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A guerra pela pílula rosa
26/01/2015 - Época


Quando a pílula azul que revolucionou a vida sexual dos homens foi lançada, em 1998, acreditava-se que logo surgiria um remédio equivalente para as mulheres. Se o Viagra, inicialmente pesquisado para doenças cardiovasculares, resolvia a dificuldade de obter uma ereção, seu correspondente feminino teria o desafio de tratar as reclamações frequentes - e subjetivas - de falta de desejo entre as mulheres. É algo que ao menos 30% das brasileiras conhecem: a vontade de fazer sexo míngua até virar pouco mais que uma lembrança. "Essa reclamação é comum entre mulheres maduras que estão há anos num relacionamento estável", afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade, da Universidade de São Paulo (USP). Passados 17 anos do lançamento do Viagra, a cobiçada pílula rosa continua apenas um sonho - para as mulheres e para a indústria farmacêutiéà'; que vislumbra a possibilidade de ganhar bilhões com o "Viagra feminino".

O desafio científico sempre foi a explicação para a demora. Encontrar uma substância capaz de controlar algo tão etéreo quanto o desejo não é fácil. Agora, um movimento nos Estados Unidos afirma que o problema não está nas bancadas dos laboratórios. É político.
A iniciativa Even the Score (empate o jogo, na tradução para o português, no sentido de produzir equilíbrio e justiça) atribui a dificuldade na aprovação do medicamento a um viés sexista das autoridades de saúde americanas. "Hoje, 26 drogas são vendidas para disfunções masculinas, mas não há uma única aprovada para mulheres", escreveu a americana Susan Scanlan, porta-voz do movimento, num artigo divulgado na imprensa americana. A maioria dos medicamentos contra impotência é apenas uma versão diferente de um mesmo tipo de droga. Mas, posto em números, o placar farmacêutico transformou a busca pela pílula rosa numa batalha dos sexos.

O principal alvo do movimento -formado por uma coalizão de entidades de saúde e de direitos das mulheres - é a agência do governo americano que regula os medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA). Ela analisa os estudos sobre a eficácia e a segurança de novos remédios e pode autorizar ou negar seu uso no país. Os representantes do Even the Score dizem que os especialistas da FDA são excessivamente zelosos com as drogas para mulheres: não aceitam efeitos colaterais que os ativistas consideram leves, como tontura e sonolência. Por outro lado dizem, a FDA já aprovou medicamentos para disfunção erétil, como o Viagra, que pode causar queda de pressão grave em pessoas tratadas com drogas vasodilatadoras à base de nitratos. "A FDA deixa os homens decidir se querem correr riscos, mas nega às mulheres o direito de escolher", escreve Susan.

A ação mais visível do Even the Score acontece na internet. Circulam pelas redes sociais convites para internautas assinarem petições virtuais exigindo a aprovação de um Viagra feminino. Sob a hashtag "eventhescore" e " womendeser-ve" ("as mulheres merecem"), tuítes disparam fatos sobre problemas sexuais femininos. Vídeos com depoimentos de médicos divulgam a relevância do problema. Uma campanha pede para mulheres compartilharem uma foto nas redes sociais segurando um cartaz com os dizeres "Mulheres merecem....". O objetivo é levar leitoras e leitores a refletir sobre a dificuldade feminina de chegar ao prazer. Entre o grande público, a campanha não é exatamente um sucesso de popularidade, mas a pressão chegou à FDA. Quatro congressistas americanas enviaram uma carta à agência pedindo que os mesmos critérios usados para avaliar as drogas para os homens sejam aplicados à drogas femininas.

