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CLIPPING 13/04/2015

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Medicamentos

Pesquisa e Desenvolvimento

Saúde


Medicamentos

 

Meningite: cresce procura por vacina
12/04/2015 - O Globo

Comunicados de escolas particulares sobre suspeitas de casos de meningite vêm provocando uma corrida a clínicas de vacinação na cidade. Ontem pela manhã, dezenas de pessoas formaram fila diante de uma delas, na Rua Conde de Bonfim, na Tijuca, e as doses se esgotaram antes do fim do expediente, às 13h30m. A Secretaria municipal de Saúde informou que, por enquanto, só há um caso confirmado na região — uma estudante de uma unidade da Rede MV1 foi internada.
Na semana passada, a direção da escola enviou aos pais um comunicado informando sobre a aluna, que manifestou os sintomas da doença no último domingo. A unidade do Colégio Santo Agostinho no Recreio dos Bandeirantes também divulgou uma circular sobre um caso suspeito.
Este ano, segundo a Secretaria municipal de Saúde, o Rio contabiliza 85 casos confirmados, sendo sete do tipo bacteriana, considerado o mais grave.

FILA DE ESPERA

Moradora da Tijuca, a empresária Luciana Machado levou ontem os dois filhos para serem vacinados numa clínica após ser orientada por um pediatra.
— Tomei um susto quando cheguei a uma clínica e encontrei uma fila com mais de 50 famílias. Fui informada de que as vacinas acabaram e que existe uma lista de espera — contou Luciana.
A vacina procurada é a polivalente meningocócica ACWY (as letras representam os tipos de meningite que são combatidos com a dose). É a única não fornecida pela rede pública de saúde fora do período de surto, e custa cerca de R$ 350 em clínicas particulares. A meningite é uma doença que exige notificação compulsória: todos os hospitais da cidade precisam comunicar os casos suspeitos à Secretaria Municipal de Saúde.
O pediatra Nelson Bergman diz que o surgimento de casos da doença é comum nesta época do ano, devido à mudança de clima. Por isso, médicos recomendam a imunização.
— Casos de meningite aparecem todos os anos. O problema é que, quando não há um surto, poucas pessoas fazem a profilaxia, porque é uma vacina cara. Mas não há razão para alarmismo. Hoje, a preocupação se espalha pelas redes sociais de forma desmedida — afirma Bergman. — O fato é que, diante de um caso suspeito, o colégio tem que avisar aos pais e vice-versa. Mas só existe possibilidade de contágio entre pessoas num mesmo ambiente. Se um aluno está em outra sala, não há risco.
A Secretaria municipal de Saúde destacou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não há confirmação de que a estudante do Recreio dos Bandeirantes está com a doença. O órgão afirma ainda, por meio de uma nota, que não se pode dizer que existe um surto de meningite na cidade: “Todas as ações preventivas de vigilância foram tomadas, o que inclui quimioprofilaxia de pessoas que tiveram contato próximo com os pacientes e palestras de orientação para pais, professores e responsáveis das escolas’’.
Os sintomas iniciais da meningite são febre, dor de cabeça, rigidez na nuca, perda do apetite e irritação. A orientação é que o paciente seja encaminhado rapidamente a um médico.



Vacina à francesa
11/04/2015 - O Globo

A farmacêutica francesa Sanofi Pasteur saiu na frente na corrida pela aprovação de uma vacina contra a dengue. Segundo Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur Brasil, a empresa já solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa) o registro da vacina imunizante ao vírus da dengue, na semana passada. A empresa também está no mesmo processo na Malásia. A Anvisa confirmou a informação e esclareceu que este é o único processo em andamento na agência.
A Anvisa informou ainda que essa vacina é assunto prioritário e que a avaliação do dossiê será realizada “com a maior brevidade possível, garantindo segurança e eficácia do produto final”. Recentemente, a agência aprovou, com a mesma urgência, um remédio para o combate à hepatite C, num processo que levou cerca de cinco meses ( a partir do pedido de prioridade).

BUTANTAN QUER TESTES MAIS CEDO

Ontem, o Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, encaminhou à Anvisa documentação com dados de imunogenicidade para o desenvolvimento de sua própria vacina contra a dengue, ainda na fase dois de testes. Pede a antecipação da terceira e última etapa. A medida, se aceita, adiantará o processo em até dois anos (o prazo de conclusão dos testes era 2018). Isso porque a situação da doença é especialmente complicada em São Paulo, onde já foram registrados 123.738 casos. Na última quinta- feira, foram confirmadas mais duas mortes na capital.
No Rio de Janeiro, o número de casos no primeiro trimestre é três vezes maior do que no mesmo período do ano passado. De acordo com o último relatório da Secretaria Estadual de Saúde, foram 12.207 ocorrências de suspeita de dengue em 2015 contra 3.654 em 2014. No primeiro trimestre de 2014, foram duas mortes, e quatro neste ano.
Últimos dados do Ministér io da Saúde, de 7 de março ( novo levantamento será divulgado na semana que vem), mostram 224.100 casos no país este ano ( aumento de 162% em relação ao mesmo período de 2014, quando houve 85.401 ocorrências). A região Nordeste concentra a maioria dos municípios com índices de risco de epidemia ( 171).
De acordo com a Sanofi, o desenvolvimento clínico da vacina contra a dengue, cujo produto final partiu de outra vacina, usada contra a febre amarela, envolveu cerca de 40 mil participantes em cerca de dez países na Ásia e na América Latina.

EFICÁCIA DE 60,8%

A vacina, que protege contra os quatro tipos de vírus, tem, no entanto, eficácia global de 60,8% e precisa ser aplicada em três doses, com intervalos de seis meses. Os resultados do estudo foram publicados em novembro, no “The New England Journal of Medicine”.
— A eficácia atende ao critério da Organização Mundial de Saúde ( OMS), que tem como metas a redução de 50% dos casos de morte e de 25% para morbidade ( portadores) até 2020. Além disso, conseguimos reduzir os casos graves em 95,5% e em 80,3% o risco de hospitalização. Ou seja, atende a essa expectativa — explicou Sheila Homsani, que acredita que a Malásia poderá aprovar a vacina antes. — As regras no Brasil para o processo de registro me parecem mais rígidas.
A diretora afirmou ainda que, após a primeira dose, já há alguma imunização ( mas não divulga a eficácia). E que a porcentagem de quem desistiu dos testes entre a primeira e a terceira doses foi de apenas 4%. Assim, acredita no sucesso da aplicação de todas as doses e na taxa de imunização de 60,8%.
— Isso porque as reações foram mínimas e apresentadas em quem também teve aplicação de soro. Foram basicamente pontos de vermelhidão local. A desistência dos testes foi de 20% — comentou a diretora médica da Sanofi Pasteur Brasil.
Sheila contou que um dos estudos da fase III ( que testa a eficácia) foi realizado em cinco países da América Latina, de 2011 a 2014, entre os quais o Brasil, com 3.550 pessoas em Natal, For taleza, Vitór ia, Campo Grande e Goiânia.
Essa vacina foi testada nas três fases necessár ias, após um investimento de mais de US$ 1,7 bilhão. A empresa chegou a construir uma fábrica exclusivamente para produzir a vacina, perto de Lyon, no sul da França, com capacidade para colocar no mercado cem milhões de doses por ano.

IMUNIZAÇÃO EM UMA DOSE

Já a vacina brasileira, elaborada com o próprio vírus da dengue, tem como trunfo o fato de ser aplicada em apenas uma dose e também proteger contra os quatro tipos de vírus. O Butantan informou que teria de concluir testes com outros 125 voluntários na fase dois para avançar. Até o momento, testou a vacina, nessa fase, em 175 brasileiros, de 18 a 59 anos, que já tiveram ou não dengue anteriormente, desde 2013.
Caso a Anvisa autorize o avanço à fase três, dois terços dos voluntários ( 17 mil de todas as regiões do país) serão vacinados de verdade, enquanto um terço receberá placebo. O teste será feito em três grupos diferentes (de 2 a 6 anos, de 7 a 17 anos e de 18 a 59 anos).
A vacina, desenvolvida em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA, teve a primeira etapa de testes em novembro de 2013 e contou com 50 voluntários americanos que nunca tiveram a doença.
A Anvisa informou que também foi contatada pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline ( GSK), que, em parceria com a Fiocruz, busca desenvolver uma vacina. A GSK está iniciando os testes em humanos. Um outro projeto da Fiocruz, que foi testado apenas em camundongos, teve 100% de imunização.


