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Medicamentos
Paciente é autorizada a importar THC, mas não consegue Maconha permanece na lista de drogas nocivas e viciantes dos EUA
18/04/2015 - Folha de S.Paulo
A juíza Kimberly J. Mueller, de uma corte federal em Sacramento, na Califórnia, rejeitou, na última quarta-feira (15), o pedido de retirada da maconha da lista de drogas mais prejudiciais e viciantes da agência antidrogas americana.
Heroína, LSD e ecstasy são algumas das substâncias que também pertencem à chamada Classe 1.
Os Estados Unidos estão passando por conflitos entre a legislação federal e as estaduais no que se refere à possibilidade de utilização da droga.
Vinte e três Estados americanos, incluindo a Califórnia, legalizaram o uso medicinal da canabis, e quatro Estados aprovaram seu uso recreativo --entre eles, Colorado e Washington--, criando confusão sobre se a lei federal se aplica em nível estadual e de que maneira.
Famílias ainda recorrem a canabidiol ilegal
18/04/2015 - Folha de S.Paulo
A exigência de uma série de documentos, as taxas de importação e a necessidade de buscar o canabidiol diretamente nos aeroportos são entraves que ainda levam muitas famílias a optar pela compra clandestina.
Em janeiro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou o uso medicinal da substância, um dos 80 princípios ativos presentes na maconha, para crianças e adolescentes.
Mas, como não há registro de medicamentos ou produtos semelhantes no Brasil, é preciso obter autorização para importar o produto --pelos Correios ou empresas especializadas em fretes.
"A burocracia ainda é enorme. Trazer o canabidiol legalmente para o Brasil encareceu o processo e ficou inviável", diz Juliana Paolinelli, 35, da Ama me (Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal).
Entre os documentos exigidos estão o laudo médico e um termo de responsabilidade assinado pelo profissional e pelo responsável legal do paciente. No documento, ambos informam estar cientes de que o canabidiol não tem registro no Brasil e que a segurança não é garantida.
Por receio ou desconhecimento, muitos médicos ainda preferem não receitar o canabidiol, o que é um grande entrave à importação legal, de acordo com a servidora pública Sheila Geriz, 40.
O filho dela, de cinco anos, é portador da síndrome de West, uma forma grave de epilepsia. Após iniciar o tratamento com o canabidiol, no ano passado, as 30 convulsões diárias do menino cessaram.
O problema, agora, é outro: além de pagar cerca de US$ 449 por frasco comprado nos EUA, ela tem de sair de João Pessoa, onde mora, para buscar o medicamento no aeroporto de Viracopos, em Campinas. O produto dura 15 dias.
A Receita Federal não permite que o canabidiol seja enviado pelas empresas diretamente para a casa dos pacientes. Alguns contratam um despachante aduaneiro, que cobra, em média, R$ 700.
O personal trainer Rodrigo Henrique Araújo, 34, afirmou que continua adquirindo o óleo de canabidiol de forma clandestina para a filha, de sete anos, que tem epilepsia.
Araújo diz que o padrasto dele, que mora nos EUA, envia o produto pelo correio como se fosse um frasco de tinta infantil. "Não vou deixá-la voltar a ter as convulsões por causa de burocracias."
No Rio, a bancária Maria Aparecida Felício de Carvalho, 47, também diz utilizar canabidiol ilegal para a filha de 11 anos. "As crises convulsivas dela diminuíram muito. Não tenho condições de pagar pela importação."
A Receita Federal diz que a importação de canabidiol segue as mesmas regras dos medicamentos e que não há cobrança de imposto para compras de até U$ 3.000. Para ter isenção, o consumidor deve apresentar declaração simplificada de importação.
A assessoria do órgão também informou que a legislação impede que o produto seja entregue em casa.
Ministério nega problemas na distribuição
18/04/2015 - Folha de S.Paulo
O Ministério da Saúde negou que estejam ocorrendo atrasos ou irregularidades na distribuição de medicamentos, conforme relataram as associações à reportagem.
