece a indústria; e a indústria fornece o medicamento para a população.

No dia 20 de maio, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que pode tornar esse ciclo mais viável no Brasil. O marco legal da biodiversidade tenta apaziguar o dilema entre o desenvolvimento científico e a proteção do meio ambiente. A nova lei substitui uma medida provisória de 2001. Pensada com a boa intenção de evitar a biopirataria, a regulação antiga tornou ainda mais difícil boa parte das pesquisas científicas com a biodiversidade brasileira, a mais rica do mundo. Por seu rigor, os cientistas temiam ser acusados de biopiratas. As indústrias deixaram de financiar estudos pela insegurança jurídica e pelas multas pesadas. E as comunidades acreditavam estar sendo roubadas de suas riquezas. Com o marco aprovado no mês passado, o acesso a esse patrimônio fica menos burocrático. Ele não agrada plenamente às comunidades, mas há um consenso de que representa um avanço.

Esse ambiente inseguro que havia até aqui deixou um enorme vácuo no campo da medicina. Um vazio de quase cinco décadas. Nos anos 1960, o pesquisador brasileiro Sérgio Henrique Ferreira descobriu as propriedades do veneno da jararaca para o tratamento da hipertensão. Sua pesquisa deu origem ao Captopril, um dos medicamentos mais bem-sucedidos da história nessa área. De lá para cá, quase nada foi desenvolvido nesse sentido. A partir de uma planta, pode-se criar um medicamento que derive de uma substância ou molécula isolada daquele vegetal. Ou pode-se produzir medicamentos fitoterápicos, criados com base nos extratos daquele vegetal. O Brasil avançou na produção de fitoterápicos. Eles vêm sendo usados, inclusive, pelo Sistema único de Saúde (SUS). Isso quer dizer que o chá de carqueja da vovó passa a ser validado por cientistas.

Mas a inovação na criação de fármacos mais complexos esteve praticamente imóvel. “Pelo menos 27% dos remédios no mercado mundial hoje têm uma relação direta com a biodiversidade”, diz Adriana Diaferia, vice-presidente do Grupo FarmaBrasil, associação da indústria farmacêutica nacional. “O potencial desse mercado é imenso.”Especialmente para os laboratórios brasileiros. Os gigantes multinacionais não estiveram com seus microscópios voltados para isso. De acordo com a consultoria McKinsey, o mercado de biofarmacêuticos movimenta, no mundo, cerca de US$ 163 bilhões, 20% do total. E esse número ainda inclui medicamentos que derivam não da biodiversidade, mas de células humanas, por exemplo. “Por isso, por décadas, a indústria esteve mais interessada em inventar moléculas em laboratórios. Com o boom tecnológico, esse processo era mais rentável. As patentes dessas invenções estão caindo e ela precisa de novas alternativas”, diz Maria Behrens, pesquisadora do Instituto de Tecnologia em Fármacos de Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz. “Os fabricantes de medicamentos estão tendo de voltar a olhar para a natureza, ainda que como fonte de inspiração.”

O desenvolvimento de um medicamento inteiramente sintético leva em torno de dez anos. “Para cada molécula que se torna um medicamento, outras 10 mil são pesquisadas sem sucesso”, explica Antonio Britto, presidente da Interfarma, entidade que representa laboratórios nacionais e estrangeiros. Quando se estuda a biodiversidade, em vez de adequar a molécula à doença, como acontece com as sintéticas, busca-se compreender as possíveis aplicações daquela molécula natural. O caminho entre as primeiras análises da planta e o medicamento no mercado leva até 20 anos. Demanda investimentos pesados. Com o novo marco, as indústrias e as universidades começam a desengavetar ideias. “Vamos reavaliar 20 projetos com a biodiversidade brasileira, que estavam parados porque não tínhamos segurança para investir”, diz Paulo Nigro, presidente do Aché.

O Farmanguinhos, laboratório vinculado ao Ministério da Saúde, desenvolveu não um novo fármaco, mas um outro produto que pode ter efeitos importantes na saúde pública brasileira: um bioinseticida que mata o mosquito da dengue. O produto, feito à base de bactérias, começou a ser estudado na década de 1990. O Farmanguinhos passou a tecnologia para uma empresa privada, que aguarda apenas o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para comercializar o inseticida. Com o conhecimento científico em mãos, a iniciativa privada se manifestou. é o intercâmbio que Britto, da Interfarma, acredita ser o mais promissor. “O país precisa definir uma política de longo prazo, decidir que áreas quer pesquisar. Assim, a indústria farmacêutica vai se apresentar para financiar projetos”, diz Britto. Para Ana Lúcia, da Unicamp, “a academia brasileira tem cabeças altamente preparadas para levar adiante as pesquisas que podem ser feitas daqui em diante”.