Butantã pede aval para vacina contra dengue
11/04/2015 - O Estado de S.Paulo

Para conter o avanço da dengue no Estado de São Paulo e começar em 2016 a vacinação contra os quatro tipos da doença, o Instituto Butantã, da Secretaria Estadual da Saúde, protocolou ontem um pedido de antecipação da última fase de testes do imunizante na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em Brasília.
“Entregamos dois documentos: a solicitação da terceira e última fase de teses e um que especifica como a vacina é produzida industrialmente”, disse JorgeKalil, diretor do instituto, imunologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), também da secretaria, o Estado de São Paulo registrou neste ano 100 mil casos de dengue e pelo menos 70 mortes. O último balanço do órgão é referente até o final de março.
O alastramento da doença fez com que o Estado acelerasse as etapas para viabilizar a aplicação das vacinas o quanto antes.
Em condições normais, os testes serão feitos até 2018.Segundo Kalil, não há riscos em diminuir o cronograma sem que a segunda fase da pesquisa tenha sido finalizada.
“Temos dados suficientes das duas primeiras etapas que atestam que a vacina é bastante segura e induz à produção de anticorpos.
Não é preciso concluir completamente uma fase para começar outra.Não queremos nem um pouco ir contra as regras mundiais de biossegurança”, disse o diretor.
Procedimento. A terceira etapa do estudo será feita com 17 mil voluntários de todas as regiões do País. Do total de aplicações, 75% vão conter a substância imunobiológica que combate a doença. O restante será placebo.
Inicialmente, o prazo para distribuir a vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) havia sido fixado para 2018.Mas, no dia 21 de março, em um evento em Sorocaba, no interior do Estado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) cobrou do Instituto Butantã que as aplicações fossem antecipadas e as vacinas, produzidas em alta escala.
“Nós estávamos em um ritmo normal de desenvolvimento, que poderia ser mais longo.
Como temos um risco grande e o problema é relevante para o Brasil e o mundo, estamos fazendo um esforço para agilizar o estudo”, afirmou Kalil. Quando todas as etapas estiverem concluídas, a vacina será distribuída para todo o País.
Como o produto é novo, não é possível saber se a população terá de tomar apenas uma dose da vacina. Kalil acredita que a duração dos anticorpos será de “longo prazo” no organismo.


Brasil Pharma, rede de farmácias do BTG, pode receber mais um aporte do banco
11/04/2015 - O Estado de S.Paulo

Desde 2010, banco de André Esteves já colocou cerca de R$ 715 milhões na companhia, que enfrenta há dois anos um amplo processo de reestruturação; no mês passado, a empresa anunciou nova mudança no comando - a segunda troca em 12 meses.
A Brasil Pharma, braço de varejo farmacêutico controlado pelo BTG Pactual, poderá receber novo aporte de capital do banco, segundo fontes consultadas pelo 'Broadcast', serviço em tempo real da 'Agência Estado'. Em um amplo processo de reestruturação desde 2013, a companhia anunciou, no mês passado, nova mudança no comando da companhia - a segunda troca em 12 meses.
Os recursos terão como finalidade melhorar o caixa da companhia diante do aumento da alavancagem e necessidade de investimentos na integração dos negócios. O valor da possível injeção de capital ainda não está definido. As ações da companhia subiram 21,74% ontem, negociadas a R$ 0,84, com a expectativa desse novo aporte.
No fim do mês passado, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou o rating (nota) da Brasil Pharma para BBB- (bra), saindo de A- (bra). Ao mesmo tempo, a agência colocou sua nota em observação negativa. A classificadora considerou que tais ações de rating "refletem a contínua incapacidade de a Brasil Pharma restaurar sua geração de caixa operacional para patamares positivos e que sustentem a continuidade de suas atividades".
A Fitch chegou a afirmar que "considera altamente provável o contínuo suporte do BTGl, que tem histórico de aportes na companhia no total aproximado de R$ 715 milhões desde 2010". O BTG detém cerca de 37% do capital da Brasil Pharma, a Petros (fundo de funcionários da Petrobrás) outros 10%, sócios fundadores com 12%, e o restante das ações está em circulação no mercado.
Outras formas de estruturação de capital, como emissão de debêntures (títulos da dívida) e alongamento da dívida, não estão descartadas. A empresa, que já foi assediada por grupos estrangeiros e nacionais, busca melhorar a valorização de seus ativos para retomar negociações, de acordo com fontes.
Procurada, a Brasil Pharma informou que "desconhece as origens da informação" e afirmou que o estudo sobre a estrutura de capital da empresa segue em andamento. O BTG não comentou.
Nova direção. Sob o comando de Paulo Gualtieri, sócio da Enéas Pestana & Associados, do executivo Enéas Pestana, ex-Grupo Pão de Açúcar (GPA), desde o fim do mês passado, ele tem a missão de acelerar o processo de reestruturação da rede varejista, que era presidida por José Ricardo Mendes da Silva, ex-farmacêutica Aché.
"Não faz sentido uma empresa de varejo farmacêutico do porte da Brasil Pharma não ter boa performance. É preciso acelerar o processo de integração das bandeiras e logística, reformular o chão de fábrica, a experiência de compra do consumidor", disse uma fonte ao Estado.
Em 2014, a companhia encerrou com prejuízo líquido de R$ 613 milhões, 300% maior que o ano anterior, e receita de R$ 3,8 bilhões, aumento de 9% sobre 2013. A rede Big Ben é responsável por quase metade das vendas da varejista e não está integrada à companhia.
Criada em 2009 para ser uma das maiores redes do País, a Brasil Pharma foi uma das principais consolidadoras desse setor, entre 2010 e 2012, com a compra de redes em diversos mercados regionais, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A companhia atua hoje com as bandeiras Big Ben, Farmácia Sant'ana, Rosário, Mais Econômica e Farmais.
Fontes de mercado afirmaram que o processo de integração dessas redes nunca ocorreu de forma efetiva, o que afetou os resultados da companhia. O sinal vermelho acendeu no primeiro semestre do ano passado quando a rede não conseguiu chegar a um acordo com seus credores e teve de pagar antecipadamente uma dívida de cerca de R$ 560 milhões em debêntures (títulos de dívida), emitidas entre 2012 e 2013, por ter descumprido as metas de endividamento por dois trimestres consecutivos.
Com novos administradores, a Brasil Pharma tenta nova arrancada. A consultoria de Enéas Pestana tem 60 dias para apresentar um diagnóstico da empresa e acelerar a recuperação da companhia. Procurada, a consultoria preferiu não se manifestar. 



Mercado Aberto: De mudança para o Brasil
13/04/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias

A Chiesi Farmacêutica, com sede na Itália, desenvolverá um programa de investimentos de cerca de R$ 25 milhões no Brasil.
Parte do aporte será destinada à transferência de uma linha de produção de spray nasal de Parma para a região metropolitana de São Paulo, em Santana de Parnaíba, onde o grupo tem uma planta.
O medicamento deixará de ser fabricado na Itália. "Não temos mais espaço na unidade de lá. Ou trazíamos para o Brasil ou teríamos de terceirizar a fabricação", diz o presidente da empresa no país, José Fernando Albertini de Almeida.
"Optamos por adotar uma estratégia de investimento na planta brasileira, que ainda tem área disponível."
A companhia pretende dobrar seu faturamento no país até 2020. Para isso, prevê realizar aquisições.
"Crescendo organicamente, poderemos chegar a 80% da meta. O restante, terá de ser através da compra de empresas ou de produtos", acrescenta o executivo.
O Brasil é hoje o sexto maior mercado para a companhia -depois de Itália, Alemanha, Estados Unidos, França e Espanha- e deverá passar para a quarta colocação em cinco anos.
"Comparativamente com outros países, o Brasil continuará indo melhor. O setor farmacêutico no país deverá voltar a crescer de forma mais acelerada em 2017."
€ 1,342 bilhão foi o volume de negócios da empresa em 2014, o equivalente a R$ 4,4 bilhões
8,4% foi o crescimento na comparação com 2013 12% foi a expansão no mercado brasileiro 3.000 são os funcionários no mundo


