
CLIPPING - 19/05/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Cobertura de vacinas crescerá, diz ministério
17/05/2015 - Folha de S.Paulo
O secretário especial de saúde indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves, disse que o órgão intensificou o trabalho de ampliação da cobertura vacinal na população indígena para reduzir as mortes por gripe e pneumonia. Alves disse que a desnutrição é um problema grave e o órgão tem enfrentado isso com uso de "equipes de vigilância nutricional-alimentar" que identificam as crianças de baixo peso e alertam outros setores do governo para que forneçam cestas básicas.
Segundo Alves, no ano passado a campanha de vacinação atingiu 91,6% dos índios, índice superior à média nacional. Mas ele reconheceu que a vacinação não é suficiente para conter as mortes.
Para o secretário do ministério, não é adequado comparar a taxa de mortalidade infantil nas aldeias indígenas com a do resto do país. "Não dá para comparar alguém que mora na cidade, com acesso a água e condições ambientais totalmente diferentes", afirmou Alves. "A realidade é outra."
Artigo: Rótulo para informar, não para confundir
18/05/2015 - Folha de S.Paulo
A liberação dos transgênicos para consumo no Brasil ocorreu há mais de uma década e foi autorizada pelos 27 membros, doutores e cientistas das mais diversas áreas que compõem a coordenação-geral da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança).
Para chegar ao mercado, esses produtos foram exaustivamente testados e submetidos a rigorosas avaliações de segurança já previstas na legislação brasileira.
Além disso, desde 1994 extensivas pesquisas e estudos científicos têm sido realizados ao redor do globo sem nunca ter demonstrado um efeito negativo causado por produtos que contenham organismos geneticamente modificados (OGM) ou seus derivados. A segurança alimentar precede a rotulagem.
O projeto que propus, com base nos estudos da CTNBio e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que atestam a confiança nos transgênicos, prevê, tão somente, a substituição do símbolo em forma de um triângulo amarelo com a letra "T" ao centro por uma das inscrições grafadas em destaque: "[Nome do produto] transgênico ou contém [nome do ingrediente] transgênico".
O percentual mínimo de 1% de transgenia para obrigatoriedade da rotulagem já é previsto por lei.
Ao contrário da confusão causada propositalmente por campanhas de entidades nacionais e internacionais, não científicas e ideologicamente desfavoráveis aos transgênicos, meu projeto não priva o cidadão do direito à informação.
Ela permanecerá lá, na embalagem, de forma mais clara, limpa e legível e contribuirá para a escolha consciente do consumidor sem induzi-lo ao erro e a insegurança.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, com amostras em todo Brasil, revelou que apenas 8% da população relacionam o símbolo ao transgênico, 22% a um sinal de trânsito e 11% o entendem como um alerta de proibição. Ou seja, o que está induzindo ao equívoco não é o que se diz, mas a forma como se diz.
Somos o único país do planeta a adotar um alerta de perigo em produtos aprovados para consumo humano, por determinação do Ministério da Justiça --competência que deveria ser das pastas da Agricultura e da Saúde. A imposição é de 2003, anterior à Lei de Biossegurança de 2005, e não se baseia em nenhum precedente internacional.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja transgênica. O que pensariam nossos concorrentes e clientes ao sermos obrigados a estampar em nossos produtos um símbolo de perigo? Que credibilidade teremos no mercado?
Fica evidente que a intenção é criminalizar a agropecuária, desestimular o consumo e enfraquecer as exportações com prejuízos a toda cadeia, desde o pequeno produtor de suínos, aves e grãos até a grande indústria. O interesse é destruir o único setor do país que ainda dá certo, responsável pela geração de empregos, pelo saldo positivo da balança comercial e pela manutenção das reservas internacionais.
Por outro lado, o meu projeto assegura pleno direito ao cidadão de não consumir alimentos com modificação genética. No país onde mais de 90% da soja e 80% do milho produzidos são geneticamente modificados, o projeto de lei faculta à indústria inserir nos rótulos que seus produtos são livres de transgênicos, como forma de facilitar a identificação nas prateleiras dos mercados.
A legislação deve assegurar uma nova norma de rotulagem condizente com a realidade agrícola e alimentícia. Em vez de promover a confusão do consumidor e o descrédito nas avaliações científicas, a norma deve colabor.
Vacina não acabará com a dengue, diz Ministério da Saúde
18/05/2015 - Folha de S.Paulo
Assim que estiver pronta, a vacina contra a dengue não estará disponível para todos os brasileiros nem será capaz de eliminar a doença. Tampouco reduzirá a necessidade de combate ao mosquito.
É o que afirma Jarbas Barbosa, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, pasta que analisa novos remédios e vacinas no SUS.
Barbosa declara ainda que "preocupa" a eficácia da vacina da multinacional francesa Sanofi Pasteur, cujos testes já foram concluídos.
Segundo ele, o governo federal pretende dar apoio para acelerar os testes de outra vacina contra a doença, que vem sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan.
A seguir, pontos de sua entrevista à Folha sobre o tema.
Eficácia
Temos várias iniciativas para desenvolver vacinas contra a dengue. A da Sanofi é uma vacina que ainda temos que avaliar. A eficácia dela é limitada, em volta de 60%, e exige três doses, com um ano de diferença entre a primeira e a terceira. Ela não serve para a contenção de um surto. Vacinas com grau de proteção mais baixo não são capazes de eliminar a doença.
Vacina ideal
Uma eficácia de 60% é baixa. A vacina ideal seria de uma dose e alta eficácia. Como não existe, a estratégia do ministério é acelerar e apoiar a vacina do Butantan, para que [o instituto] consiga terminar o estudo o mais rápido possível.
E vamos analisar após o registro a da Sanofi. Enquanto a do Butantan não estiver pronta, poderíamos utilizar outra vacina, se cumprir os requisitos.
Casos graves
Há estudos que mostram que ela [vacina da Sanofi] reduziu casos graves e internações. Isso vai ter que se levar em conta, mas, quando a rede de atenção básica está preparada, evitamos casos graves.
Controle
Podemos controlar o vetor com os instrumentos que temos atualmente, não precisamos esperar uma vacina. Se tivermos uma vacina de dengue, o que faríamos? A resposta do senso comum é vacinar toda a população. Mas seria impossível. Primeiro porque não teríamos vacina suficiente. A produção é limitada, e leva muito tempo para ser feita. Se não tem vacina, quem começaríamos a vacinar? Crianças, idosos? Queremos estabelecer os grupos prioritários quando tivermos vacina para a população.
Registro
Se a Anvisa dá um registro, não significa que [o governo] pode usar ou deve usar. No caso da vacina de dengue, temos dois comitês técnicos. Se forem a favor, isso vem para a Conitec, comissão que analisa segurança, eficácia e custo-efetividade. Nem tudo registrado pode ser incorporado rapidamente ao sistema.
Curto prazo
O que temos de curto prazo, é algo que é muito eficaz: fazer com que cada família reserve 15 minutos para eliminar criadouros em casa.
Solução mágica
Quando falamos em vacina [contra a dengue], pensamos em um produto mágico que elimina doenças. Mas a única doença que erradicamos do mundo foi a varíola. Nem a pólio foi eliminada globalmente. Mesmo com a vacina, ações de controle ao vetor ainda serão necessárias.
Endo oferece US$ 8 bilhões pela PAR
19/05/2015 - Brasil Econômico
A Endo International vai comprar a Par Pharmaceutical da empresa de private equity TPG Capital por cerca de US$ 8 bilhões, incluindo dívidas, para se tornar uma das cinco maiores fabricantes de medicamentos genéricos do mundo. A oferta da Endo consiste em cerca de 18 milhões de ações e US$ 6,5 bilhões em dinheiro, disse a companhia.
Vendas de medicamentos sobem 19,35% no 1º trimestre, aponta IMS Health/Abradilan
18/05/2015 - Folha Vitória Online
18/05/2015 - Folha Vitória Online
As vendas dos distribuidores de medicamentos no Brasil subiram 19,35% no primeiro trimestre de 2015 ante o mesmo período do ano anterior, segundo dados do IMS Health divulgados nesta segunda-feira, 18, pela Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan). De janeiro a março, o faturamento do setor alcançou R$ 3,12 bilhões.
Considerando as vendas em volume, houve crescimento de 14,48% no mesmo período. Foram comercializadas ao todo 196,07 milhões de unidades nos três primeiros meses do ano.
De acordo com a Abradilan, o crescimento obtido no primeiro trimestre do ano está em linha com as expectativas dos distribuidores associados da entidade. A entidade representa distribuidores responsáveis pela distribuição de 20% das unidades vendidas dos medicamentos no Brasil.
Mercado Aberto: Novos genéricos neste ano já alcançam total em 2014
19/05/2015 - Folha de S.Paulo
O número de medicamentos genéricos aprovados entre janeiro e o início de maio já alcançou o volume de genéricos lançados durante todo o ano de 2014, segundo a PróGenéricos (entidade que representa o setor).
Os 16 novos produtos movimentam cerca de R$ 390 milhões por ano, segundo dados do IMS Health levantados pela entidade.
Entre eles, estão o Galantamina, para o mal de Alzheimer, e o Palonosetrona, para prevenir náuseas e vômitos causados pela quimioterapia.
"A maior quantidade de aprovações se deve à rapidez nos processos de registro na Anvisa, que passou a priorizar a liberação de medicamentos inovadores", afirma Telma Salles, presidente-executiva da PróGenéricos.