Ao mesmo tempo que causa ruído e obtém repercussão, o Even the Score é questionado por especialistas de saúde e grupos de defesa dos direitos femininos. "É uma campanha de marketing", afirma o jornalista Ray Moynihan, que pesquisa o uso excessivo e desnecessário de medicamentos na Universidade Bond, na Austrália. Ele é autor do livro Sex, lies andpharmaceuticals (Sexo, mentiras e produtos farmacêuticos, sem edição no Brasil). Ele diz que a campanha se apropriou indevidamente da linguagem feminista para conquistar simpatia pela sua causa. "Essa forma de ação ameaça o método científico usado para avaliar as novas drogas", diz Moynihan. "Os critérios podem deixar de ser científicos para se tornar políticos." Não é coincidência que três empresas farmacêuticas, a Sprout Pharmaceuticals, a Palatin Technologies e a Trimel Pharmaceuticals, apareçam no site do Even the Score como apoiadoras. Elas são, talvez, a parte mais interessada do processo. "E importante para as mulheres ter opções", afirma Curtis Geoff, porta-voz da Sprout. "Temos esperança de que a aprovação do flibanserina (o nome do produto que está sendo analisado pela FDA) abrirá portas para outros tratamentos no futuro."

Do ponto de vista das empresas, faz sentido pressionar a FDA. Além de autorizar o acesso ao bilionário mercado americano, a agência influencia fora das fronteiras dos Estados Unidos. Suas decisões servem como referência para órgãos reguladores no mundo inteiro.

Por que a FDA não autoriza a venda dos novos medicamentos? A resposta não é simples. Até hoje, apenas duas drogas foram submetidas à análise da FDA. Ambas foram reprovadas. A primeira, em 2004, foi um adesivo com o hormônio testosterona, recusado pela falta de evidências sobre sua segurança a longo prazo. A segunda, a flibanserina, a aposta da Sprout Pharmaceuticals, foi rejeitada duas vezes: em 2010 e 2013. A FDA considerou que os efeitos colaterais (tontura, sonolência e náuseas) não compensam os benefícios. Um dos estudos sugere que foi mínima a diferença entre os resultados nas mulheres que tomaram a droga e nas que usaram uma substância sem efeito algum, o placebo. "A indústria farmacêutica ainda não conseguiu mostrar que as drogas funcionam melhor que os placebos", diz a advogada americana Coco Jervis, uma das diretoras da entidade americana Rede Nacional pela Saúde da Mulher. A organização faz parte do grupo que se opõe à aprovação de uma nova droga na marra. Teme que a existência de um "Viagra feminino" transforme dificuldades sexuais que podem ter causas psicológicas num desequilíbrio químico a ser resolvido por uma simples pílula. "Como as empresas são guiadas pelo lucro, se a solução do problema não estiver dentro de um frasco, não interessa para elas", diz Coco.

A necessidade de uma droga para resolver a falta de desejo sexual feminino está longe de ser um consenso entre médicos e psicólogos. Não há dúvidas de que há mulheres que sofrem muito com a falta de desejo e excitação - a disfunção está prevista no Manual de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria. "O problema existe, mas é uma utopia acreditar que uma pílula será a solução mágica", diz o ginecologista e sexólogo brasileiro Théo Lerner. "A maior parte dos casos tem fundo emocional." Doenças como o diabetes e medicações como os anti-depressivos afetam o nível de interesse sexual. Quando essas variáveis são descartadas, percebe-se que a origem de boa parte dos casos são conflitos dentro do relacionamento ou bloqueios ao prazer feminino causados por tabus morais e culturais. "Desde muito cedo, recebemos mensagens de que sexo é vergonhoso e perigoso", diz a americana Emily Nagoski, especialista em comportamento sexual. Muitas mulheres não sofrem de falta de interesse sexual. Precisam ser devidamente estimuladas -física ou eroticamente - para que o desejo surja. "Elas não têm um problema biológico. Só não criam um contexto para que ele floresça", diz Emily.

