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CLIPPING 09/03/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

Medicamentos

Pesquisa e Desenvolvimento

Saúde



Medicamentos

Mais comprimidos na Merck
09/03/2015 - IstoÉ Dinheiro


A farmacêutica alemã Merck vai expandir sua fábrica em Jacarepaguá, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro. A ideia é aumentar em até 30% a capacidade da unidade, que produz 1,2 bilhão de comprimidos ao ano. O valor do investimento não foi divulgado. No sentido contrário, outro grupo alemão, a Bayer, anunciou o fechamento de sua produção de MaterialScience, também no Rio. A unidade atuava no segmento de polímeros e sistemas de alta tecnologia para construção civil e setores eletroeletrônico e automotivo.

 


Cidades afetadas pela cheia no Acre recebem 7 toneladas de medicamentos
09/03/2015 - Folha de S.Paulo


Os municípios atingidos pela cheia no Acre receberão mais de sete toneladas de medicamentos e insumos enviados pelo governo federal. O material, que começou a chegar ao Estado na última sexta-feira (6), foi dividido em 30 kits, de 250 kg cada um.
A previsão do Ministério da Saúde é que até o fim desta semana todas as unidades sejam entregues pela força-tarefa do Exército que têm atuado em parceria com o Estado.
O kit é composto por 30 medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios e 18 insumos estratégicos (ataduras, seringas) para o atendimento, por um período de três meses, de até 500 pessoas desabrigadas e desalojadas.
"Estamos fazendo um novo envio para reposição dos medicamentos. Só neste ano já foram enviados ao Acre 41 kits", afirma Daniela Buosi, coordenadora de Vigilância e Saúde Ambiental do Ministério da Saúde.
Ela explica que a logística é complexa e que cada emergência requer um plano de contingência. No caso do Acre, a nova remessa está indo de avião até Rio Branco. De lá, será encaminhada aos demais municípios afetados.
"Enviamos um mínimo de dois kits por voo, de acordo com a carga máxima de cada aeronave. Afinal, cada kit pesa 250 kg".
Segundo a coordenadora, a medida não é um ato isolado, integra o sistema de gestão de emergência previsto na Portaria 2363 do Ministério da Saúde que instituiu repasses do Fundo Nacional de Saúde a Estados e municípios em estado de calamidade pública. Além do aporte material, equipes de apoio também são escolhidas ou enviadas para as localidades.


FAXINA


Uma operação de limpeza será iniciada nesta segunda-feira (9) em Rio Branco, onde as águas do rio Acre permanecem em constante vazante.
Os trabalhos terão início às 6h e a jornada só se encerra às 22h. Cerca de 570 homens divididos em 30 equipes estarão envolvidos nos trabalhos de retiradas de entulhos, desobstrução de esgotos e lavagem das ruas de bairros que já apresentaram vazante (Bahia Nova, Bahia Velha, Carandá, parte do Aeroporto Velho, Habitasa, parte da Cadeia Velha e Cidade Nova).
O serviço de higienização envolverá 270 máquinas, entre caçambas, pá carregadeiras, caminhões pipas, retroescavadeiras e outros.
"Na medida em que rio for baixando, iremos avançando com a operação nos demais bairros, como a Seis de Agosto, Taquari, Triangulo Velho e Novo. Estamos orientando as famílias que estão em abrigos públicos para que aguardem o nível das águas baixar. Para que somente após a limpeza das áreas afetadas, elas retornem às suas residências", afirmou o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, em nota.
Na manhã deste domingo (8), o nível do manancial marcava 16,85 metros, segundo boletim da Defesa Civil. Para que os moradores voltem aos seus lares, essa marca precisa atingir pelo menos 14 metros.





Cresce a importação de remédios em GO e PE
09/03/2015 - Folha de S.Paulo


Entre os cinco Estados que mais importaram medicamentos nos últimos dez anos, Goiás e Pernambuco registraram a maior alta na participação total de compras feitas pelo país no exterior, segundo a Interfarma (associação de pesquisa farmacêutica).
O estudo foi feito com base em dados do Ministério do Desenvolvimento.
Em Goiás, os desembarques saltaram de 3% das importações nacionais, em 2005, para 17% no ano passado. O valor atingiu R$ 1,1 bilhão em 2014.
Detentor de um polo farmacêutico em Anápolis, com 231 companhias, o Estado atraiu multinacionais como Roche e Pfizer na base da política de incentivos fiscais.
"O ICMS [imposto estadual] de remédios importados é isento aqui. Só as farmacêuticas já representam 3% da arrecadação", diz a secretária de Fazenda, Ana Costa.
Em Pernambuco, as operações do porto de Suape explicam a evolução do Estado, que saiu de zero para 3% no total de desembarques. "Importar pelo porto e distribuir o medicamento a partir daqui reduziu o valor do frete", diz Thiago Norões, secretário de Desenvolvimento Econômico.
Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro registraram quedas de 12, 4 e 3 pontos percentuais, respectivamente, no total das compras do exterior.
"A importação não é o problema. O que falta são condições para o país aumentar as exportações e tirar o setor do deficit", diz Pedro Bernardo, da Interfarma.


 



Pesquisa e Desenvolvimento

 

 


Anvisa debate cigarro
09/03/2015 - Valor Econômico

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu, no sábado, inscrições para a audiência pública que discutirá a inclusão, nas embalagens de cigarros, de advertências sobre os riscos do fumo. A medida, adicional às imagens que já ocupam toda a parte de trás das embalagens, entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2016. Os interessados terão dez dias para enviar contribuições sobre o tema. As manifestações deverão ser encaminhadas por escrito ou pelo site, após preenchimento de formulário.





Entenda a arma transgênica que pode acabar com a dengue no Brasil
09/03/2015 - IstoÉ


Com aumento de 280% na incidência da dengue entre a população, a cidade paulista de Piracicaba se torna pioneira no combate à doença valendo-se de um método original - a alteração genética do mosquito envolvido na transmissão do vírus. Somente a fêmea do Aedes aegypti funciona como vetor de contágio. Ela acasala apenas uma vez e vive 45 dias. Os pesquisadores mudaram geneticamente cinco mil mosquitos machos que estão sendo soltos na cidade. De seu cruzamento com a fêmeas virá uma nova geração de Aedes aegypti que morrerá logo após o nascimento. Esse processo irá se repetindo e, de geração em geração exterminada, o mosquito acabará definitivamente extinto como espécie.