Butantan acelera desenvolvimento de vacina da dengue
13/04/2015 - Valor Econômico

O Instituto Butantan quer acelerar o desenvolvimento de uma vacina da dengue, capaz de proteger contra os quatro tipos de vírus existentes com uma única dose, diante do surto que atinge o país. Ao mesmo tempo em que se movimenta para iniciar a última etapa de ensaios clínicos, o instituto quer estreitar relações com a indústria farmacêutica, de capital nacional e estrangeiro, ampliar a transferência de conhecimento da academia para empresas e colocar o país no mesmo caminho daqueles que estão na vanguarda do desenvolvimento de medicamentos.
"Não havia, no país, valorização do conhecimento porque o mercado é grande e era possível copiar produtos de fora", disse ao Valor o diretor do Instituto Butantan, o médico Jorge Kalil. "Mas o Butantan produz conhecimento e inovação e quer efetivamente interagir com as empresas. Sem falsa modéstia, não sei se existe inovação em outro lugar como fazemos aqui", acrescentou.
Neste momento, todos os esforços estão concentrados na proteção contra a dengue. O instituto, que é vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, protocolou na sexta-feira, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um pedido de antecipação do início da última fase de testes da vacina, que envolverá cerca de 17 mil voluntários em todas as regiões do país. Dois terços dessa população vão receber a vacina e um terço, placebo.
É nessa fase que será determinada a eficácia do medicamento. De qualquer maneira, na fase I, realizada nos Estados Unidos, mais de 90% dos 600 voluntários que receberam a vacina com a mesma característica da desenvolvida pelo Butantan tiveram resposta imunológica para os quatro tipos de vírus de maneira balanceada. O instituto já conta com uma fábrica apta à produção, com capacidade para 12 milhões de doses por ano. Com a construção de outra unidade de produção, a capacidade chegará, inicialmente, a 60 milhões de doses por ano. Com o aval da Anvisa, a vacina estará disponível já no primeiro trimestre de 2016 - ante previsão inicial de 2018.
Segundo Kalil, a antecipação da terceira fase de testes deve-se à segurança e eficácia verificadas nos testes realizados até agora. "A prioridade zero é a vacina da dengue. Com o mínimo de perda de tempo, em um ano teríamos a distribuição", contou. O desenvolvimento da vacina foi possível graças a uma parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), iniciada em 2010. O Butantan deu continuidade aos estudos do centro americano e chegou a uma vacina semelhante à de febre amarela, produzida a partir do vírus vivo atenuado e distribuída em pó, o que amplia o prazo de validade.
A proteção contra a dengue, porém, é apenas um dos diversos projetos de inovação desenvolvidos pelo instituto, cujo faturamento, nos últimos quatro anos, passou de R$ 230 milhões para R$ 1,2 bilhão ao ano, cifra que poderá crescer com a aproximação aos laboratórios. "Grandes empresas nacionais foram ou estão baseadas em institutos de pesquisa. É isso que podemos buscar", comentou Kalil.
Atualmente, há 40 patentes sendo trabalhadas pelo instituto, das quais 15 em parceria com a iniciativa privada, na área de coagulação, antitumorais, entre outros. Na área de inovação radical, além da vacina de dengue, o Butantan está estudando a produção de um soro antiápico, contra o envenenamento por múltiplas picadas de abelha. O instituto também quer desenvolver uma vacina de rotavírus, outra contra o vírus HIV e uma contra coqueluche sem efeitos colaterais, com aplicação potencial em adolescentes e adultos. Entre muitos outros projetos.
Essa transferência de conhecimento e trabalho em parceria ocorreria por meio de uma "nova" entidade, o Instituto de Inovação em Biotecnologia Butantan (IIBB), construído em uma área do Paço das Artes, dentro do campus da USP, no bairro do Butantã (SP). Ali, seriam reunidos todos os laboratórios de pesquisa e todas as plataformas tecnológicas. Outra área, no mesmo prédio, abrigaria laboratórios que podem ser compartilhados com outras empresas.
Com esse formato, disse Kalil, será possível ampliar a integração entre conhecimento e produção - a própria USP já declarou interesse em participar do empreendimento, que já foi apresentado aos governos estadual e federal. "Teríamos uma área de inovação real."


 

Boa briga
13/04/2015 - IstoÉ

Segundo a IMS Health, consultoria que audita a indústria farmacêutica no País, a Sandoz foi quem mais cresceu (44%) em unidades (remédios em caixas),entre 2013 e o ano passado - o segundo lugar ficou com a Teuto, seguido pela Eurofarma. O estudo se baseou no balanço das 10 principais produtoras de genéricos. A empresa do Grupo Novartis foi a primeira a lançar um medicamento para disfunção erétil com o princípio ativo do Cialis (tadalafila), em novembro passado, detendo 56% do concorrido mercado.


 

Pesquisa e Desenvolvimento

 

 

 

Estudos mostram benefícios da maconha para combater o câncer
11/04/2015 - O Globo

Pesquisas recentes mostram que substâncias da maconha reduzem células cancerígenas. Em alguns países, a planta já é usada para aliviar sintomas da quimioterapia. O governo americano começa a abrir os olhos para as pesquisas que demonstram os benefícios da maconha no tratamento do câncer. Ontem o Instituto Nacional para o Abuso de Drogas (Nida, na sigla em inglês) publicou um relatório em que admite o potencial da erva no combate às células cancerígenas.
O documento cita a pesquisa do pesquisador Wai Liu, da Universidade de Londres, que mostra que o uso de canabidiol (CBD) e tetrahidro canabinol (THC) — duas substâncias canabinoides presentes na maconha — inibem o glioma, tipo de câncer do cérebro. O documento afirma: “evidências de um estudo realizado em animais sugere que extratos da planta inteira da maconha podem encolher um dos mais graves tipos de tumores cerebrais. Testes em camundongos mostraram que estes extratos, quando utilizados com radioterapia, aumentaram ainda mais os efeitos”. E este não é o único estudo sobre o tema.
— Desde a década de 1990, vários estudos vêm mostrando que existe uma ação grande do uso de canabinoides no tratamento do câncer, a maioria ainda em modelos animais — explicou o neurocientista da Unifesp Renato Filev, citando resultados positivos nos casos de tumores de mama, útero, testículos, pâncreas e tecidos hepáticos, entre outros.

NA ESPANHA, TESTE EM HUMANOS

Filex lembra que, por enquanto, apenas um estudo espanhol, do pesquisador Manuel Gusmán, chegou a testar os canabinoides em humanos, mas apenas num grupo pequeno de pessoas. Enquanto isto, um resumo publicado pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA (NCI) cita 41 referências sobre os efeitos antitumorais da planta.
— Já existe um grande número de estudos nesta linha — reforça Antonio Zuardi, professor de Psiquiatria da USP de Ribeirão Preto que também pesquisa os usos medicinais da maconha.
Um dos efeitos mais conhecidos do público e também com bases científicas mais fortes é o de canabinoides no alívio de sintomas da quimioterapia.
— É uma prática já bem estabelecida. Desde o início dos anos 1980, dois produtos contendo THC sintético ou análogo, o dronabinol e o nabilone, são comercializados nos EUA para a náusea e vômito que acompanham a quimioterapia — diz Zuardi.
Ontem o município chileno La Florida anunciou que fará a primeira colheita de maconha medicinal legal, num projeto-piloto para aliviar sintomas de pacientes com câncer, medida que já é aplicada em países que liberam o uso da erva para fins medicinais.
No Brasil, o dronabinol pode ser importado com receita especial, embora não seja uma prática difundida. Este não é o caso do THC, que continua na lista de substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ano passado, a agência liberou a importação do CBD, após uma longa batalha de famílias de pacientes de epilepsia refratária.
Na esteira da discussão, o Conselho Federal de Medicina ( CFM) autorizou médicos a prescrever a substância, mas apenas para os pacientes com epilepsia, o que impede uso no caso da quimioterapia. O conselho alega que não há pesquisas suficientes comprovando a segurança no tratamento de câncer e lembra que a norma poderá ser revista em dois anos. As limitações da resolução, no entanto, são alvo de críticas de especialistas, como o psiquiatra e professor da Unicamp, Luís Fernando Tófoli:
— O CFM estabeleceu uma resolução draconianamente restritiva quanto à prescrição de maconha medicinal.
A relação entre câncer e maconha não para por aí. Há pesquisas ainda revelando que o uso da planta, em geral quando fumada, aumenta o risco de o indivíduo desenvolver um tumor maligno. O NCI cita 13 referências sobre o tema, mas afirma que os “estudos produziram evidências conflitantes” sobre esse risco. E os três pesquisadores concordam que faltam bases científicas.
— Os estudos que fazem a correlação indicam, em sua maioria, que o risco parece ser menor que o de uso de cigarro — afirma Tófoli, destacando que eles não chegaram a investigar a maconha de padrão medicinal nem de vaporizadores, que aparentemente têm, segundo ele, potencial para reduzir ou até anular o risco de câncer.