O trabalho é imenso. O Brasil é lar de um quarto das espécies de plantas do mundo. E biodiversidade não é só planta. “Não à toa se fala da biodiversidade como sendo a economia do futuro”, diz Glauco Kruse Villas Bôas, coordenador do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos. Villas Bôas trabalha desde 2009, junto com as comunidades locais, as universidades e as indústrias, para montar um portfólio de projetos de inovação em medicamentos da biodiversidade “de baixo para cima”. “Isso deve levar uns dois anos para sair do papel. Queremos construir esse caminho, discutindo com toda a cadeia produtiva. Vão ser projetos de toda a sociedade, não só de uma universidade ou de uma indústria. Depois que todo mundo tiver se entendido, a gente apresenta para o governo e pede financiamento, fomento”, diz Villas Bôas. Depois de anos de paralisia, o Brasil começa a vislumbrar um ciclo saudável para estudar sua riqueza natural. Mas vale advertir: o otimismo deve ser sempre usado com moderação.




Parceria entre Pasteur, Fiocruz e USP vai buscar vacina contra chikungunya

08/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site


A Fiocruz e a USP (Universidade de São Paulo) assinaram na tarde desta segunda-feira (8) um acordo com o Instituto Pasteur e pretendem, com a parceria, aprofundar os estudos da dengue e da chikungunya.

O acordo prevê ainda a construção de uma unidade no Brasil do Pasteur —um dos mais importantes centros de estudos técnico-científicos do mundo.

Para Rodrigo Stabeli, vice-presidente de pesquisa e laboratórios de referência da Fiocruz, a ideia é ajudar a evitar epidemias dessas doenças, buscando, por exemplo, vacinas contra elas.

Há atualmente duas vacinas contra a dengue em estágio mais avançado de desenvolvimento. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) avalia uma delas.

Na semana passada, porém, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, descartou um plano federal de vacinação contra a dengue no país. Segundo ele, o Brasil ainda não possui vacinas que estejam em níveis comprovados de eficácia e segurança para serem disponibilizados à população.

De acordo com o presidente do instituto francês, Christian Bréchot, o início da atuação conjunta vai auxiliar até mesmo na busca de soluções por meio da criação de uma rede científica de pesquisa biológica, biomédica e biotecnológica de nível nacional, regional e internacional.

A dengue vive situação de epidemia em vários Estados do país. Balanço de maio mostrou que havia 846 mil casos no país.

Já a chikungunya começa a se espalhar pelo país. Segundo o Ministério da Saúde, casos de doença estão concentrados no Nordeste, mas o Estado de São Paulo registrou ao menos uma confirmação.

Durante o evento de assinatura também foi anunciado que serão criadas unidades de laboratórios mistos entre as três unidades, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os polos vão iniciar pesquisas nas áreas de doenças do sistema nervoso, doenças cardiovasculares, respiratórias, diabetes e outras enfermidades.




Pesquisa mostra como vírus da gripe viaja pelo mundo

09/06/2015 - O Globo


Antes de o inverno se instalar, os postos de saúde são supridos com uma nova vacina da gripe, e milhares ou milhões de pessoas que são vacinadas respiram aliviadas pela proteção contra aqueles incômodos sintomas que todos conhecem bem. Mas o alívio dura apenas até o inverno seguinte. O vírus da gripe sofre mutações e se movimenta tão rapidamente que é quase impossível emboscá- lo num imunizante que dure por mais tempo. A ideia de pesquisadores foi então chegar à sua origem, traçando uma espécie de árvore genealógica do vírus, para, assim, entender seus padrões de evolução e de deslocamento e, com isso, buscar vacinas mais eficazes.

O resultado foi o que os cientistas consideram o mais amplo estudo da história da evolução do vírus da gripe, publicado ontem na revista científica “Nature”, uma das principais do mundo. O mapa engloba os quatro tipos de vírus que causam a gripe sazonal em humanos : dois Influenza A ( H3N2 e H1N1) e dois Influenza B ( Yagamata ou Yam e Victoria ou Vic). Foram analisadas 9.604 cepas desses quatro tipos de vírus coletadas ao longo da última década em todos os continentes. E o que os pesquisadores mostraram é que cada tipo de vírus tem um padrão relativamente previsível de comportamento.

— Em 2008, publicamos um estudo na revista “Science”sobre a circulação do H3N2. Mostramos que a cada ano ele emergia no Leste e Sudeste Asiático e se propagava para o resto do mundo. Achávamos que os outros se comportariam de maneira parecida, mas não foi o que aconteceu — explicou ao GLOBO o autor principal do estudo, Colin Russel, do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Há PADRõES DE COMPORTAMENTO

Uma primeira conclusão para a diferença de comportamento é que esses três vírus evoluem e se dispersam de maneira mais lenta que o H3N2. Outra é quem se torna o alvo da infecção:

— Este trabalho nos mostra que os vírus que infectam crianças são geralmente os que se dispersam mais lentamente e evoluem com menos rapidez do que os que infectam os adultos — acrescenta Russel.

