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Medicamentos
A guerra pela pílula rosa 26/01/2015 - Época Quando a pílula azul que revolucionou a vida sexual dos homens foi lançada, em 1998, acreditava-se que logo surgiria um remédio equivalente para as mulheres. Se o Viagra, inicialmente pesquisado para doenças cardiovasculares, resolvia a dificuldade de obter uma ereção, seu correspondente feminino teria o desafio de tratar as reclamações frequentes - e subjetivas - de falta de desejo entre as mulheres. É algo que ao menos 30% das brasileiras conhecem: a vontade de fazer sexo míngua até virar pouco mais que uma lembrança. "Essa reclamação é comum entre mulheres maduras que estão há anos num relacionamento estável", afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade, da Universidade de São Paulo (USP). Passados 17 anos do lançamento do Viagra, a cobiçada pílula rosa continua apenas um sonho - para as mulheres e para a indústria farmacêutiéà'; que vislumbra a possibilidade de ganhar bilhões com o "Viagra feminino". O desafio científico sempre foi a explicação para a demora. Encontrar uma substância capaz de controlar algo tão etéreo quanto o desejo não é fácil. Agora, um movimento nos Estados Unidos afirma que o problema não está nas bancadas dos laboratórios. É político. A iniciativa Even the Score (empate o jogo, na tradução para o português, no sentido de produzir equilíbrio e justiça) atribui a dificuldade na aprovação do medicamento a um viés sexista das autoridades de saúde americanas. "Hoje, 26 drogas são vendidas para disfunções masculinas, mas não há uma única aprovada para mulheres", escreveu a americana Susan Scanlan, porta-voz do movimento, num artigo divulgado na imprensa americana. A maioria dos medicamentos contra impotência é apenas uma versão diferente de um mesmo tipo de droga. Mas, posto em números, o placar farmacêutico transformou a busca pela pílula rosa numa batalha dos sexos. O principal alvo do movimento -formado por uma coalizão de entidades de saúde e de direitos das mulheres - é a agência do governo americano que regula os medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA). Ela analisa os estudos sobre a eficácia e a segurança de novos remédios e pode autorizar ou negar seu uso no país. Os representantes do Even the Score dizem que os especialistas da FDA são excessivamente zelosos com as drogas para mulheres: não aceitam efeitos colaterais que os ativistas consideram leves, como tontura e sonolência. Por outro lado dizem, a FDA já aprovou medicamentos para disfunção erétil, como o Viagra, que pode causar queda de pressão grave em pessoas tratadas com drogas vasodilatadoras à base de nitratos. "A FDA deixa os homens decidir se querem correr riscos, mas nega às mulheres o direito de escolher", escreve Susan. A ação mais visível do Even the Score acontece na internet. Circulam pelas redes sociais convites para internautas assinarem petições virtuais exigindo a aprovação de um Viagra feminino. Sob a hashtag "eventhescore" e " womendeser-ve" ("as mulheres merecem"), tuítes disparam fatos sobre problemas sexuais femininos. Vídeos com depoimentos de médicos divulgam a relevância do problema. Uma campanha pede para mulheres compartilharem uma foto nas redes sociais segurando um cartaz com os dizeres "Mulheres merecem....". O objetivo é levar leitoras e leitores a refletir sobre a dificuldade feminina de chegar ao prazer. Entre o grande público, a campanha não é exatamente um sucesso de popularidade, mas a pressão chegou à FDA. Quatro congressistas americanas enviaram uma carta à agência pedindo que os mesmos critérios usados para avaliar as drogas para os homens sejam aplicados à drogas femininas. Ao mesmo tempo que causa ruído e obtém repercussão, o Even the Score é questionado por especialistas de saúde e grupos de defesa dos direitos femininos. "É uma campanha de marketing", afirma o jornalista Ray Moynihan, que pesquisa o uso excessivo e desnecessário de medicamentos na Universidade Bond, na Austrália. Ele é autor do livro Sex, lies andpharmaceuticals (Sexo, mentiras e produtos farmacêuticos, sem edição no Brasil). Ele diz que a campanha se apropriou indevidamente da linguagem feminista para conquistar simpatia pela sua causa. "Essa forma de ação ameaça o método científico usado para avaliar as novas drogas", diz Moynihan. "Os critérios podem deixar de ser científicos para se tornar políticos." Não é coincidência que três empresas farmacêuticas, a Sprout Pharmaceuticals, a Palatin Technologies e a Trimel Pharmaceuticals, apareçam no site do Even the Score como apoiadoras. Elas são, talvez, a parte mais interessada do processo. "E importante para as