Tecnologia é usada contra medo de avião
13/04/2015 - Folha de S.Paulo

"Meu corpo tremia, eu transpirava. A boca ficou seca e eu sentia meus batimentos se acelerarem. Achei que fosse morrer de infarto." É assim que a psicóloga Mayla Pace descreve sua segunda viagem de avião, quando apresentou os sintomas da fobia de voar pela primeira vez.
Era a segunda viagem de avião dela, nove anos atrás, 11 anos após a primeira. "Eu percebia que adiava, que oferecia alternativas... Dizia 'vamos de carro'. Hoje sei que estava fugindo do problema."
Ela é uma das primeiras pessoas que estão usando um novo tipo de tratamento para tentar curar essa fobia.
Basicamente, o paciente é imerso em realidade virtual. com o auxílio de um óculos especial. Mexendo a cabeça, é possível ver todo um novo ambiente ao redor. No caso, claro, tudo começa em frente ao aeroporto. Para "andar" no mundo virtual, são usados joysticks nas duas mãos.
Com os fones de ouvido escuta-se o "mundo" ao redor como se realmente estivesse naquela cena. Também por essa via o terapeuta se comunica com o paciente.
Esse tipo de abordagem para tratar fobias tem bases na terapia comportamental cognitiva, em que o paciente é dessensibilizado, ou seja, vai se aproximando de seu medo e o perdendo aos poucos.
Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, especialista em terapias cognitivas e um dos idealizadores do projeto, essa é uma iniciativa totalmente nacional, única no Brasil e no mundo.
O realismo do sistema é ampliado por causa da poltrona (igual a de um avião) afixada sobre uma plataforma robótica que gera os tremores e movimentos sentidos durante o funcionamento, decolagem e pouso da aeronave. Inclusive turbulências.
Durante o passeio virtual, todas além do terapeuta poder acompanhar e orientar o paciente, também são monitorados os batimentos cardíacos para poder saber em que etapa se sente mais estresse.
Existe um "botão de pânico", para dar ao paciente a chance de parar a sessão.
"Em 12 sessões a pessoa perde praticamente todo o medo", diz a psicóloga Fátima Vasques, também idealizadora do programa. As 12 sessões custam R$ 7.000.
A ideia é expandir a possibilidade para outras fobias, como medo de altura, de dirigir ou mesmo de aranhas.
A decisão por começar com o medo de avião, segundo Nabuco, é lógica. "É mais difícil o paciente pagar a passagem de avião para um terapeuta acompanhá-lo em uma viagem de São Paulo ao Rio do que para sentar ao seu lado em um automóvel."



Testes contestam benefícios do óleo de peixe ao coração
11/04/2015 - Folha de S.Paulo

As vendas de óleo de peixe dobraram no mundo todo, apesar de testes clínicos mostrarem que ele não traz nenhum benefício à saúde.
O óleo de peixe já é o terceiro suplemento dietético mais usado nos EUA -atrás apenas de vitaminas e minerais-, pois há a crença de que os ácidos graxos ômega-3 protejam a saúde cardiovascular.
Mas a grande maioria dos testes clínicos não revelou nenhum indício de que o consumo de peixe reduza a incidência de ataques cardíacos e AVCs. De 2005 a 2012, mais de 20 estudos sobre o óleo de peixe foram publicados, a maioria analisando se o produto era capaz de prevenir doenças cardíacas em grupos de alto risco. Com exceção de dois, todos concluíram que o óleo de peixe não apresentava benefícios comparado a um placebo.
A maioria dos suplementos à base de óleo de peixe é rica em dois ácidos graxos ômega-3 que afinam o sangue -efeito similar ao da aspirina-, o que, por sua vez, reduz a propensão a coágulos. O ômega-3 também tem propriedades anti-inflamatórias, o que auxilia na prevenção da aterosclerose.
As autoridades sanitárias dos EUA já aprovaram pelo menos três fórmulas de óleo de peixe para serem vendidas sob receita médica para pacientes com taxas elevadas de triglicérides, um fator de risco para doenças cardíacas.
O entusiasmo com o óleo de peixe remonta a uma pesquisa realizada na década de 1970 pelos cientistas dinamarqueses Hans Olaf Bang e Jorn Dyerberg. Eles concluíram que inuítes (esquimós) do norte da Groenlândia apresentavam uma incidência notavelmente baixa de doenças cardiovasculares, o que eles atribuíram a uma dieta rica em ômega-3, composta basicamente de peixe, carne de foca e banha de baleia.
Posteriormente, o cardiologista George Fodor, da Universidade de Ottawa, apontou falhas em grande parte dessa pesquisa inicial e concluiu que a incidência de doença cardíaca entre os inuítes havia sido fortemente subestimada.
Mas a crença em torno do óleo de peixe persiste. Na década de 1990, a popularidade dessa substância voltou a ser reforçada por diversos estudos, incluindo um trabalho italiano que apontava uma redução na mortalidade de sobreviventes de ataques cardíacos que eram tratados com um grama de óleo de peixe por dia.
James Stein, diretor de cardiologia preventiva do Hospital e Clínicas da Universidade de Wisconsin, disse que os primeiros estudos sobre o óleo de peixe ocorreram numa época em que as doenças cardiovasculares eram tratadas com um uso muito mais limitado de estatinas, betabloqueadores, diluidores de sangue e outras terapias intensivas. Assim, o efeito do óleo de peixe, mesmo pequeno, teria sido mais perceptível.
Stein também alerta que o óleo de peixe pode ser perigoso quando combinado com a aspirina ou outro diluidor do sangue.
Mas alguns especialistas dizem que o veredicto sobre o óleo de peixe permanece indefinido.
JoAnn Manson, do Hospital Brigham and Women, em Boston, observou que os testes clínicos examinaram pessoas que já tiveram doença cardíaca ou estavam sob risco muito elevado. O óleo de peixe também tem sido apontado como benéfico contra outras doenças, incluindo câncer e mal de Alzheimer.
"As pessoas devem saber que o debate ainda está aberto", disse, "e que elas podem estar gastando muito dinheiro com esses suplementos sem obter qualquer benefício".
 

Saúde




Plantão Médico: As muitas mortes pelo cigarro

11/04/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: JULIO ABRAMCZYK


A relação do cigarro com o câncer pulmonar já está bem estabelecida.

Agora, surgem indicações de morte por outras doenças em fumantes.

No artigo "Fumar e mortalidade "" além das causas estabelecidas", publicado na revista "New England Journal of Medicine" deste ano, Brian D. Carter e colaboradores encontraram um aumento de mortalidade entre fumantes em associação com doenças usualmente não relacionadas ao consumo do cigarro.

Os autores basearam-se em cinco estudos envolvendo 421.378 homens e 532.651 mulheres a partir dos 55 anos de idade que foram seguidas do ano 2000 ao ano 2011.

Nesse período, foram observadas 181,377 mortes, incluindo as 16.475 de fumantes inveterados.