A pasta informou que parte da responsabilidade pelo fornecimento dos remédios cabe a Estados e municípios, que estão com os repasses financeiros federais em dia.
Sobre a demanda dos hemofílicos, o ministério informou que foram regularizados neste mês os estoques em todos os Estados do medicamento para a profilaxia dos pacientes em casa e que não recebeu reclamações de falta de outro tipo de insumo.
Informou que, no total, adquiriu 180 milhões de unidades, em dezembro de 2014, "quantidade suficiente para abastecer o país por um ano".
Em relação aos kits para diabéticos, o órgão declarou que a compra desses insumos cabe a Estados e municípios.
A respeito da falta de Riluzol para pessoas com esclerose lateral amiotrófica, o Ministério da Saúde informou que a aquisição do medicamento cabe às secretarias de Saúde estaduais, com repasses federal. Disse que o envio desses recursos está em dia.
No caso da artrite reumatoide, a pasta declarou que "não há registro de falta de nenhum medicamento" que caiba à competência federal.
Faltam medicamentos para doenças raras Pessoas com doenças crônicas e raras estão recebendo com atraso ou em quantidade insuficiente alguns medicamentos distribuídos pelo Ministério da Saúde. DOSES PELA METADE Já a FBH (Federação Brasileira de Hemofilia) reclama que, desde novembro de 2014, parte dos 12 mil hemofílicos do Brasil estão recebendo apenas a metade das doses de medicação necessárias para profilaxia. Merck supera Bristol-Myers Squibb em teste de droga contra câncer
19/04/2015 - Valor Econômico
O medicamento da Merck para tratamento de câncer, o Keytruda, teve índices mais elevados de sucesso que os obtidos pelo Yervoy, da Bristol-Myers Squibb, apontou o primeiro de uma séria de estudos comparativos entre alternativas que utilizam o sistema imunitário do corpo para destruir tumores.
Os resultados foram revelados neste domingo no New England Journal of Medicine, apresentados na conferência anual da American Association for Cancer Research, na Filadélfia, Estados Unidos.
Bristol, Merck, Roche e outros fabricantes de medicamentos estão competindo por uma fatia do mercado de imunoterapia, o que alguns analistas preveem que pode somar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões em vendas anuais na próxima década.
O Yervoy tornou-se o tratamento padrão para o melanoma avançado desde que atingiu o mercado em 2011, ajudando-o a acumular $ 1,3 bilhão em vendas no ano passado.
Já o Keytruda, conhecido como um inibidor PD-1, foi aprovado no ano passado para tratar melanoma em pacientes cuja doença piorou depois de tentar Yervoy.
O estudo divulgado neste domingo comparou os desempenhos do Keytruda contra o Yervoy em mais de 830 pacientes cujo melanoma havia se espalhado para outras partes do corpo.
Cerca de um terço dos pacientes receberam Keytruda uma vez a cada duas semanas, um terço recebeu a cada três semanas, e o restante um terço recebeu o padrão de quatro ciclos de Yervoy.
Um ano após o início do tratamento, 74% dos pacientes que receberam Keytruda a cada duas semanas e 68% dos que receberam a cada três semanas ainda estavam vivos, em comparação com 58% para aqueles que receberam Yervoy.
Pesquisa e Desenvolvimento O sexo redefinido A ideia de que existam apenas dois sexos, separados pela presença ou ausência de um cromossomo Y, é simplista. Eles podem dizer uma coisa, enquanto ovários, testículos, hormônios e a anatomia sexual indiquem outra direção. Cientistas utilizam tempero para eliminar mosquito da dengue
18/04/2015 - Folha de S.Paulo
Receitas caseiras para espantar o mosquito da dengue, como usar pó de café ou fazer misturas usando cravo ainda não têm grande respaldo científico, mas no armário de temperos pode, sim, haver um inseticida formidável: o açafrão.
Cientistas da USP São Carlos e da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) viram que a curcumina, molécula presente no tempero, prejudica o desenvolvimento das larvas de Aedes aegypti, o vetor da dengue, impedindo que cheguem à fase adulta.