O prazo, que antes era de no mínimo um ano, agora pode ser de 60 a 90 dias, quando o pedido está bem fundamentado, segundo Salles.
A venda de genéricos cresceu 12,6% em número de unidades no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2014.
O ritmo foi maior que o do mercado geral de medicamentos, cujas vendas subiram 10,2% no período, entretanto, é a elevação mais baixa em um primeiro trimestre para a categoria de genéricos desde pelo menos 2010.
"Por causa da incerteza econômica, as pessoas estão mais comedidas, comprando uma caixa de medicamento controlado em vez de três ou quatro", diz a executiva.
Campanha de vacinação contra a gripe só atinge 30% do público-alvo no país
18/05/2015 - Folha de S.Paulo
A cinco dias do fim da campanha, apenas 29,24% do público-alvo foi vacinado contra a gripe no país, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira (18) pelo Ministério da Saúde.
Ao todo, já foram vacinadas 14,5 milhões de pessoas. A meta, no entanto, é vacinar até 80% do público-alvo, estimado em 49,7 milhões de brasileiros.
Iniciada no dia 5 de maio, a campanha de vacinação contra a gripe termina na próxima sexta-feira (22).
Até agora, a maior cobertura ocorre para mulheres até 45 dias após o parto, com 40% deste grupo já imunizado, segundo o Ministério da Saúde.
Em seguida, estão idosos, onde os índices de vacinação alcançam 32% do total, e crianças de seis meses a menores de cinco anos, com 29,8%.
O público-alvo é composto ainda por gestantes, trabalhadores de saúde indígenas. Nestes grupos, a cobertura vacinal atinge 15% a 27%. A vacina também é recomendada para pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, além de presos e funcionários do sistema carcerário.
ESTADOS
Nos Estados, o índice de vacinação varia entre 13% do público-alvo (cobertura alcançada em Roraima) a 48% (caso do Rio Grande do Sul, que iniciou a campanha antecipadamente).
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina é recomendada antes do inverno para que haja proteção contra o vírus –o período de maior circulação da doença vai do final de maio a agosto. O corpo também leva, em média, de duas a três semanas para gerar os anticorpos necessários contra a gripe.
Neste ano, a vacina protege contra três subtipos do vírus, que apresentam mais chance de complicações: A/H1N1, A/H3N2 e influenza B. Ao todo, foram investidos R$ 487,6 milhões na aquisição de 54 milhões de doses.
A imunização, porém, é contraindicada para pessoas que já tiveram reações em doses anteriores ou para aqueles que tem alergia a ovo de galinha e derivados.
Novartis quer crescer em oncologia
19/05/2015 - Valor Econômico
Ao incorporar a área de oncologia da GlaxoSmithKline (GSK), em operação concluída em março, a Novartis consolidou¬-se como uma das maiores, se não a número um, no mercado global de medicamentos para tratamento de câncer. Na esteira da transação de US$ 16 bilhões, a gigante suíça passou a contar com 22 produtos aprovados, que tratam mais de 25 indicações, reunidos no que é apresentado como o maior portfólio de drogas onco-hematológicas do mundo. E o Brasil, segundo a Novartis, vai se beneficiar da integração.
A farmacêutica suíça pretende ampliar o peso da área de oncologia nos negócios da subsidiária brasileira, especialmente no segmento público, e vê importante potencial de expansão. Por aqui, os medicamentos para tratamento de câncer correspondem a 6,5% do mercado farmacêutico ¬ ou algo como US$ 1,3 bilhão, segundo dados do IMS Health. Em outros países, essa participação chega a 12%.
"Falta acesso a novas tecnologias no segmento público", disse ao Valor Alexandre Gibim, que assumiu em fevereiro o comando da Novartis Oncologia no Brasil. Para o executivo, que está no grupo desde 2011 e respondia pela gerência geral de Vacinas & Diagnósticos, um dos grandes desafios é justamente estreitar as relações comerciais com o setor público e ampliar o espectro de tratamentos oferecidos à população. "Queremos participar do processo de transferência de tecnologia", afirmou.
Nessa linha, a farmacêutica já tem acordos de Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, um deles justamente na área oncológica. "Temos um produto para câncer de mama que adia em um ano o tratamento com quimioterapia, o que traz ganhos significativos à paciente", contou. Somente no ano passado, essa divisão da Novartis investiu R$ 27 milhões em pesquisa clínica no Brasil.
Em dez anos, a área oncológica, que hoje representa 18% dos negócios da Novartis no país, deverá alcançar participação de 25% no faturamento total.
Globalmente, a Novartis Oncologia representa cerca de 20% das vendas líquidas anuais da companhia, de US$ 58 bilhões em 2014. "Todas as áreas vão crescer. Mas vemos velocidade importante de expansão em oncologia, com maior presença no mercado brasileiro", afirmou.
Um dos responsáveis por traçar a estratégia e operacionalizar a operação com a GSK ¬¬ que envolveu ainda a venda da divisão de vacinas para a GSK e a constituição de uma joint venture em medicamentos isentos de prescrição (OTC) ¬, o presidente mundial da Novartis Oncologia, Bruno Strigini, acredita que a um dos efeitos do negócio será levar tratamentos a um maior número de pacientes.
"Temos o privilégio de estar vivendo o que eu acredito ser o momento mais emocionante da história da pesquisa e do tratamento do câncer", disse Strigini ao Valor, em entrevista por e-mail. "Houve avanços notáveis, que nos proporcionaram novas indicações sobre o câncer e suas causas, transformando a abordagem à doença e lançando as bases para novas terapias, que podem ajudar os pacientes a viver mais e melhor", acrescentou.
A Novartis, que há 15 anos se dedica a estudar o câncer, já destinou mais de US$ 9,9 bilhões a pesquisas na área e tem mais de 10 mil pesquisadores associados em 85 países. Conforme o executivo, a prioridade é a chamada "oncologia de precisão", que pretende entender a constituição genética dos tumores e permitir o desenvolvimento de compostos que provoquem mutações genéticas no tumor. "É uma maneira de individualizar o tratamento para atingir resultados mais precisos", disse.
Vacina contra a dengue não deve vir antes do verão de 2018, diz ministro
19/05/2015 - Valor Econômico
O governo vai fazer negociações bem mais 'renhidas' com o setor privado nas compras públicas na área de saúde, no rastro do aperto da situação econômica, sinalizou ontem o ministro da Saúde, Arthur Chioro, em Genebra, onde participa da Assembleia Mundial da Saúde.
O ministro negou ainda dificuldades para a aprovação de vacinas contra dengue. Disse que mandou a Anvisa priorizar as avaliações sobre as vacinas apresentadas. Mas avisou: "Não teremos vacina para o verão de 2017. Talvez na melhor hipótese só no verão de 2018". E ainda assim precisará avaliar custo, proteção, tamanho da produção e prioridade de quem vai ser atendido. Para Chioro, a arma que resta é mesmo um esforço de 15 minutos semanais que cada família pode fazer em checar seu quintal contra o mosquito.
Para o ministro, a escassez de chuvas em várias regiões contribuiu com o aumento de casos de dengue, inclusive onde não havia a doença. A explicação é que muitas pessoas fizeram armazenamento inadequado. Além disso, notou que o problema no abastecimento de água eleva várias enfermidades, como diarreia, hepatite A etc.
Ele admitiu que, com a alta do desemprego, a tendência é de redução do número de pessoas com acesso a planos de saúde, o que aumenta a procura pelos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). "O sistema está preparado, mas sem dúvida haverá aumento da sobrecarga de um sistema que já é subfinanciado e com sérias limitações para conseguir garantir acesso com qualidade que é assegurado pela Constituição", disse Chioro.
O ministro ressalvou, no entanto, que uma parte dos usuários que ascenderam à classe C e têm planos de saúde contratados já fazem o uso combinado desses serviços com os do SUS. Ele estima que no ano passado o ressarcimento do setor privado para o SUS alcançou R$ 1,4 bilhão. Antes a cobrança era feita só para internação, e foi ampliada para procedimentos de alta complexidade, como transplante e quimioterapia.
O ministro diz não ter ideia de quantas pessoas podem perder o acesso a planos de saúde, até porque "não sabemos qual o tamanho do impacto da crise, em quanto tempo será reativada a economia", como destacou Chioro. Mas lembrou que os acordos coletivos preveem que os demitidos tenham uma cobertura do plano de saúde de pelo menos mais seis meses, na média.
A pressão no setor é exemplificada pelo ministro pela "inflação da saúde", que segundo ele ficou em "17% no mínimo" no Brasil em 2014, ou seja, mais do dobro da taxa normal. Além disso, a mudança do câmbio de R$ 2,40 por dólar no ano passado para cerca de R$ 3 atualmente aumentou as despesas com importações.
Por isso, Chioro não hesita em dizer que "o governo vai ser mais incisivo nas negociações e usar o poder nas compras públicas, que é muito forte". A palavra de ordem, que ele admite ser um chavão já muito usado, é melhorar a qualidade dos gastos. Mas diz que somente nas políticas de Parcerias de Desenvolvimento Produtivo, nos quais o governo federal escolhe um certo número de produtos médicos, a expectativa é de economia de R$ 4 bilhões neste ano. O ministério está iniciando parcerias com prefeituras no Rio de Janeiro para ampliar o poder de barganha nas compras.
Sobre o contingenciamento que o governo deve anunciar esta semana, Chioro diz que só ficará tranquilo quando o decreto for publicado no Diário Oficial, para ter ideia da dimensão do ajuste. Prefere acreditar que os cortes serão de "menor monta", porque existe a proteção de emenda constitucional 29 que determina o valor mínimo de gastos com saúde.
