
CLIPPING - 22/05/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Empresa fará vacina antes da aprovação
22/05/2015 - O Estado de S.Paulo
Antes mesmo da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o registro no País,a Sanofi Pasteur deu início à produção da vacina contra dengue. De olho no mercado brasileiro e internacional,a empresa deve ter as primeiras doses prontas no próximo semestre.
A previsão, no entanto, é de que o produto esteja disponível para a população em 2016.
“Tínhamos de nos antecipar."
A vacina é de produção completa,são necessários 20 meses para ter o produto”,afirmou a diretora médica do laboratório, Sheila Homsani. Trata-se de um processo bem diferente da vacina da gripe, que em poucos meses pode ser preparada.
A expectativa é de que sejam produzidas 100 milhões de doses do imunizante por ano na fábrica da empresa, na França.
Embora os números sejam altos, há o reconhecimento de que a quantidade da vacina – uma vez liberada–não será suficiente para atender à demanda.
Além do Brasil,pediram registro para vacina de dengue Malásia, México, Indonésia e Filipinas.
Embora o imunizante ainda esteja em fase de análise, há uma sinalização positiva do País para o uso do produto. Antevendo dificuldade para atender à demanda, o Ministério da Saúde determinou a realização de uma pesquisa para definir eventuais grupos prioritários.
A Anvisa recebeu o pedido de registro do medicamento em março. A análise será feita de forma prioritária, diante da dimensão do problema de dengue no Brasil. O prazo para a agência iniciar a análise é de 75 dias.Além deste pedido de registro, está em avaliação na Anvisa o início da fase 3 de testes de outra vacina de dengue, produzida pelo Instituto Butantã em parceria com o National Institutes of Health, dos Estados Unidos.
O prazo para a resposta da Anvisa sobre a terceira fase das pesquisas se esgota na primeira quinzena de junho.
A vacina produzida pela Sanofi Pasteur tem uma eficácia média de 60%. O coordenador do Programa Nacional de Controle de Dengue do Ministério da Saúde,Giovanini Coelho,já afirmou que, sozinha, ela não será capaz de conter a epidemia.
Ativistas pedem fim de patente de droga contra a hepatite C
21/05/2015 - Folha de S.Paulo
Um grupo de advogados está tentando derrubar a patente do Sovaldi, um remédio amplamente utilizado no tratamento de hepatite C no exterior, inclusive no Brasil.
O tratamento com o remédio custa centenas de milhares de reais. Ele é fabricado pela empresa americana Gilead Sciences. Os processos estão sendo abertos pelo Initiative for Medicines, Access and Knowledge, entidade de ativismo judicial sediada nos EUA que está atuando em países com o Brasil, a Argentina, a China e a Rússia.
O Sovaldi, quando prescrito com outros medicamentos, pode curar a maioria dos casos de hepatite C em doze semanas com poucos efeitos colaterais. Nos EUA, o remédio foi incluído no Medicaid, programa de saúde pública voltado para famílias pobres, ao custo de US$ 84 mil (cerca de R$ 250 mil) por tratamento.
Pressionada, a Gilead autorizou 11 fabricantes indianos de remédios genéricos a produzir o princípio ativo do Sovaldi, o sofosbuvir, e a vendê-lo em 91 países em desenvolvimento. Os BRICs não entram nessa lista, porém.
A versão indiana é bem mais barata: custa cerca de US$ 1.000 --ao redor de R$ 3.000. A Índia é um tradicional produtor de remédios genéricos, e suas leis de propriedade intelectual farmacêutica são notoriamente frouxas.
Os ativistas não pretendem derrubar a patente do Solvadi nos Estados Unidos. Segundo eles, o custo de uma disputa judicial naquele país seria muito alto.
No Brasil, o remédio não é atualmente fornecido pelo SUS nem pelos planos de saúde. Alguns escritórios de advocacia, porém, têm se especializado em abrir processos judiciais para obrigá-los a importar e fornecer a droga.
Elton Fernandes, por exemplo, afirma já ter entrado com mais de 80 pedidos envolvendo o medicamento --o remédio está disponível desde 2013. "Esse é um procedimento comum quando estamos tratando de um medicamento tão caro", afirma.
Segundo ele, os tribunais de Justiça, em especial o de São Paulo, têm dado respostas muito positivas aos pedidos. "Em 30 dias o paciente está com o medicamento em mãos", diz.
Além das batalhas na justiça, a Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite tem tentado incluir o Savoldi na lista de medicamentos fornecidos pelo SUS.
Em todo o mundo, estima-se que cerca de 150 milhões de pessoas têm hepatite C, doença que gradualmente destrói o fígado.
OUTRO LADO
Gregg H. Alton, vice-presidente executivo de assuntos médicos e corporativos da Gilead, afirma que a empresa "está tentando, o mais rápido possível, facilitar aos pacientes o acesso mais amplo ao tratamento da hepatite C".
Segundo ele, 50 mil pessoas em países de baixa renda já foram tratadas com o medicamento.
"Nós acreditamos que as ações contra nossa propriedade intelectual são uma consequência inevitável de termos implementado um esforço global de ampliação de acesso aos nossos produtos, que são inovadores", afirmou o executivo.
Alton disse que a Gilead vai assinar um acordo com o governo brasileiro em breve que vai levar ao aumento no número de pacientes tratados.
Em 2014, a empresa farmacêutica californiana gastou US$ 2,8 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de produtos, de acordo com o seu relatório anual.
Não precisamos que nenhuma outra droga seja legalizada
20/05/2015 - Folha de S.Paulo
Quando falamos de drogas de abuso, como o THC, o etanol ou outra droga psicotrópica, não estamos falando de um produto qualquer, e muito menos de um comportamento que se restrinja aos usuários.
Quer seja o uso agudo, quer seja o uso crônico, e até dependente, tais drogas produzem consequências sociais, psicossociais e econômicas, que vão muito além do indivíduo.
O consumo de drogas no país vem crescendo e vive-se a onda das drogas sintéticas.
Estamos falando de substâncias que são mais potentes, modificadas para um mercado diversificado. Todas são substâncias que alteram o cérebro em áreas essenciais à vida, como aquela que define a capacidade de obter alimento para sobreviver, reproduzir a espécie, emocionar-se, filtrar decisões, modelar nossa capacidade de adaptação e proteção.
É por isso que discordo do artigo do colunista J.P. Cuenca, publicado nesta Folha na segunda (18), e acredito que não precisamos de nenhuma outra droga legalizada.
Aliás, deveríamos aprender com aquelas que o são e perceber que a política sobre o tema está engatinhando. A principal vítima deste cenário é o adolescente, cujo cérebro, imaturo biológica e psicossocialmente, está exposto a todas as consequências deste comportamento.