As duas conclusões se complementam: os vírus que evoluem rapidamente, como o H3N2, conseguem atingir os adultos, que já estão imunes a algumas cepas, mas não às novas. Eles geralmente viajam mais do que crianças, ampliando as possibilidades de dispersão dos agentes infecciosos. Na prática, ele surge na ásia e se desloca para o resto do mundo. No ano seguinte, uma nova cepa do mesmo vírus faz o mesmo. E, segundo Russel, eles provavelmente fazem isso de avião, de carona com seus hospedeiros.

Enquanto isso, vírus que evoluem mais lentamente, como o H1N1 e os do tipo B, infectam principalmente indivíduos que não têm proteção contra agentes infecciosos já comuns no ambiente: as crianças. E, por sua vez, como elas viajam menos do que adultos, também o vírus se dispersa mais lentamente. Por isso, uma determinada cepa pode permanecer numa mesma região por anos. Mas cada região terá uma cepa para chamar de sua.

A cada ano, a Organização Mundial de Saúde ( OMS), com o apoio de setores de vigilância de cada país, seleciona as cepas desses quatro tipos de vírus que são mais frequentes no ambiente e as inclui em vacinas da gripe, que podem ser diferentes dependendo do hemisfério — pois o inverno é alternado. As novas informações trazidas pelo estudo, segundo o pesquisador, são importantes na estratégia de produção desses imunizantes. Como a mutação ocorre sazonalmente, basta coletar uma boa amostra do H3N2 do Sudeste e do Leste Asiático, enquanto que, no caso dos vírus B e H1N1, o ideal é coletar amostras por região.

— Essas variantes, uma vez estabelecidas, podem ajudar na produção de vacinas em regiões ou localidades específicas àquela cepa mais frequente — concorda a infectologista Anna Caryna Cabral, do Hospital Universitário da Uerj e do Hospital Daniel Lipp. — Além disso, influenciam no entendimento da epidemiologia da doença em grupos e em faixas etárias persistentes.

O próximo passo da pesquisa é buscar entender melhor por que os vírus H1N1 eo B evoluem mais lentamente que o H3N2, segundo outro autor do estudo, Trevor Bedford, da Divisão de Doenças Infecciosas no Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos.

— Agora estamos olhando com mais profundidade para como a evolução afeta a dispersão geográfica dos vírus Influenza — explica Bedford, cujo grupo de pesquisa trabalha em conjunto com a OMS.

INFLUENZA A INFECTA ANIMAIS

Professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo ( Unifesp), Celso Granato acrescenta outro motivo para a mutação mais intensa do Influenza A.

— Eles frequentemente acometem outros animais, não apenas o ser humano — explica Granato, citando os criadouros domésticos de aves e porcos, comuns na China. — é um caldeirão genético muito rico. O vírus do porco se mistura com o da ave e do humano, e tem o potencial de criar novos vírus. Daí surgem as grandes pandemias. Já o Influenza B acomete apenas o ser humano e evolui numa velocidade menor.

O que cientistas buscam, segundo Granato, é alguma característica do vírus da gripe que não esteja associada às proteínas He N, que são as que evoluem tão rapidamente, e que esta característica responda a um imunizante universal.

— Estão todos buscando loucamente este caminho — ri Granato. — Quem conseguir isso, não apenas terá uma patente valiosa como dará uma tranquilidade enorme para a população.

Enquanto não chegamos a essa resposta, resta aderir à vacinação anual. O Ministério da Saúde encerrou a campanha na última sexta- feira, mas recomendou que estados que não tivessem atingido a meta esperada dessem continuidade ao programa. Pelo balanço do ministério, 35,9 milhões ( 73%) do públicoalvo foram vacinados, enquanto que o estipulado eram 49,7 milhões ( 80%).

Apenas cinco estados já atingiram a meta: Amapá ( 89,4%), Paraná ( 83,5%), Santa Catarina ( 82,2%) Espírito Santo ( 81,8%) e Amazonas ( 81.4%). Idosos, trabalhadores da saúde, crianças, indígenas, gestantes e puérperas ( 45 dias após o parto) estão no grupo de risco.

Segundo o ministério, a vacina é segura e considerada uma das medidas mais eficazes na prevenção de complicações e casos graves de gripe. Ela reduz em até 75% a mortalidade por complicações.

— Esta baixa imunização nos traz grande frustração, porque isto poderá provocar maior número e gravidade dos casos de gripe no inverno — afirma Granato.