A ideia dos pesquisadores é que alguns locais de acúmulo de água, como poças, pequenos lagos e até a água do cachorro, possam ser tratados com o produto.
A curcumina também pode funcionar para evitar mosquitos em pratinhos de plantas. "Colocar água sanitária no prato as agride. Eu já testei", diz o cientista Vanderlei Bagnato, da USP São Carlos.
A água fica um pouco amarelada, mas a molécula se degrada e ela volta a ficar transparente, conta o professor. Isso é sinal de que a curcumina já perdeu sua eficácia e que a aplicação tem de ser refeita.
"Pode não ser a solução definitiva para todos os focos, mas nossa obrigação é tentar fazer algo", diz Bagnato.
A curcumina e algumas moléculas semelhantes a ela --os curcuminoides-- fazem com que as larvas dos Aedes se tornem fotossensíveis e morram quando expostas à luz --do sol, de lâmpadas fluorescentes ou de LEDs.
Uma quantidade baixa (15 mg por litro de água) é capaz de praticamente liquidar larvas expostas ao sol.
"O surpreendente é que as pessoas vêm usando o açafrão [sem processamento químico] contra os mosquitos e o número deles diminui", afirma Bagnato.
A pesquisa está sendo feita no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica, em São Carlos, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O uso medicinal do açafrão e da curcumina não é novo. O tempero está inserido na cultura hindu como remédio há milhares de anos e os cientistas já vêm testando a curcumina contra inflamação, cárie, neovascularização da córnea (aumento indesejado de vasos sanguíneos, que prejudica a visão) e câncer, por exemplo.
O próximo passo é o teste em grande escala em alguma cidade que esteja sofrendo com a dengue. Bagnato está à procura de parceiros nos setores público ou privado que queiram levar a ideia adiante.
Aparelhos vestíveis e apps de saúde geram novo filão de dados pessoais
20/04/2015 - O Estado de S.Paulo
No livro O Círculo, do escritor americano Dave Eggers, a protagonista, uma jovem recém-formada, entra na maior empresa de tecnologia do mundo. Além de trabalhar com as principais mentes do país e estar na vanguarda de todas as discussões tecnológicas e sociais, a moça terá direito a privilégios como um refeitório de primeira linha, eventos exclusivos para os funcionários do Círculo e um plano de saúde que cobre praticamente tudo. A única condição para ter acesso a esse benefício é engolir um sensor que, uma vez dentro do corpo, passa a monitorar todos os sinais do indivíduo. A empresa tem acesso a essa informação 24 horas por dia.
É fato que ainda estamos muito longe dessa realidade imaginada, mas o cenário atual parece apontar nessa direção.
Com o lançamento do Apple Watch e a incorporação do app Saúde ao iOS 8, a maior empresa do mundo entrou de vez em um mercado que vem crescendo nos últimos anos e deve dominar as atenções pelos próximos: o da coleta de dados a respeito de nosso corpo e saúde. Os médicos vêm usando acelerômetros para estudar atividades físicas desde os anos 80, mas a partir da revolução dos smartphones, eles passaram a ser item quase obrigatório nos chamados wearables, dispositivos tecnológicos de vestir.
Usando relógios, pulseiras, garfos e até meias (veja abaixo), é possível acompanhar alguns dados como a distância caminhada, número de passos, estimar a queima de calorias e a rotina de atividades físicas em geral. Dotados de acelerômetros esses dispositivos podem dar uma ideia do nível de atividade realizada por seus usuários.
“Nós olhamos para vários aspectos dos dados, por exemplo, os passos que uma pessoa deu, horas dormidas, refeições registradas e mais”, explica Patrick Sebastian Henkel, coordenador internacional de relações públicas da Jawbone. A empresa produz o UP, monitor de pulso que se liga ao smartphone através de um aplicativo.
“O coração do nosso sistema é ‘registrar, entender e agir’. Nossa função é ajudar as pessoas a entender os dados que estão gerando – compreendê-los, saber o que fazer com isso e mudar suas vidas.”