O que precisa "sair do armário" é a parte mais séria de toda esta polêmica: é preciso registrar que existem muitos grupos econômicos na expectativa de mais uma droga legal, um negócio sem precedentes que só pode ser comparado ao comércio de armas e petróleo, e mais, que abrirá espaço para a legalização de todas as drogas no país.
A banalização do consumo de substâncias só serve ao interesse desses grupos.
Enquanto isso, porém, o que enxergamos é um debate cego, reduzido àqueles que são contra ou a favor.
Por que será que não é possível ter garantidos nossos direitos de não usar drogas? E viver em um país onde os princípios humanos de proteção das crianças, adolescentes e famílias sejam prioridades de todos os governos?
Não aceitamos usuários de drogas na prisão, e esperamos que a política preventiva os ajude a desistir do consumo ou evitá-lo. Somos contra uma assistência que só intervenha quando a dependência é tão grave que necessita internação. Não podemos admitir que traficantes fiquem livres para ir e vir em nossas praças sem controle.
A história do mundo, nos últimos 200 anos, mostra que muitos países que liberaram drogas sofreram verdadeiras tragédias sociais. Sem exceção, todos tiveram que endurecer as políticas para controlar a violência, a mortalidade e o aumento do número de dependentes.
O Brasil vive um dos seus maiores problemas de saúde e segurança públicas: o abuso de drogas. É tarefa de todos os brasileiros colaborar para que este fenômeno seja controlado por meio de uma política humana, justa e baseada em evidências, com direito à vida.
Mercado Aberto: Expansão Cosmética
20/05/2015 - Folha de S.Paulo
A MedLevensohn, distribuidora de produtos para a saúde com sede no Rio, terá um complexo logístico e de produção no Espírito Santo.
A unidade ficará no município de Serra, com um investimento de R$ 18 milhões.
No local, serão fabricados produtos de uma linha de dermocosméticos, hoje feitos de forma terceirizada por uma indústria do Paraná.
No segmento de distribuição, a empresa importa e comercializa no país aparelhos como monitores de pressão arterial e termômetros.
"A grande variação cambial registrada desde o fim do ano passado tem causado dificuldades, mas, como saúde é uma área essencial, ainda não houve queda na demanda", diz o fundador e diretor, José Marcos Szuster.
Mercado Aberto: Fim da Zona Cinzenta
20/05/2015 - Folha de S.Paulo
O laboratório Aché tem cerca de 20 projetos de medicamentos fitoterápicos mapeados que devem começar a ser desenvolvidos com a sanção do novo marco.
Cada remédio poderá requerer entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões em aportes para a sua criação.
"O marco legal vai nos dar segurança para investir sem medo de encontrarmos algum entrave adiante, e também a previsão de quanto custará o desenvolvimento da droga", diz Paulo Nigro, presidente da companhia.
Hoje, a Aché tem quatro ou cinco fitoterápicos em fase de criação, mas feitos a partir de plantas medicinais de outros países.
O segmento responde por 5% a 7% do faturamento da companhia. A estimativa é que ele represente entre 10% e 20% nos próximos dez anos, segundo o executivo.
"O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo. A lei traz a possibilidade de as indústrias nacionais terem competitividade global."
R$ 2,1 bilhões
foi a receita líquida da empresa no ano passado, 14,7% maior que em 2013
R$ 702 milhões
foi o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado em 2014
3
são as fábricas no país, em Guarulhos (SP), São Paulo e Anápolis (GO)
4.000
é o número de funcionários
A LUTA POR UM REMÉDIO
08/06/2015 - Istoé
Com a sanção do novo marco legal da biodiversidade nacional nesta quarta-feira (20), indústrias farmacêuticas vão investir pelo menos R$ 332 milhões em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos até 2016. A estimativa é da FarmaBrasil, entidade que representa laboratórios como Aché, Biolab, Bionovis, Cristália, EMS e Eurofarma, com base em seus associados.
A mudança trará segurança jurídica no desenvolvimento de drogas feitas a partir de plantas medicinais encontradas no Brasil e mais rapidez para a liberação.
Hoje, a autorização para o início de pesquisas clínicas demora cerca de quatro anos. Com o novo marco, as empresas precisarão somente de um cadastro autodeclaratório.
"Além das indústrias que interromperam o desenvolvimento de novas drogas, há também laboratórios que ainda não estão nesse mercado, mas que querem entrar", afirma Reginaldo Arcuri, presidente da entidade.
A Biolab retomou seis projetos que estavam parados, que demandarão em torno de R$ 120 milhões em aportes.
"Estamos sendo procurados por empresas interessadas em desenvolver drogas em conjunto, o que antes não ocorria", diz Dante Alário, sócio-diretor da Biolab.
O grupo quer ampliar de 3% para 15% a participação do segmento no faturamento em até seis anos.
Por que o Marco da Biodiversidade divide farmacêuticas e ambientalistas?
21/05/2015 - BBC Brasil
Cercado em polêmicas, o Marco da Biodiversidade foi sancionado na quarta-feira pela presidente Dilma Rousseff sob a promessa de destravar a pesquisa científica e o desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos a partir de recursos naturais do país.
A nova lei – que substituiu uma antiga legislação mais burocrática - foi festejada pela indústria farmacêutica e criticada por ambientalistas e comunidades donas de conhecimentos tradicionais, como indígenas, quilombolas e extrativistas.
De um lado, o Grupo FarmaBrasil, que reúne laboratórios farmacêuticos brasileiros, estima que o novo marco vai gerar a "aplicação de R$ 332 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas drogas baseadas na flora brasileira até o final de 2016". De outro, comunidades tradicionais dizem que essa legislação ameaça seus direitos garantidos internacionalmente.
Regras internacionais preveem que esses grupos devem ser compensados no caso de seus conhecimentos sobre o uso de recursos naturais, como ervas ou secreções de animais, servirem para o desenvolvimento de produtos – é o caso, por exemplo, de uma combinação de ervas criada por um povo indígena que gere um medicamento ou cosmético.
Embora a nova lei estabeleça compensações, elas estão sendo consideradas insuficientes, já que o marco isenta pequenas companhias e produtores de insumos do pagamento. Apenas grandes empresas que venderem produtos finais, em que o elemento da biodiversidade brasileira tiver peso importante no valor do produto, deverão pagar as compensações.
"A legislação anterior era muito ruim, tão burocrática que não gerava negócios. Mas há tantas isenções agora, que o fato de haver mais negócios não significa que as compensações crescerão da forma como deveriam”, argumenta Nurit Bensusan, assessora do Instituto Socioambiental, umas das organizações que crítica o novo marco.
O governo e a indústria farmacêutica, por sua vez, argumentam que as isenções são necessárias para viabilizar economicamente o setor. Segundo a diretora-executiva adjunta do Grupo FarmaBrasil, Adriana Diaféria, o pagamento de compensações sobre produtos intermediários da cadeia encareceria esses insumos baseados em recursos naturais do país, estimulando sua substituição por itens equivalentes, gerados de outros materiais.