Uma experiência da psicóloga americana Laurie Mintz, da Universidade da Flórida, mostra que abordagens comportamentais são eficazes para tratar o problema. Mulheres que tomaram um placebo e voluntárias que leram um livro de autoajuda sobre sexo (escrito pela própria Laurie) relataram melhorias parecidas na vida sexual, mas com uma diferença. O nível de satisfação entre as leitoras durou mais semanas que entre as mulheres que tomaram o placebo. "Se é possível conseguir os mesmos resultados sem os efeitos colaterais dos remédios, por que continuamos a procurar por essas drogas? A única explicação é o ganho financeiro das empresas", diz Laurie.

Os efeitos colaterais são outra preocupação. Enquanto o Viagra é usado apenas antes das relações sexuais, drogas como a flibanserina teriam de ser ingeridas diariamente. Elas podem ter efeitos desconhecidos sobre a química cerebral a longo prazo. "Os analistas da FDA não são preconceituosos", diz a psicóloga Leonore Tiefer, líder do grupo The New View Campaign, uma das principais vozes a se opor a uma droga. "Eles apenas consideram todos os aspectos. As informações vindas de pessoas contratadas pela indústria é que são enviesadas."

Ainda é cedo para saber se a pressão terá efeito sobre as decisões da FDA. A agência já declarou que tratamentos para disfunções sexuais femininas estão entre suas prioridades e convocou, no fim do ano passado, uma reunião para discutir o assunto. O Even the Score levou mulheres para relatar o sofrimento causado pela falta de desejo. Especialistas deram sua opinião contra e a favor. Agora, o debate prossegue. Quatro empresas já anunciaram a intenção de apresentar suas drogas nos próximos anos. A FDA se tornará mais sensível a elas?


Pesquisa e desenvolvimento


Implante contra obesidade
26/01/2015 - IstoÉ


Um aparelho que induz à sensação de saciedade depois de ser implantado no abdome é a novidade no tratamento da obesidade. O sistema acaba de ser liberado para comercialização pela Food and Drug Administration (FDA), a agência americana responsável pela aprovação de medicamentos e produtos de saúde cujas decisões costumam servir de parâmetro para serviços semelhantes de outros países. É o primeiro equipamento contra o excesso de peso aprovado pelo FDA desde 2007.

O sistema chama-se Maestro Rechargeable System e consiste em um marca-passo e uma bateria recarregável via bluetooth. Os eletrodos são colocados próximos do ponto do nervo vago localizado na junção entre o esôfago e o estômago. Esse canal nervoso desce do cérebro e inerva vários órgãos, entre eles o coração e o estômago. Ele tem papel importante no processamento das informações de saciedade enviadas do estômago para o cérebro. "No início da refeição, algumas substâncias, como a leptina, por exemplo, são liberadas e ativam o nervo vago a levar informação ao cérebro de que o corpo está alimentado", explica a neurocirurgiã Alessandra Gorgulho, chefe clínico-científica do HCor Neuro, de São Paulo. Os sinais elétricos emitidos pelos eletrodos modulam a atividade do nervo, dando uma mensagem ao cérebro de que se está saciado. A bateria é implantada na área subcutânea abaixo da clavícula.

De acordo com o estudo apresentado pelo fabricante, a americana EnteroMedics, com 233 pacientes, aqueles tratados pelo sistema perderam 24% de seu excesso de peso em um ano. No entanto, esperava-se que o aparelho promovesse pelo menos 10% a mais de perda de peso excessivo em comparação ao obtido pelos indivíduos que integraram o grupo controle (não receberam o implante). Não foi o que aconteceu. Mesmo assim, o FDA considerou que o equipamento mostrou-se um recurso importante para manter o emagrecimento a longo prazo. Um ano e meio depois, os pacientes com o aparelho apresentavam 23% de perda do peso em excesso. O aparelho é indicado para pessoas com índice de Massa Corpórea (IMC) superior a 35 - o número é calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado - que apresentam pelo menos uma doença associada à obesidade, como a diabetes ou a hipertensão, e não responderam a tratamentos anteriores. Os efeitos colaterais mais comuns manifestados pelos pacientes foram dor no local do implante dos eletrodos e azia.