mulheres ter opções", afirma Curtis Geoff, porta-voz da Sprout. "Temos esperança de que a aprovação do flibanserina (o nome do produto que está sendo analisado pela FDA) abrirá portas para outros tratamentos no futuro." Do ponto de vista das empresas, faz sentido pressionar a FDA. Além de autorizar o acesso ao bilionário mercado americano, a agência influencia fora das fronteiras dos Estados Unidos. Suas decisões servem como referência para órgãos reguladores no mundo inteiro. Por que a FDA não autoriza a venda dos novos medicamentos? A resposta não é simples. Até hoje, apenas duas drogas foram submetidas à análise da FDA. Ambas foram reprovadas. A primeira, em 2004, foi um adesivo com o hormônio testosterona, recusado pela falta de evidências sobre sua segurança a longo prazo. A segunda, a flibanserina, a aposta da Sprout Pharmaceuticals, foi rejeitada duas vezes: em 2010 e 2013. A FDA considerou que os efeitos colaterais (tontura, sonolência e náuseas) não compensam os benefícios. Um dos estudos sugere que foi mínima a diferença entre os resultados nas mulheres que tomaram a droga e nas que usaram uma substância sem efeito algum, o placebo. "A indústria farmacêutica ainda não conseguiu mostrar que as drogas funcionam melhor que os placebos", diz a advogada americana Coco Jervis, uma das diretoras da entidade americana Rede Nacional pela Saúde da Mulher. A organização faz parte do grupo que se opõe à aprovação de uma nova droga na marra. Teme que a existência de um "Viagra feminino" transforme dificuldades sexuais que podem ter causas psicológicas num desequilíbrio químico a ser resolvido por uma simples pílula. "Como as empresas são guiadas pelo lucro, se a solução do problema não estiver dentro de um frasco, não interessa para elas", diz Coco. A necessidade de uma droga para resolver a falta de desejo sexual feminino está longe de ser um consenso entre médicos e psicólogos. Não há dúvidas de que há mulheres que sofrem muito com a falta de desejo e excitação - a disfunção está prevista no Manual de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria. "O problema existe, mas é uma utopia acreditar que uma pílula será a solução mágica", diz o ginecologista e sexólogo brasileiro Théo Lerner. "A maior parte dos casos tem fundo emocional." Doenças como o diabetes e medicações como os anti-depressivos afetam o nível de interesse sexual. Quando essas variáveis são descartadas, percebe-se que a origem de boa parte dos casos são conflitos dentro do relacionamento ou bloqueios ao prazer feminino causados por tabus morais e culturais. "Desde muito cedo, recebemos mensagens de que sexo é vergonhoso e perigoso", diz a americana Emily Nagoski, especialista em comportamento sexual. Muitas mulheres não sofrem de falta de interesse sexual. Precisam ser devidamente estimuladas -física ou eroticamente - para que o desejo surja. "Elas não têm um problema biológico. Só não criam um contexto para que ele floresça", diz Emily. Uma experiência da psicóloga americana Laurie Mintz, da Universidade da Flórida, mostra que abordagens comportamentais são eficazes para tratar o problema. Mulheres que tomaram um placebo e voluntárias que leram um livro de autoajuda sobre sexo (escrito pela própria Laurie) relataram melhorias parecidas na vida sexual, mas com uma diferença. O nível de satisfação entre as leitoras durou mais semanas que entre as mulheres que tomaram o placebo. "Se é possível conseguir os mesmos resultados sem os efeitos colaterais dos remédios, por que continuamos a procurar por essas drogas? A única explicação é o ganho financeiro das empresas", diz Laurie. Os efeitos colaterais são outra preocupação. Enquanto o Viagra é usado apenas antes das relações sexuais, drogas como a flibanserina teriam de ser ingeridas diariamente. Elas podem ter efeitos desconhecidos sobre a química cerebral a longo prazo. "Os analistas da FDA não são preconceituosos", diz a psicóloga Leonore Tiefer, líder do grupo The New View Campaign, uma das principais vozes a se opor a uma droga. "Eles apenas consideram todos os aspectos. As informações vindas de pessoas contratadas pela indústria é que são enviesadas." Ainda é cedo para saber se a pressão terá efeito sobre as decisões da FDA. A agência já declarou que tratamentos para disfunções sexuais femininas estão entre suas prioridades e convocou, no fim do ano passado, uma reunião para discutir o assunto. O Even the Score levou mulheres para relatar o sofrimento causado pela falta de desejo. Especialistas deram sua opinião contra e a favor. Agora, o debate prossegue. Quatro empresas já anunciaram a intenção de apresentar suas drogas nos próximos anos. A FDA se tornará mais sensível a elas?