A administração de Dilma Rousseff sustenta que a nova legislação significará sim mais compensações, na medida em que facilitará a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos. Na cerimônia de sanção, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou que nos últimos 12 anos foram firmados apenas 136 contratos de repartição de benefícios - 80% deles nos últimos três anos - devido à antiga legislação. "Será reduzida a burocracia para o desenvolvimento de novos produtos. A biodiversidade começará a ser vista como ativo estratégico do desenvolvimento econômico", observou.
Ao sancionar o extenso marco, a presidente fez apenas seis vetos pontuais, divulgados nesta quinta-feira, que não afetam a essência do projeto. Entre eles, eliminou uma das isenções ao vetar o dispositivo que determinava que produtos gerados agora a partir de pesquisas iniciadas antes de 2000 não gerariam compensações.
'Ruindade'
Uma das lideranças das comunidades tradicionais, Manoel Cunha, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, diz que apesar de toda "ruindade", a nova legislação é melhor que a anterior.
Ainda assim, frisa que o novo marco não atende aos povos tradicionais em sua totalidade e se queixa do peso maior que as empresas tiveram ao longo do processo de negociação com o governo e o Congresso.
"Comemos mosca, fomos mais lentos do que as empresas. As empresa foram para dentro, colocaram todas a suas ideias e sua força política, e o governo conduziu (o processo) à luz delas", disse.
Cunha esteve na cerimônia de sanção da nova lei junto com mais 17 lideranças dessas comunidades que vieram à Brasília nesta semana para um seminário sobre biodiversidade. "Estávamos muito revoltados inicialmente, mas tomamos a decisão política de ir à cerimônia para negociarmos. Esperamos poder fazer uma regulamentação que possa dar uma cara mais de povos e comunidade tradicionais para essa lei que está muito empresarial", explicou.
Em seu discurso, Dilma disse que "as empresas, os representantes da academia e povos e comunidades tradicionais têm que participar em um processo em que o objetivo é tornar a regulamentação prática, ágil, eficiente e que garanta que todos ganhem".
Na abertura de sua fala, porém, deu especial destaque ao papel da indústria no processo de formulação da nova lei. Após citar inúmeras autoridades presentes, Dilma dirigiu "um cumprimento especial a uma pessoa que lutou bastante pela aprovação dessa lei, pelo envio dessa lei. Eu me refiro ao presidente da Febrafarma (Grupo Farmabrasil, na verdade), o (Reginaldo) Arcuri".
A proposta do marco foi construída dentro do Ministério do Meio Ambiente, com participação ativa da indústria farmacêutica, e depois encaminhada para apreciação no Congresso, onde as comunidades tiveram mais envolvimento nas discussões. Mas, embora os senadores tenham acatado sugestões desses grupos, elas foram derrubadas na votação da Câmara dos Deputados.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Franciso Gaetani, reconheceu à BBC Brasil que os povos tradicionais não tiveram tanta participação no debate de formulação do marco, mas disse que as críticas ao conteúdo da lei eram improcedentes e que a nova legislação beneficiava os grupos tradicionais.
'Ruindade'
Uma das lideranças das comunidades tradicionais, Manoel Cunha, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, diz que apesar de toda "ruindade", a nova legislação é melhor que a anterior.
Ainda assim, frisa que o novo marco não atende aos povos tradicionais em sua totalidade e se queixa do peso maior que as empresas tiveram ao longo do processo de negociação com o governo e o Congresso.
"Comemos mosca, fomos mais lentos do que as empresas. As empresa foram para dentro, colocaram todas a suas ideias e sua força política, e o governo conduziu (o processo) à luz delas", disse.
Cunha esteve na cerimônia de sanção da nova lei junto com mais 17 lideranças dessas comunidades que vieram à Brasília nesta semana para um seminário sobre biodiversidade. "Estávamos muito revoltados inicialmente, mas tomamos a decisão política de ir à cerimônia para negociarmos. Esperamos poder fazer uma regulamentação que possa dar uma cara mais de povos e comunidade tradicionais para essa lei que está muito empresarial", explicou.
Em seu discurso, Dilma disse que "as empresas, os representantes da academia e povos e comunidades tradicionais têm que participar em um processo em que o objetivo é tornar a regulamentação prática, ágil, eficiente e que garanta que todos ganhem".
Na abertura de sua fala, porém, deu especial destaque ao papel da indústria no processo de formulação da nova lei. Após citar inúmeras autoridades presentes, Dilma dirigiu "um cumprimento especial a uma pessoa que lutou bastante pela aprovação dessa lei, pelo envio dessa lei. Eu me refiro ao presidente da Febrafarma (Grupo Farmabrasil, na verdade), o (Reginaldo) Arcuri".
A proposta do marco foi construída dentro do Ministério do Meio Ambiente, com participação ativa da indústria farmacêutica, e depois encaminhada para apreciação no Congresso, onde as comunidades tiveram mais envolvimento nas discussões. Mas, embora os senadores tenham acatado sugestões desses grupos, elas foram derrubadas na votação da Câmara dos Deputados.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Franciso Gaetani, reconheceu à BBC Brasil que os povos tradicionais não tiveram tanta participação no debate de formulação do marco, mas disse que as críticas ao conteúdo da lei eram improcedentes e que a nova legislação beneficiava os grupos tradicionais.
Capacitação
Além de maior participação na regulamentação da lei, as comunidades cobram também a criação de um conselho de assistência com objetivo de qualificar esses povos no entendimento do marco, para que possam negociar os acordos com as empresas. Essa foi uma das propostas aprovadas no Senado, mas depois excluída na Câmara dos Deputados.
As novas regras modificaram a forma como empresas e cientistas dão início às pesquisas e firmam acordos com as comunidades. Agora, não é preciso mais autorização prévia para pesquisar, mas apenas para comercializar produtos desenvolvidos ao fim desses estudos. Para iniciar pesquisas, bastará um registro eletrônico.
Já a autorização para comercialização do produto e o contrato de repartição de benefícios entre empresas e grupos tradicionais poderão ser firmados até um ano depois do seu lançado no mercado - esse prazo visa dar tempo para que as companhias avaliem o potencial mercadológico do produto antes de fixar as compensações a serem pagas.
Os recursos vão diretamente para as comunidades ou para um fundo gerido pela União, dependendo do caso. Por exemplo, se o produto usar recurso genético da biodiversidade brasileira que não estava associado a um conhecimento tradicional, a compensação vai para esse fundo ou pode ser implementada diretamente pela empresa em forma de ações de preservação ambiental.
A regulamentação detalhará como se dará esse registro eletrônico. Nurit Bensusan, do ISA, defende que ele seja “bem completo” para garantir a rastreabilidade da pesquisa e dos produtos que sejam gerados.