A mortalidade entre os fumantes deveu-se a causas não atribuíveis ao cigarro, como insuficiência renal, isquemia das artérias do intestino, hipertensão, infecções, doenças respiratórias, câncer de mama e câncer de próstata.

Por isso, os autores concluem que existe um aumento de mortalidade entre fumantes, por doenças que não são formalmente declaradas como provocadas pelo tabaco.


JORNALISMO CIENTÍFICO


Termina dia 30 deste mês o prazo para inscrições ao curso de pós-graduação em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Unicamp. Informações adicionais: www.labjor.unicamp.br.




Profilaxia pré-exposição

13/04/2015 - Carta Capital 


Use camisinha! Por 30 anos, essa foi a única palavra de ordem para prevenir a transmissão do HIV. Não é mais assim.

Em 2010, foi publicada uma pesquisa demonstrando, pela primeira vez, que a administração diária de um comprimido de Truvada, para homens que fazem sexo com homens e mulheres transgê-nero HlV-negativos, reduzia em 92% os índices de novas infecções.

Nesse estudo, cerca de metade dos participantes tomou a medicação irregularmente. Neles, a proteção foi bem mais baixa: 44%.

Mais tarde, outra pesquisa, agora conduzida entre casais heterossexuais discordantes (apenas um dos parceiros infectado), com níveis superiores de aderência à medicação, mostrou que 75%ficaram protegidos da infecção.

Apesar do impacto desses resultados, o uso de medicamentos antivirais como estratégia de pré-exposição gerou controvérsias. A objeção maior foi o receio da "desinibição comportamental", conduta que levaria a abandonar o preservativo e a correr riscos maiores.

Uma série de estudos sobre profilaxia pré-exposição foi discutida na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, realizada na última semana de fevereiro deste ano, na cidade de Seattle.

Um dos mais importantes, batizado Ipergay, investigou a possibilidade de prevenção sem haver necessidade de tomar os comprimidos todos os dias, mas usá-los apenas "sob demanda".

Foram selecionados 414 homens HlV-negativos, na França e no Canadá. Os participantes receberam a orientação de tomar os comprimidos apenas antes e depois da relação sexual (sob demanda). Nenhum deles sabia se os comprimidos fornecidos continham Truvada ou uma preparação inerte de talco (placebo).

No final, entre os que receberam placebo, houve 14 homens infectados pelo HIV, enquanto no grupo que tomou Truvada. foram apenas dois. A redução do número de infecções foi de 86%.

Um estudo realizado em Uganda e no Quênia por pesquisadores da Universidade de Washington procurou reforçar a eficácia da pré-exposição em casais discordantes.

Quando o parceiro infectado consegue zerar a carga virai à custa de medicamentos, o risco de transmissão fica pequeno. O problema é que muitos deles deixam de tomar, tomam irregularmente ou não têm acesso à medicação an-tiviral. Mesmo naqueles que o fazem com regularidade, a carga virai só se torna indetectável depois de alguns meses.

Foram acompanhados 1.013 casais discordantes. Os parceiros HIV-negativos receberam o medicamento Truvada para protegê-los durante os seis primeiros meses em que seus parceiros I II V-positivos eram tratados com os esquemas antivirais clássicos.

Até o momento, apenas duas pessoas foram infectadas pelos parceiros, nenhuma das quais tinha Truvada detectável na circulação, quando a transmissão ocorreu. Segundo um modelo pre-ditivo deveria haver 40 i nfectados, caso não tivessem recebido Truvada na pré--exposição.

Os especialistas consideram a profilaxia pré-exposição uma arma de eficácia comprovada para conter a disseminação da epidemia. Está ma is do que na hora de ser adotada pelo Ministério da Saúde. 




Busca pela saúde estimula procura pelo novo açúcar
12/04/2015 - Folha de S.Paulo
 
Abrir mão de doces em prol da saúde pode, em breve, ser coisa do passado. Fabricantes de alimentos e bebidas estão em uma corrida para encontrar um adoçante natural com o mesmo sabor do açúcar, mas sem as calorias.
No centro da disputa está um arbusto nativo do Paraguai, a stevia, usado há muito como flavorizante pelos índios naturais da região.
O problema mundial de obesidade prejudica a reputação do açúcar e afeta as vendas de alimentos que utilizam o produto. A stevia e outros adoçantes naturais de baixo teor calórico são tidos como solução "desde que seja possível tornar seu sabor tão bom quanto o do açúcar".
No setor de refrigerantes, a necessidade de uma alternativa é ainda maior: as vendas dessas bebidas estão em queda nos EUA há dez anos.
A resposta do setor foi promover alternativas de baixa caloria, mas o consumo de refrigerantes diet também está recuando diante da preocupação com adoçantes artificiais, como o aspartame.
"Quando um ingrediente ganha má reputação, é difícil de superá-la", diz John Madden, diretor de ingredientes do Euromonitor. "Alguns consumidores têm preocupações sobre adoçantes artificiais, por isso o interesse em algo que possa ser encarado como natural."
Em 2014, 2.274 novos alimentos e bebidas contendo o extrato da stevia foram lançados, ante 636 em 2011, de acordo com o grupo de pesquisa de marketing Mintel.
No entanto, a stevia ainda não é a solução perfeita para refrigerantes: o extrato deixa sabor amargo na maior parte dessas bebidas e precisa ser combinado ao açúcar para se tornar aceitável.
É o motivo para que Indra Nooyi, presidente-executiva da PepsiCo, tenha declarado que "a stevia infelizmente não funciona bem em refrigerantes tipo cola". Isso foi há dois anos e, desde então, fabricantes afirmam ter obtido sucessos na redução do sabor adstringente da stevia.
As melhoras levaram a Pepsi a lançar a Pepsi Next, e a Coca-Cola, a Coca-Cola Life. As duas usam stevia misturada a açúcar.
Além do stevia, existem outras apostas em adoçantes naturais, como o luo han guo (Siraitia grosvenorii), um fruto chinês, e a proteína brazzein, do fruto de uma trepadeira do oeste da África.
A Tate & Lyle, do adoçante sucralose --que, assim como o aspartame, sofre com a desconfiança de consumidores--, trabalha em um produto à base da alulose, derivada do milho e descrita como "açúcar de baixa caloria que existe na natureza".
Martin Deboo, analista da Jefferies, diz que o produto parece promissor, "mas terá de enfrentar o desafio de ser percebido como natural".