A proposta do ministério é de orçamento de R$ 121 bilhões para 2015, dos quais R$ 111 bilhões são destinados a ações de serviços próprios de saúde. Um corte pode vir nessa diferença, mas tampouco pode ser inteiro pelas obrigatoriedades de pagamentos no setor. Ele acha que restarão cortes em gastos não específicos, como gestão do ministério.
Chioro assegurou que o programa Mais Médicos não será afetado pelo ajuste. Pelo contrário, confirmou que serão contratados mais 4.462 médicos este ano, todos brasileiros, formados no país ou no exterior.
Em discurso na Assembleia Mundial de Saúde, o ministro destacou mudanças importantes no cenário global, como transição epidemiológica, nutricional, social e econômica "que incidem diretamente nas condições de saúde das populações", e que esse cenário "exige capacidade de resposta dos sistemas de saúde".
Ele confirmou que Brasília vai sediar a II Conferência Internacional da OMS sobre Segurança no Trânsito, em novembro. "A epidemia de acidentes com motocicletas é um problema de saúde pública", disse, notando que o Brasil está entre os cinco primeiros países atingidos, em número absoluto.
Artigo: A Guerra Fria do DNA
17/05/2015 - Folha de S.Paulo
Pesquisadores explicam a razão pela qual no inverno as pessoas ficam mais propensas a cair doentes.
No inverno, os quartéis celulares ficam o tempo todo de prontidão, como nos dois lados da Cortina de Ferro.
A ciência já sabe o que seus genes fizeram no verão passado. Melhor dizendo, o que eles não fizeram: muita inflamação.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge confirmaram duas crenças comuns. Primeiro, que o verão é a estação da saúde. Segundo, o oposto: que no inverno as pessoas ficam mais propensas a cair doentes.
Já se sabia que a temporada de dias frios e curtos tem mais incidência e mortes por moléstias como as cardiovasculares. Só não se sabia bem por quê. O que o grupo liderado por John Todd identificou foi uma forte sazonalidade na ativação de alguns grupos de genes entre os mais de 20 mil presentes nas células humanas. Cerca de um quarto (5.136 de 22.822 sequências de DNA investigadas) parece ter clara preferência por uma ou outra estação.
O material de pesquisa abrangeu amostras de 16 mil pessoas em países como Reino Unido, EUA, Austrália e Gâmbia. O interesse recaía sobre enfermidades com componente inflamatório, como males cardíacos, artrite reumatoide e diabetes (neste caso, autoimune, ou reação inflamatória contra tecidos saudáveis).
A inflamação é uma ofensiva do sistema de defesa do corpo contra o que detecta como agressões ou inimigos. Podem ser células danificadas que é preciso remover (de ferimento, por exemplo), substâncias irritantes ou microrganismos patogênicos (causadores de doenças).
O contra-ataque começa com a dilatação de vasos sanguíneos, o que faz a região sob ameaça inchar. Pelas vias alargadas avança a infantaria do sistema imune, os glóbulos brancos, cuja primeira missão é destruir bactérias invasoras.
Essa reação, como tudo no organismo, é mediada por genes. Quando certas substâncias sinalizadoras de dano ou invasão começam a circular no sangue, destravam a expressão (ativação) de trechos de DNA que guardam instruções para as células produzirem mais munição e novas células para a tropa.
Todd e seus parceiros provaram que, a depender da época do ano em que haviam sido colhidas as 16 mil amostras, o perfil de expressão dos genes variava muito. Um deles (ARNTL), envolvido na contenção de inflamações e mais ativo no verão, quase que desaparece no inverno.
"No futuro será essencial continuar a investigar quais as potenciais implicações médicas dessa variação sazonal", diz um dos coautores do estudo, o português Ricardo Ferreira, "e se poderão ser levadas em conta na escolha para o tratamento de certas doenças."
Os efeitos foram observados em populações etnicamente diversas dos dois hemisférios, como nos EUA e na Austrália, mas com o sinal trocado. Bem o que seria de esperar diante do fato de o inverno numa coincidir com o verão na outra.
Em Gâmbia observou-se variação similar. Desencadeada não pela duração do dia, como se acredita ser o gatilho em latitudes mais elevadas, e sim pelas chuvas. É nessa época que a malária ataca mais, com a proliferação de mosquitos.
Em resumo, na estação fria do ano --ou em qualquer outra com chances maiores de infecção--, rebaixam-se os limiares para o corpo desencadear uma reação inflamatória. Os quartéis ficam o tempo todo de prontidão, como dos dois lados da Cortina de Ferro na Guerra Fria.
Médicos se dividem sobre prematuros
16/05/2015 - Folha de S.Paulo
Alguns bebês muito prematuros vêm sobrevivendo fora do útero antes do que os médicos consideravam ser possível, documentou um estudo novo, levando a questionamentos sobre o grau de intensidade com que devem ser tratados. Feito com milhares de bebês prematuros nos EUA, o estudo constatou que só uma minoria minúscula dos bebês nascidos com 22 semanas de gestação que foram tratados sobreviveu com poucos problemas.
A grande maioria morreu ou apresentou problemas de saúde graves. Grupos médicos já discutem se o consenso em relação à idade de viabilidade, hoje citada pela maioria dos especialistas como sendo 24 semanas, pode ser reduzido para 22.
O estudo revelou que hospitais dotados de unidades neonatais sofisticadas divergem muito no enfoque em relação aos bebês de 22 semanas, desde alguns que não oferecem nenhum tratamento médico ativo até alguns poucos que tratam assertivamente a maioria dos casos com medidas como ventilação, intubação e surfactantes para melhorar o funcionamento dos pulmões dos bebês.
"O resultado confirma que, se nada for feito, esses bebês não sobrevivem, e se algo é feito, alguns deles sobrevivem", disse o médico David Burchfield, da Universidade da Flórida, que não participou do estudo. "Muitos dos que sobreviveram o fizeram com deficiências graves."
Publicados no "New England Journal of Medicine", os resultados do estudo provavelmente vão influenciar a discussão entre associações médicas sobre como orientar os pais.
Nos EUA, a Suprema Corte declarou que os Estados devem permitir o aborto quando o feto não é viável fora do útero. A mudança dos critérios sobre a idade mínima para a viabilidade do feto pode suscitar dúvidas quanto à legalidade de abortos.
Grupos médicos já vêm discutindo se é razoável oferecer tratamento médico a bebês nascidos com 23 semanas de gestação. Alguns hospitais já o fazem.
Mas os bebês nascidos com entre 22 e 23 semanas são um ponto de interrogação; suas chances de sobrevivência são pequenas, variando de acordo com fatores como o peso ao nascer e se a mãe recebeu ou não tratamento com corticosteroides antes do parto, o que pode ajudar os pulmões e o cérebro.
Feito com 5.000 bebês nascidos com entre 22 e 27 semanas de gestação, o estudo concluiu que os de 22 semanas não sobreviveram sem intervenção.
Dos 78 casos em que foi dado tratamento ativo, em 18 deles os bebês sobreviveram. Com um ano de idade, sete desses 18 não apresentavam deficiências moderadas ou graves.
Seis deles apresentavam problemas graves, como cegueira ou surdez.
Dos 755 bebês nascidos com 23 semanas, 542 receberam tratamento. Mais ou menos um terço desses 542 sobreviveram, e cerca de metade destes não teve problemas importantes.
À medida que se aperfeiçoam as técnicas para manter bebês vivos, os pais enfrentam escolhas dilacerantes que às vezes são baseadas no fato de a idade estimada ser 22 semanas e um dia ou 22 semanas e seis dias.
O estudo constatou que os hospitais tendem a "arredondar para cima". "É muito difícil dizer a uma mãe: 'Se você der à luz hoje, não farei nada, mas se der à luz amanhã, farei tudo'", explicou o médico Neil Marlow, do University College London.
O estudo descobriu que quatro dos 24 hospitais estudados não intervieram no caso de bebês de 22 semanas, cinco intervieram com todos os bebês de 22 semanas, e os outros variaram. Ao todo, um quinto dos 357 bebês dessa idade foram tratados.
O professor de pediatria Edward Bell, da Universidade de Iowa, comandou o estudo e disse que vê 22 semanas como novo marcador de viabilidade. "Acho que diríamos que esses bebês merecem uma chance".
O médico Jeffrey M. Perlman, do New York-Presbyterian Hospital Weill Cornell Medical Center, discorda. Ele disse que é importante levar em conta que passar muitos meses em uma unidade neonatal pode ser "como participar de uma corrida de obstáculos ou voar em um avião com turbulência pesada, e cada uma dessas espirais pode ter impacto sobre o cérebro".
No hospital dele, "cuidamos dos bebês que nascem com 24 semanas ou mais. Se o bebê nasce com 23 semanas, conversamos com a família e lhe explicamos que, para nós, é um caminho desconhecido. Com 22 semanas, a meu ver os resultados são tão deploráveis que não recomendo intervenção alguma."
Edward Bell aponta para as histórias de sucesso, incluindo a de Chrissy Hutchinson, 32, de Manchester, Iowa. Sua bolsa se rompeu quando ela tinha 21 semanas e seis dias de gestação.
O primeiro hospital ao qual ela foi "disse que não havia chance alguma de sobrevivência e que, se o bebê não nascesse respirando, não o ressuscitariam".