O processo de regulamentação também deve abordar outro tema polêmico, que é a forma como serão negociados os acordos em caso de mais de uma comunidade possuir o conhecimento tradicional usado no desenvolvimento do produto.
Segurança jurídica
O modelo anterior de autorização de pesquisa, considerado mais confuso e burocrático, levou à aplicação de muitas penalidades sobre empresas e instituições acadêmicas.
Desde 2005, quando entrou em vigor um decreto regulando as sanções no caso de desrespeito dessas regras, o Ibama já aplicou mais de R$ 230 milhões em multas, resultado de quase 600 autos de infrações contra instituições brasileiras e multinacionais.
Entre elas estão grandes empresas (Avon, Natura, Ambev, Boticário, Johnson & Johnson, L'Oréal, Unilever, etc), laboratórios e farmacêuticas (Pfizer, Abbott, Medley, Merck, etc); e até mesmo a Embrapa (estatal que faz pesquisas para o setor agropecuário) e universidades públicas (USP, UERJ, UFMG, UFRGS, UFPB, etc), que costumam recorrer das multas.
Adriana Diaféria, do Grupo FarmaBrasil, disse que o setor ficou "bastante satisfeito" com o novo marco, que trará "mais segurança jurídica para os investimentos".
Já a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) - instituição que representa mais de 120 sociedades científicas – comemorou parcialmente a nova legislação. Se por um lado a comunidade acadêmica considerou positiva a desburocratização da pesquisa, de outro lamentou “o retrocesso aos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais”.
"Em nosso entendimento, a ética e o respeito aos direitos adquiridos é condição sine qua non para o desenvolvimento de uma ciência séria", disse a presidente da SBPC, Helena Nader, em artigo no portal da instituição.
Homem mexe braço robótico com a mente
22/05/2015 - Folha de S.Paulo
Depois de mais de uma década, finalmente o americano Erik Sorto, 32, pode tomar uma cerveja sem ajuda de ninguém. Ele era membro de uma gangue em Los Angeles, e um tiro o deixou tetraplégico aos 21 de idade, após uma emboscada em que morreu um amigo.
Durante os últimos meses, ele foi voluntário de um projeto de pesquisa que utilizou chips implantados no cérebro com a finalidade de controlar os movimentos de um braço robótico. Os resultados são promissores.
"Foi fantástico. Eu estava esperando por 13 anos para poder tomar uma cerveja sem ajuda. Não sei se as pessoas conseguem entender o que isso significa. Eu sempre tinha que ficar pedindo para os outros", afirmou ele.
A pesquisa, publicada na edição desta semana da revista científica "Science", teve a participação de institutos de pesquisa da Califórnia e do centro nacional de reabilitação "Racho Los Amigos", todos nos EUA.
Sorto já conseguiu, por exemplo, jogar jankenpon (pedra, papel e tesoura), realizar apertos de mão e manusear um liquidificador.
Apesar de parecerem simples, essas tarefas exigem diversos movimentos combinados, com a contração e relaxamentos de vários músculos para serem executadas.
O problema, segundo os cientistas, é que em geral as pesquisas focam em uma área do cérebro chamada de córtex motor primário, responsável pela execução dos movimentos.
O movimento conseguido com o implante de um chip nessa região é "engasgado", brusco e difícil. É como se, para tomar um copo d'água, tivéssemos que pensar em como mexer o ombro, o braço, a mão e os dedos --tudo ao mesmo tempo.
Nesse caso, quando se concentra em mexer os dedos, o movimento do ombro para ou retrocede, por exemplo. Daí a dificuldade para se cumprir uma tarefa que normalmente seria simples. A proposta dos cientistas foi a de explorar uma outra área do cérebro, o córtex parietal posterior, geralmente relacionado ao planejamento do movimento, e não à sua execução.
Por exemplo, quando Sorto pensa "quero um copo d'água", seu cérebro organiza as ações (e disparos elétricos de neurônios) que realizariam o movimento. O computador processa essa intenção e comanda o braço robótico para executar a ação.
Apesar das dificuldades, Sorto diz não ter tido dificuldades para se adaptar ao braço robótico: "Fiquei surpreso de quão fácil era. Eu queria sair correndo por aí e fazer um high-five com todo mundo".
"Foi uma grande surpresa que o paciente tenha conseguido controlar o braço robótico no primeiro dia em que ele tentou", diz Richard Andersen, pesquisador do Instituto de Tecnologia da Califórnia que coordenou estudo.
"É impressionante porque ele não pode mover, mas sempre conseguiu imaginar-se movendo. Então pudemos no basear nessa imaginação."
O Brasil ainda está bem atrás dos EUA no que diz respeito ao estudo interface cérebro-máquina, de acordo com o neurocientista da USP Koichi Sameshima.
Trabalhando na Universidade Duke, nos Estados Unidos, o brasileiro Miguel Nicolelis é um dos principais pesquisadores nessa área.
O cientista brasileiro tinha como objetivo fazer um jovem se levantar de uma cadeira de rodas, andar e chutar uma bola na abertura da Copa de 2014 --o objetivo foi apenas parcialmente atingido.
Nicolelis era um entusiasta do implante cerebral, tal qual os utilizados na pesquisa conduzida por Andersen, mas acabou optando por uma técnica mais simples na Copa. Procurado pela Folha, Nicolelis não comentou a pesquisa californiana.
Governo federal sanciona novo marco legal da biodiversidade
21/05/2015 - Folha de S.Paulo
Durante evento nesta quarta-feira (20) no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff sancionou o Marco da Biodiversidade.
Ele regulamenta o acesso ao patrimônio genético de plantas e animais do país, além de conhecimentos indígenas e tradicionais associados. Segundo a presidente, a atual legislação "tinha muitas falhas" que "desestimulavam os investimentos".
O objetivo das novas regras é desburocratizar a pesquisa, especialmente na indústria farmacêutica e de cosméticos.
Os obstáculos tinham sido herdados de uma medida provisória do ano 2000, que determinava a necessidade de autorização prévia das pesquisas pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen), do Ministério do Meio Ambiente. A espera para conseguir tal documento era de cerca de 18 meses.
Com o novo marco, tal requisito foi substituído por um cadastramento voluntário e eletrônico.
A lei prevê ainda, como regra geral, a divisão de benefícios com povos indígenas e comunidades locais no valor de 1% da receita líquida obtida com produtos desenvolvidos a partir de seu conhecimento tradicional.
Por fim, o texto anistia multas de mais de R$ 200 milhões de empresas e pesquisadores que desrespeitaram a legislação anterior. O benefício fica restrito àqueles que se comprometerem a se adequar às novas regras.