Plano de saúde individual: mais raro e caro
12/04/2015 - O Globo

A Unimed-Rio, que enfrenta problemas financeiros e está sob supervisão da Agência Nacional de Saúde (ANS), tem opções com mensalidades de R$ 604 a R$ 843, na simulação feita para uma mulher autônoma, de 45 anos, moradora da Zona Sul. A Assim oferece preço menor (R$ 399,29), mas a rede de atendimento é restrita, sobretudo para consultas médicas. No caso da Omint, operadora que oferece produtos considerados top, a barreira é o preço que cabe no bolso de muito poucos: para o mesmo perfil da consumidora, as mensalidades vão de R$ 3.695,35 a R$ 10.375,84, dependendo das características do plano. Já na Medial o valor ficou em R$ 1.267,86, além das franquias.
COLETIVOS POR ADESÃO
Com o sumiço dos planos individuais, o vácuo é ocupado pelos planos coletivos “por adesão” amplamente ofertados — há corretoras dedicadas apenas a eles — e preços, inicialmente, menores. Não é difícil entender o porquê. Nos planos individuais, a ANS fixa o valor do reajuste anual. Nos coletivos, as operadoras negociam os índices com a empresa ou associação contratante, levando em conta a sinistralidade, ou seja, os gastos de seus participantes. Além do mais, há regras rígidas para a rescisão dos contratos individuais. Para os coletivos, não. Podem ser cancelados unilateralmente, ou seja , por decisão de uma das partes.
Outra razão para o desinteresse das empresas pelo plano individual é característica da carteira. Como os preços são altos, a maioria das pessoas só paga plano de saúde por conta própria quando envelhece, sofre de alguma doença que exija tratamento constante ou tem filhos pequenos. São clientes considerados caros, porque usam muito os serviços.
Segundo dados da ANS, dos 50,6 milhões de planos e seguros-saúde em vigor no Brasil, menos de 20% ou cerca de dez milhões, são individuais. E a fatia do produto no mercado continua encolhendo. Segundo a agência, o número de planos individuais cresceu cerca de 7,5% desde 2010, quando eram 9,3 milhões. No mesmo período, o número total de planos, que era de 44,9 milhões, subiu 12,6%.
— As empresas vêm pressionando pela venda de planos coletivos no lugar de individuais — conta Ronaldo Carvalho, presidente da Associação dos Vendedores de Planos de Saúde do Rio de Janeiro.
A advogada Renata Vilhena, especialista na área de saúde, frisa que o tipo de contrato éo X da questão para as operadoras, que não são obrigadas a oferecer planos individuais e familiares.
— Os individuais e familiares estão quase extintos e são pouco comercializados, restando ao consumidor os planos empresariais, quando trabalha em uma empresa que oferece o benefício, ou os coletivos por adesão.
Foi o que aconteceu com a organizadora de eventos Nilza Briggs, que há três anos migrou de um plano individual para um coletivo:
— Estava ficando muito caro. Mudei para o coletivo a fim de manter a rede de atendimento e as mensalidades em linha com o que tinha antigamente.
Ao ser empurrado para o segmento “por adesão”, o consumidor fica sujeito a levar gato por lebre, já que muitos vendedores tentam convencer os clientes de que as regras são equivalentes às dos planos individuais, o que não é verdade.
— No primeiro momento, o coletivo é mais barato. Com a maior liberdade para reajustes, porém, tende a ficar caro a longo prazo — analisa Rafael Couto, assessor jurídico do Procon-RJ.
Para se ter uma ideia, enquanto a ANS autoriza, em média, aumento anual de 9% nos planos individuais, as mensalidades dos coletivos por adesão ou empresariais sofrem reajustes médios de 15% a 20%, afirma Renata:
— No plano coletivo, o reajuste é aplicado sempre que as despesas da operadora com o grupo ultrapassam 70% do valor que ela arrecada com mensalidades. E como, em geral, são grupos menores, isso pode ocorrer, por exemplo, quando um dos beneficiários passa por tratamento contra o câncer — explica Renata. — E eles têm cláusulas que autorizam a rescindir o contrato de forma unilateral e imotivada — acrescenta.
Além do mais, para conquistar clientes e estimular a assinatura de contratos coletivos, o setor lança mão de estratégias que se aproveitam da zona cinzenta da regulação. Uma delas é sugerir às famílias que um dos membros abra uma empresa, para dar ao grupo a possibilidade de contratar com um plano empresarial.
— Não é ilegal, a não ser que empresa seja aberta exclusivamente para driblar a regulação. Daí é fraude — diz Couto.
Outro caminho são os convênios com entidades, independentemente de sua representatividade e, às vezes, sem que o usuário tenha, de fato, relação com o grupo. Assim, quem tem um diploma de nível médio ou superior consegue acesso por meio de associações de classe ou de profissionais liberais. Crianças a partir de 4 anos podem ter contratos por meio de entidades estudantis. Parentes nos diversos graus — inclusive netos, bisnetos, noras, genros, sogros e sogras — têm acesso a associações de servidores públicos conveniadas às operadoras.
— Se a pessoa precisar de tratamento de custo mais alto, a operadora vai estudar o caso mais a fundo e, verificando que a pessoa não tem verdadeiramente um vínculo com a entidade conveniada, como tem sido visto, vai negar o atendimento — alerta o diretor do Procon-RJ.
O QUE DIZEM AS EMPRESAS
Entre as empresas consultadas no levantamento do GLOBO, Alianz, Amil, Amico, Bradesco Saúde, Dix, Golden Cross, Hapvida e SulAmérica só trabalham com planos empresarias ou coletivos. A Bradesco Saúde (maior do país, conforme a ANS) informou que desde 2007 não comercializa mais os planos individuais, “pois seu foco estratégico está voltado para o segmento corporativo”. A Amil (segunda maior), que controla também a Medial, Dix e Amico, não quis se manifestar. A Hapvida (terceira) informou que só oferece planos individuais no Norte e Nordeste, onde tem rede de atendimento própria, que viabiliza o negócio, afirma a diretora de marketing, Simone Varella.
A SulAmérica (quarta no ranking) deixou de comercializar planos individuais em 2008, por uma decisão estratégica, afirmou a empresa por meio de nota. A Allianz frisou que, desde que foi fundada, em 1992, nunca atuou no ramo de planos individuais, tendo sempre sua carteira composta apenas por planos empresariais. Por sua vez, a Golden Cross (cuja carteira de clientes individuais foi comprada pela Unimed-Rio) informa que, desde 2013, tem foco em coletivos e pretende continuar prestando serviços só para esses nichos.
Procurada, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo ( Abramge), que congrega 240 operadoras, afirmou que os planos individuais tiveram expansão de 0,9% no ano passado. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 17 grupos de seguradoras, informou que suas associadas “desconhecem práticas restritivas na comercialização de planos de saúde e não aprovam essa conduta”.



Mundo vive ‘epidemia’ de cesáreas, diz OMS
11/04/2015 - O Estado de S.Paulo

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o aumento de cesáreas em todo o mundo nos últimos 20 anos transformou o parto cirúrgico em uma “epidemia”. E no topo do ranking dos países que mais realizam o procedimento está o Brasil.A divulgação foi feita em Genebra, na tentativa de convencer médicos,hospitais e mulheres a repensarem os partos. Para a OMS, a prática deve ser realizada apenas quando houver “motivos médicos”.
De acordo com a entidade, todas as regiões do mundo registraram aumento de cesáreas.
Na Europa,a taxa passou de 15% para algo entre 20% e 22%. Nos Estados Unidos está em 32,8%.
No Brasil, o porcentual foi de 52,3%, em 2010, para 53,7%, em 2011, e as estimativas indicam que chegou a 55% em 2014.
“Os casos aumentaram de forma exponencial. Vivemos uma epidemia”, afirmou a ginecologista Marleen Temmerman, diretora de Saúde Reprodutiva da OMS. A entidade defende que a taxa ideal de cesáreas é até 15%.
Em apenas dois países o parto natural não é maioria – além do Brasil, o Chipre, com 50%.
Por falta de dados, a OMS não consegue incluir todos os países no ranking, mas também figuram com alto porcentual o Irã (47%), a República Dominicana (43%)e a Colômbia (42%).
Matin Gulmezoglu, coordenador do Departamento de Saúde Maternal da OMS, disse que governo e entidades brasileiras estão tentando reduzir a taxa.
“Mas não é uma tarefa fácil,pois a prática está disseminada.” Motivos. Segundo Marlen, há várias razões para a alta.“Em primeiro lugar,essas operações são mais seguras hoje,com antibióticos e anestesia.” Mas a diretora da OMS também culpa médicos e hospitais. “Quando há a medicalização dos partos, vemos um aumento das cesáreas.Para hospitais e médicos, a cirurgia é mais fácil, pois eles conseguem ter uma agenda. É uma questão logística, não financeira.”



Mercado Aberto: Empresas de planos de saúde reduzem aportes
13/04/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias

As operadoras de planos de saúde reduziram em quase 50% o volume de investimentos em 2014, segundo cálculo da Abramge (associação de medicina de grupo) com base em dados da ANS (Agência Nacional de Saúde).
No período de 12 meses encerrado em setembro de 2014, as empresas do setor investiram R$ 1,1 bilhão. No intervalo do ano anterior, o total havia sido de R$ 2,1 bilhões.
A deterioração do cenário econômico no ano passado atrelada a fatores como aumento da taxa de juros e maior restrição ao crédito são algumas das causas para a desaceleração dos aportes.
"Ainda assim, se levarmos em consideração as dificuldades com a economia e o crescimento do PIB, que foi mínimo, as empresas conseguiram investir uma quantia substancial", diz Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor-executivo da associação.
A maior parte dos recursos foi destinada para a infraestrutura, como a construção de hospitais e a compra de máquinas e equipamentos.
Só em novos leitos hospitalares, os investimentos em 2014 atingiram R$ 905 milhões, o que resultou na abertura de 2.600 quartos privados, segundo a entidade.
Para 2015, a Abramge ainda não fechou uma projeção de desempenho, mas o diretor-executivo avalia que o ano deverá ser de estagnação.
"Todos os indicadores econômicos mostram um cenário pior neste ano. Então, as dificuldades para as empresas deverão ser maiores do que as de 2014", afirma.
"O capital estrangeiro entrando no setor, por outro lado, poderá ajudar a viabilizar parte dos investimentos."