Onda saudável

09/06/2015 - Folha de S.Paulo


Uma onda saudável tem atingido com força os principais restaurantes de comida rápida do país.

O "número 1" do cardápio do McDonald's continua sendo o sanduíche com dois hambúgueres, alface e 494 calorias, mas desde o início do ano a rede no país também oferece duas novas opções de salada e um lanche com pão integral e frango grelhado.

No Bob's, duas novas saladas com frango entraram no cardápio neste ano. No Giraffas, os lanches com batata frita e refrigerante sumiram do menu infantil. As únicas opções para crianças agora são arroz, feijão, carne e salada.

As mudanças por aqui seguem uma tendência mundial. Em março, nos EUA, o Burger King tirou o refrigerante do cardápio infantil, e o McDonald's anunciou que vai oferecer produtos de frango sem antibióticos usados em humanos (a medida também vale para o Brasil).

Outras redes gringas, como Taco Bell, de comida mexicana, afirmaram recentemente que vão tirar conservantes, corantes e gorduras trans dos seus produtos.

A revolução não é à toa: enquanto redes tradicionais de fast food têm perdas de faturamento no mundo todo, marcas que já nasceram apoiadas na bandeira da alimentação saudável crescem.

Em 2014, as vendas globais do McDonald's caíram 1% --descontando novas lojas. Aqui, os números ainda são favoráveis: no primeiro trimestre deste ano, o faturamento cresceu 3% em relação ao mesmo período de 2014.

Enquanto isso, o Seletti, rede de comida saudável, espera que o faturamento aumente 45% em 2015.

PRESSãO POPULAR

"Temos pesquisas mostrando que a saúde é um fator preponderante na escolha do consumidor. Para a sobrevivência de todo o setor, as redes têm que mudar", diz João Baptista da Silva Júnior, coordenador do Comitê de Alimentação da Associação Brasileira de Franchising.

"Há uma pressão sobre isso", diz Nilce de Oliveira, socióloga e professora da Universidade Federal da Bahia que, nos dois últimos anos, coordenou pesquisa sobre o hábito alimentar de famílias de bairros pobres de Salvador.

"Mesmo nas classes baixas os valores da alimentação saudável estão difundidos. Ouvi frases do tipo: 'Meu marido não dispensa feijoada, mas a nossa agora é light."

O discurso em prol da boa alimentação e a oferta de produtos saudáveis, porém, ainda não se traduzem em números: as taxas de obesidade no Brasil continuam crescendo --52,5% da população adulta tem excesso de peso, segundo o Ministério da Saúde.

"A mudança de hábito é lenta e difícil. Nas lanchonetes, as opções mais leves são minoria", continua Oliveira.

Além de minoria, as opções leves dos fast food não são tão saudáveis quanto parecem, diz a nutricionista Ana Beatriz Baptistella. "é mais marketing do que outra coisa."

"Tem várias pegadinhas. Salada com frango empanado, suco industrializado cheio de açúcar, e muitos conservantes", alerta a nutricionista Daniela Jobst.

Para ela, redução de sódio ou de calorias não quer dizer comida saudável. "Quanto mais natural, melhor. Difícil uma rede de comida rápida oferecer algo natural", diz.

O QUE DIZEM AS REDES

O McDonald's informou que desde 2011 faz reformulações para reduzir o teor de sódio, açúcar e as calorias dos produtos. "O McDonald's oferece a seus clientes ingredientes de alta qualidade."

O Giraffas disse que os pratos "são desenvolvidos e avaliados por nutricionistas para oferecer o valor nutritivo de uma refeição balanceada".

Segundo o Bob's, é possível incluir ou excluir itens dos pedidos, como por exemplo, pedir uma salada sem molho.

O Burger King informou que está "no DNA da rede a preocupação em oferecer um cardápio que atenda às necessidades de todos os nossos clientes".

Mudanças

Burger King Nos EUA, neste ano tiraram o refrigerante dos combos para criança. No Brasil, há uma opção de salada e um sanduíche com frango grelhado. Em 2009 a rede assinou um compromisso público afirmando que restringiria a publicidade a menores de 12 anos, não anunciaria em escolas de ensino fundamental e iria promover práticas e hábitos saudáveis Bob's Colocou duas novas saladas no menu (totalizando quatro). Além das saladas vende em maçã in natura, lanche com frango grelhado e lanches naturais de atum, peito de peru e pasta de frango KFC Nos EUA, já oferecem várias opções com frango grelhado e fazem campanhas com o nome "Kentucky Grilled Chicken" em vez de "Fried Chicken". No Brasil, desde 2007 há uma opção de frango grelhado e uma salada McDonald's Já tinha reduzido o sódio nos lanches e na batata, e o açúcar dos sucos. Em janeiro deste ano lançou duas saladas, um lanche de frango grelhado com pão integral e tomate como acompanhamento do combo infantil. Também não vai mais vender produtos de frango que foram tratados com antibióticos usados em humanos Giraffas Em 2014, tirou os sanduíches do cardápio infantil (não tem mais combo com lanche) e deu mais destaque aos pratos com carne, salada, arroz e feijão. Em 2013, acabaram com as opções de batata grande e bebidas grandes. Em 2010, diminuíram o sódio dos pratos.