Para Dilma, a burocracia que envolvia o processo era, na verdade, "uma fiscalização distorcida" e a nova lei servirá para melhorar as condições de exploração da biodiversidade do país, sem gerar "extremos conflitos".
"Nós conseguimos elaborar uma legislação que gera inovação a partir de pesquisas em ciência e tecnologia", disse Dilma. "Estamos garantindo que pesquisadores não tenham limites para pesquisar e que as empresas possam utilizar esse conhecimento".
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Ficou mais fácil fazer pesquisa agora?
Sim. Para fazer pesquisas envolvendo a biodiversidade nacional --para desenvolver um novo medicamento, por exemplo--, não será mais preciso pedir autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen).
E a questão dos royalties?
Empresas pagarão a indígenas e comunidades locais 1% da receita líquida obtida com produtos desenvolvidos a partir de seu conhecimento tradicional. O valor pode ser reduzido, porém, a 0,1% para determinados setores, se o governo federal, após ouvir comunidades, avaliar que isso é importante para aumentar a competitividade dos produtos.
Estudo alerta para risco da gripe para saúde da gestante e feto
21/05/2015 - Folha de S.Paulo
O governo de São Paulo anunciou nesta quinta a prorrogação da campanha de vacinação contra a gripe. Entre os alvos da campanha estão as grávidas, as crianças menores de 5 anos e as puérperas (mulheres que tiveram filhos nos últimos 45 dias).
De acordo com balanço da Secretaria de Saúde de São Paulo, a menor adesão à campanha ocorreu entre esses dois primeiros grupos. Só 33% das crianças e 38,4% das grávidas foram imunizadas até agora. Para incentivar a vacinação, a campanha, que se encerraria nesta sexta, foi estendida até 4 de maio.
A Secretaria de Saúde também divulgou estudo da infectologista Ana Freitas Ribeiro, médica do Emílio Ribas e ex-diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria, mostrando o efeito da gripe sobre a gestante e seu feto.
O trabalho observou mulheres grávidas que tiveram gripe A H1N1 durante a pandemia de 2009.
De acordo com o levantamento, 48 gestantes morreram no Estado de São Paulo com quadro de doença respiratória aguda na época. Em 26 dos casos (ou 54%), houve perda fetal (aborto ou morte do bebê) em função das complicações na saúde da mãe.
Outras 185 mulheres que foram internadas por conta de gripe conseguiram sobreviver à doença, porém 24 (ou 12%) delas acabaram dando à luz enquanto estiveram internadas e em quase metade destes casos (11), os bebês nasceram prematuros.
A vacinação contra a gripe para as grávidas começou no ano seguinte, em 2010.
A composição da vacina é atualizada anualmente, segundo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), para ampliar a chance de eficácia. A vacina aplicada na campanha é a trivalente. Ou seja, protege contra três vírus: H1N1, H3N2 e B.
Hospitais já somam casos da doença entre crianças
22/05/2015 - Folha de S.Paulo
A temporada de gripe já começou, e os primeiros a sofrer são as crianças.
Elas têm o sistema imunológico mais frágil, vivem mais aglomeradas, nas escolas, e também trocam fluidos mais facilmente --com o "empréstimo" de chupetas e mamadeiras, por exemplo. Além disso, as crianças têm carga viral maior e contagiam os outros por mais tempo.
No Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, os casos de gripe começaram a aparecer neste mês. "Até agora, tivemos uns dez casos de gripe A (H3N2) diagnosticados por meio de exame", afirma Francisco Ivanildo de Oliveira, infectologista do hospital.
Um médico consegue diferenciar, pelos sintomas, a gripe de um resfriado comum. O tipo de gripe, porém, só é confirmado por meio de exame que analisa uma amostra de secreção do paciente.
No hospital Albert Einstein, o pronto-socorro também já começou a receber pacientes com gripe A. "Atendemos pacientes com gripe A (H1N1), mas foram mais casos de A (H3N2)", afirma o infectologista Jacyr Pasternak. Nenhum deles precisou de internação.
O auge da temporada da gripe ainda não chegou, porém. A Folha esteve em três hospitais particulares e um público da região central da cidade e a maioria dos casos de infecção não eram gripe.
Segundo Oliveira, do hospital Sabará, o mais comum é o vírus sincicial respiratório, que atinge recém-nascidos e crianças pequenas e, na maioria dos casos, provoca sintomas mais leves, similares aos de um resfriado Para os adultos, a gripe entre as crianças pode servir de alerta. A epidemia costuma ter início entre os pequenos e depois atinge os maiores, segundo Lúcia Bricks, diretora de Saúde Pública da farmacêutica Sanofi Pasteur. "Os vírus do tipo B atingem a criançada umas três semanas antes dos adultos. No caso do A (H1N1), são uns dez dias antes", diz Bricks.
De acordo com o secretário-adjunto de Saúde do município, Paulo Puccini, que acaba de sair de uma gripe, os números registrados para esta época do ano estão dentro de um padrão normal.
GRIPE A OU B
Os vírus mais responsáveis pelas epidemias de gripe são o A e o B. Não há diferença de gravidade entre eles --o A só é mais transmissível.
A vacina disponível na rede pública protege contra os vírus A (H1N1), A (H3N2) e B (linhagem Yamagata).
Neste ano, porém, a campanha começou um pouco mais tarde, por demora na produção da vacina.
Todos os anos, os vírus sofrem mutações e precisam ser atualizados. "Desta vez, duas linhagens mudaram, o que levou mais tempo", afirma Lúcia Bricks, da Sanofi.
Segundo os especialistas, porém, isso não deve aumentar o número de casos.
"Ainda é hora de se vacinar. Se as pessoas se protegem nessa época, estarão imunes quando o inverno chegar de verdade", diz Sérgio Ernesto Costa Gonçalves, infectologista pediátrico do instituto Emilio Ribas. Com a queda de temperatura, a aglomeração e os ambientes fechados facilitam a transmissão do vírus.
Prazo para vacinação da gripe deve ser estendido
22/05/2015 - Folha de S.Paulo
Sem conseguir atingir a meta, a campanha de vacinação contra a gripe deve ser prorrogada no país. Inicialmente, o programa terminaria nesta sexta (22), mas deve se estender por ao menos mais duas semanas, segundo secretarias estaduais de Saúde ouvidas pela Folha.
Desde 5 de maio, foram vacinadas 19,1 milhões de pessoas --apenas 38,6% do público-alvo da campanha, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
O governo, porém, adquiriu 54 milhões de doses para este ano e tinha como meta vacinar até 80% do grupo prioritário, estimado em 49,7 milhões de pessoas (incluindo crianças, idosos e gestantes, por exemplo).
Uma nova data para o fim da campanha deve ser anunciada nesta sexta. Para isso, o governo federal está consultando os Estados. A prorrogação, porém, já foi dada como certa em muitos deles.