A RESPOSTA NA PELE
09/03/2015 - IstoÉ


Cada vez que um pesquisador encontra uma substância com potencial para melhorar o diagnóstico de doenças degenerativas do cérebro, como Alzheimer, Parkinson e vários tipos de demência, a ciência comemora. Desta vez, o achado foi feito por uma equipe da Universidade de San Luis Potosí, no México. Eles desenvolveram um exame de pele que revela a presença de duas proteínas - a tau e a alpha synuclein - em padrões diferenciados que estão cientificamente associados a uma dessas enfermidades. "0 exame de pele que desenvolvemos poderá permitir aos médicos a identificação precoce desses males", disse o médico Ildefonso Rodrigues-Levya, autor do estudo e médico do Hospital Central da Universidade de San Luis Potosí.
Até o momento, o exame de pele que revela as duas proteínas foi aplicado em 65 voluntários. Doze deles eram pessoas saudáveis e outras 53 pessoas tinham diagnóstico de Parkinson, Alzheimer ou demência. O trabalho feito

BUSCA

O neurologista Okamoto explica que a maioria dos diagnósticos hoje é feita por exames clínicos e histórico do doente
na universidade mexicana será apresentado em abril no Encontro Anual da Academia Americana de Neurologia, nos Estados Unidos.
Ainda não existem exames para diagnosticar patologias degenerativas do cérebro com precisão ou em fase precoce. "Cerca de 80% a 85% dos casos de Alzheimer são identificados por exames clínicos e pelos relatos do paciente sobre sinais e sintomas associados à condição", explica o neurologista Ivan Okamoto, coordenador do Núcleo de Excelência em Memória do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Testes de imagem auxiliam na confirmação do diagnóstico. A chegada do exame em desenvolvimento pelos mexicanos ainda levará algum tempo pois o estudo está em fase inicial.





Imunoterapia em câncer de pulmão
09/03/2015 - Carta Capital


Câncer de pulmão continua sendo uma doença temível, agressiva e grave. Quando disseminado pelo corpo, a quimioterapia torna-se a arma mais eficaz para controlar as metástases. Infelizmente, a maioria dos pacientes acaba perdendo a batalha. Uma nova abordagem tem apresentado resultados impressionantes: a imunoterapia do câncer. Uma nova classe de medicamentos para estimular o sistema imunológico, as células de defesa do organismo do paciente para que reconheçam as células do câncer como um invasor estranho.
Diferente da quimioterapia, que combate diretamente as células do câncer, a imuno-oncologia apresenta uma nova forma de encarar essa doença. Como resultado dos avanços dessa linha de pesquisa, recentemente a FDA, órgão que regulamenta a liberação de novas drogas nos Estados Unidos, aprovou a primeira imunoterapia para o tratamento do câncer de pulmão. Sobre essa novidade, conversamos com o doutor Marcelo Cruz, oncologista clínico e coordenador do Serviço de Segunda Opinião do Hospital São José, Beneficência Portuguesa de São Paulo:

CartaCapital: A imunoterapia em câncer já é realidade ou só experimental?

Marcelo Cruz: Já é uma realidade. Essa nova classe de terapia já está aprovada para o tratamento de melanoma, uma forma agressiva de câncer de pele, e há vários estudos em fases bastante avançadas para diversos tipos de câncer, como rim, bexiga, mama.

CC: E no caso do câncer de pulmão?

MC: A imunoterapia está sendo estudada justamente nos pacientes com doença disseminada, de mais difícil controle.

CC: E os resultados até o momento?

MC: Os estudos iniciais avaliaram a eficácia da imunoterapia em pacientes com câncer avançado que já haviam apresentado resistência a várias quimioterapias. Apesar disso, uma parte dos pacientes que receberam essa nova terapia apresentou benefício no combate à doença e aumento do tempo de vida. Como resultado dos avanços dessa linha de pesquisa, a FDA aprovou o Nivolumabe como a primeira imunoterapia para o tratamento de um dos tipos mais frequentes de câncer de pulmão.

CC: A aprovação pela FDA foi rápida, em comparação com outras drogas.

MC: Três meses antes da data esperada, o que mostra a agilidade no processo de tornar essa terapia inovadora e eficaz disponível para os pacientes nos Estados Unidos.

CC: Como age a droga?

MC: Ela inibe uma substância conhecida como PD-1. Essa proteína, quando ativa, não deixa que o sistema imune ataque as células do câncer. Dessa forma, inibindo o PD-1, o sistemaimune do paciente volta a reconhecer as células do câncer como algo estranho ao organismo e passa a combater o inimigo. Em pacientes com câncer escamoso de pulmão que já haviam recebido tratamento com quimioterapia, o Nivolumabe aumentou as chances de controle de doença e tempo de vida dos pacientes, quando comparado com o docetaxel, uma quimioterapia convencional.

CC: Como é administrada e quais são os efeitos colaterais?

MC: O Nivolumabe é administrado por via intravenosa em intervalos de duas semanas. Os efeitos colaterais mais comuns são fadiga, dores musculares, náuseas e perda de apetite, mas em geral são bem tolerados e não interferem com a continuidade do tratamento. Efeitos colaterais mais graves existem em cerca de 3% dos casos, e podem incluir diarreia de difícil controle, tosse e falta de ar relacionada com pneumonite (um quadro de inflamação dos pulmões).

CC: A droga já está disponível para administração aos pacientes em algum lugar no mundo?

MC: Uma vez aprovado pela FDA, a droga já pode ser utilizada nessa nova indicação nos Estados Unidos. Certamente, a EM A (órgão regulador de novas terapias na Europa) também deverá se posicionar em breve.

CC: Qual a expectativa de sua aprovação e disponibilidade no Brasil?

MC: Ainda não há previsão de aprovação pela Anvisa. Outras terapias contra o câncer de pulmão já aprovadas e em uso nos EUA e na Europa ainda aguardam aprovação no Brasil há pelo menos dois anos.



 

Saúde





Consumo de equipamentos médicos cresce 4% em 2014
09/03/2015 - Folha de S.Paulo

Apesar de ter projetado, inicialmente, um crescimento de 7,4% no consumo aparente de produtos médico-hospitalares, o setor registrou alta de 4% em 2014.
O índice considera a parcela da produção interna que fica no país e as importações.
"Além dos eventos como Copa do Mundo e eleições e do maior número de feriados, ainda houve uma redução de contratos públicos, que representam 50% do setor. Se levarmos em consideração o contexto atual, foi um desempenho bom", afirma Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Abiis (que reúne as associações da indústria).
As exportações subiram 7,5% no período e alcançaram US$ 1,1 bilhão (R$ 3,4 bilhões na cotação atual), e as importações, que tinham avançado nos últimos dois anos, recuaram 2,2%.
A desvalorização do real foi a principal razão para o desempenho da balança comercial, segundo o executivo.
Para este ano, a indústria projeta crescimento moderado ou estabilidade.
"Esperamos um reajuste nos preços pagos pelas operadoras, que estão defasados, e que o governo não corte programas de saúde."