Ambiente é hostil tanto para o atendente como para o atendido

09/06/2015 - Folha de S.Paulo


De um modo geral, os ambientes de saúde no Brasil, por si só, já são hostis, pouco acolhedores, sem qualquer senso de estética e harmonia.

Aqueles que estão na portaria fazendo o primeiro atendimento são, quase sempre, grosseiros e desatenciosos. Raramente você sai satisfeito e recompensado de lá.

A cadeia de violência tem origem quando o familiar chega com seu parente precisando de atendimento.

Eles adentram o recinto já dispostos à briga e não reconhecem naquelas pessoas vestidas de branco profissionais que estão lá para atendê-lo e prestar assistência, apesar do ambiente hostil, mal cuidado, mal estruturado, sem conforto mínimo para eles que passam 8, 12 ou até 24 horas de plantão.

Sem contar as inúmeras vezes em que esses profissionais têm que se valer dos poucos recursos lá disponíveis para prestar a assistência. Tudo isso é violência silenciosa.

O paciente, o familiar, muitas vezes já chegam munidos de uma intolerância absurda e desmedida, confundindo grosserias com cidadania.

Esse clima de violência está adoecendo os profissionais. A intolerância assumiu tal proporção que, por vezes, tem-se a sensação de que estamos em um ambiente policial, e não de saúde. Essa violência tem sido motivo de muitos debates, mas com pouca ação por parte da gestão pública.




Artigo: Brasil pode liderar o caminho para livrar mundo da pólio

09/06/2015 - Folha de S.Paulo


Hoje é Dia Nacional da Imunização e nós estamos mais próximos do que nunca de entrar para a história: podemos erradicar a poliomielite do mundo.

Ao me tornar embaixadora do Rotary na campanha contra a paralisia infantil, me juntei a uma das causas mais importantes para a saúde pública global. Como mãe e brasileira, não posso ser indiferente aos problemas que afetam o mundo ao meu redor, especialmente quando eles podem ser evitados. A pólio não tem cura, mas tem solução: proteger as crianças através da vacinação.

Com o trabalho do Rotary International e da Iniciativa Global para Erradicação da Pólio, houve uma redução de 99% nos casos da doença mundialmente. Mais de 2 bilhões de crianças em 122 países já foram imunizadas desde o lançamento da iniciativa, em 1988. é um trabalho realmente inspirador, no qual voluntários e agentes de saúde muitas vezes arriscam sua vida para levar a vacina às crianças.

Rotary Clubs brasileiros dedicaram inúmeras horas de trabalho voluntário e doaram mais de R$44,5 milhões para a iniciativa de erradicação da pólio. Entre 1986 e 1991, o Brasil recebeu US$6 milhões do Rotary International como parte do programa nacional de imunização contra a pólio. Conseguimos derrotar a pólio rapidamente e criar um excelente programa de imunização de rotina, que é exemplo para o resto do mundo.

Eu fico orgulhosa em saber que o Brasil foi um dos pioneiros neste trabalho, imunizando milhões de crianças durante as Campanhas Nacionais de Vacinação. Além de provar que a vacinação em massa pode ser eficaz, mostramos o seu custo-benefício e sua capacidade de fortalecer a infraestrutura da saúde pública. Os nossos métodos foram reproduzidos em outras partes do mundo e abrimos o caminho para a eliminação da pólio na Américas em 1994.

Este ano, quando visitei a índia, vi o impacto maravilhoso das campanhas de imunização e a alegria de crianças que agora têm a oportunidade de uma vida mais segura e saudável, enquanto ajudei a vaciná-las; e a felicidade nos olhos dos agentes da saúde que ajudaram o país a se tornar livre da pólio no ano passado.

Percebi como é fácil evitar uma vida inteira de sofrimento com apenas duas gotinhas, por isso não deixo de vacinar meus próprios filhos contra doenças preveníveis.

Mas nem tudo foi alegre durante minha visita à índia. Visitei o Hospital St. Stephen em Nova Déli, o único com uma ala pediátrica dedicada ao tratamento de vítimas da pólio. As crianças que contraíram a doença antes que ela fosse controlada no país são uma lembrança de que a nossa luta não acabou e precisamos fazer mais.