Os Hutchinson ligaram para a Universidade de Iowa, e Alexis nasceu ali, com 22 semanas e um dia de gestação, pesando 498 gramas. Ela passou cinco meses numa UTI neonatal. Agora, tirando o fato de ser mais vulnerável a vírus do sistema respiratório, Alexis é uma menina saudável de cinco anos de idade.
Danielle Pickering, 32, e seu marido, Clayton, optaram por tratamento quando Danielle foi internada em 2012, com 22 semanas de gestação.
Hoje seu filho Micah "é um garotinho de quase três anos e muita garra", que sofre de doença pulmonar crônica e atraso na fala. "Ele era o que o Senhor nos deu. Resolvemos fazer tudo o que fosse possível."
Avanço da dengue impulsiona pesquisas
16/05/2015 - Folha de S.Paulo
Epidemias de dengue --como a que atinge em 2015 uma a cada quatro cidades brasileiras-- poderão ser previstas com antecedência. Já em lugares com alta infestação do mosquito, telas repletas de inseticida e "armadilhas" são testadas como proteção. Se nada der jeito, uma bactéria é a promessa para tornar o Aedes aegypti imune ao vírus.
Em meio a críticas de falta de preparo do poder público, o avanço da dengue neste ano deu novo impulso para pesquisas em busca de alternativas para evitar a doença.
Em pouco mais de quatro meses, os casos de dengue no Brasil já atingiram 746 mil, alta de 234% em relação ao mesmo período de 2014.
É o próprio Ministério da Saúde que conduz um dos projetos mais recentes: um sistema que detecta sinais e dá um alarme para epidemia. Ele será testado a partir de julho em dez municípios.
A ideia é, a partir de dados de variações climáticas (como temperatura) e de novos casos da dengue, cruzar informações em um banco de dados com histórico de epidemias e indicar a possibilidade de avanço da doença.
"Se os indicadores passarem de determinado limite de segurança, o plano de contingência é imediatamente acionado", diz Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue.
Os dados serão monitorados por 18 meses e comparados com outras dez cidades sem esse sistema --que também é testado em outros quatro países, por meio da Organização Mundial de Saúde.
Outras alternativas são testadas para amenizar os danos. Em Goiânia e Belo Horizonte, equipes municipais e do ministério começaram a instalar, em portas e janelas, telas impregnadas com inseticidas, criando uma barreira física contra o mosquito.
Ao todo, 15 mil casas, escolas e unidades de saúde de bairros infestados devem receber o suporte e serão monitorados a cada seis meses.
No caso de pesquisadores da Fiocruz em Recife, uma opção contra a dengue surgiu por acaso, quando testavam uma armadilha contra mosquitos Culex, o pernilongo. "Para nossa surpresa, captou também o Aedes", diz a pesquisadora Mônica Xavier, que hoje testa nova armadilha adaptada para o da dengue.
Trata-se de uma caixa preta que, com uma cola, segura parte dos mosquitos. Já os que entram encontram uma solução que mata as larvas. Ao todo, 175 caixas foram espalhadas em um bairro com alta infestação e, em duas verificações, foram coletados 800 mosquitos e 70 mil ovos.
Também ganharam impulso projetos em curso como o de uma pesquisa da Fiocruz no Rio. Após liberar mosquitos com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão da doença, o monitoramento mostrou que 65% deles já estão "vacinados" contra a dengue por lá.
O incrível avanço da medicina para salvar o início da VIDA
18/05/2015 - IstoÉ
Como cirurgias em fetos, novos tratamentos e equipamentos para prematuros tão elevando a chance de sobrevivência dos bebês brasileiros No domingo, 10, dia das mães, a empresária paulistana Aline Scullion, 28 anos, grávida de 17 semanas, decidiu dar um presente diferente para sua mãe, Maria: um ultrassom das gêmeas Luna e Bella. No exame, ela descobriu que as bebês sofriam de síndrome de transfusão intergemelar, quando há a formação de comunicações vasculares anormais entre os fetos. A confirmação do diagnóstico veio na terça-feira, 12. No dia seguinte, Luna e Bella passaram por uma cirurgia intrauterina no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na qual o laser foi usado para fechar os vasos sanguíneos que as ligavam. Cada uma agora tem sua rede de abastecimento sanguíneo."Sem essa cirurgia, a saúde delas estaria em risco. Agora sigo tranquila na gestação, sabendo que elas estão bem", diz Aline.
Há alguns anos, em uma situação como a de Luna e Bella, o risco de morte de pelo menos um feto era de 95%. Nesta síndrome, um gêmeo recebe parte do sangue do outro, o que resulta em acúmulo, e o outro acaba ficando com pouco sangue. Hoje, com o diagnóstico precoce e tratamento, essas crianças têm 85% de chance de sobreviver. Em casos de hérnia diafragmática fetal - órgãos abdominais como fígado, estômago e intestino desenvolvem-se na região torácica, pegando o lugar dos pulmões, o feto tem 50% de possibilidade de sobreviver se tratado a tempo. Antes, sem opção, a chance de vida era menor do que 10%. Em situações graves, próxima do zero. Aqueles que nasciam prematuros (abaixo de 37 semanas) pesando menos de um quilo tinham 50% de chance de viver. Atualmente, quando assistidos do modo correto, 90% deles deixam o hospital, crescem, tornam se adultos. Esses índices são alguns resultados do formidável avanço da medicina especializada em salvar aqueles que estão bem no começo da vida, ainda dentro do útero ou fora dele antes do tempo certo.
Por trás do salto entre o que era possível oferecer para o que se dispõe atualmente há uma combinação de fatores que inclui o maior conhecimento do desenvolvimento fetal e dos recém-nascidos, a sofisticação dos aparelhos de imagem e o treinamento preciso de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde envolvidos no atendimento. A primeira etapa na qual é possível enxergar a qualidade que isso resultou é a do diagnóstico. "A maior parte dos problemas significativos com o bebê é detectável na fase intrauterina", afirma Javier Miguelez, assessor médico em medicina fetal do Gestar, do Fleury Medicina e Saúde, de São Paulo. "Com os exames, é possível dar tranquilidade aos pais com relação a malformações graves, como a anencefalia, e a cerca de 90% das cromossomopatias, como a Síndrome de Down", explica.
No que se refere às enfermidades causadas por anomalias nos cromossomos (abrigam os genes), os destaques são os exames de sangue para detectar boa parte delas. "A vantagem é fazer a detecção precoce dessas síndromes sem realizar a punção na placenta, que oferece 1% de risco de aborto", diz Miguelez. "É o melhor método de rastreamento e não coloca a gestação em risco", diz Fábio Peralta, cirurgião ginecológico e que atua na área de medicina fetal do Hospital e Maternidade São Luiz e no Hospital do Coração (Hcor),em São Paulo.
Em relação às malformações, os grandes aliados são os exames de imagem. "O ultrassom evoluiu muito. As gestantes podem optar se desejam fazer o ultrassom morfológico em 3 D ou 4D" diz Márcia da Costa, coordenadora da Maternidade São Luiz, de São Paulo. O ecocardiograma fetal, por sua vez, identifica malformações que afetam o coração.
Algumas das doenças identificadas ao longo da gestação contam hoje com tratamentos feitos ainda na etapa intrauterina da vida (leia no quadro abaixo). Entre os que mais chamam a atenção estão os que corrigem problemas cardíacos. No Hcor, funciona um centro de referência nesse tipo de procedimento. Em média, eles realizam de cinco a seis por ano, com ótima taxa de sucesso. Uma das anomalias cardíacas lá tratadas é a estenose pulmonar crítica, que consiste no estreitamento na válvula pulmonar que pode levar à hipoplasia do ventrículo direito (redução do tamanho do ventrículo) e à estenose aórtica crítica (estreitamento na válvula aórtica que pode resultar na síndrome de hipoplasia do coração esquerdo).
A intervenção não dura mais do que uma hora. Os movimentos do cirurgião são guiados pelas imagens do ultrassom. Primeiro, a mãe recebe anestesia peridural (analgesia do abdome para baixo). Depois, o feto é anestesia do (em uma das coxas). Em seguida, uma agulha de quinze centímetros de comprimento atravessa a barriga da mãe, a placenta e punciona o coração do feto. Por meio desta agulha introduz-se um balão, inflado no lugar que precisa ser dilatado para permitir o desenvolvimento correto do coração.
Perícia e delicadeza extremas são indispensáveis para o sucesso de procedimentos como esses. Só para se ter uma ideia do que se trata o alvo com o qual os médicos estão lidando: por volta da 24-semana de gestação, um feto pesa em torno de um quilo. Seu coração mede cerca de dois centímetros, os ventrículos, quando normais,dez a quinze milímetros (os reduzidos de tamanho por causa da doença, oito milímetros), e a válvula pulmonar, quatro milímetros. Antes da opção de correção no útero, o bebê era obrigado a passar por pelo menos três estágios cirúrgicos."A primeira operação é feita logo após o nascimento, a segunda entre quatro e seis meses e a terceira quando a criança está próxima dos três anos", explica a cardiologista pediátrica e fetal Simone Pedra, coordenadora da Unidade Fetal do Hcor.
Uma modalidade de operação na etapa uterina que também impressiona é a cirurgia a céu aberto. No procedimento, o útero é exteriorizado, feita uma incisão, o feto operado e recolocado dentro do órgão, reposicionado no corpo da mãe. A intervenção é oferecida em hospitais das redes particular e pública.