Laboratório Blanver investe em cogeração diante de energia cara
09/03/2015 - Valor Econômico


Terceiro maior fabricante mundial de excipientes para medicamentos, o laboratório brasileiro Blanver tirou da gaveta um plano de investimento em cogeração de energia elétrica para atender a fábrica de Itapevi (SP), diante do risco de racionamento e dos custos elevados com o insumo. De acordo com o presidente da farmoquímica, Sérgio José Frangioni, com o aporte de quase R$ 6 milhões, 80% da energia demandada pela unidade estará garantida.
"Já havíamos comprado antecipadamente 50% da energia necessária para 2015 e agora estamos avaliando o que fazer com os 30% que sobram. Uma possibilidade é vender no mercado", afirmou. Os recursos foram investidos na compra de um gerador a gás natural, que entrou em operação no fim do mês passado, e poderá gerar economia anual de R$ 4,5 milhões. Essa estimativa considera o custo de R$ 190 por megawatt-hora (MWh) com a geração própria e o preço do insumo no mercado.
"Temos planos de aumento de capacidade produtiva, então há possibilidade de comprarmos mais um ou dois geradores", acrescentou. Segundo ele, o projeto de investimento em cogeração já havia sido analisado pela Blanver há três ou quatro anos, mas naquele momento "não se pagava". "Agora, com a crise hídrica e o acionamento das térmicas, o que eleva o custo da energia, ficou viável", explicou.
A farmoquímica já havia blindado boa parte de suas operações contra falhas no fornecimento de energia ou apagões. "Temos geradores grandes que atendem áreas críticas quando há falta de energia. Nesse caso, já estávamos cobertos", contou o executivo. Frangioni disse ainda que o momento crítico atravessado pela economia brasileira impõe cautela às decisões de investimento. "Não chegamos a postergar, mas vamos olhar a cada trimestre se o orçamento está sendo alcançado antes de assumir o que estava previsto em termos de investimento", disse.






Heróis ou vilões da dieta?
09/03/2015 - O Globo


Um estudo asiático publicado esta semana na revista “Heart” mostrou que o grande aliado de muitos trabalhadores durante sua jornada diária, o café, pode ser eficaz para “limpar” as artérias. Pesquisadores sul-coreanos revelaram que de três a cinco xícaras diárias da bebida poderiam evitar o entupimento dessas cavidades, diminuindo o risco de doenças cardíacas. Foram analisados 25 mil trabalhadores locais, homens e mulheres, sem sinais de doenças cardíacas em seu histórico.
Por outro lado, levantamentos anteriores mostraram o café como possível responsável pelo aumento da pressão arterial. De modo que especialistas fazem um alerta para quaisquer estudos que tragam conclusões sobre alimentos específicos: nada de sair esvaziando as prateleiras do supermercado sem antes consultar um profissional da saúde.
— Devemos interpretar esses resultados com cautela, visto que esse estudo, por exemplo, foi conduzido na população de um país que tem hábitos, genética e dieta completamente peculiares e diferentes do restante do mundo — afirma o endocrinologista Pedro Assed. — O perigo ao excluirmos um alimento com base nessas pesquisas é o de perdermos algo importante que ele possa trazer de benefício; já se abusarmos de um alimento com supostas propriedades vendidas como milagrosas, corremos o risco de consumir algo que talvez seja inócuo.SAL CONTRA INFECÇÕES
Na Alemanha, outra pesquisa, publicada esta semana na “Cell Metabolism”, afirmou que o sal na dieta seria capaz de defender o organismo contra micróbios invasores. Uma dieta com elevado teor de sal aumentou a acumulação de sódio na pele de ratos, aprimorando sua resposta imunológica a um parasita que infecta a pele.
— Até agora, o sal tem sido considerado um fator dietético prejudicial; sabe-se claramente que pode causar doenças cardiovasculares, e estudos recentes têm implicado um papel no agravamento de doenças autoimunes — ponderou o microbiólogo e autor da pesquisa Jonathan Jantsch, da Universidade de Ratisbona. — Nosso estudo desafia essa visão unilateral e sugere que o aumento da acumulação de sais em locais de infecção pode ser uma estratégia antiga para evitá- la, muito antes dos antibióticos.
Para Assed, essas pesquisas com sal, café, ovos (ruins pelo colesterol e bons pela pouca gordura saturada), carnes vermelhas (vilões pelo alto teor de gordura e colesterol e heróis pelos aminoácidos essenciais) e vinho sempre estarão presentes no debate médico e nutricional, “até porque fazem parte da busca por maior entendimento das reais propriedades dos alimentos que consumimos”. Segundo o especialista, as ciências nutricionais e o estudo do metabolismo humano estão sempre tentando direcionar médicos e nutricionistas para o melhor caminho a seguir.
O segredo está em avaliar todo um conjunto de fatores, como aponta a nutricionista Andrea Santa Rosa Garcia:
— O perigo é esquecer de avaliar a pessoa que consumirá o alimento. Não se deve analisar a comida isoladamente — explica Andrea. — O equilíbrio na dieta é sem dúvida a melhor medida. Um determinado alimento só deve ser eliminado ou incentivado após uma avaliação do indivíduo por um nutricionista.
Segundo ela, existem diversos estudos sobre diferentes propriedades nutricionais, muitos abordando aspectos contraditórios.
— O profissional de saúde normalmente tem acesso a este material e consegue ter visão crítica na utilização dos elementos em sua conduta.Como ressalta a nutricionista Carla Cotta, tais pesquisas analisam um alimento ou um fitoquímico presente nele, sendo necessário, portanto, que se considere a individualidade bioquímica de cada pessoa em conjunto com tais fatores.