Nenhuma criança deve sofrer com uma doença que pode ser evitada, mas a pólio continua endêmica no Paquistão, Afeganistão e Nigéria. Segundo especialistas, se ela não for erradicada agora, poderá se espalhar novamente por todo o mundo, causando até 200 mil novos casos por ano em uma década.

A descoberta do vírus selvagem da pólio em amostras de esgoto no Brasil em 2014 nos faz lembrar que todos os países –mesmo aqueles com excelentes programas de vacinação de rotina– continuam em risco até que a transmissão do vírus seja interrompida em todo o mundo.

Com o apoio financeiro e técnico de toda a sociedade, o Brasil pode ajudar a Iniciativa Global para a Erradicação da Pólio e, enfim, mostrar às outras nações o caminho para um mundo livre da pólio.




Coreia do Sul registra sétima morte por coronavírus; há 95 infectados

09/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Autoridades sul-coreanas divulgaram nesta terça-feira (9) a morte de mais uma pessoa infectada pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), o novo coronavírus –o que eleva a sete os mortos pela doença–, e oito novos casos, o que situa em 95 o número de contágios.

A última pessoa a morrer é uma mulher de 68 anos que já sofria há muito tempo com problemas cardíacos crônicos, segundo o Ministério da Saúde e Bem-Estar.

A mulher, sétima vítima desde que a doença foi detectada no país asiático no último dia 20 de maio, permaneceu hospitalizada nos dias 27 e 28 de maio no Centro Médico Samsung –o hospital com mais casos até agora– onde entrou em contato com um paciente que tinha contraído o coronavírus.

Por enquanto todos os contágios aconteceram em hospitais (há 29 centros afetados por enquanto), motivo pelo qual o governo sul-coreano sustenta que a doença pode ser contida.

De qualquer forma, as autoridades puseram em quarentena mais de 2.500 pessoas, incluindo familiares de pessoas que foram diagnosticadas com a doença.

Com os 95 casos confirmados, a Coreia do Sul é o segundo país com maior incidência da doença depois da Arábia Saudita, algo que faz os especialistas questionarem a incomum rapidez e a amplitude que o surto teve no país asiático.

A MERS, que alcançou seu ponto máximo de contágio há aproximadamente um ano em vários países do Oriente Médio, tem uma mortalidade de aproximadamente 40%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e não pode ser combatido com vacinas ou tratamentos, embora seu contágio também não seja fácil e requeira um contato muito direto.




‘Objetivo é reduzir o atendimento do SUS na Santa Casa’

09/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Na visão do pediatra José Luiz Egydio Setúbal, de 58 anos, demitir funcionários e reduzir a 60% o porcentual de atendimentos feitos pelo Sistema único de Saúde (SUS), hoje na casa dos 95%, são medidas inevitáveis no processo de recuperação da Santa Casa de São Paulo, que acumula dívida de mais de R$ 400 milhões.

O médico é candidato único à vaga de provedor da instituição após a renúncia do advogado Kalil Rocha Abdalla, investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) por supostas irregularidades na gestão. O novo líder da instituição será escolhido pelos cerca de 500 membros da Irmandade hoje. Como apenas Setúbal apresentou candidatura, bastam 70 votos para nomeá-lo. Em entrevista ao Estado, ele avalia a situação da entidade e indica as mudanças que pretende fazer.

A Santa Casa vive uma crise de credibilidade e tem dificuldades para contrair empréstimos. A troca de provedor muda algo?

Quando falamos de credibilidade, eu diria que é de pessoas. Para mim, a situação da Santa Casa é parecida com a da Petrobrás. Nas devidas proporções é o mesmo problema. Na hora em que você tem um grupo de pessoas que toma conta dessa instituição e ela começa a ir para as páginas policiais dos jornais, as pessoas perderam a credibilidade; a instituição, não. Quando as pessoas me procuraram para ser provedor, o que elas querem é a minha credibilidade. Eu, como gestor, posso fazer coisas diferentes do que estão sendo feitas lá, mas não muito diferentes. Os problemas da Santa Casa não serão resolvidos de um dia para o outro. Serão resolvidos no longo prazo.

Após a eclosão da crise, muitos passaram a pedir que o senhor assumisse a gestão da Santa Casa, proposta que rejeitava. Por que mudou de ideia?

Porque a pressão para que eu seja (provedor) é muito grande. Teve abaixo-assinado, conversa com várias pessoas. Infelizmente, tudo que foi dito durante a eleição para provedor (em 2014) acabou acontecendo. Eu não sou nenhum vidente. Qualquer pessoa que tem a mínima capacidade de análise veria que isso ia acontecer. Eu aceitei ser candidato, mas coloquei algumas condições. A primeira é que eu fosse candidato único, porque acredito que, para a Santa Casa se reerguer, precisa de um consenso. A segunda condição era conhecer os números da Santa Casa. Eles foram abertos para mim e eu tomei ciência do tamanho do problema. A terceira condição é que eu queria ouvir os três níveis de poder: federal, estadual e municipal.