A estratégia agora aprovada pelo FDA é um exemplo das opções que estão sendo geradas por um campo novo na medicina chamado de neuro-modulação. A ideia é usar a modulação por sinais elétricos para ajudar no tratamento de doenças como a dor crônica e o Parkinson. No Brasil, a médica Alessandra Gorgulho, do HCor Neuro, e seu colega, o neurocirurgião Antonio Salles, da mesma instituição, coordenam uma pesquisa sobre a eficácia do implante de eletrodos para tratar a obesidade. Em seu caso, porém, o implante é feito em um dos núcleos do hipotálamo, estrutura cerebral também envolvida no processamento da sensação de saciedade.

A investigação brasileira encontra-se em fase 1, realizada para avaliar a tolerabilidade dos pacientes ao implante. O procedimento foi feito em seis pessoas - o último recebeu os eletrodos no início de janeiro. Ainda existem outras etapas de estudo em humanos antes de o método ficar disponível. Já o aparelho americano começará a ser vendido nos Estados Unidos no próximo semestre.



Vacina para combater a cocaína
26/01/2015 - IstoÉ


Na semana passada, pesquisadores do The Scripps Research Institute, dos Estados Unidos, anunciaram o sucesso, em animais, de uma vacina contra a dependência da cocaína. O medicamento conseguiu impedir que a droga atingisse o cérebro. Dessa forma, impossibilitou a produção de seus efeitos e a consolidação do processo de dependência por ela induzido. Os detalhes do artigo foram publicados na última edição da revista científica "Molecular Pharmaceutics".

O grupo responsável pelo trabalho é coordenado por Kim Janda, um dos mais renomados especialistas nesta área de investigação. Há anos os pesquisadores investem esforços para achar nas vacinas uma saída contra a dependência de drogas como a cocaína e a metanfetamina. O princípio é o mesmo dos imunizantes usados para a prevenção de doenças como o sarampo e a poliomielite. O que se quer é estimular a produção de anticorpos. Nesse caso, contra as substâncias químicas.
Para isso, primeiro cria-se um modelo de molécula semelhante ao das drogas. O produto é misturado a fragmentos de bactérias e vírus inofensivos, mas capazes de despertar as células de defesa. Os pesquisadores americanos, por exemplo, usaram a proteína bacteriana flagellin, utilizada em outros imunizantes.

De acordo com os cientistas, o remédio mostrou-se o mais eficaz entre todos os que já testaram até agora. "E se ele for corretamente formulado, pode funcionar para qualquer pessoa", disse Janda à ISTOÉ. Na avaliação dos estudiosos, os resultados abrem um novo e promissor caminho na produção de vacinas contra a dependência química. "A ideia é que o remédio seja usado para tratar a dependência e também para evitá-la."



Anticoagulante não ajuda a engravidar
24/01/2015 - Folha de S.Paulo


Uma nova revisão de estudos mostrou que não há evidência de que um medicamento injetável muito usado em tratamentos de reprodução melhore as chances de gravidez ou evite abortos.

A heparina é um anticoagulante indicado originalmente para prevenir e tratar doenças que levam à formação de coágulos no sangue (trombose).

Há alguns trabalhos, com pouca evidência científica, apontando que ele poderia beneficiar também mulheres que sofram abortos habituais (mais de três sucessivos, sem causas genéticas) ou que tenham trombofilia [alterações na coagulação que predispõem a trombose].

Nos últimos anos, o remédio passou a ser indicado ainda a mulheres sem problemas de coagulação, que não estão tendo sucesso nas fertilizações in vitro (FIV) porque o embrião não se fixa no útero. O uso é "off-label" (fora das recomendações da bula).