Hoje existem diversas opções de apps, aparelhos e sistemas de leituras desses dados disponíveis no mercado, ao alcance de esportistas profissionais e amadores. Segundo Henkel, “espera-se que o crescimento global desse mercado seja muito grande, de acordo com diversas fontes de pesquisa na indústria”.
De olho
No ano passado, nos EUA, foram vendidas 70 milhões de unidades de “fitness trackers”, segundo a Gartner. Em 2014, foram gerados mais de US$ 2 bilhões; a previsão é que até 2019 esse ramo movimente US$ 5,4 bilhões, segundo a consultoria Parks Associates.
“Percebemos que, universalmente, as pessoas querem viver melhor, mas isso pode ter diferentes significados para diferentes pessoas. Portanto, cada um pode ter benefícios únicos ao acompanhar sua saúde”, diz.
Mas o “self-tracking” na saúde não é novidade para os portadores de certos problemas. Quem tem pressão alta e diabetes tem de monitorar constantemente o corpo para garantir o controle sobre essas doenças. Porém aparelhos medidores de glicose, por exemplo, atendem a especificações exigidas pelas associações médicas. “Existe sempre uma questão quando falamos sobre a precisão dos aparelhos que usamos para acompanhar nossas vidas”, afirma Ernesto Ramirez, diretor do Quantified Self, organização que se dedica a espalhar a cultura da “autoquantificação” ao redor do mundo.
“A questão é saber o quão precisa a informação precisa ser. Se você está acompanhando problemas médicos, é importante ter leituras muito precisas, e é por isso que existem regulamentações e testes exaustivos nesses aparelhos”, diz. A Jawbone, por exemplo, reconhece que seus produtos são feitos “para o consumidor” e não para uso médico.
Apesar de não fornecerem dados 100% precisos, esses gadgets estão ajudando cientistas a compreender melhor os hábitos das pessoas. Antes, usava-se questionários para entender melhor como era a rotina de um determinado indivíduo. Com os trackers, é possível reunir dados mais precisos e ricos a respeito de como as pessoas se relacionam com os exercícios físicos. “ Com o tipo de equipamento que se usa hoje, captura-se toda a atividade física – todos os perfis de movimentos, em contextos diferentes. As perguntas (que os pesquisadores faziam) pegavam apenas uma parte das atividades”, disse ao site LiveScience Richard Troiano, epidemiologista do programa de pesquisa aplicada do National Cancer Institute, nos EUA.
Privado
No mundo pós-Edward Snowden, a questão da privacidade invadiu também o nosso corpo. Com tantos dados sobre hábitos, capacidade física e males de saúde sendo armazenados em servidores de empresas, estamos correndo o risco de termos nossas entranhas expostas ao mundo? As empresas, claro, não creem em problemas.
“Na Jawbone nós respeitamos totalmente a privacidade de nossos usuários. Somente compartilhamos o dados se eles assim desejarem – por exemplo, na integração com um app de terceiros. Temos a custódia dos dados dos usuários. Coletamos, analisamos e os apresentamos ao usuário com significado. Se o usuário quiser, nós deletamos tudo”, afirma Henkel.
Para Ramirez, não faz sentido manter os dados privados, já que eles podem fornecer dados a pesquisas. “Muitas pessoas usam a privacidade como um escudo sem realmente discutir o que significa. Hoje, com a enorme quantidade de dados que é coletada, sempre vemos uma variedade de histórias sobre vazamentos e privacidade das informações. Não devemos ter medo de uma base de dados”, diz.
“No entanto, devemos ter atenção quando formos dar as chaves do ‘reino’ aos apps de terceiros que podem não ter os melhores interesses. Nossos dados não deveriam ser selados numa base de dados a qual não podemos ver, a qual não temos acesso, não podemos controlar. Nós, como consumidores e criadores de dados, precisamos lutar pelo acesso.”