Dengue cresce quase 700% no estado de SP e mata 32 pessoas
09/03/2015 - O Globo


Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de casos notificados de dengue mais que dobrou em todo o Brasil nos dois primeiros meses do ano. Foram 174.676 registros, contra 73.135 em janeiro e fevereiro de 2014, um salto de 139%. As regiões com os piores indicadores são o Centro-Oeste e o Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo, que concentra 54% do total de registros no país.
Pelos números do ministério, o estado de São Paulo já tem 32 mortes neste ano e outras 94.623 notificações da doença, 697% a mais do que nos dois primeiros meses de 2014. O número de notificações inclui tanto casos confirmados como os suspeitos (que se enquadram no critério clínico da doença). A Secretaria Estadual de Saúde fala em 38.714 registros confirmados. Dos 645 municípios do estado, 20 concentram 60% do total dos registros.
Ontem, o Instituto Adolfo Lutz confirmou a primeira morte por dengue na capital paulista. A vítima foi uma mulher de 84 anos, moradora da Zona Norte da cidade. Outra morte segue em investigação: de um homem de 88 anos, morador na Zona Leste.
Em evento na capital paulista, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou ontem que os municípios paulistas não “fizeram a lição de casa”. Chioro citou a alta incidência (número de casos em relação à população) em Catanduva, cuja taxa de infecção é de 5.600 a cada cem mil habitantes. O parâmetro usado para definir que há epidemia é 300 por cem mil. Além de Catanduva, o ministro citou Sumaré ( 900 casos por cem mil habitantes), Birigui ( 525), Caraguatatuba ( 424), São José do Rio Preto (469) e Campinas (405,2). A secretaria nega que São Paulo enfrente uma epidemia da doença.
ARMAZENAMENTO COLABOROU
O aumento da dengue pode estar relacionado ao armazenamento de água de forma inadequada, segundo o ministro. Por conta da crise hídrica em São Paulo, muitas pessoas têm feito estoque em casa, porém sem tampar os galões e os potes. Já a pesquisadora Denise Valle, do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz ( IOC/ Fiocruz), explica que houve uma mudança no perfil do criadouro no Sudeste por causa da falta d’água.
— Isso fez com que o Sudeste se igualasse ao Nordeste no seguinte: geralmente como falta água, as pessoas armazenam água limpa e até tampam, mas como é uma água para consumo doméstico, a pessoa a usa várias vezes, acaba deixando o recipiente destampado e, como o Aedes aegypti é diurno, vai lá e bota os ovos. Antes, o perfil do Sudeste era mais pratinho de plantas, bandeja de geladeira.
Em Sorocaba, onde cinco pessoas já morreram e 8.693 casos foram confirmados, a prefeitura fez a chamada “nebulização pesada” de inseticida em 6.628 casas e abriu ontem um centro de monitoramento para pessoas com sintomas ou que tiveram exame positivo para a dengue. Em Marília, com 5.811 casos confirmados e quatro mortes, o prefeito pediu reforço nas equipes. A prefeitura aumentou o número de profissionais nos pronto sat en dimentos das Zonas Norte e Sul e implantou um polo exclusivo de atendimento à dengue, no centro da cidade.
— O período de março a maio é, historicamente, o de maior transmissão da dengue, e isso acende o alerta para a necessidade de redobrar as ações de vigilância — afirmou o ministro.
EQUIPE DE BASQUETE AFETADA
Com 1.800 casos confirmados e uma morte, Rio Claro montou um hospital de campanha no centro da cidade, que funciona todos os dias e tem capacidade para atender 300 pacientes por dia. A “unidade de campanha” recebe pacientes com sintomas de dengue ou que já estão diagnosticados com a doença pela Vigilância Epidemiológica.
Na cidade, a doença atingiu seis dos 13 jogadores da equipe de basquete da cidade, além de três integrantes do time de futebol. No último domingo, o São Paulo foi jogar no estádio local e ficou no 0 a 0 com o time da casa pelo Campeonato Paulista. Porém, o que mais impressionou foi a quantidade de repelentes levados pelos atletas tricolores.
Eles não queriam correr o risco de ser atacados pelo Aedes aegypti, como aconteceu com o zagueiro Mauricio, o volante Lucas Madalosso e o preparador físico do Rio Claro Futebol Clube, Jean Cova. Outros três não tiveram a suspeita confirmada, e um quarto ainda aguarda diagnóstico.
— Temos orientado os atletas a tomar cuidado em casa, usar repelente e se prevenir, tentando evitar locais com foco e água parada — disse o gerente de futebol, Alex Afonso.






As falhas do Mais Médicos
09/03/2015 - O Estado de S.Paulo


Desde o lançamento do Mais Médicos, eram evidentes as sérias falhas de planejamento de um programa social que, segundo o governo federal, mudaria o paradigma da saúde pública brasileira, ao oferecer atendimento médico a uma parcela da população que nunca antes havia recebido atenção por parte do Estado. O discurso do governo federal simplesmente não se encaixava com a realidade, pois no planejamento e na administração do programa imperava a improvisação. Essa situação é agora reconhecida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), ao indicar em recente relatório que a execução do programa às pressas tem gerado não só pequenos problemas, como, por exemplo, falhas na supervisão dos médicos vinculados ao programa. Fica evidente, assim, que a finalidade política do programa prevaleceu no seu planejamento e também na sua execução.
Diante das críticas, o governo federal alegava que o programa atendia comunidades que não contavam com nenhum tipo de atenção médica. Era como se o governo dissesse: qualquer coisa é melhor do que nada e, portanto, ninguém venha reclamar do Mais Médicos.
Como é evidente, tal raciocínio manifestava um forte viés discriminatório, como se alguns brasileiros pudessem ser tratados de qualquer maneira, já que antes não tinham nada. Agora, o TCU indica que, mesmo no atendimento a comunidades distantes e que antes não dispunham desse tipo de assistência, o programa vem apresentando sérias deficiências. Segundo o relatório do Tribunal - e em sentido contrário ao que alardeia o governo -, não tem melhorado o atendimento nem mesmo em municípios identificados pelo Ministério da Saúde como especialmente carentes de atenção médica e que, por isso, mereceriam tratamento preferencial. A razão é simples: o programa tem encontrado dificuldade em reter os médicos integrantes da Equipe de Saúde da Família. Ou seja, o programa falha exatamente naquilo que era o seu propósito principal.
Mas não é apenas em relação à distribuição geográfica dos médicos que o programa vem falhando. Segundo o TCU, tem havido displicência na supervisão dos médicos. Por exemplo, foram encontrados relatórios de avaliação mal feitos e atividades de tutoria aplicadas de modo superficial. O Tribunal também descobriu que, apesar de 95 médicos não terem alcançado a pontuação mínima necessária no módulo de acolhimento - uma espécie de curso preparatório antes do início das atividades de campo -, todos foram mantidos no programa. Nesse caso, o TCU pede que se revise a avaliação e, se for o caso, os profissionais sejam dispensados.
Chamou a atenção do TCU o fato de que, pelo menos em 127 municípios, houve diminuição das equipes de atenção básica após o início do programa Mais Médicos. Tal dado parece indicar que alguns municípios aproveitaram a existência do programa federal para dispensar parte das equipes que antes custeavam. Também foi constatado que, entre os municípios atendidos pelo programa Mais Médicos e que foram analisados pelo TCU, houve diminuição no número de consultas médicas em 25% dos casos. Tudo isso reforça o conhecido diagnóstico de que o programa Mais Médicos teve um planejamento deficiente.
Antes, o governo federal respondia a essas críticas alegando que o programa era temporário, com duração de três anos - como se a provisoriedade fosse desculpa para trabalho mal feito. No entanto, esse argumento já não é válido, pois desde o ano passado o governo alardeia que o Mais Médicos será permanente.
O Ministério da Saúde não se manifestou sobre o relatório do TCU. Voltou simplesmente a citar a pesquisa de opinião segundo a qual 94% da população que utiliza os serviços oferecidos pelo Mais Médicos se diz satisfeita com o programa. Ou seja, faz vista grossa às falhas dele. Fica evidente, mais uma vez, que o governo federal se dá por satisfeito com os efeitos políticos do Mais Médicos. Esquece, no entanto, que se trata de um programa de saúde pública, e não de um palanque eleitoral.