Em São Paulo, onde a cobertura atinge 47% do público-alvo, a aplicação das vacinas nos postos de saúde segue agora até 3 de junho, segundo o governo estadual.
Santa Catarina e Alagoas optaram por estender até 5 de junho. A campanha também seguirá até dia 5 no município do Rio de Janeiro.
Apesar da prorrogação, o ideal é que a vacinação ocorra ainda antes da chegada do inverno, porque o período de maior circulação da gripe vai do final de maio a agosto. Além disso, o organismo leva de duas a três semanas para produzir anticorpos depois da vacina.
SEGUNDO TEMPO
Essa não é a primeira vez que a vacinação precisa ser prorrogada. Nos últimos três anos, a campanha foi estendida por não atingir a meta dentro do prazo inicialmente previsto.
Até agora, a maior cobertura nos grupo prioritários ocorre entre mulheres com até 45 dias pós-parto --neste grupo, 54% das mulheres já foram imunizadas. Em seguida, estão idosos e crianças de seis meses a menores de cinco anos, com índices de cobertura de 43% e 38%, respectivamente.
O público-alvo é composto ainda por gestantes, trabalhadores de saúde, indígenas, pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, presos e funcionários do sistema carcerário.
Nos Estados, somados todos esses grupos, os índices de cobertura variam entre 22% (caso do Acre) e 59% (Rio Grande do Sul), segundo o Ministério da Saúde.
Neste ano, a vacina distribuída protege contra três subtipos do vírus da gripe, que apresentam mais chance de complicações: A/H1N1, A/H3N2 e influenza B.
Segundo o ministério, a necessidade de incorporação de duas novas cepas do vírus fez com que a campanha de vacinação deste ano fosse iniciada mais tarde em relação à do ano anterior.
Apesar disso, a pasta nega atrasos. Ao todo, foram investidos R$ 487,6 milhões na aquisição das doses.
A imunização é contraindicada para pessoas que já tiveram reações em doses anteriores ou para aqueles que têm alergia a ovo.
Casos de dengue começam a cair; mortes chegam a 13
22/05/2015 - Folha de S.Paulo
Balanço da Prefeitura de São Paulo divulgado nesta quinta (21) mostra que os casos confirmados na cidade entraram em tendência de queda, mas mortes causadas pela doença já chegam a 13.
Depois de atingir um pico em abril, com 8.127 confirmações em uma única semana, os registros da doença na capital paulista caíram para 2.122 na segunda semana de maio.
De acordo Paulo Puccini, secretário-adjunto de Saúde, a situação epidêmica está "muito próxima do final", devido à chegada do clima frio e seco.
Puccini reforçou a tese da prefeitura de que a crise hídrica na Grande São Paulo --que favorece o acúmulo de água pelos moradores-- vai continuar a turbinar os casos de dengue no verão de 2016. "Precisamos estar alertas novamente."
BNDES aprova crédito para construção de hospitais em SP
20/05/2015 - Valor Econômico
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou, nesta quarta-feira, nota na qual informou que aprovou financiamento de R$ 476 milhões ao Estado de São Paulo, para a construção de três hospitais de alta complexidade.
O investimento total no empreendimento é de R$ 978,2 milhões, e a expectativa é de que os hospitais gerem 1.300 empregos diretos e indiretos na fase de implantação e 1.600 na fase de operação.
As unidades serão construídas em São José dos Campos, Sorocaba e na capital. No total, 626 leitos serão disponibilizados nos novos hospitais, sendo 184 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Incluído no Plano Estadual de Saúde (PES), referente ao período de 2012 a 2015, o projeto será realizado por meio de uma Parceira Público Privada (PPP), já constituída pelo Governo Estadual.
O financiamento aprovado pelo BNDES atende apenas à parcela pública do negócio. Em fevereiro último, o BNDES aprovou quatro operações de empréstimo-ponte e capital de giro para os parceiros privados responsáveis pela implantação das unidades, no valor total de R$ 163,7 milhões.
O crédito está de acordo com o Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal do Estado de São Paulo, e a operação já conta com autorização legislativa, por meio da lei estadual 15388/14.
Segundo a nota do BNDES, o projeto visa reduzir o déficit de oferta de serviços de saúde e tratamento especializado nessas regiões. Em Sorocaba e São José dos Campos, as unidades serão voltadas para terapia intensiva, ortopedia, traumatologia, cardiologia e neurologia.
Já em São Paulo, haverá ampliação do atendimento em ginecologia, oncologia e reprodução, com o incremento do Centro de Referência em Saúde da Mulher (CRSM), que tem como objetivo atender os habitantes da Região Metropolitana. De acordo com o projeto, a atual unidade do CRSM será transferida para um complexo de edifícios a ser construído na região da Luz, na capital paulista.
Justiça manda Santa Casa de SP pagar salários atrasados a 270 funcionários
20/05/2015 - Folha de S.Paulo
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que a Santa Casa de São Paulo pague em até 30 dias os salários atrasados a uma parte dos funcionários do hospital. O não cumprimento do prazo poderá render multa à instituição.
A ação beneficia 270 funcionários de áreas administrativas e alguns setores de manutenção, além de auxiliares e técnicos de enfermagem que são representados pelo Sinsaúde (sindicato da categoria), e estão sem receber os salários de novembro e parte do 13º salário de 2014.
A juíza Danielle Viana Soares, da 41ª Vara do Trabalho de São Paulo, também determinou que a Santa Casa pague multas pelo atraso no pagamento, mas rejeitou o pedido de pagamento de indenização por danos morais feito pelo sindicato. A decisão não beneficia médicos e funcionários atendidos por outros sindicatos.
Segundo a Santa Casa, não foram pagos os salários de novembro aos profissionais com salários superiores a R$ 6.000, o que equivale a 8% da folha de pagamentos do hospital –ou 699 funcionários–, e apenas quem recebe até R$ 3.000 recebeu parte do 13º.
Entre os médicos, todos estão sem receber o 13º salário e 437 não receberam o salário de novembro, de acordo com o Simesp (sindicato dos médicos).
A Santa Casa disse, em nota, que ainda está avaliando a sentença e que está trabalhando para honrar seus compromissos. "A instituição reconhece o valor de seus colaboradores e compreende a busca pelo cumprimento de seus direitos", ressaltou a entidade.
CRISE
Segundo uma auditoria contratada pelo governo do Estado de São Paulo no fim do ano passado, a dívida da Santa Casa de São Paulo supera os R$ 770 milhões. Só os débitos com fornecedores superam R$ 100 milhões.
Em julho de 2014, a instituição chegou a fechar o atendimento de urgência e emergência por pouco mais de um dia. À época, o hospital alegou a falta de recursos para comprar medicamentos e materiais como seringas e agulhas.