O Brasil já contabiliza mais de 170 cirurgias do tipo, incluindo uma recente traqueostomia executada pelo pioneiro em intervenções do gênero no País, o médico Antonio Fernandes Moron, responsável pelo Serviço de Medicina Fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. A operação é indicada em casos de obstruções de vias aéreas, tumores pulmonares, encefalocele (defeito no tubo neural que causa a herniação do cérebro e das meninges) e mielomeningocele, conhecida como espinha bífida (malformação caracterizada pelo fechamento incompleto da espinha dorsal e do canal espinhal antes do nascimento, e cuja principal sequela é a hidrocefalia). O País foi o primeiro na América Latina a realizar a cirurgia a céu aberto para correção de mielomeningocele, pelas mãos de Moron. A intervenção representa um avanço importante para a manutenção da qualidade de vida dos bebês, pois evita o acúmulo de líquor no cérebro. "Antes da cirurgia era necessária a implantação de uma válvula cerebral, que devia ser substituída em média quatro vezes ao longo da vida, para drenar o líquor para a cavidade abdominal", explica o médico. A operação pode ser feita somente entre a 24a e a 26a semanas de gravidez. O parto ocorre, em geral, por volta da 35a semana - o normal é entre a 38a e a 40a semana.
Apesar do sucesso das operações a céu aberto, desde 2013 uma nova técnica é capaz de corrigir a mielomeningocele sem a necessidade de retirar o bebê do útero. Portanto, é menos invasiva. Trata-se de uma intervenção endoscópica criada pela médica Denise Pedreira, cirurgiã fétal do Centro de Terapia Fetal e Neonatal do Hospital Albert Einstein, ligado à clínica de especialidades pediátricas da instituição. Na operação, são feitas três pequenas incisões na barriga da mãe, por onde passam uma câmara e os instrumentos cirúrgicos. Dentro do útero, parte do líquido amniótico é drenado e é injetado gás carbônico. No local em que a coluna do bebê está aberta, a pele é cortada e a medula, restaurada. O corte então é coberto com biocelulose (curativo biocompatível), e fecha de forma mais natural. Até hoje, 21 bebês brasileiros foram operados desta forma."Essa técnica se tornou um marco na medicina fetal. Vários médicos internacionais me procuram para levar essa cirurgia a outros países", conta Denise.
No serviço do hospital Albert Einstein, há opções de terapias clínicas quando a situação assim exige. Infecções, como a toxoplasmose, são tratadas por meio da administração de antibióticos."Os remédios são dados via oral para a mãe em doses altas o suficiente para atravessar a placenta", explica Rita Sanchez, coordenadora médica do Departamento Mater-no-Infantil da instituição.
Além dos avanços nos exames e nos procedimentos cirúrgicos intrauterinos, os cuidados com bebês prematuros também evoluíram muito. Um marco nessa história foi a indicação no Brasil de sur-factante para prematuros. O remédio expande os pulmões ainda em formação desses bebês. "Só essa substância já foi determinante para o ganho de vidas de prematuros", diz a neonatologista Graziela Lopes dei Bem, do Hospital São Luiz.
A essa inovação, somaram-se a chegada ao país das incubadoras umidificadas.
Elas garantem que o bebê não perca calor e que sua pele mantenha-se hidratada. Mais recentemente, mantas térmicas mais leves e sofisticadas evitam a hipotermia. A nutrição desses bebês também melhorou. "Foram produzidas sondas mais apropriadas e produtos que fornecem nutrientes importantes ao bebê", explica Alice Deutsch, coordenadora médica da Unidade Neonatal do Hospital Albert Einstein. "Hoje temos cada vez mais armas para garantir a vida."
Dieta sem glúten: vale a pena para quem?
17/05/2015 - O Globo
Pesquisas vêm mostrando o aumento da prevalência das sensibilidades a alimentos na população mundial, e as proteínas do trigo estão na frente da fila. Três males são conhecidos: a doença celíaca, a sensibilidade ao glúten e a alergia ao trigo. Cada um tem um mecanismo de ação no organismo, mas, em comum, todos forçam a adoção de restrições na dieta.
As alergias alimentares atingem 5% da população, e a do trigo está entre as mais comuns. Além disso, 1% tem doença celíaca, mal autoimune que impede a digestão do glúten e leva a complicações graves. Um estudo publicado este mês na revista “Plos One” diz que, na América Latina, o índice varia entre 0,46% e 0,64%. Enquanto isto, ganha popularidade o termo sensibilidade ao glúten, que afetaria entre 3%e 6%, segundo estimativas iniciais.
Paralelamente, especialistas não cravam quando exatamente a tendência começou, mas supõem que o misto de novos estudos revelando males do glúten para uns, a adoração das dietas temáticas para emagrecer (da proteína, da sopa...) e, finalmente, o depoimento de celebridades acabaram levando o que era um problema restrito ao modismo.
— Isto está muito na moda, mas não recomendamos que se adote a dieta sem glúten para perda de peso se a pessoa não tem sensibilidade ao glúten ou doença celíaca — afirma o cardiologista Cláudio Domênico, curador do evento. MERCADO MOVIMENTA US$ 2,4 BILHÕES
Embora a disponibilidade de alimentos sem glúten continue limitada, a indústria passou a investir neste mercado lucrativo — mais caro que o tradicional — e acumulou US$ 2,42 bilhões no mundo em 2014. Entre consumidores americanos, 36% optam pela dieta mesmo sem diagnóstico, seguido por 28% de celíacos e 17% que acreditam ser sensíveis ao glúten, entre outras motivações.
Um estudo espanhol publicado ano passado nos “Anales de Pediatría” garante que a dieta sem glúten não prejudica a saúde e disponibiliza a proporção necessária de nutrientes. A diferença entre as duas, destaca o estudo, é o aumento do consumo de gordura pelos que não consomem glúten. Grãos aceitáveis incluem arroz, trigo sarraceno, milho e quinoa, além de outras fontes de carboidratos.
Mas segundo a nutricionista Virgínia Nascimento, é comum entre quem adota a dieta acabar não variando nas opções. Ela cita a tapioca como exemplo.
— Que bom que é ela que está na moda, porque é um alimento natural presente no cardápio do brasileiro em várias regiões. Mas quem pensa que ela não engorda porque não tem glúten está enganado, ela tem alto índice glicêmico, ou seja, eleva rapidamente o açúcar no sangue. Comer tapioca demais não ajuda em nada — explicou Virgínia, durante o encontro.
Outra consequência é que o modismo acabou distorcendo o debate e atrapalhou o ativismo, critica Raquel Benati, da Associação dos Celíacos do Brasil.
— É muito ruim ser considerado hipocondríaco, fresco, enquanto tem gente sofrendo com o problema. Estamos caindo neste limbo e ficando desacreditados — comenta, levantando a necessidade de uma lei que dê mais detalhes sobre a presença de glúten nos rótulos.
Raquel pede mais informações em cardápios e mais cuidado com a contaminação cruzada ( há celíacos graves que podem ter reações simplesmente pelo contato com alimentos preparados em acessórios usados anteriormente para manipular o glúten).
O tratamento se baseia na dieta sem glúten. E existem linhas de pesquisa que buscam uma fórmula para curar ou, pelo menos, amenizar os sintomas daqueles que não podem consumi-lo, principalmente quando não têm segurança sobre os ingredientes presentes num produto ou na sua forma de preparo em estabelecimentos comerciais.
Os sinais da alergia ao trigo geralmente ocorrem em seguida ou horas após o consumo do farináceo e apresentam erupções e coceiras na pele além de possíveis sintomas gastrointestinais e anafilaxia (reação aguda).
Os outros dois males têm sintomas menos claros, o que dificulta o diagnóstico. Problemas gastrointestinais, como dores, gases e diarreia, estão presentes tanto na doença celíaca — mais grave — quanto na sensibilidade ao glúten. Mas enxaqueca, doenças respiratórias, osteoporose e anemias também podem acometer esses indivíduos. No caso dos celíacos, eles podem sofrer de outras doenças autoimunes, entre elas o diabetes tipo 1 e a tireoidite de Hashimoto. Na realidade, menos de 50% dos adultos têm sintomas ditos “clássicos”. O diagnóstico da doença celíaca é feito por exames que testam anticorpos específicos, além de alterações intestinais observadas por biópsia. Na sensibilidade, começam a surgir novos exames, mas eles dependem mais ainda do olho clínico.
— Existe a doença celíaca silenciosa, mais difícil de descobrir, porque pode ter sintomas de outras coisas, como mal-estar, dor de cabeça, depressão. É preciso suspeitar e detalhar muito bem os hábitos do paciente para chegar ao diagnóstico — explicou ao público do evento o gastroenterologista Eduardo Lopes Pontes.
Este foi o caso da instrutora de pilates Ane Cristine Cândido, de 48 anos, que descobriu a doença há apenas uma década. Entre os sinais, o fato de seus irmãos terem sido diagnosticados — fatores genéticos são fortes — e anemia persistente.
— Quando fiz os exames, a doença já estava em franco progresso, tanto que poucos anos depois fiquei diabética — conta ela, que usa injeções de insulina.
Ane diz que sua alimentação é muito regrada e que nem sempre consegue opções seguras fora de casa. Ela concorda que o tema desperta polêmicas e que às vezes é vítima de preconceito, até de médicos:
— Quando fui diagnosticada, muitos médicos nem sabiam o que era. Isso vem melhorando, mas há vários que ainda menosprezam o problema, acham que é coisa da moda.
Vapor da discórdia
17/05/2015 - O Globo
Enquanto os usuários, chamados de “vapers”, militam pela sua regulamentação no Brasil, alegando que os e-cigs podem ajudar na luta para abandonar o cigarro convencional, especialistas pedem muita cautela. De acordo com médicos, ainda não há um volume suficiente de estudos para garantir que os dispositivos sejam seguros para a saúde.