SP tem 54% dos casos de dengue e lidera em mortes
09/03/2015 - O Estado de S.Paulo

O Brasil registrou nas oito primeiras semanas de 2015 mais do que o dobro de casos de dengue notificados no mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Até 28 de fevereiro, foram comunicados 174.676 casos suspeitos, média de dois por minuto. Em relação aos dois primeiros meses de 2014, quando tiveram 73.135 notificações, a alta é de 139%. O Estado de São Paulo concentra 54% do total de casos do País.
O aumento no Brasil é puxado pela alta de casos observada em São Paulo,que também lidera em número de mortes por complicações da doença. Ontem, foi confirmado o primeiro óbito por dengue na capital paulista.
A vítima é uma mulher de 84 anos,moradora da Freguesia do Ó, na zona norte, região da cidade com a maior incidência da doença neste ano. Segue em investigação a morte de um homem de 88 anos,morador da Penha, na zona leste.
Em todo o Estado, já são 32 mortes confirmadas, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde. No mesmo período do ano passado, foram cinco.
“Nem na epidemia de dengue que tivemos no Rio, anos atrás, houve porcentual de mortes tão alto. Isso significa que as unidades de saúde de alguns municípios, principalmente do interior paulista, não estão seguindo os protocolos de atendimento corretos na chegada de um caso suspeito”, disse o ministro da Saúde,Arthur Chioro,durante a apresentação dos dados.
Estado. Em relação ao número de casos em São Paulo, o crescimento entre 2014 e 2015 foi de 697%. No período analisado, os municípios paulistas somaram 94.623 registros da doença, ante 11.876nosdoisprimeirosmeses do ano passado. Até agora, o Estado concentra 54% do total de casos do País. É a terceira maior taxa de incidência do Brasil, atrás de Acre e Goiás.
Chioro afirmou que a alta de casos no Brasil e em São Paulo se deve a três principais motivos: as altas temperaturas que favorecem a proliferação do mosquito, o armazenamento de água sem proteção por causa da crise hídrica e falhas de algumas prefeituras na ação de combate à doença. “Tem regiões que não estão fazendo a lição de casa, tanto na prevenção como no atendimento a casos suspeitos.
O período de seca é uma agravante, mas não podemos colocar a culpa em São Pedro se não fizermos a prevenção.” O ministro se reuniu na tarde de ontem como secretário estadual da Saúde, David Uip, para definir estratégias de combate à doença, entre elas a distribuição, nas unidades de saúde paulistas, de folhetos informativos com o protocolo a ser seguido durante atendimento de um caso suspeito. Também serão feitas capacitações com funcionários do sistema de saúde.
Capital. Na cidade de São Paulo, o número de casos também aumentou, passando de 1.440 para 2.708. No Jardim Paulistano, região da Brasilândia, zona norte,um dos distritos mais afetados pela dengue, oito casas de uma rua tiveram moradores contaminados. Em uma delas, três membros da mesma família contraíram simultaneamente a doença. “Ficaram os três de cama por 15 dias, sentindo dor no corpo, olhos, cabeça e com febre alta”, conta a dona de casa Lucimar Rosa Chaves, de 38 anos. O marido Luciano Alves, de 40, e a filha, Andressa Alves, de 17, também adoeceram.
Em suspeita de dengue,o professor de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Fredi Diaz alerta para o perigo da automedicação. “As pessoas devem evitar se automedicar.
Pode não ser dengue.
E se for, há complicações associadas a medicamentos como aspirina e dipirona.”





Artigo: Medicina policialesca
09/03/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: Drauzio Varella


Passei da idade de me surpreender com a estupidez humana. Ainda assim, fiquei revoltado com a atitude do médico que entregou à polícia a menina que tomou Cytotec para abortar.
Em nome de que princípios um profissional recebe uma menina de 19 anos, fragilizada pelas complicações de um abortamento provocado sem assistência médica, ouve sua história, calça as luvas, toca seu útero e os anexos, adota a conduta que lhe parece mais adequada, sai da sala e chama a polícia para prender em flagrante a paciente que lhe confiou a intimidade?

Existe covardia mais torpe?

A função primordial da medicina é aliviar o sofrimento humano. Independentemente das contradições jurídicas criadas por uma legislação medieval, machista e desumana como a brasileira, entregar a menina à polícia contribuiu para tornar-lhe o sofrimento mais suportável?
A questão do aborto ilustra como nenhuma outra a hipocrisia moralista imposta às mulheres pobres, pelos que se intitulam defensores da vida e atribuem a si próprios o papel de guardiões dos bons costumes e porta-vozes oficiais da vontade de Deus.
A realidade é cristalina: o aborto é livre no Brasil, basta ter dinheiro para pagar por ele.
Não faltam clínicas particulares e hospitais com médicos experientes que realizem abortamentos em boas condições técnicas, desde que bem remunerados.
Muitos ginecologistas que se negam a praticá-los em suas pacientes indicam esses colegas, não raro criticados pelos mesmos que fizeram o encaminhamento.
Dias atrás, Cláudia Collucci, colunista desta Folha, lembrou a pesquisa realizada pela Unicamp em conjunto com a Associação dos Magistrados Brasileiros mostrando que 20% dos 1.148 juízes entrevistados tiveram parceiras que ficaram grávidas sem desejá-lo: 79,2% abortaram.
Das 345 juízas que participaram, 15% já haviam tido gestações indesejadas: 74% fizeram aborto.
A colunista citou estudo semelhante conduzido pela Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) entre ginecologistas e obstetras: diante de gestações indesejadas, cerca de 80% de suas mulheres recorreram à prática.
Entre as médicas ginecologistas a situação é semelhante: 77% interromperam sua gravidez indesejada.
Por outro lado, 60% dos profissionais ouvidos confessaram que não ajudariam uma paciente, encaminhando-a a outro médico ou indicando medicamento abortivo.
Na Penitenciária Feminina da Capital, são muitas as meninas que abortaram em espeluncas mantidas, na periferia, por mulheres que vendem Cytotec e realizam procedimentos cirúrgicos semelhantes às torturas dos tempos da Inquisição.
Mas, quando essas mulheres vão parar na cadeia, são encaminhadas para a ala do seguro.
As mesmas que a elas recorrem nos momentos de aflição recusam-se a cumprir pena ao seu lado. Dizem que "elas matam criancinhas".
Estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro revelou que, em 2013, o SUS internou 154.391 mulheres com complicações de abortamentos. Como a estimativa é de que aconteça uma complicação para cada quatro ou cinco casos, o cálculo é de que tenham ocorrido de 685 mil a 856 mil abortos clandestinos no país.
Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Brasília mostra que 20% das 37 milhões de brasileiras com mais de 40 anos já fizeram aborto. Esses números servem de referência para a Organização Mundial da Saúde.
Feitos nas piores condições, complicações em abortos são a quinta causa de morte materna, no país.
A questão não pode ser mais tratada da forma bizarra e irresponsável como tem sido.
Não se trata de ser a favor ou contra. Todos somos contrários, especialmente as mulheres grávidas que a ele recorrem como última saída.
O problema do aborto não é moral, é questão de saúde pública. Se 20% das brasileiras com mais de 40 anos já abortaram na clandestinidade, deveríamos puni-las com o rigor das leis atuais? Haveria cadeia para mais de 7 milhões?
Deixemos de hipocrisia. Nossa legislação só não muda porque as mulheres de melhor poder aquisitivo abortam em condições relativamente seguras. As mais pobres é que correm risco de morte e sentem na pele os rigores da lei.