Ainda não está claro que tipo de consequências o acompanhamento de nosso corpo em tempo real pode ter, tanto para a melhora de nossa saúde, quanto para a nossa privacidade. A julgar pela visão de Dave Eggers (leia entrevista abaixo), esse é o só o começo de uma era de monitoramento mais do que íntimo.
ENTREVISTA: Dave Eggers, jornalista e escritor autor de ‘O Círculo’
‘No futuro, veremos vazamentos de dados de saúde’
Em seu livro ‘O Círculo’, empresas monitoram dados de saúde, futuro próximo rumo ao qual estamos caminhando
Em entrevista ao Estado por e-mail, Dave Eggers, jornalista autor de O Círculo opinou sobre onde a obsessão por dados e medição pode nos levar.
• Em seu livro, a empresa O Círculo monitora a saúde dos empregados usando sensores que ficam dentro do corpo. De onde veio sua inspiração para criar esse cenário?
Aqui nos EUA, a maioria das pessoas tem seguro-saúde através das empresas nas quais trabalham. E elas dão descontos se você se exercita com regularidade, se não fuma etc. Você ganha descontos por bom comportamento. Dada a habilidade de monitorar dados de saúde, pensei que seria apenas lógico que uma empresa como o Círculo começaria a monitorar os dados de saúde de seus empregados, e os recompensaria ou puniria por seus comportamentos. Acho que isso tem chance de virar parte da política de saúde das empresas num futuro próximo. Existe muito dinheiro em jogo.
• Quais podem ser as consequências dessa coleta de dados de saúde?
É uma preocupação muito grande. Quando dados são coletados, é possível que ele sejam espalhados e usados inapropriadamente. Logo veremos vazamentos de dados de saúde – a começar pelo tipo de invasão que almeja celebridades e se tornou muito comum. Quando essas bases de dados se tornam mais e mais centralizadas, então os hackers serão capazes de encontrar qualquer tipo de informação. E quando essa informação inclui DNA, entramos num território muito perigoso. Os empregadores poderiam escolher alguém com um DNA por conta do que ele diz a respeito do futuro de sua saúde, níveis de risco para certas doenças, aptidão para certas tarefas etc.
O caso do Círculo é extremo, mas não é impossível que empresas, escolas e governos passem a obrigar a coleta de dados – tudo em nome de prover o melhor cuidado com o menor preço. O estranho é que se tivéssemos dados minuto a minuto em todo mundo, o cuidado médico iria de fato melhorar e os custos diminuiriam de maneira significativa, porque problemas poderiam ser antecipados. Mas, claro, todos esses dados viriam com um custo alto: a eliminação da pessoa privada.
Estudo aponta indícios precoces de mal de Alzheimer
18/04/2015 - Folha de S.Paulo Online
Antes mesmo de Ronald Reagan se tornar o homem mais velho a ser eleito para a Presidência dos EUA, seu estado mental era uma questão política. Seus adversários sugeriram várias vezes que sua tendência a dar declarações contraditórias, esquecer nomes e aparentemente se distrair podia ser ligada à demência.
Em 1980, Reagan me disse que renunciaria à Presidência se os médicos da Casa Branca o avaliassem como mentalmente inapto para o cargo. Anos mais tarde, esses médicos e assessores de Reagan me disseram que não detectaram qualquer mudança em suas capacidades mentais enquanto ele exerceu o cargo.
Agora uma nova análise concluiu que modificações sutis nos padrões de fala de Reagan, ligadas ao advento da demência, manifestaram-se anos antes de os médicos terem diagnosticado o mal de Alzheimer no presidente, em 1994.
Publicadas por pesquisadores da universidade Arizona State no "Journal of Alzheimer's Disease", as conclusões sugerem que alterações na fala podem ser usadas para prever o desenvolvimento da doença de Alzheimer e outras condições neurológicas anos antes de os sintomas se tornarem clinicamente perceptíveis.
Especialistas acreditam que tratamentos que ainda não foram desenvolvidos provavelmente serão eficazes para prevenir ou reduzir a progressão da demência, desde que a doença seja detectada antes de ter causado danos cerebrais importantes.