Artigo: Dengue e a responsabilidade de cada um
12/04/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: DAVID UIP E MARCOS BOULOS

Os paulistas não estiveram massivamente expostos a esse tipo de vírus. É por isso que há o grande número de pessoas suscetíveis à doença
São Paulo, diferentemente da maior parte dos outros Estados, esteve livre de transmissões consistentes de dengue até cinco anos atrás, quando o aumento da infestação pelo mosquito Aedes aegypti, inicialmente nas regiões norte e noroeste do Estado, possibilitou o surgimento de grande número de casos.
Neste momento em que grande parte dos municípios paulistas enfrenta os desafios de controlar casos e evitar novas mortes surgem questões cujas respostas valem a pena serem destacadas.
O habitat do Aedes aegypti é dentro de nossas casas. Ele vive em contato com o homem para garantir a manutenção da espécie. No verão, com o calor e as chuvas, surgem muitos criadouros. Uma pequena tampa de garrafa jogada no ambiente pode se tornar um confortável berçário para novos mosquitos.
Estudos da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) apontam que 80% dos criadouros estão dentro de casa. Mesmo que os serviços de controle de vetor dos municípios e do Estado entrem em ação ao mesmo tempo, atingirão no máximo 20% dos focos, justamente os que não são os mais importantes.
Debelar 100% dos focos seria hipoteticamente possível se houvesse uma operação de guerra com o poder público agindo dentro de todas as casas dos centros urbanos infestados. E isso antes de o ciclo começar, quando as pessoas ainda não estão doentes e participando da cadeia de transmissão.
Predomina, atualmente, no Estado de São Paulo a circulação do sorotipo 1 da dengue. Esse vírus foi de extensa disseminação na maioria dos Estados brasileiros desde a década de 1980, quando a doença não existia em São Paulo.
A maioria das pessoas em boa parte do país já teve contato com esse vírus estando, portanto, imunes a ele. Já a população paulista não esteve massivamente exposta a esse vírus e, por essa razão, concentra grande número de pessoas suscetíveis. Essa é uma das razões para a intensa transmissão em 2015.
Em toda epidemia dois fatores estão entre os mais eficazes para minimizar sua abrangência: a existência de vacinas e tratamento específico (medicamento antiviral) em tempo oportuno. A dengue não conta, por enquanto, com nenhum desses dois fatores a seu favor. Diante disso, as medidas adotadas pela saúde pública são voltadas para a redução de danos.
Diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para evitar mortes. Esse tem sido o enfoque dos alertas que trabalhamos junto à população e profissionais de saúde.
Para auxiliar os municípios paulistas no enfrentamento da dengue, especialmente aqueles que estão em maior dificuldade, o Estado de São Paulo está dobrando seu efetivo da Sucen para ações de nebulização e adquirindo novos equipamentos, além de contar com apoio de 30 médicos da Polícia Militar.
O investimento extra é de R$ 6 milhões. O Estado também firmou parceria com empresas e instituições para disseminar o alerta à população sobre transmissão da dengue, prevenção e sintomas.
O combate à dengue exige ações articuladas e complementares das três esferas de governo. A Secretaria de Estado da Saúde está com seu corpo técnico do Centro de Vigilância Epidemiológica, Instituto Adolfo Lutz e Sucen em campo, auxiliando os municípios.
Internamente, especialistas da USP, Unesp e Unifesp discutem as especificidades do atual cenário.
Momentos como esse devem servir de aprendizado para que todos os gestores da saúde possam aperfeiçoar as medidas preventivas e a assistência à população e para que todos os cidadãos se conscientizem da responsabilidade de cada um com o ambiente domiciliar para que doenças sejam evitadas.


 
Plantão Médico: As muitas mortes pelo cigarro
11/04/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: JULIO ABRAMCZYK

A relação do cigarro com o câncer pulmonar já está bem estabelecida.
Agora, surgem indicações de morte por outras doenças em fumantes.
No artigo "Fumar e mortalidade "" além das causas estabelecidas", publicado na revista "New England Journal of Medicine" deste ano, Brian D. Carter e colaboradores encontraram um aumento de mortalidade entre fumantes em associação com doenças usualmente não relacionadas ao consumo do cigarro.
Os autores basearam-se em cinco estudos envolvendo 421.378 homens e 532.651 mulheres a partir dos 55 anos de idade que foram seguidas do ano 2000 ao ano 2011.
Nesse período, foram observadas 181,377 mortes, incluindo as 16.475 de fumantes inveterados.
A mortalidade entre os fumantes deveu-se a causas não atribuíveis ao cigarro, como insuficiência renal, isquemia das artérias do intestino, hipertensão, infecções, doenças respiratórias, câncer de mama e câncer de próstata.
Por isso, os autores concluem que existe um aumento de mortalidade entre fumantes, por doenças que não são formalmente declaradas como provocadas pelo tabaco.

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Termina dia 30 deste mês o prazo para inscrições ao curso de pós-graduação em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Unicamp. Informações adicionais: www.labjor.unicamp.br.



PF prende políticos e apura crimes na Caixa e na Saúde
11/04/2015 - Folha de S.Paulo

Mais de um ano após seu início, a Operação Lava Jato levou nesta sexta (10), pela primeira vez, políticos suspeitos de corrupção à prisão. As investigações extrapolaram a Petrobras e atingiram a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde.
Foram detidos os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Luiz Argôlo (ex-PP e hoje Solidariedade-BA) e mais quatro pessoas ligadas a eles.
Também houve ordem de prisão contra o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), que já estava preso em Pernambuco por condenação no mensalão. Ele será transferido para a PF em Curitiba.
Os políticos só puderam ser presos neste momento, com decisão da primeira instância, porque não exercem mandato e, assim, não têm direito ao foro privilegiado que exigiria que eles fossem investigados em tribunais superiores.
As prisões desta sexta fazem parte da 11ª fase da operação. "Essa investigação vai nos levar a mares nunca dantes navegados", afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que coordena as investigações.
Na Caixa e no Ministério da Saúde, novos alvos da operação, os desvios eram feitos a partir de contratos de publicidade, segundo as investigações. Ricardo Hoffmann, diretor-geral da agência de publicidade Borghi/Lowe em Brasília, que detinha contratos com os dois órgãos, foi preso.
Só do Ministério da Saúde a empresa recebeu R$ 112,8 milhões desde 2011. Há suspeita de que a agência tenha pago propina para obter vantagens nos contratos.
Segundo a PF, 10% do valor dos contratos mantidos com a Caixa e com o ministério eram desviados para empresas de fachada de Vargas e de seu irmão, Leon Vargas, que também foi detido.
As empresas eram a LSI e a Limiar Consultoria. Com nenhum ou apenas um funcionário, ambas eram usadas, segundo o Ministério Público, "tão somente para pagamento de vantagem indevida em favor do ex-deputado".
O dinheiro era repassado por meio de subcontratadas da Borghi/Lowe. Intimadas pela Receita Federal sobre os pagamentos, algumas declararam que, de fato, não houve prestação de serviços à LSI ou à Limiar, mas que fizeram os depósitos por orientação da Borghi/Lowe.
Segundo a Folha apurou, nas buscas realizadas nesta sexta, foram encontrados documentos que apontam que dezenas de outras empresas ligadas ao ramo de publicidade fizeram pagamentos às firmas de fachada de Vargas.
Entre os repasses feitos à Limiar, está um depósito da JBS de R$ 200 mil, feito em 2010 --ano em que Vargas foi reeleito deputado federal. A empresa é uma das maiores doadoras eleitorais do país.
Consultada, a empresa confirmou o pagamento, mas disse não saber a que serviço ele se devia. O juiz Sergio Moro diz que "não é possível afirmar por ora" que este depósito teve causa ilícita.
A investigação também aponta que há "razoável prova" de que Vargas realizou "diversas e intensas intervenções junto ao Ministério da Saúde" para a aprovação de uma parceria de R$ 31 milhões com o laboratório Labogen, investigado na Lava Jato.