Mortalidade materna cai no Brasil, mas não atingirá meta da ONU
09/03/2015 - Folha de S.Paulo


A tragédia da mortalidade materna vem atingindo menos mães a cada ano no Brasil, mas o ritmo de queda não será suficiente para que o país alcance até o fim do ano o ODM (Objetivo de Desenvolvimento do Milênio) neste quesito –e é mais lento do que seria possível e desejável, dizem especialistas.
A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país.
Em 2013, 65 mil mulheres morreram no Brasil por complicações ao dar à luz, durante ou após a gestação ou causadas por sua interrupção.
De acordo com o Ministério da Saúde, o país tem hoje 62 casos a cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida até o fim deste ano pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU, era chegar a uma taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos.
De 1990 para cá, a taxa caiu quase pela metade, mas a redução não será suficiente para que se consiga cumprir a meta.
"Provavelmente não chegaremos aos 35, mas todo o esforço está sendo feito para que continue a haver uma redução", diz Teresa de Lamare, diretora do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde.
Ela diz que a meta será atingida, ainda que seja necessário um prazo maior.
"O importante é a tendência que estamos seguindo. O Brasil vem reduzindo a mortalidade materna e isso indica uma melhoria do sistema, qualidade da informação, equipes fortalecidas dentro do hospital e um pré-natal melhor", diz ela, ressaltando ações que vêm sendo tomadas pelo Ministério da Saúde, sobretudo dentro da Rede Cegonha, criada em 2011

PARADOXO PERINATAL

De acordo com o último relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre o tema, a taxa média de mortalidade materna em países desenvolvidos era de 16 em 2003, enquanto em países em desenvolvimento pulava para 230. O avanço no Brasil foi considerado significativo.
Sônia Lansky, coordenadora da Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, concorda que houve uma redução importante ao longo dos últimos 15 anos, mas considera o ritmo da queda incompatível com o desenvolvimento socioeconômico do país no período e com o nível de oferta do sistema de saúde.
"É o paradoxo perinatal brasileiro. Apesar da intensa medicalização do parto, há persistência de elevados índices de mortalidade materna. O índice de acompanhamento pré-natal aumentou muito, é satisfatório; o parto é hospitalar, feito por profissionais habilitados. A questão que fica como desafio, portanto, é a qualidade."
A advogada Beatriz Galli ressalta o mesmo paradoxo, apontando que a cobertura pré-natal hoje abrange 91% das grávidas, e que 98% dos partos são realizados em hospitais, números que não parecem condizentes com taxas de mortalidade ainda altas.
"Esta inconsistência sugere atenção pré-natal e ao parto de baixa qualidade", diz ela, assessora de políticas para a América Latina do Ipas, ONG que atua globalmente na área de direitos humanos, sexuais e reprodutivos das mulheres.
No Brasil, 91% das grávidas teriam acesso a pré-natal. Entre os entraves para que os riscos para a mulher diminuam, considera Galli, estão a má-formação de profissionais, a falta de acesso a serviços qualificados de urgência e emergência e o excesso de uso de tecnologias sem evidências científicas de sua necessidade.

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

"De dois anos para cá, temos discutido muito o conceito de violência obstétrica, que é um dos grandes responsáveis por mortes maternas no Brasil", avalia Paula Viana, coordenadora da ONG Curumim, que trabalha com direitos sexuais e reprodutivos no Recife.
Exemplos de violência obstétrica, para Viana, são o uso sem parcimônia de medicamentos como a ocitocina para acelerar o trabalho de parto vaginal –o que pode aumentar o risco de hemorragia; o modelo "hospitalizador" estabelecido como paradigma para o parto, com o médico no centro da equipe; e a falta de espaço para profissionais como enfermeiras obstetras e doulas –que abririam espaço para boas práticas com menores intervenções, por exemplo, recorrendo inicialmente a massagens e exercícios para aliviar a dor.
As principais causas de mortalidade materna são hemorragia, hipertensão, infecção e aborto.
Mas todos os especialistas consultados pela BBC Brasil são unânimes em dizer que a alta taxa de cesáreas no país é um dos vilões por trás dessas causas.
De acordo com o obstetra Marcus Dias, professor da pós-graduação do IFF (Instituto Fernandes Figueira) e pesquisador da Fiocruz, o procedimento traz três vezes mais risco de morte materna do que o parto normal.
"O Brasil tem um milhão de cesarianas desnecessárias todos os anos. Essa cifra significa que estamos expondo mulheres a um maior risco reprodutivo", afirma. "Se for ter uma nova gestação, esta carrega um risco pela cicatriz uterina anterior."

EXCESSO DE CESÁREAS

A média de cesárias realizada por ano no Brasil é de 46,6%, mais de três vezes acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde. Na rede privada, a taxa chega a 85%.
Sônia Lansky diz que é preciso descontruir o mito criado no Brasil de que cesáreas são melhores para a mulher.
"É uma questão cultural brasileira que foi banalizada. Como se a cesariana diminuísse os riscos e aumentasse a segurança para a mulher. Mas ela tem efeitos adversos para a mãe e para o bebê, como o de não respeitar sua hora de nascer, o que está levando a um aumento de prematuros no Brasil."

Estima-se que entre 800 mil e 1,2 milhão de mulheres fazem abortos a cada ano

Teresa De Lamare, do Ministério da Saúde, diz que o governo vem tomando diversas medidas mudar esse modelo, abarcadas pela Rede Cegonha, programa lançado em 2011 e que busca incentivar o parto normal assistir a mulher do planejamento familiar ao pós-parto.
Ela ressalta também a parceria firmada com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS): em janeiro, a agência reguladora dos planos de saúde lançou resolução determinando que os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais realizados por estabelecimento de saúde e por médico sejam informados às grávidas.
A correta atenção pré-natal é essencial para reduzir o número de mortes causadas por síndromes hipertensivas. Além disso, para Paula Viana, a experiência de parteiras tradicionais deve ser mais bem aproveitada para colaborar com o sistema de saúde no diagnóstico precoce de complicações.
De todos os fatores de risco, o aborto é o que menos depende do sistema de saúde, esbarrando na legislação que só permite o procedimento em caso de estupro, feto anencéfalo ou risco à saúde da mulher.