Consumidor do produto há cinco anos, um carioca conta que começou a “vaporizar” para abandonar a dependência do cigarro. Desde então, participa de fóruns on-line sobre o tema e, há algum tempo, passou a vender o produto — motivo pelo qual prefere não se identificar.
— Queria parar de fumar e vi que o cigarro eletrônico poderia ser uma opção. No meu caso, deu certo: abandonei o cigarro comum e, hoje, só uso ecig sem nicotina. Como a venda ainda não é legalizada, cada pessoa tem a sua própria rede de importação. Foi assim que comecei a vender — explica ele, que consegue o produto de fornecedores no Paraguai, na China e nos EUA.
COM OU SEM NICOTINA
Alimentados por baterias, os e-cigs são dispositivos que geram vapor inalável a partir de cartuchos descartáveis com líquidos compostos de aromatizantes, água, glicerol e outros elementos. O usuário pode escolher entre cartuchos com diferentes doses de nicotina ou até sem a substância, considerada altamente nociva e viciante. Justamente por haver essa opção de regular a dosagem de nicotina, muitas pessoas que desejam abandonar o cigarro comum estão adotando o eletrônico.
De acordo Jaqueline Scholz, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da USP, o vapor dos e-cigs percorre os mesmos caminhos da fumaça do cigarro comum: inalado, ele vai para o pulmão e ganha a corrente sanguínea, nos alvéolos pulmonares — uma parte é absorvida pelo organismo e a outra, expelida:
— A diferença do vapor para a fumaça é a ausência das substâncias tóxicas provenientes da combustão.
No Brasil, o produto é vendido por valores que variam conforme o modelo — o comércio é proibido, mas o consumo, não. O mais básico pode ser comprado por cerca de R$ 49. Já um modelo intermediário custa cerca de R$ 130. Secretária-executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção- Quadro para o Controle do Tabaco, do Instituto Nacional do Câncer ( Conicq/ Inca), Tânia Cavalcante considera os e- cigs um grande dilema na comunidade científica:
— Há muito marketing sobre eles e seu possível auxílio no tratamento do vício à nicotina, mas muita coisa sem base científica. Os estudos a respeito ainda são recentes para qualquer conclusão sobre os seus efeitos.
Apesar de o número de “vapers” crescer em todo mundo, sua situação está longe de ser unanimidade entre as autoridades. Enquanto países como Alemanha, França e Reino Unido permitem a sua venda, outros como Dinamarca, Finlândia e Itália o fazem com restrições. No EUA, a sua legalidade varia de acordo com cada estado. Já Argentina e México o proíbem.
Por aqui, a Anvisa alega que a venda dos e-cigs não é permitida porque "não há comprovação clínica nem científica da eficácia e da segurança na utilização de tais produtos”, e nem da sua segurança para o fumo passivo.
Já a Polícia Federal diz que o combate ao contrabando do produto faz parte da sua estratégia contra crimes transnacionais, que englobam tráfico de drogas e armas, e contrabando em geral.
A posição das autoridades brasileiras segue uma conclusão semelhante da Organização Mundial de Saúde (OMS), que no ano passado elaborou um relatório alertando para o perigo que o produto pode ter para crianças e jovens.
VENDA ON-LINE
Nem mesmo o fato de a venda dos ecigs representar uma infração sanitária sujeita a multa de até R$ 1,5 milhão tem sido suficiente para impedir a sua popularização no Brasil.
— Querendo parar de fumar, acabei pesquisando sobre eles e comprei um normalmente pela internet. Desde então, uso o meu todo dia, e tem dado certo — afirma Thiago Moreira, de 31 anos.
Conhecido na internet como "Japa do vapor", Nicolas Mori, de 30 anos, mantém um canal no YouTube sobre o tema. Com mais de 90 mil visualizações, ele também compra os e- cigs on- line:
— Adquiri o meu primeiro em 2010, na Rua 25 de Março, em São Paulo. Quando voltei a usá- los, no ano passado, passei a comprar na internet. Chegam pelo correio mesmo. Em geral, os “vapers” argumentam que a proibição do e- cig trata-se de uma incoerência diante da venda legal do cigarro comum.
— É um contradição, porque o cigarro, que é comprovadamente prejudicial à saúde, é legalizado. Se as autoridades quisessem regularizar os e-cigs, bastava criar regras e fiscalizar o comércio — afirma Moreira.
Apesar de reconhecer que os e-cigs têm menos substâncias tóxicas que o cigarro comum, Jaqueline Scholz, do Incor, nega que eles sejam um tratamento para o vício em nicotina.
— O fato de eles terem vantagens em relação aos cigarros não quer dizer que não tenham outras substâncias tóxicas. A regulamentação dos e-cigs é um debate quente, mas a proibição da sua venda é preventiva — diz ela.
Sem sintomas, cresce ameaça de gordura no fígado
17/05/2015 - O Estado de S.Paulo
Foi durante os exames de rotina que a dona de casa Marilene Valese Pantarotte, hoje com 69 anos, descobriu que algo não ia bem com seu fígado. Acima do peso, diabética, ela fazia acompanhamentos semestrais.
Depois de muitos especialistas e exames veio o diagnóstico de cirrose e tumor. O fígado estava perdido. Marilene está há dois anos à espera de transplante. Ao contrário do senso comum, que associa cirrose a consumo de álcool, Marilene nunca bebeu. A doença foi causada pelo acúmulo de gordura no fígado, a esteatose hepática. A longo prazo, a gordura acumulada pode levar a processo inflamatório crônico até, por fim, desencadear cirrose ou câncer.
“A esteatose há até dez anos não representava causa importante no transplante de fígado. Hoje, a curva é ascendente”, afirma o hepatologista Carlos Terra, presidente do Grupo de Fígado do Rio e médico do Hospital Federal da Lagoa. “Não é difícil entender a razão. Metade da população tem sobrepeso, o principal fator de risco. Se considerarmos que 20% dos pacientes com esteatose podem desenvolver cirrose, a gente entende que o impacto no transplante do fígado vá aumentar progressivamente nas próximas décadas.”
Dados do Ministério da Saúde mostram que 52,2% da população adulta tem excesso de peso. Nove anos atrás, a taxa era de 43% – o aumento da população acima do peso foi de 23%. “É preciso conscientizar as pessoas de que o sobrepeso não é problema de ordem estética. É questão de saúde, que pode impactar muito seriamente a qualidade de vida”, diz Terra.
A gordura no fígado não tem sintoma nenhum. O paciente não sente dor, enjoo, nenhum incômodo. Costuma ser descoberta por acaso. Entre as mulheres, quando fazem o exame periódico e o ginecologista pede ultrassom abdominal. Nos homens, quando as enzimas do fígado aparecem alteradas em exames de sangue feitos em check-ups. Não há remédio para acabar com a gordura acumulada no fígado, mas o quadro é reversível com alimentação adequada e exercícios.
“Dos pacientes com gordura no fígado, entre 10% e 15% desenvolverão a inflamação crônica em 10 anos. Desses, nos 10 anos seguintes, 20% terão cirrose; o tipo de cirrose que predispõe ao câncer de fígado”, diz o hepatologista Carlos Eduardo Sandoli Baía, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Sem aviso. Como o paciente não sente dor ou desconforto, muitas vezes não entende a gravidade do problema. Nem acredita que está com cirrose. “Surpreendeu muito quando o médico disse que Marilene tinha cirrose. É uma pessoa que não bebe, nunca bebeu”, diz o militar reformado João Eduardo Pantarotte, de 72 anos. “Há uma ignorância muito grande da população. Quando digo que ela tem cirrose, a gente nota que a pessoa tem uma reação, vê como coisa pejorativa. Minha mulher adoeceu por causa da alimentação mal feita durante a vida. Ela foi criada passando gordura de porco em tudo, até no pão. Mas o costume adquirido desde o início da vida é difícil mudar. Nesse ponto é que nem o álcool. A pessoa não consegue mudar.”
Hoje, as principais causas de transplante de fígado são a cirrose provocada pelas hepatites B e C, com 30% dos casos, e cirrose alcoólica, 20%. “As novas drogas que estão para ser aprovadas para o tratamento da hepatite C resolverão a questão da fila de transplantes. Os pacientes com cirrose por esteatose se tornarão a maioria”, disse Baía. Em 2011, os transplantes por cirrose em decorrência da esteatose respondiam por 0,6% dos transplantes de fígado. Em 2014, essa proporção passou para 2,3% crescimento de 283%.
Doença é uma bomba-relógio’, diz filha que perdeu pai
O diagnóstico de gordura no fígado chegou aos 60 anos. O aviador Almir Gonçalves Fontes anteve a rotina sedentária e o vinho nos fins de semana. Quando foi afastado do trabalho, por cirrose, não aceitou o diagnóstico. Não sentia dor nem mal-estar. “Ficou inconformado”, conta a filha, a dentista Tatiana Fontes, de 41 anos. O diagnóstico chegou em abril de 2014. O aviador morreu em dezembro, aos 72 anos.
Nos primeiros meses que teve de ficar em casa, manteve a rotina. Em uma madrugada de agosto, teve uma crise conhecida por encefalopatia hepática: quando há tantas toxinas no organismo que o fígado já não consegue filtrá-las, o que provoca uma espécie de surto. Veio uma série de internações, até a morte. “As pessoas não sabem que aquela gordura no fígado é uma bomba relógio. Na véspera do Natal, ele disse: ‘filhinha, papai vai dormir’. E eu já sabia que ele ia morrer.”