OUTROS DETIDOS

O ex-deputado Luiz Argôlo é investigado sob a acusação de ter atuado com o grupo da Labogen, o que ele nega.
Pedro Corrêa, condenado no mensalão, foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de ter recebido R$ 5,3 milhões no esquema de corrupção na estatal.
Os investigadores agora querem saber quem são os demais destinatários da propina, além dos ex-deputados presos. Servidores da Caixa e do Ministério da Saúde devem ser ouvidos pela polícia.


 
Sistema para rastrear remédio deve atrasar
11/04/2015 - Folha de S.Paulo

Criada há seis anos, a lei federal que prevê um sistema nacional de rastreamento de medicamentos corre o risco de continuar na gaveta por mais uma década.
O objetivo do sistema é controlar o destino dos medicamentos, desde a produção até a venda ao consumidor, evitando falsificações. Cada embalagem terá código bidimensional e número único de identificação, acompanhados da data de fabricação, validade e número do lote.
A meta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) era que as empresas apresentassem um piloto do sistema, com ao menos três lotes de remédios rastreáveis, até dezembro deste ano, e que o sistema todo começasse a operar até o final de 2016.
A Folha teve acesso a uma minuta de projeto que aumenta esse prazo por até dez anos. Em nota, a Anvisa diz que a prorrogação é uma demanda do setor farmacêutico e que precisa ser discutida no âmbito do Legislativo porque será necessário alterar a lei federal vigente.
A proposta tem dividido o setor farmacêutico. A maior parte dos laboratório defende a ampliação do prazo, mas as farmacêuticas que compraram equipamentos reclamam da prorrogação.
Segundo a Interfarma, 30 dos 55 laboratórios associados já estavam preparados para a mudança. A entidade previa um investimento total de cerca de US$ 24 milhões.
Para Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), porém, o adiamento é bem-vindo porque nem todas as empresas poderiam cumprir o prazo fixado.
"Não podemos fazer uma rastreabilidade que só uma parte do mercado cumpre."
Telma Salles, presidente da Pró Genéricos, tem opinião parecida. "Temos que testar todos os elos da cadeia produtiva. Se começarmos de forma capenga, não vai funcionar", afirma.
Estudo do Sindusfarma mostra que só com a compra de equipamentos para implantar o rastreamento haveria custo de R$ 1,35 bilhão.
Salles lembra que as unidades de distribuição de medicamentos no SUS também precisariam estar preparadas para essa mudança --o que não ocorre até o momento.
Também há um impasse sobre o armazenamento das informações. Segundo resolução da Anvisa, elas ficariam a cargo das farmacêuticas.
O setor varejista, porém, é contrário. A Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) entrou com uma ação judicial contra a Anvisa por entender que há risco no compartilhamento de alguns dados com os laboratórios farmacêuticos, o que poderia ferir a questão concorrencial.
"Devolver a informação de quem comprou e prescreveu um medicamento para a indústria é uma coisa absolutamente perigosa. Nenhum país está fazendo assim", afirma o presidente da associação, Sergio Mena Barreto.
"Se um laboratório sabe o estoque que a rede tem, ele pode oferecer o produto para outra em condição melhor."





Avanço da dengue em 2015 atinge 24 Estados
11/04/2015 - Folha de S.Paulo
 
Apesar de São Paulo concentrar em torno de 55% dos casos de dengue do país inteiro, a expansão da doença em 2015 já atinge 24 Estados.
Segundo dados tabulados pela Folha a partir do novo balanço do Ministério da Saúde, apenas Amazonas, Espírito Santo e Distrito Federal não registraram aumento de casos em relação ao mesmo período do ano passado.
O crescimento, porém, é por motivos diferentes, segundo secretarias da saúde.
Em Goiás, a interrupção de serviços essenciais em alguns municípios, como a coleta de lixo, é um dos fatores, segundo a superintendente estadual de Vigilância em Saúde, Maria Cecília Brito.
Outros são chuvas prolongadas e excesso de calor, clima favorável para a proliferação do mosquito, afirma. Hoje Goiás tem a segunda maior quantidade de casos de dengue no país, com 45.819 registros da doença, segundo dados do ministério.
No Acre, outro Estado que já vive epidemia, a maior parte dos casos se concentra em municípios que não tinham registrado até então casos de dengue, como Cruzeiro do Sul.
Entre as cidades, a campeã em incidência de casos é São João do Cauiá, no Paraná, com 16,7 mil a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está Trabiju, no interior paulista.
Diversos municípios investem em medidas emergenciais, como a criação de tendas de atendimento a pacientes, contratação de novas equipes, aplicação de inseticidas e até mesmo de multas para proprietários que se recusam a autorizar a entrada de agentes de controle.
 
VACINA
 
O Instituto Butantan, de São Paulo, protocolou nesta sexta (10) um pedido à Anvisa para iniciar a terceira e última fase de estudos de uma vacina contra a dengue.
Na nova etapa, a vacina será testada em 17 mil voluntários, em todas as regiões do Brasil. Dois terços receberão a vacina e um terço, placebo.
Se autorizada pela Anvisa e pelos comitês de ética, a medida pode antecipar em até dois anos o final dos estudos, fazendo com que a vacina esteja disponível, na melhor das hipóteses, em 2016. A previsão inicial era 2018.
Após os estudos da terceira fase, o instituto deve pedir à Anvisa o registro da vacina, o que possibilitaria que ela seja disponibilizada no SUS.


Casos de dengue avançam, e SP já enfrenta situação de epidemia
11/04/2015 - Folha de S.Paulo
 
O Estado de São Paulo ultrapassou a marca de casos de dengue neste ano suficiente para enquadrá-lo em uma situação de epidemia, conforme dados do Ministério da Saúde obtidos pela Folha.
Só nos três primeiros meses do ano, foram 258 mil registros --número sete vezes superior ao registrado em igual período do ano passado, quando houve 35 mil notificações da doença.
As informações atualizadas pelo ministério até 28 de março apontam ainda que, além de SP, ao menos outros três Estados já vivem uma epidemia de dengue: Mato Grosso do Sul, Goiás e Acre.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) adota essa classificação para lugares com mais de 300 casos da doença por 100 mil habitantes.
Pelo último balanço (início de março), São Paulo tinha 281 registros a cada 100 mil habitantes. Agora, a proporção atingiu 585. Nos demais Estados em epidemia, a taxa varia de 304 a 882,5. São Paulo, que também enfrentou uma epidemia de dengue há dois anos, concentra metade dos casos do país.
Segundo Marcos Boulos, infectologista da Controladoria do Controle de Doenças de São Paulo, ligada ao governo estadual, a epidemia de dengue neste ano "já é maior que em 2013". No Brasil inteiro, já são 460 mil casos neste ano, alta de 240% em relação ao mesmo período de 2014.
Ao todo, já foram registradas 132 mortes neste ano. Destas, 99 em São Paulo --que, no início do ano passado, somava 15 mortes.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, diz que os dados do país são "preocupantes", mas menores do que em 2013.
Ele não descarta, porém, uma nova epidemia nacional em decorrência da doença. "Não posso afirmar que não teremos. Seria precipitado."
Chioro aponta as mudanças climáticas, como a antecipação do período de chuvas em várias regiões, entre os motivos que levaram ao aumento da doença.
Outro fator, para ele, é a circulação do vírus em cidades que tinham registrado baixo número de casos em anos anteriores, fazendo com que os mosquitos transmissores da doença encontrassem uma população mais suscetível.
"Também nunca tivemos uma infestação de Aedes aegypti como agora", diz Boulos, para quem a quantidade de casos pode ser ainda maior, já que muitas pessoas não desenvolvem a doença apesar do contato com o vírus.
"Esses 300 mil casos podem ser 5 milhões", diz. Ele prevê um freio nos próximos meses, com a trégua das chuvas e porque as pessoas deixam de estar suscetíveis ao vírus.
 
 









 

 

 

 

 

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