ABORTOS

As projeções variam, mas estima-se que entre 800 mil e 1,2 milhão de mulheres fazem abortos a cada ano, em casa ou em clínicas clandestinas. E dia sim, dia não, uma mulher morre porque o procedimento deu errado.
"É muito perverso. Elas tomam a decisão sozinha, escondem da família, escondem do sistema de saúde. E se dá errado evitam procurar um hospital com medo de serem criminalizadas", afirma Sônia Lansky, lembrando o caso recente em São Paulo em que um médico denunciou à polícia uma mulher que fizera um aborto, contrariando a ética médica de manter o sigilo próprio da relação com pacientes.

A prática de denúncia por profissionais de saúde não é nova, diz Beatriz Galli.

"Existe discriminação, estigma e violência institucional na atenção para mulheres em situação de aborto nos serviços de saúde, o que está relacionado à clandestinidade do aborto e à prática de denúncia das mulheres à polícia por parte de profissionais de saúde em serviços públicos brasileiros."
Teresa de Lamare afirma que o Ministério da Saúde preconiza que essas mulheres sejam atendidas, sem espaço para o juízo de valor.
"Nossa preocupação é salvar vidas. As outras questões dizem respeito à Justiça. Nossa responsabilidade é que elas sejam bem atendidas."





Plantão Médico: HIV e Aids voltam a preocupar
09/03/2015 - Folha de S.Paulo
Colunista: JULIO ABRAMCZYK


Um conceituado infectologista pediátrico, examinando um antigo paciente, hoje com 19 anos, faz o diagnóstico de HIV positivo, confirmado por exames laboratoriais.
Autorizado pelo doente, solicita a presença da mãe e faz a comunicação. Ainda angustiada pela urgência do chamado, ela respira aliviada e diz: "Ainda bem, doutor. Pensei que fosse leucemia".
A surpreendente reação materna poderia estar relacionada ao inadequado conhecimento sobre o HIV e o controle da epidemia de Aids.
Infelizmente, aumentam os casos de HIV e Aids no Brasil.
Os professores Alexandre Grangeiro e Maria Inês Battistella Nemes, da FMUSP, e Elen Rose Castanheira, da Unesp, em artigo na revista "Interface", da Unesp/Botucatu, alertam que a epidemia de Aids mostra indícios de reemergência.
Temos os piores indicadores e a doença está longe de ser controlada, afirmam os autores.
Desde 2011, o número de casos entre homossexuais voltou a crescer. E a reemergência de Aids no país é evidenciada pela tendência da mortalidade pela doença.
Somente em 2013 foram 12.700 mortes por Aids (média de mais de mil por mês), número similar ao de 15 anos atrás, quando a política de acesso aos antirretrovirais foi implantada.
O autores explicam que a rede de cuidados aos infectados tem sido penalizada pelo subfinanciamento do SUS e o enfraquecimento da resposta à Aids no país.




Ação judicial para acesso ao SUS explode em cinco anos
09/03/2015 - Folha de S.Paulo



Mesmo após ter descoberto cinco novos tumores, Thaís Aisnar, 21, que já perdeu um rim para o câncer, teve que esperar cinco meses pelo medicamento que precisava.
Para o poder público, o remédio indicado pelos médicos, ao custo de R$ 19 mil, era muito caro. "Fiquei preocupada. A gente foi em tudo que é canto pedir o remédio e não deu certo", relata a jovem.
A solução só veio em dezembro, após a garota recorrer à Justiça para obter o tratamento. Uma alternativa que cresce em todo o país.
Dados obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação mostram que, em cinco anos, a busca pelo direito à saúde levou o Ministério da Saúde a repassar R$ 2,3 bilhões para custeio de medicamentos e tratamentos após determinações judiciais.
O valor é quase o dobro do total que o governo gasta, por ano, com o Mais Médicos. E fica pouco abaixo das despesas do programa Farmácia Popular, que dá desconto para compra de medicamentos.
Só em 2014, o valor repassado para cumprir determinações judiciais foi de R$ 871 milhões --é a maior quantia já registrada por esse motivo.
Em 2010, os gastos com demandas judiciais representaram R$ 183 milhões (todos valores corrigidos pela inflação).
Em geral, as ações ocorrem quando um medicamento ou tratamento não está disponível na lista do SUS, que elenca os procedimentos custeados pelo poder público.
Ou ainda, porque, mesmo sendo obrigação do Estado, o produto não chega às unidades de saúde e farmácias de algumas regiões do país.
Em 2014, R$ 727 milhões foram destinados para fornecimento de medicamentos. Ao todo, foram 12.932 ações, contra 5.966 em 2010 --apenas em ações contra a União.
Levantamento do Conselho Nacional de Justiça em tribunais estaduais e federais elenca 393 mil processos em tramitação por razões de saúde.
Entre eles está o pedido do aposentado Wandir Pimenta, 71, que, após fazer duas vezes o tratamento contra hepatite C com medicamentos disponíveis no SUS, sem melhora, tenta na Justiça receber remédio disponível só no exterior.
Especialistas apontam como fatores por trás do aumento das demandas judiciais o maior acesso da população à Justiça, o avanço na descoberta de novos tratamentos e a demora na inclusão de remédios no SUS.
Desde 2012, 114 novos medicamentos e procedimentos foram incorporados à rede pública. "Mas é muito pouco se comparado a quanto estávamos defasados", rebate Julius Conforti, advogado e especialista em direito à saúde.




Médicos defendem ampliar indicações de redução de estômago
09/03/2015 - Folha de S.Paulo



Um movimento de seis entidades médicas defende que a obesidade deixe de ser o principal critério para a indicação da cirurgia bariátrica a pacientes diabéticos.
A proposta pretende incluir como candidatos à operação pacientes de menor peso que estejam com o diabetes descompensado (mesmo com o uso de remédios) e que tenham outros fatores de risco, como hipertensão e altos níveis de gordura no sangue.
Foi criado um conjunto de indicadores (chamado de escore de risco) que valem pontos e que, somados, definirão o perfil do paciente a se submeter à cirurgia metabólica (um tipo de bariátrica).
O procedimento mais indicado hoje para esses casos (chamado bypass) modifica o caminho do alimento pelo tubo digestivo. Ao evitar a passagem da comida pela parte inicial do intestino, há diminuição da resistência dos tecidos à ação da insulina.
O coordenador da proposta, Ricardo Cohen, cirurgião do Hospital Oswaldo Cruz, diz que hoje, com o uso isolado do IMC (índice de massa corpórea) acima de 40 como principal critério para a cirurgia, os diabéticos ficam excluídos porque, em geral, não são os mais gordos.
"Atualmente não são considerados os riscos cardiovasculares ou a quantidade e distribuição de gordura pelo corpo, que agrava a síndrome metabólica. Com o escore de risco, é possível ampliar a indicação da cirurgia e permitir que mais paciente tenham o controle do diabetes."
Segundo Cohen, há 11 milhões de diabéticos no Brasil e 60% deles não têm a doença controlada. Essa situação pode provocar, além dos problemas cardiovasculares, doença renal, amputação de membros e cegueira.
Para ele, do total de pacientes com diabetes sem controle, pelo menos a metade (cerca de 3,3 milhões) poderia, em tese, ter indicação para a cirurgia. Hoje são feitas 90 mil operações, mas não se sabe quantas têm foco no tratamento de diabéticos.
Entre as sociedades que defendem a mudança estão a de cirurgia bariátrica e metabólica, a de endocrinologia, a de diabetes e Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Para valer, a proposta precisa ser aprovada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).