Os métodos usados pelos pesquisadores podem eventualmente ajudar a diferenciar modificações na palavra falada que são associadas ao envelhecimento normal de outras que apontam para a progressão a estágios clínicos do mal de Alzheimer, disse Eric Reiman, diretor do Instituto Banner de Alzheimer, em Phoenix, Arizona, que não participou do estudo.
Visar Berisha e Julie Liss, professores de fonoaudiologia, analisaram transcrições das 46 entrevistas coletivas à imprensa dadas por Reagan para avaliar mudanças em seus padrões de fala, com a ajuda de um algoritmo. Berisha disse que seu objetivo inicial não era estudar Reagan, mas que descobriu que o ex-presidente americano era o único indivíduo com demência progressiva cujos pronunciamentos foram, durante um longo período, transcritos e disponibilizados publicamente.
Os pesquisadores constataram na fala de Reagan que dois fenômenos –o uso de palavras repetitivas e a substituição de substantivos específicos por termos não específicos, como "coisa"- aumentaram perto do final de sua Presidência. Um terceiro fenômeno, o uso de palavras singulares, diminuiu.
Richard Caselli, especialista em Alzheimer da Clínica Mayo, em Scottsdale, Arizona, opinou que, embora o novo estudo seja "muito perspicaz", são necessárias mais pesquisas, envolvendo um número maior de pessoas, para provar um método que preveja o surgimento de demência.
O declínio cognitivo imperceptível muitas vezes precede em muitos anos a deterioração acelerada que ocorre a partir do momento em que estratégias compensatórias, como o uso de palavras simples e frases bem ensaiadas, fracassam e a pessoa não consegue mais mascarar seu deficit cognitivo.
Berisha quis determinar se algoritmos e o processamento linguístico natural podem ser usados para detectar quaisquer modificações desse tipo em entrevistas coletivas à imprensa, porque respostas espontâneas a perguntas exigem um esforço cognitivo maior que falas previamente ensaiadas. Qualquer dano sofrido em áreas do cérebro que orquestram esses eventos pode gerar dificuldades de fala.
Saúde
Diagnóstico em Brasília 19/04/2015 - Folha de S.Paulo
Além da expansão do hospital em São Paulo, que será inaugurada na quinta-feira (23), o Sírio-Libanês investirá R$ 30 milhões em um centro diagnóstico em Brasília. "A unidade de rádio e quimioterapias contará com equipamentos como ressonância e Pet/Ct [tomografia]. Buscamos uma área para ter internação", diz o superintendente, Paulo Chapchap. Vizinhos à sede paulista, estão previstos mais dois prédios grandes, ainda sem data para construção. Uma torre será para estacionamento, assistência ambulatorial e centro cirúrgico. O outro edifício se destinará à internação de pacientes crônicos de longa permanência, e ainda há o plano de ampliação do instituto de ensino e pesquisa. "Poderemos atender mais pessoas e melhor. Quanto maior o hospital, maior também o alcance dos projetos sociais. Devolvemos o equivalente à toda a renúncia fiscal em projetos com o Ministério da Saúde." O Sírio prevê aplicar para o SUS R$ 407 milhões em três anos em cursos de gestão, pesquisa e assistência em saúde. Foram R$ 130 milhões em 2014, com a participação de 21 mil profissionais. Neste ano, a novidade é um curso de formação de tutores de residência médica. Faturamento: R$ 1,4 bilhão em 2014 Leitos hoje: 439 (até 2017): 650 O brasileiro está menos sedentário - mas, ainda assim, cada vez mais acima do peso ideal
20/04/2015 - IstoÉ
O brasileiro está menos sedentário - mas, ainda assim, cada vez mais acima do peso ideal
Voltou a crescer o número de brasileiros com excesso de peso - isso após dois anos de relativa estabilidade. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente 52,5% da população adulta do País pesa além do que é considerado saudável (56,5% dos homens e 40,1% das mulheres), enquanto em 2013 esse percentual fixava-se em 50,8%. Um dos fatores que preocupa os especialistas é a curva muito ascendente: em 2007 eram considerados obesos 43% dos habitantes, agora esse índice já ultrapassa os 50%. Outro dado instigante é que o brasileiro está engordando apesar de despender mais tempo com exercícios físicos (o que indica fator de propensão genética): 35,5% da população reserva semanalmente cerca de 150 minutos para exercitar-se, há cinco anos essa taxa era de 29,9%. Finalmente, entra o sal como vilão nessa história: o consumo médio no Brasil é o dobro do recomendado pela OMS.