No começo do ano, o hospital anunciou que demitiria 1.100 funcionários para aliviar as contas. Dias depois, porém, a decisão foi suspensa.
Com a crise, o provedor da Santa Casa de São Paulo, Kalil Rocha Abdalla, que estava licenciado desde janeiro, renunciou ao cargo no mês passado.
Com baixo estoque, Saúde inicia campanha para coleta de leite materno
20/05/2015 - Folha de S.Paulo
"Amamentar o próprio filho é um ato de amor, mas doar leite e ajudar a alimentar outros bebês é um ato de amor ainda maior. Esse gesto de solidariedade salva vidas e forma o futuro de muitas crianças", disse a ministra interina da Saúde Ana Paula Soter durante o lançamento da campanha para aumentar o número de doadoras voluntárias de leite materno aos bebês prematuros.
Segundo dados da pasta, o volume de leite materno coletado, atualmente, representa de 55% a 60% da real demanda no país. De janeiro a dezembro de 2014, foram coletados, em todo o país, 184 mil litros de leite materno, beneficiando a 178 mil recém-nascidos. Ao todo, 164 mil mulheres doaram neste período. De 2008 até 2014 foi registrado aumento de 11% no volume de coletas de leite no Brasil.
Com o tema "Seja doadora de leite materno e faça a diferença na vida de muitas crianças", o ministério pretende ampliar o volume de leite materno coletado e distribuído para os recém-nascidos, especialmente os prematuros de baixo peso internados nas UTIs. A meta do Ministério da Saúde é aumentar em 15% o volume do leite coletado com a campanha, que também marca a comemoração dos 30 anos de Políticas Públicas dos Bancos de Leite Humano.
Ana Paula Soter destacou ainda a importância dos bancos de leite para salvar a vida dos bebês prematuros. "A nossa rede de banco é a maior e mais completa do mundo. Temos hoje 215 bancos de leite espalhados por todo o Brasil e cada Estado tem, pelo menos, uma unidade, além dos postos de coleta", explicou.
A apresentadora Maria Paula, Embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, também a função social na doação de leite materno. "Amamentar é uma função social, um vínculo afetivo muito grande. Doar leite é que nem amor: quanto mais se dá, mais ele jorra dentro de você", disse.
Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções, diarreias e alergias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido, além de ficar menos tempo internado. O aleitamento materno também diminuiu o risco de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade e colesterol.
Além disso, a amamentação também reduz o peso da mãe mais rapidamente após o parto e ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia após o parto. As chances de se adquirir diabetes ou desenvolver câncer de mama e de ovário também diminuem significativamente.
COMO DOAR
Para ser doadora, a mulher estar saudável e não estar tomando nenhum medicamento que interfira na amamentação. Antes da coleta, é aconselhável que a doadora faça uma higiene pessoal, cobrindo os cabelos com lenço ou touca, usando pano ou máscara sobre o nariz e a boca, lavando bem as mãos e os braços, até o cotovelo, com bastante água e sabão. As mamas devem ser lavadas apenas com água e, em seguida, secadas com toalha limpa.
O leite deve ser coletado em local limpo e tranquilo. O leite humano extraído para doação pode ficar no freezer ou no congelador da geladeira por até 10 dias. Nesse período, deverá ser transportado ao banco de leite humano mais próximo da sua casa.
O Brasil possui a maior e mais complexa rede de bancos de leite do mundo. Atualmente, conta com 215 bancos de leite e 98 postos de coleta distribuídos em todos os estados. Nos últimos quatro anos, o Ministério da Saúde já repassou R$ 3,2 milhões para custeio do serviço no país.
O modelo do Banco de Leite Humano Brasileiro é referência internacional e, desde 2005, o país exporta técnicas de baixo custo para implementar bancos de leite materno em 25 países da América Latina, Caribe Hispânico, África Portuguesa e Península Ibérica. Uruguai, Venezuela e Equador receberam as primeiras tecnologias transferidas e Portugal e Espanha receberam os primeiros bancos no modelo brasileiro.
Um terço dos distritos da capital paulista não tem leito hospitalar
20/05/2015 - O Estado de S.Paulo
Quase um terço dos 96 distritos da capital paulista não tem leito hospitalar e a variação entre a oferta desse tipo de serviço entre os bairros paulistanos chega a 881 vezes. Os números fazem parte do Mapa da Desigualdade em São Paulo, apresentado ontem pela Rede Nossa São Paulo. Essa publicação mostra ainda distorções em indicadores de educação, cultura, habitação e segurança, por exemplo.
No caso da saúde, o mapa revela que enquanto o Jardim Paulista, na zona oeste, tem 35,53 leitos por mil habitantes, a Vila Medeiros, distrito da zona norte com o pior índice desse tipo de serviço, tem taxa de 0,04. Trintadistritos,amaioria deles localizados na periferia da cidade, não têm nenhum leito hospitalar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o índice de 2,5 a 3 leitos por mil habitantes.
A Prefeitura de São Paulo promete entregar três novos hospitais até o fim desta gestão nos bairros de Parelheiros e Vila Santa Catarina (ambos na zona sul) e de Brasilândia (na zona norte).
O documento mostra ainda que quase dois terços dos distritos paulistanos não contam com centros culturais nem qualquer outro espaço de cultura.
Cinemas e teatros são inexistentes para o mesmo porcentual de bairros.
O mapa aponta ainda leve crescimento de domicílios em favelas desde 2010. O índice de casas nesse tipo de área passoude 10,8%,em2011, para 11,1%, em 2014. Enquanto a Vila Andrade, na zona oeste, tem quase metade das suas casas em favelas (49%), Pinheiros, na mesma região, tem apenas 0,08% de domicílios nessa condição.
Criminalidade. Os índices de criminalidade também são bastantes variáveis de acordo com o distrito. Enquanto em Marsilac (zona sul), distrito mais violento da cidade, a taxa de homicídios de 2013 foi de 6,16 casos por 10 mil habitantes, em Perdizes, na zona oeste, a taxa não passou de 0,17 óbitos por 10 mil habitantes.
Todos os lobbies do SUS
20/05/2015 - Folha de S.Paulo
Várias associações têm se dedicado a aumentar a quantidade de remédios oferecidos gratuitamente pelo SUS, a maioria com apoio da indústria farmacêutica.
Pacientes com diabetes, câncer e artrite reumatoide, por exemplo, têm seus grupos organizados de lobby.
A estratégia inclui utilizar o dinheiro das associações para agendar encontros e promover eventos, tentando influenciar políticos, formadores de opinião, médicos e técnicos do governo.
A Sociedade Brasileira de Diabetes, por exemplo, promoveu um evento na última sexta na Câmara Municipal de São Paulo. Embora a inclusão de medicamentos na lista do SUS se dê na esfera federal, o objetivo era chamar a atenção para o assunto.