E como foram as conversas?

A recuperação da Santa Casa exige uma estratégia e, para desenhá-la, eu preciso saber o objetivo. Vejo pelo menos dois cenários bem diferentes. Um é a Santa Casa se reduzir a um hospital local, para atender o bairro de Santa Cecília, Vila Buarque, centro. Outro é ela continuar sendo um hospital de nível terciário, quaternário, que recebe pacientes do Brasil inteiro. Cada um desses dois cenários opostos tem estratégias diferentes. Para saber qual estratégia, eu preciso saber o que o governo espera. A conversa foi muito nesses termos.

E o que eles esperam? Que mantenha o atendimento amplo?

Com certeza. Eles gostariam que mantivesse. Aí vem a segunda parte da conversa. Como fazer? A Santa Casa é uma entidade privada. Como fazer que ela se mantenha em nível de excelência, se eu não estou conseguindo fechar as contas? O governo não tem dinheiro. A situação econômica do País é de estagnação, então nenhum nível de governo tem dinheiro. Então eu não espero que o governo me dê dinheiro, eu espero que ele me dê condições para que eu supere uma crise, ou seja, vamos renegociar a dívida com a Caixa Econômica.

Como avalia as gestões do ex-provedor Kalil?

Eu fiz parte dessa gestão, eu era da Mesa Administrativa em duas das três gestões dele. Nós pedíamos os dados financeiros em todas as reuniões e não eram passados. Certamente não era por ingenuidade. Agora, não cabe a mim julgar, não sou juiz, não sou polícia. O Ministério Público está investigando. Se o doutor Kalil fez coisas erradas, vai ser penalizado. Se abriram o sigilo bancário de 20 e tantas pessoas, imagino que sejam suspeitas. Eu posso julgar a gestão dele, que acho que foi ruim. E me parece que, do ponto de vista administrativo, é muito ruim. Transformar a dívida de R$ 70 milhões em mais de R$ 400 milhões em seis anos é ineficiência muito grave.

Sabemos que há problemas de financiamento do SUS com os hospitais conveniados, mas os governos dizem que a Santa Casa recebe mais do que produz. Qual é o problema, afinal? Falta de recurso ou má gestão?

Vou te responder com outra pergunta: como é que existem hospitais de excelência que atendem SUS e conseguem sobreviver? Pega o AC Camargo, o Incor, outros hospitais. O subfinanciamento do SUS é claro e evidente, nem vou discutir. Só que, segundo o ministro Arthur Chioro, a Santa Casa de São Paulo recebe quase três vezes a tabela SUS. Quando a gente fala de subfinanciamento do SUS, uma coisa é falar do hospital de Tiririca da Serra, outra coisa é falar da Santa Casa de São Paulo. Eu não sei se três vezes a tabela SUS é suficiente para cobrir os custos. Sei que existem hospitais que atendem 60% do SUS e são saudáveis.

Então reduzir o porcentual de atendimento SUS é uma medida fundamental na Santa Casa?

Vou dar mais uma razão para ficarem me chamando de banqueiro, mas é (fundamental). Não existe jeito de a Santa Casa ou qualquer hospital SUS viver sem subvenção, sem atendimento privado. No caso da Santa Casa, é um hospital privado e tem, por direito, para receber os benefícios, atender 60% do SUS, eu acho que esse seria o objetivo.

Vai tentar um novo modelo de gestão?

é imprescindível. A recuperação da Santa Casa não é nada para os próximos cinco anos. Eu pretendo sair com uma instituição em fase de recuperação, mas que não vai ter pago a dívida, não vai ter recuperado o vigor que ela tinha alguns anos atrás.

Algumas medidas do atual superintendente, Irineu Massaia, estão no caminho certo?

A distância, parece que sim.

Ele, por exemplo, propôs um corte de funcionários...

Provavelmente vai ter de acontecer...

Mas a Mesa Administrativa suspendeu...

Porque não tinha como pagar a indenização. Não tenho dúvida de que vão falar que sou banqueiro, insensível, sem coração, que está cortando tudo, mas faz parte. Se eu não quisesse ouvir isso, não aceitaria ser candidato. E por que eu aceito, sabendo de tudo isso? Porque para mim a Santa Casa é uma causa, uma missão, no sentido que eu fico muito triste em ver a Santa Casa fechar. O hospital não vai fechar, mas a Irmandade pode fechar. E se isso acontecer, é a falência de nós como sociedade. A Santa Casa é vítima do nepotismo, da ineficiência. Se eu conseguir melhorar alguma coisa na Santa Casa, que seja melhorar essa cultura.