Dor e caos no atendimento
18/04/2015 - O Globo
Em meio ao surto de contaminação e mortes por dengue, a cidade de São Paulo enfrenta postos de saúde lotados por pessoas que apresenta sintomas da doença. A situação tem dificultado o atendimento à população. Muitas pessoas que chegam apresentando principalmente febre e dor no corpo desistem de esperar pela consulta e tentam atendimento no dia seguinte. O GLOBO acompanhou pacientes que esperavam por mais de três horas e não tinham expectativa de quando seriam atendidos.
Enquanto os postos estão abarrotados, algumas tendas montadas pela prefeitura para tentar dar rapidez ao atendimento estavam vazias ontem. Uma delas era a da Freguesia do Ó, na Zona Norte, região que apresenta o maior foco da doença. Ao lado, o posto de saúde estava lotado. Segundo a prefeitura, a regra para chegar à tenda é passar primeiro em consulta com o médico do posto.
O estado de São Paulo já registrou oficialmente 98 mortes pela doença, quatro delas na capital. Segundo o Ministério da Saúde, até o fim de março, foram notificados 257.809 ocorrências da doença no estado — mais da metade do registrado em todo o país (460.500). Entre as cidades com maior número de casos estão Sorocaba, Campinas, Catanduva, São Paulo e Limeira. O número de notificações inclui casos confirmados e suspeitos, mas que se enquadram no critério clínico da doença.
Muitas vezes, diz a prefeitura, os postos estão lotados e as tendas vazias, pois nem sempre a pessoa apresenta, de fato, sintomas de dengue. São mandadas para as tendas provisórias apenas indivíduos que precisam, por exemplo, tomar medicação intravenosa. Alguns pacientes relataram que estavam indo ao posto pelo segundo ou terceiro dia consecutivo para tentar uma consulta. O cortador de camisetas Silvio Binotti, de 56 anos, era um dos que enfrentavam a doença desde a última terçafeira, quando começou a ter febre e dores no corpo. Abatido, ele reclamava ontem da demora no atendimento.
— Não dá para ficar esperando quando a gente tem tanta dor.
Também com sintomas clássicos do mal, a cabeleireira Kelli Cristina Tavares, de 29, passou mal anteontem e foi levada pela mãe ao posto da Freguesia do Ó. Não conseguiu ser avaliada pelo clínico geral. Só passou por consulta na segunda tentativa, ontem, e esperou três horas.
A prefeitura de São Paulo pediu ajuda ao Exército, que disponibilizou 50 homens para ajudar os 2.500 agentes públicos de saúde na procura por possíveis focos.
Na capital paulista, das nove tendas programadas para atender exclusivamente casos de dengue em regiões de maior incidência, seis estão em funcionamento. A cidade registrou, neste ano, 8.063 casos da doença.
CUIDADOS COM A AUTOMEDICAÇÃO
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 80% dos focos estão dentro das casas. O Ministério da Saúde diz que, em apoio ao estado, repassou mais de 28.600 litros de inseticida para ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti.
O infectologista Estevão Portela Nunes, da Fiocruz, alertou para os cuidados com a automedicação nos casos suspeitos de dengue. Antitérmicos com ácido acetilsalicílico (AAS), dipirona e anti-inflamatórios à base de ibuprofeno interferem no processo de coagulação do sangue e devem ser evitados. Combinados a um quadro de dengue, aumentam o risco de sangramentos.