"Como o dinheiro do SUS é curto, quem chora mais ganha", afirma o médico e vereador Gilberto Natalini (PV).
A decisão pela inclusão ou não de um novo medicamento ou procedimento pelo SUS é feita pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS).
Entre os participantes, estão representantes do Ministério da Saúde, do CNS (Conselho Nacional de Saúde), das secretarias estaduais e municipais de Saúde, da Anvisa, do Conselho Federal de Medicina e da ANS (que regula os planos de saúde).
Desde 2011, mais de 70 medicamentos entraram na lista, que agora tem 820 remédios. Em 2014, o governo gastou R$ 12,4 bilhões com eles.
No caso dos diabéticos, o desejo é incluir novos tipos de insulinas (do tipo glisulina, asparte e lispor), que custam aproximadamente três vezes mais do que as regulares, já distribuídas hoje.
O custo por paciente iria de R$ 30 por mês para R$ 80 e R$ 100. Como mais de 1,4 milhão de brasileiros recebem insulinas pelo SUS, o impacto financeiro seria razoável.
Segundo o Conitec, não há evidências de superioridade das novas insulinas. Por outro lado, na literatura médica há estudos que afirmam que as insulinas mais modernas conseguem reduzir picos de hiperglicemia e de hipoglicemia, melhorando a vida dos diabéticos do tipo 1 (juvenil).
Para a indústria, apoiar financeiramente essas sociedades é "promover a colaboração entre todos os envolvidos no sistema de cuidado com a saúde, a fim de atingir nossos objetivos comuns", diz Allan Finkel, gerente geral da Novo Nordisk no Brasil, que produz vários produtos para tratar diabetes, inclusive as novas insulinas.
O poder de organização acabam sendo um fator crucial na hora de exercer pressão política, algo que, para Marcos Bosi Ferraz, médico e professor da disciplina de economia e gestão em saúde da Universidade Federal de São Paulo, não deveria acontecer.
"O ideal é que a decisão seja somente técnica, como se aqueles que estão decidindo jamais pudessem se beneficiar delas", diz. "Precisamos ter mais dados e estudos para orientar as decisões."
CÂNCER
Outro campo para o lobby é a lista de remédios de fornecimento obrigatório por planos de saúde. Um exemplo é o Instituto Oncoguia. Patrocinada por farmacêuticas como Pfizer, Merck e Roche, a entidade conseguiu incluir em 2013 quimioterápicos orais na cobertura dos convênios. A presidente, Luciana Holtz, atribui o sucesso, em parte, ao apoio de políticos.
Entre eles, estava a senadora Ana Amélia (PP-RS). "Não sei se por preocupação com impacto financeiro, mas é difícil liberar novos medicamentos", disse ela à Folha.
O Ongoguia tem ainda um departamento jurídico à disposição dos pacientes.
Já a ONG Encontrar, que reúne pacientes com artrite reumatoide, levou mais de três anos até conseguir incluir os mais recentes anticorpos monoclonais entre as opções de tratamento disponíveis.
A tática incluía um "diário" dos pacientes a ser feito na rede social Twitter. A cada horário de tomar remédio, o que ocorre várias vezes por dia, uma postagem era feita, por cada um dos manifestantes virtuais. Em 2012, os anticorpos entraram na lista do SUS.
Hospital filantrópico avalia alternativas para receber capital
20/05/2015 - Valor Econômico
Os hospitais privados filantrópicos estão analisando os impactos e os mecanismos legais para serem beneficiados também pela legislação, aprovada em janeiro, que permite a entrada de capital estrangeiro no setor.
A lei não proíbe aportes nessas instituições, mas seu potencial de atrair investidores, em tese, é pequeno. Como não têm fins lucrativos, todo o superávit obtido precisa ser reinvestido em suas atividades, em vez de retornar como ganho ao acionista.
Segundo Renato Nunes, advogado especializado em saúde do escritório Nunes & Sawaya, um caminho é transformar uma das unidades do hospital filantrópico em uma sociedade com fins lucrativos para receber o aporte. "Há algumas dúvidas como, por exemplo, se essa unidade poderá compartilhar o 'back office' com o hospital filantrópico ou sobre os tributos trabalhistas dos funcionários desta unidade", diz Nunes. Ele conta que hoje grande parte das consultas feitas ao escritório estão relacionadas à legalidade desse tipo de investimento. O assunto foi um dos temas debatidos, ontem, em um seminário com representantes de bancos, consultorias, hospitais e investidores, que ocorreu durante a Feira Hospitalar, em São Paulo.
Hoje os hospitais Sírio-Libanês e Samaritano (ambos filantrópicos) não têm projetos envolvendo capital estrangeiro, mas seus superintendentes analisam caminhos viáveis para receber esse tipo de investimento. Paulo Chapchap, do Sírio-Libanês, diz que uma possibilidade é prestar consultoria ou gerenciar negócios de saúde adquiridos por fundos de 'private equity'. "A curto prazo, acredito que os filantrópicos privados não serão afetados, mas no longo prazo haverá, sim, impacto", afirma.
Para Luiz De Luca, do Samaritano, de São Paulo, investir num hospital brasileiro sem fins lucrativos pode servir para o estrangeiro conhecer o mercado nacional. "Provavelmente, não será um aporte alto, mas uma alternativa para troca de experiências e até uma oportunidade para o hospital brasileiro se internacionalizar", diz De Luca.
"Nos Estados Unidos, os hospitais filantrópicos também fazem aquisições, investem em gestão para ter melhor eficiência", lembra Rodrigo Pavan, executivo da área de saúde do BTG, um dos acionistas da Rede D'Or. Há cerca de 20 dias, o fundo americano Carlyle fez um aporte de R$ 1,75 bilhão por uma fatia de 8% da Rede D'Or.
Apesar de muito maior, o mercado americano, cujas despesas anuais com saúde giram na casa dos US$ 3 trilhões, serve de referência para o Brasil, uma vez que os dois países têm sistemas público e privado. Os gastos com saúde aqui somam mais de R$ 400 bilhões por ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Jorge Moll, fundador da Rede D'Or, maior grupo hospitalar do país, o setor vai passar por uma profunda mudança e os hospitais pequenos e sem fins lucrativos vão enfrentar dificuldades sem um parceiro financeiro. O responsável pela área de fusões e aquisições da Rede D'Or, Carlos Costa, acredita que os ativos sejam negociados por um valor equivalente a oito ou nove vezes seu Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O presidente da Anahp, associação que representa 70 hospitais, Francisco Balestrin, é um defensor do capital estrangeiro no setor. "Hoje, é muito difícil um hospital pequeno sobreviver, negociar com as operadoras de planos de saúde. Haverá uma profissionalização", disse. Segundo fontes do setor, Balestrin negocia com fundos de private equity a venda do controle do Grupo Vita, do qual é acionista.