Implante contra obesidade
Saúde
Câncer consome 1,5% do PIB global e é tema no Fórum Mundial 25/01/2015 - Valor Econômico / Site O Fórum Econômico Mundial, que será encerrado neste domingo em Davos, Suíça, debateu pela primeira vez a necessidade de medidas globais para combater a expansão do câncer. Conforme informou Luiz Antonio Santini, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, o acontecimento “foi uma grande conquista”. Levantadas pelo Fórum Mundial de Oncologia, em outubro do ano passado, as perdas com tratamento, morte e invalidez atingem US$ 2 trilhões por ano, o que equivale a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Para Santini, o câncer vem se tornando cada dia mais um problema de saúde pública global. “Não é um problema, como se pensou durante muito tempo, restrito aos países desenvolvidos, às pessoas mais ricas ou de classe social alta.” De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a previsão é que em 2030 ocorrerão 22 milhões de novos casos de câncer entre homens, mulheres e crianças, com 13 milhões de mortes, a maioria delas em países menos desenvolvidos ou mais pobres. “Isto é uma epidemia global”, ressaltou Santini. Diante disso e dos altos valores envolvidos para acesso a diagnóstico e tratamento de câncer, além das perdas sociais e econômicas atribuídas às famílias, Santini defendeu posicionamento conjunto dos países sobre o problema. “Colocar o tema na ordem do dia da economia global é uma conquista importante para a comunidade que cuida desse assunto na esfera mundial”. Acrescentou que o câncer requer ações conjuntas, como foi proposto em Davos, nos últimos dias 23 e 24, pelo presidente do Fórum Mundial de Oncologia, Franco Cavalli. Segundo o especialista do Inca, o que encarece o controle do câncer são as atividades de prevenção, diagnóstico precoce e cuidados paliativos. Lembrou que o Brasil tem sido reconhecido internacionalmente pela prevenção de câncer. Citou o exemplo do Programa de Controle do Tabagismo, que gera redução da mortalidade de câncer de pulmão. “As atividades de prevenção são o que se denomina de custo-efetivas. Ou seja, quanto mais você puder prevenir, menor custo terá”, informou. Destacou a existência de um conjunto de casos de câncer que, independente da prevenção, ocorrerão, com tratamentos cada vez mais caros. "Por isso, é importante que haja investimentos em pesquisas, de modo a implementar novos tratamentos e medicamentos”. Na avaliação do diretor-geral do Inca, o desafio do câncer é global, não só no sentido da abrangência mundial da doença, mas de sua abordagem. “Ela exige investimentos em diversos segmentos. A possibilidade de tratar câncer aumentou muito, mas o custo desse tratamento é muito elevado”, disse. Falta de vacinação levou a surto de sarampo na Disney, diz governo 26/01/2015 - Folha de S.Paulo O Departamento de Saúde da Califórnia (EUA) disse que "indivíduos não vacinados" foram o maior fator do surto de sarampo na Disneylândia, que atingiu mais de 70 pessoas, incluindo cinco empregados da Disney. É o maior surto de sarampo na Califórnia em 15 anos. A doença era considerada praticamente erradicada nos EUA. Para autoridades de saúde, um estrangeiro infectado trouxe o vírus até a Disneylândia, e o fato de muitos pais optarem por não vacinar os filhos fez a doença se espalhar. Análise do histórico de vacinação de 34 dos infectados na Califórnia descobriu que 28 não tinham sido imunizados contra a doença. Atendimento às gestantes no setor privado está falido, diz ministro |