— Em época de epidemia de dengue, pacientes que fazem uso contínuo do AAS devem pedir para o médico reavaliar isso. Não adianta interromper o uso no começo dos sintomas, porque o efeito de um anticoagulante no sangue dura de dez a 15 dias — explica.
Limeira tem mais duas mortes por dengue
19/04/2015 - O Estado de S.Paulo
Mais duas mortes por dengue foram confirmadas na sexta pela prefeitura de Limeira, na região de Campinas, elevando para 14 o número de óbitos causados pela doença neste ano na cidade. Uma mulher de 54 anos morreu na Santa Casa; outra, de 64, veio a óbito no Hospital Unimed. Outras quatro estão sob investigação.
O número de casos confirmados subiu para 7.131, e o total de notificações chega a 24.295.
Ideias para um mundo mais pesado
19/04/2015 - O Estado de S.Paulo
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última semana mostram que a maioria da população adulta enfrenta excesso de peso no País. O número saltou de 43% para 52,5% em menos de uma década, crescimento de 23%.
A pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), feita no início de 2014, entrevistou mais de 40 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal. Dos brasileiros com excesso de peso, 17,9% enfrentam a obesidade.
Excesso de peso foi mais detectado nos homens, nas faixas etárias mais velhas e nas pessoas com menor escolaridade. Apesar dos números elevados, o Ministério da Saúde aponta que o Brasil apresenta uma tendência de redução do ritmo de crescimento do sobrepeso e da obesidade.
Uma das ideias possíveis nesse cenário é investir mais em informação, acesso a alimentação saudável e exercícios rotineiros para os segmentos menos informados da população. Criando-se uma cultura de cuidado com o corpo e com a saúde, é possível pensar que nesses grupos as taxas de excesso de peso diminuiriam, a exemplo do que já acontece com as populações mais escolarizadas. Aliada à falta de atividade física regular em uma parcela considerável da população, a alimentação pouco saudável é outro ponto fundamental nessa equação de ganho de peso. Esses podem ser dois focos importantes de ação!
Além dos adultos, crianças e adolescentes também enfrentam sobrepeso e obesidade. Os sedentários (que ficam horas na frente da TV e quando estão "online") e aqueles que comem mal têm chance muito maior de acumular quilos extras ao longo da vida.
O jornal inglês Daily Mail da última semana traz uma matéria que discute se, em um momento em que boa parte do mundo enfrenta uma verdadeira epidemia de obesidade, não seria importante tornar mais rígidas as leis que regulam a exposição das crianças aos produtos da indústria de alimentos do tipo fast-food e das bebidas açucaradas, como os refrigerantes.
Para alguns especialistas, a exemplo do que já acontece com álcool e cigarro, as propagandas de alimentos calóricos ou pouco saudáveis deveriam ficar restritas a horários especiais, mais tarde na grade (quando menos crianças estão ligadas). Na mesma linha de raciocínio, alguns já defendem que esses alimentos não deveriam patrocinar atividades apreciadas por crianças, como circos, atrações turísticas, parques de diversão e espetáculos infantis. Se na televisão a regulamentação é precária, o que pensar da internet, em que praticamente não há controle?
Ainda segundo o jornal, uma pesquisa recente da British Heart Fundation, que ouviu 2 mil pais, mostrou que quase 40% deles se sentem pressionados pelos filhos a comprar produtos alimentícios no supermercado após a exposição da criança à propaganda dos mesmos. Mais sensíveis e influenciáveis, os pequenos podem se tornar vítimas fáceis da publicidade. Hoje, no Reino Unido, dois terços da população está com sobrepeso e um quarto, obesa.
Outro artigo da última semana, do jornal canadense The Globe and Mail, defende estimular a prática de atividade física na escola, por outra via que não apenas a do combate ao sedentarismo e à obesidade.
O trabalho mostra que crianças que fazem exercícios físicos regulares podem ter um melhor desempenho na escola. A atividade parece melhorar o controle da atenção, da cognição e da resposta resolutiva. Nesse sentindo, o estímulo poderia ser: que tal se mexer mais para tirar melhores notas, além de garantir mais saúde e menos peso?
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