Artigo: Tratamento inconstitucional
18/05/2015 - Folha de S.Paulo
É crucial uma profunda revisão do SUS, pois o direito à saúde não é cumprido pelo Estado, que tem o dever constitucional de fazê-lo.
A saúde é direito de todos e dever do Estado. É o que garante a Constituição Federal. Mas a pergunta que precisa ser feita é esta: o dispositivo constitucional vem sendo cumprido? Pesquisa do Datafolha indica que desde 2008 a saúde lidera a lista de insatisfações dos brasileiros superando a segurança (18%), corrupção (10%), educação (9%), desemprego (4%) e miséria (2%).
A pesquisa mostra que 62% dos brasileiros consideram os serviços de saúde ruins ou péssimos. O percentual sobe para 70% nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Mesmo os 27% que têm seguro ou planos de saúde avaliam mal o sistema geral, com 70% de conceitos ruins ou péssimos.
O ponto melhor avaliado são os remédios gratuitos (usados por 53% dos entrevistados ou familiares) e os genéricos (comprados por 79% e considerados tão ou mais confiáveis do que os originais por 63%). Os medicamentos são considerados muito caros por 84% dos entrevistados. Impostos e taxas correspondem a um terço do preço dos remédios.
É crucial e inadiável uma profunda revisão do SUS (Sistema Único de Saúde), que, com a Previdência, forma os dois pilares básicos da seguridade social. Enquanto a Previdência tem gastos comparáveis aos do primeiro mundo, o SUS enfrenta fortes entraves orçamentários.
Os países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) desembolsam, em média, 6,5% do PIB para custear os serviços da saúde. O Brasil gastou 3,9% do Produto Interno Bruto (base de dados de 2011).
Segundo norma constitucional de 2000, a União deveria elevar o seu investimento em saúde, elevando 5% sobre as verbas de 1999 até 2004 e depois aumentá-las de acordo com o crescimento do PIB, o que não vem ocorrendo. Tais recursos deveriam ser completados por percentuais das receitas dos Estados (12%) e dos municípios (15%). Quadro atual: a participação do governo federal caiu de 60% para 45%.
Matéria publicada no jornal "O Estado de S. Paulo" em 7 de maio constata que a defasagem dos valores pagos pelo Ministério da Saúde a hospitais que atendem o SUS foi de 434% nos últimos dois anos, em comparação com a inflação oficial acumulada no período.
Dados do Conselho Federal de Medicina indicam que mais de 1.500 procedimentos hospitalares previstos na tabela SUS, não tiveram os valores atualizados de acordo com os índices gerais de preços. O trabalho aponta que os custos de alguns produtos e serviços fundamentais para o funcionamento de hospitais tiveram entre 2008 e 2014, alta maior do que a inflação oficial.
A Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos indica que, na maioria dos casos, os incentivos não são suficientes para cobrir o deficit desse tipo de unidade de saúde. A tabela SUS cobre apenas 60% dos custos, e os incentivos ajudam, mas não fecham a conta. A verdade é que quanto mais se atende o SUS, maior o deficit.
Apesar da garantia prevista no artigo 196 da Constituição Federal, a verdade é que o direito à saúde não vem sendo cumprido pelo Estado que tem o dever constitucional de fazê-lo. O tratamento dado à saúde é, portanto, inconstitucional e precisa ser recuperado.
Caso paraguaio reaviva debate sobre aborto
17/05/2015 - Folha de S.Paulo
O caso da menina de dez anos a quem foi negado um aborto no Paraguai não apenas levou outras mães a procurarem a Justiça por situações similares como aqueceu o debate sobre a prática em países da América Latina.
A garota paraguaia foi estuprada pelo padrasto, foragido; a mãe, que denunciou o abuso e pediu a cirurgia da filha, foi presa como cúmplice.
"Essa menina foi abandonada pelo Estado, que está lhe negando um direito, comprometendo sua vida e a separando da mãe. Por sorte, com a repercussão internacional do caso, outras mulheres estão perdendo o medo e fazendo denúncias", afirmou à Folha a ativista e ex-candidata presidencial Lilian Soto.
"O governo quer tratar esse crime de forma isolada, mas a realidade está sendo mais forte", disse ela.
O aborto é proibido no Paraguai, exceto quando representa risco à vida da mãe.
Familiares da menina, que pesa 34 kg e mede 1,39 m, afirmam que o caso se enquadra na lei, mas o governo não aceita o argumento. Na prática, a legislação jamais foi aplicada com relação a uma menor de idade grávida.
O ministro de Saúde Pública, Antonio Barrios, ex-médico particular do presidente conservador Horacio Cartes, descartou a possibilidade de realizar o procedimento devido ao estágio da gestação (cinco meses) e reafirmou que a garota não corre riscos.
"Este ministro não concorda com o aborto. Além disso, já não é mais possível realizá-lo", declarou.
Associações de direitos humanos alegam que, se o pedido fosse considerado quando a denúncia foi feita, haveria tempo para a realização segura do procedimento.
No Paraguai, outros casos que surgiram na sequência desse foram o de uma garota de 12 anos que, segundo sua madrasta, engravidou do próprio pai biológico em Itapúa, e outra de 13 que foi violentada na saída da escola, em Mariano Roque Alonso. Os pedidos de ambas para abortar também foram negados.
TOTALMENTE VETADO
Hoje, três países latino-americanos proíbem o aborto em qualquer situação: Chile, El Salvador e Nicarágua. Muitos garantem na lei o procedimento em casos de risco à vida da mãe, má-formação do feto e estupro (Brasil, Colômbia, Peru), mas há vários em que o acesso é restrito, apesar de a legislação existir para alguns dos casos acima descritos (Bolívia, Paraguai, Argentina). No Chile, dois casos deram nova vida ao debate recentemente. Uma mulher de 28 anos, com câncer e grávida de um feto anencéfalo, teve o aborto negado, assim como a menina Belén, de 11, estuprada pelo padrasto. Pressão internacional e campanha de grupos pró-direitos humanos levaram a presidente Michelle Bachelet a prometer enviar ao Congresso um projeto permitindo o procedimento para casos de violação, má-formação do feto ou risco à vida da mãe. Já em El Salvador, a Anistia Internacional e outras entidades pressionam pela liberação do grupo "Las 17" --mulheres que alegam ter tido abortos naturais, mas que, denunciadas pelos médicos que as atenderam, foram condenadas a penas de mais de 30 anos de prisão. A lei salvadorenha, considerada a mais severa, prevê punições não só às mães como também a familiares e médicos que encubram ou auxiliem no procedimento. Em março, Carmen Guadalupe Vázquez Aldana, 28 e presa por uma década, teve a pena revista, alegando ter sofrido um aborto natural. Estava condenada a 30 anos.Plano de saúde premia quem perde peso
19/05/2015 - Folha de S.Paulo
Planos de saúde têm oferecido descontos na mensalidade e prêmios --como notebooks e viagens internacionais mais baratas-- para incentivar seus usuários a perder peso, fazer exercícios e adotar hábitos saudáveis.
Há atualmente no Brasil cerca de 1.300 programas de promoção à saúde e de prevenção a doenças, que atingem 1,6 milhão de beneficiários --pouco mais de 3% do total de usuários dos planos.
Desses, 300 oferecem premiações ou bônus como redução de 10% na mensalidade, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Para ganhar os benefícios, os clientes precisam ir a consultas, participar de palestras e, em alguns casos, se submeter a avaliações periódicas.
Além de reduzir custos, os planos que adotam programas preventivos ganham pontos e podem melhorar a nota no ranking de avaliação da ANS --que é público.
A prevenção da obesidade e das doenças associadas a ela, como diabetes e hipertensão, tem sido um dos principais focos dos programas.
Dados da Vigitel, pesquisa do Ministério da Saúde que monitora os fatores de risco para a saúde, mostram que o sobrepeso atinge até 67% dos usuários de planos--moradores em capitais do país. A obesidade chega a afetar 42%.
O mesmo estudo dá pistas sobre as causas dessa epidemia: até 53% das usuárias tomam refrigerante cinco ou mais vezes por semana. Entre os homens, 48%.
CUSTOS
Estudos mostram que, a cada 1% de redução no peso, na pressão arterial e nos níveis de glicose, há uma economia entre US$ 83 a US$ 103 em despesas médicas por pessoa.
"Todos ganham com programas preventivos: a população [que fica menos doente] e os sistemas de saúde, que reduzem custos", diz Katia Audi, gerente de monitoramento assistencial da ANS.
A agência incentiva os programas e, em parceria com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), está avaliando a eficácia deles.
Katia aprova a premiação, mas diz que não pode ser o único caminho. "Tem que trabalhar a consciência."
Uma revisão de 34 estudos internacionais concluiu que, embora os programas de incentivo mudem comportamentos de saúde a curto prazo, os efeitos positivos tendem a desaparecer quando os benefícios são cortados.
Por isso, os pesquisadores aconselham que o bônus seja atrelado a medidas mais concretas, como a realização de exames preventivos --em vez de uma mudança de comportamento a longo prazo.
A Intermédica prioriza os incentivos em um programa para gestantes. Dá notebooks, bolsas e ingressos de cinema às mães que fazem pré-natal corretamente, amamentam o bebê no peito por mais tempo e mantêm em dia a carteira de vacinação do filho.