Sífilis entre adultos cresce 603% em seis anos em SP

09/06/2015 - O Estado de S.Paulo


O número de casos de sífilis adquirida por adultos teve salto expressivo em seis anos no Estado de São Paulo. Dados da Secretaria Estadual da Saúde divulgados nesta segunda-feira, 8, mostram que, entre 2007 e 2013, o número de novas notificações da doença passou de 2.694 para 18.951, alta de 603%. No fim de maio, o Estado já havia revelado, com base em dados nacionais, crescimento de 1.047% das notificações da doença entre grávidas e de 135% dos casos congênitos.

As estatísticas estaduais mostram que, entre o público em geral, a prevalência é maior entre os homens. Das 73.366 notificações registradas no Estado entre janeiro de 2007 e junho de 2014, 60,3% foram diagnosticadas entre pacientes do sexo masculino.

A faixa etária com mais prevalência da doença é a de 40 a 49 anos, com 18,2% dos novos casos diagnosticados no período. “A prevalência nessa idade é maior porque a sífilis é uma doença antiga e pode ficar anos sem sintomas, mas foi entre os jovens que observamos a maior taxa de crescimento”, revela Artur Kalichman, coordenador adjunto do programa estadual de DST/Aids. Ele afirma que a alta de casos está associada diretamente à diminuição do uso de preservativos e à melhoria do sistema de notificação.




‘A classe médica não pode parar de estudar’

09/06/2015 - O Globo


“Nasci há 36 anos em Porto Alegre. Sou médico, filho de médico, e tive que rever tudo o que aprendi na faculdade depois de entrar em contato com a realidade por trás da indústria. Eu mesmo fui diagnosticado inapropriadamente e tive que usar vários remédios sem necessidade”

Conte algo que não sei.

Nos Estados Unidos, menos de 6% dos médicos recebem uma orientação formal sobre nutrição nas universidades. No Brasil, são menos ainda. Eu mesmo me formei em medicina sem ter uma aula sequer sobre alimentação durante os anos de universidade. Todo médico, de qualquer especialidade, deveria trabalhar em parceria com um nutricionista.

No seu livro, o senhor fala da “nutrigenômica”, uma nova ciência para evitar doenças. Como isso funciona?

Entrei em contato com essa nova área de estudos em um congresso de cirurgia plástica nos Estados Unidos, em 2009, e me apaixonei na hora. Foi a primeira vez que ouvi falar em “otimização de metabolismo”, com ênfase em bons hábitos de vida e alimentação, com o intuito de prevenir doenças.

Qual a diferença entre esse enfoque e o da medicina preventiva como a conhecemos?

Já existem alguns procedimentos da chamada medicina preventiva no Brasil. O problema é que, em geral, os médicos falam sobre a prevenção de doenças de maneira desorganizada. E nem eles se entendem. Um bom exemplo é a mulher que recebe a prescrição do ginecologista para usar determinado anticoncepcional e o endocrinologista diz para ela que o uso daquele hormônio está potencializando o risco de trombose. A nutrigenômica é uma área que olha para a prática da medicina como um todo.

O senhor está dizendo que os diagnósticos são frequentemente imprecisos?

Eu mesmo sofri os efeitos de um diagnóstico inapropriado. Na época da especialização em cirurgia plástica, fui diagnosticado com déficit de atenção. O psiquiatra me receitou um remédio que me deixou alerta, porém, triste e sem sono. Daí, ele me deu mais dois remédios: um para dormir e outro para depressão. De repente, eu me vi usando três remédios sem necessidade, dois deles para problemas que nunca havia tido. é claro que os remédios devem ser usados, se for o caso. Mas não estavam certos para mim. Parei tudo.

Mas, no fim das contas, qual era o seu problema?

Todos os meus hormônios estavam desajustados. Não estavam anormais para a minha idade, mas não estavam apropriados para mim especificamente. Fui descobrindo isso depois de mergulhar nas disciplinas que compõem a nutrigenômica e, aos poucos, mudando meus hábitos de vida, de comida.

Há uma indústria que incentiva o uso de remédios?

Há uma indústria da doença. No Brasil, por exemplo, a comercialização da melatonina, que é um hormônio natural usado para regular o sono, entre outras coisas, quase sem efeitos colaterais, é proibida. Já o Rivotril, um medicamento capaz de provocar efeitos gravíssimos, é tranquilamente utilizado e aceito por todos.

Os médicos ainda acham que são deuses, então?

Existe a dificuldade de admitir que há desconhecimento. Até há pouco tempo, a medicina massacrava os acupunturistas. Hoje, muitos os recomendam. Os bons efeitos da meditação no controle do estresse foram recentemente comprovados por cientistas de Harvard. Falta humildade para entender que não se sabe tudo. A classe médica não pode parar de estudar.

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