POLÊMICA


A proposta de ampliar a indicação da cirurgia metabólica é polêmica, especialmente entre os clínicos.
Para o endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), não há necessidade dessa mudança.
"Temos um contingente enorme de pessoas obesas, com IMC acima de 40, com necessidade urgente da cirurgia bariátrica e que não estão nem de longe sendo operadas. Essas deveriam ter prioridade." A fila de espera no SUS para esse tipo de procedimento chega a 12 anos.
Além disso, ele diz que ainda há dúvidas se a cirurgia vai conseguir livrar o diabético da doença. Estudo coordenado por ele na Unicamp mostra que são temporários os efeitos da cirurgia metabólica em pacientes não obesos com diabetes tipo 2 (que responde por 90% dos casos).
No primeiro ano após a intervenção, os pacientes reduziram os níveis de glicemia e, na maioria dos casos, eliminaram a necessidade ou diminuíram o uso de insulina.
Após cinco anos, porém, só um continuava vivendo sem a necessidade de insulina.
Para Geloneze, por não resultar na cura do diabetes, a indicação da cirurgia não se justifica, porque há riscos (anestésicos e de desnutrição no longo prazo).
"Não sou contra a cirurgia, mas ela deve ser feita em quem vai se beneficiar."
Já Cohen diz que outros estudos demonstraram que, quando bem selecionados os pacientes, os resultados da cirurgia são muito melhores dos que os da Unicamp.
Na sua opinião, pacientes convivendo há mais de dez anos com o diabetes podem não ser bons candidatos à cirurgia. "Ela é só mais uma ferramenta. Não queremos acabar com tratamento clínico."




Capital confirma 1ª morte por dengue; Estado tem 32
09/03/2015 - Folha de S.Paulo


Uma mulher de 84 anos, moradora da Freguesia do Ó (zona norte), é a primeira vítima fatal da dengue confirmada neste ano na capital paulista. No Estado todo, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, são 32 mortes pela doença. As informações foram divulgadas nesta sexta (6).
A zona norte da cidade detém também a maior incidência de casos registrados de dengue por 100 mil habitantes. O bairro do Limão é o primeiro da lista (50 por 100 mil), seguido por Jaraguá (47,5) e Brasilândia (30,4).
De 1º de janeiro a 4 de março foram registradas 2.708 ocorrências da doença na cidade, frente a 1.440 casos no mesmo período de 2014, avanço de 88%, de acordo com o Ministério da Saúde.
A Folha relatou, em fevereiro, que a zona norte estava sendo prejudicada no combate à dengue por falta de carros para levar os agentes de controle do mosquito Aedes aegypti às casas da região.
Em nota, a Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde), da Secretaria Municipal da Saúde, alegou que, naquele momento, a cidade passava por um processo de troca da empresa responsável pelo serviço, mas que os carros já haviam sido repostos.
Uma segunda morte por dengue, de um homem de 88 anos, morador da zona leste, está sendo investigada pelo Instituto Adolfo Lutz.
Durante todo o ano de 2014, a capital somou 14 mortes por dengue, de acordo com a prefeitura.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que a capital "não vive uma epidemia" --que, para ele, só ocorre em cidades que "não se prepararam" e em locais que eram "virgens de dengue".
"Elas [as cidades] pagam o preço de nunca terem tido a doença antes", afirmou.

ESTADO

De acordo com a pasta estadual da Saúde, pelos dados preliminares informados pelos municípios ao Sinan (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), o Estado registrou, entre janeiro e fevereiro deste ano, 38.714 casos confirmados de dengue, incidência de 92 infecções por 100 mil habitantes.
Para caracterizar epidemia em nível estadual, a incidência deve ser acima de 300 casos por 100 mil habitantes.
O "mapa da dengue" traçado pelo governo do Estado indica que 20 dos 645 municípios paulistas concentram cerca de 60% dos casos registrados da doença no primeiro bimestre do ano.
Em 2014, houve 87 óbitos por dengue (cinco no primeiro bimestre) e 193,6 mil casos registrados em todo o Estado.
Segundo o ministro Chioro, o pico das ocorrências deve acontecer em maio devido às condições do clima.






Gastos com ações judiciais prejudicam SUS, diz ministério
09/03/2015 - Folha de S.Paulo


Apesar do maior acesso da população à Justiça, os processos em excesso podem comprometer projetos mais amplos na área da saúde, segundo avaliação do governo e de alguns especialistas.
"É preocupante porque é uma parte extra que está entrando no nosso orçamento e reduzindo outras ações", afirma Jarbas Barbosa, secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde.
Opinião semelhante tem Deborah Ciocci, do Fórum de Saúde do Conselho Nacional de Justiça. "De início, não é um fenômeno negativo. Ocorre que o Judiciário, que deveria apenas ser utilizado em caso de grave ineficiência ou ilegalidade, vem sendo a primeira alternativa", diz.
"Por vezes, toda uma política pública a uma região é comprometida pela concessão de tratamento a apenas um indivíduo", afirma.
O advogado e especialista em direito à saúde Julius Conforti rebate. Para ele, o Estado precisa levar em conta os custos do tratamento como um todo --em alguns casos, diz, medicamentos mais novos podem ter tratamento mais rápido e diminuir a chance de complicações, o que reduziria custos futuros.
É o que defende Ana Paula Albertini, 37, que precisou obter um remédio para a filha por via judicial. Segundo ela, após receber o medicamento, que custa R$ 14 mil, a adolescente já leva uma vida normal. Antes, a menina tinha problemas para a coagulação do sangue e corria o risco de hemorragia cerebral.
O Ministério da Saúde diz apostar na inclusão de novos medicamentos na lista da rede pública, na compra de produtos e no contato com tribunais como forma de diminuir o número de processos.
Nesse caso, a ideia é orientar os juízes a oferecer alternativas ao tratamento também eficazes e com custo menor ao poder público.
"Há medicamentos mais caros que não têm nenhuma vantagem ou segurança", afirma Jarbas Barbosa.






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