A dona de casa Andrênia Cintia da Silva Barbosa, 40, ganhou no início do ano um notebook por ter seguido as recomendações. Nas três gestações anteriores, ganhou até 20 kg, teve hipertensão e perdeu uma filha aos sete meses de gestação. Na última gravidez, teve também diabetes.
"O melhor foi fazer a coisa certa para não prejudicar meu filho. Fiz dieta e só ganhei oito quilos", diz.
Na opinião do clínico-geral Walter Moschella, especialista em medicina preventiva, a gestação é um período em que as mulheres estão sensibilizadas e tendem a mudar hábitos com mais facilidade.
No entanto, mudanças de comportamento de obesos são mais difíceis de serem mantidas, segundo ele. "Não é dando um notebook que vamos atingir as causas emocionais, familiares, metabólicas e físicas da obesidade."
Medicina integrada a finanças e administração
19/05/2015 - Brasil Econômico
Após um longo período de desenvolvimento, de testes e de maturação, o HCor e a Totvs anunciam hoje oficialmente no primeiro dia da Hospitalar — principal evento no país de tecnologia ligada à saúde— os resultados do projeto que envolveu a criação em conjunto de uma plataforma de software que vai integrar toda a gestão do hospital paulistano, dos sistemas administrativos e financeiros aos processos diretamente ligados à ponta dos médicos e pacientes da instituição. Previsto para entrar em operação em setembro, o desenvolvimento do sistema concentrou cerca de cinco anos de trabalho, em função da complexidade envolvida no projeto.
“Hoje, todos os hospitais do nosso porte que estão com planos de expansão vivem um grande desafio de agilizar a comunicação interna em benefício do corpo clínico e dos pacientes. Esse projeto é a primeira pedra para permitir que o HCor cresça de maneira sustentável”, diz José Lobato, gerente executivo de Tecnologia da Informação (TI) do HCor. “Estamos preparados para um grande salto nas nossas operações a partir da base criada pelo sistema.Vamos ter uma gestão mais fina e maior controle dos nossos custos fixos e variáveis, e condições mais propícias para aumentar nossa receita”, afirma.
Além de centralizar e automatizar todos os processos realizados na instituição, a nova plataforma vai fornecer uma visão única dos pacientes, considerando todas as suas interações com cada setor do hospital. Outro ponto ressaltado é o prontuário eletrônico. Até então, o HCor possuía uma solução desenvolvida internamente e que estava restrita aos pacientes da pediatria.
A partir do projeto, essa tecnologia será migrada para a plataforma da Totvs e estendida aos demais pacientes. “Ao todo, temos hoje cerca de 137 sistemas legados.
No início da operação, vamos reduzir esse índice em 30% e, a médio prazo, a redução será de até 83%, restando apenas os sistemas mais especializados”, observa Lobato.
As prescrições eletrônicas são mais um benefício ressaltado. O sistema inclui um controle automatizado com orientações sobre o nome do paciente, a dosagem e o horário dos medicamentos.A plataforma integrada também vai permitir reduzir custos, especialmente no que diz respeito às glosas, jargão usado no setor quando o convênio não reembolsa a instituição por determinado procedimento, em função de alguma não conformidade no processo.“ Hoje, as glosas dos convênios representam de 3% a 4%, em média, do faturamento de um hospital nos Estados Unidos, que é uma referência para nós. Como prontuário, esse índice pode baixar para uma faixa de 1%a 1,5%”, observa.
Mais que uma evolução para o HCor, o projeto é também um marco na estratégia da Totvs para o segmento de saúde. “Hoje, já temos uma boa presença em hospitais de menor porte, com 10 mil leitos sendo geridos por nossas tecnologias em instituições de até 300 leitos. O projeto com o HCor nos ajudou a construir uma solução que, de fato, atende a hospitais e projetos mais complexos e de maior porte”, diz Marcelo Souccar, diretor do segmento de Saúde da Totvs.
“O processo de desenvolvimento envolveu muito aprendizado e transferência de conhecimento entre as duas partes. Já estamos em conversações com uma série de grupos que nos procuraram interessados na plataforma”, afirma. Com cerca de 250 profissionais, o núcleo de saúde da companhia atende ainda ao segmento de operadoras de planos de saúde, o que inclui cooperativas médicas, como a Unimed, e uma base de 12 milhões de vidas. As iniciativas da Totvs voltadas ao segmento de saúde incluem ainda uma parceria com o hospital Albert Einstein, a Microsoft e a Intel, para o desenvolvimento de inovações direcionadas ao setor. Batizada de Health Alliance, o primeiro fruto da parceria é um tablet com um aplicativo embarcado que, entre outros recursos, fornece todas as informações dentro do conceito dos “5 certos da enfermagem” (paciente certo,medicamento certo, via certa, dose certa e horário certo).
Após prêmio na gravidez, mãe tenta emagrecer
19/05/2015 - Folha de S.Paulo
A funcionária pública Silvana do Carmo, 38, ganhou um notebook no ano passado no programa do plano de saúde que dá prêmio a gestantes com hábitos saudáveis.
Agora, integra um voltado ao emagrecimento. Ela diz que pesa "mais de 100 kg" e que está motivada a perder pelo menos 20 kg com dieta equilibrada e exercícios.
"Na gravidez, eu fiz tudo direitinho, mas depois relaxei. No programa, eles trabalham questões emocionais que levam ao ganho de peso."
Relatório da ANS mostra que os incentivos mais comuns oferecidos pelos planos são brindes, descontos em academias de ginástica, não pagamento de coparticipação em exames e procedimentos e custeio de vacinas.
A empresa Silvestre Saúde, do Rio, é uma das que dá desconto de 10% na mensalidade dos usuários. Em troca, eles devem comparecer a palestras e consultas médicas agendadas pelo plano, além de aceitar ser monitorado em certos hábitos de vida.
Após a implantação de um programa voltado a gestantes, a Intermédica diz que houve alta de 38% nas consultas de pré-natal e de 40% na continuidade do aleitamento até o quarto mês. As complicações obstétricas caíram 33%.
A operadora também oferece brindes, como aparelhos de aferir pressão arterial e balanças, ao usuário que participar de oficinas que incentivam a perda de peso.
Segundo a ANS, tem até operadora de saúde oferecendo desconto de 50% em viagens para a Patagônia se o beneficiário atingir a condição física adequada para esquiar.
Com isso, a taxa de participação em programa de promoção à saúde subiu de 25% para 70%, com resultados efetivos de 80%--contra 30% obtidos antes do programa.
A Amil, em parceria com o Vigilantes do Peso, oferece um programa de emagrecimento voltado aos funcionários. Premia com até R$ 1.000 quem mais perde peso. "Uma colaboradora perdeu 27 kg. Isso incentivou a família toda a adotar hábitos saudáveis", diz Odete Freitas, diretora de sustentabilidade da Amil. A operadora estuda ofertar o programa aos usuários.
Mais jovens com plano de saúde puxam para baixo receita de hospitais
18/05/2015 - Valor Econômico
A receita líquida média diária, por paciente, dos 68 maiores hospitais privados do país caiu 7,3% para R$ 18,8 mil no ano passado em relação a 2013, de acordo com dados da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp).
As despesas também registraram queda, mas em menor proporção, com redução de 2,1% para R$ 17,4 mil, no mesmo período de comparação.
Segundo Francisco Balestrin, presidente da Anahp, a queda na receita nesse grupo de hospitais é explicada pelo aumento de usuários mais jovens com planos de saúde.
“Os jovens trabalhadores que passaram a ter direito a planos de saúde, ao entrar no mercado de trabalho, têm poucas patologias e de menor custo. Normalmente, esses trabalhadores têm filhos que usam a pediatria ou esposas que gastam com partos, que não têm custos altos”, disse Balestrin.
No ano passado, havia 7,7 milhões de usuários de convênios médicos corporativos com idade entre 20 e 29 anos. Em 2010, eram 4 milhões nessa categoria, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Além disso, os hospitais conseguiram negociar os contratos com as operadoras e seguradoras de planos de saúde. Os hospitais com marcas fortes têm maior poder de barganha com as fontes pagadoras.
A queda no valor das despesas ocorreu porque os hospitais iniciaram a compra de produtos e insumos médicos em conjunto. “Estamos realizando um piloto dentro do site da Anahp em que os hospitais fazem compras conjuntas. Nesta primeira fase, compramos medicamentos de alto custo”, disse. Os medicamentos de alto custo respondem por 20% do volume usado pelos hospitais, mas representam 60% das despesas.
É a primeira vez em sete anos, desde que a entidade passou a fazer levantamentos anuais do setor, que há registro de queda de receita. Nos últimos dois anos, o grupo de hospitais associados à Anahp apurou um crescimento de despesas superior à receita.
Os 68 maiores hospitais privados do país associados à Anahp registraram uma receita bruta de R$ 20,7 bilhões no ano passado. Em 2013, a entidade tinha 55 hospitais associados que juntos tiveram um faturamento de R$ 17,3 bilhões.
ANS suspende planos
19/05/2015 - Valor Econômico
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai suspender, a partir de amanhã, a comercialização de 87 planos de saúde de 22 operadoras, incluindo Allianz Saúde, Unimed Paulistana e Odontoprev. Segundo a agência, as empresas listadas não cumpriram prazos de atendimento e também foram alvos de queixas, como negativas de coberturas. Na noite de ontem, a Odontoprev divulgou nota ao mercado, informando que a suspensão abrange a comercialização de 17 dos 387 planos de seu portfólio e que "não reconhece mudança nos elevados padrões de qualidade e atendimento à saúde dos beneficiários"