A hipótese dos médicos, baseada em estudos experimentais, é que o medicamento evitaria a formação de "microcoágulos", não detectáveis em exames, que atrapalhariam a implantação do embrião no endométrio (camada que reveste o útero).

Também teria a função de fazer com que as células da placenta cresçam com maior velocidade, o que aumentaria as chances da gestação.

Agora, um trabalho da Cochrane (rede de cientistas independentes que avalia a efetividade de tratamentos) revisou três estudos clínicos sobre o uso da heparina em tratamento de reprodução.

O resultado é que não há evidência de que a medicação melhore as chances de gravidez em mulheres sem problemas de coagulação.

"Não há justificativa para o uso", concluem os autores em artigo na revista "Fertility and Sterility" deste mês. Em um dos estudos, de 5% a 7% das mulheres tiveram sangramentos, um dos efeitos colaterais da medicação.

A enfermeira Telma Santos, 34, diz ter tomado heparina por indicação do médico nas três tentativas de FIV, mesmo sem ter nenhum problema de coagulação sanguínea. Ela não engravidou.

"A gente se sente um rato de laboratório porque muita coisa usada no tratamento não tem evidência. Mas acaba topando tudo para ter um filho", diz ela, que desistiu do tratamento reprodutivo.

Já Patrícia Strapasson, 43, atribui à medicação o sucesso da gestação após dois abortos anteriores. Exames feitos após as perdas apontaram que ela tinha trombofilia. "A heparina me ajudou a ter meu filho", diz.

EXAGERO


Para o médico Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, há um exagero hoje na indicação da heparina nos tratamentos reprodutivos, especialmente nos casos de falha de implantação do embrião.

"Falha de implantação não é igual ao aborto habitual. Falhas podem ser multifatoriais, relacionadas a questões como a estrutura dos laboratórios, treinamento e capacitação dos embriologistas, meio de cultura e idade do casal."

Segundo ele, na ausência de problemas como a trombofilia, o uso da heparina é muito controverso. "A melhora da taxa de gravidez não está comprovada na maioria dos estudos clínicos."

O ginecologista Eduardo Motta, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), concorda. "Existe um uso irracional da heparina."

Para ele, mesmo nos casos de trombofilias, a utilização é discutível. "Não é porque tenho um marcador que obrigatoriamente terei a doença."



Saúde

 


Injeção para hospitais
26/01/2015 - Época

A abertura do capital estrangeiro a hospitais, autorizada pela Lei número 13.097, sancionada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff, corrige uma distorção. No setor de saúde, apenas os hospitais eram impedidos de receber esse tipo de investimento. Convênios médicos, seguros de saúde, farmácias e laboratórios de diagnóstico já contavam com recursos de empresas sediadas no exterior. Beneficiadas pelo capital estrangeiro, as empresas de planos de saúde podiam até mesmo comprar hospitais - o que lhes permitiu um ganho de competitividade.

Os hospitais, porém, não podiam receber recursos externos para comprar outros hospitais, fazer fusões e ampliações. A nova lei "permite a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde". A autorização vale até mesmo para hospitais filantrópicos, como os estrelados Albert Einstein e Sírio-Libanês, em São Paulo. A mudança é comemorada pelos grandes centros de saúde privados - entre eles a Rede D'Or São Luiz, que opera 26 hospitais no país, fatura R$ 5,5 bilhões por ano e tem o banco de investimentos BTG Pactuai como acionista.

O capital externo é bem-vindo, desde que a busca pelo aumento dos lucros não implique redução na qualidade dos serviços e risco à segurança dos pacientes. A saúde é um produto especial. Não pode ser regida pela mesma lógica de quem produz bens de consumo descartáveis. Espera-se que a abertura ao capital estrangeiro seja também uma oportunidade para a criação de uma cultura de transparência no setor hospitalar - algo ainda incipiente nas empresas brasileiras. Enquanto elas comemoram a conquista do direito de buscar novos investimentos para crescer e prosperar, o cliente almeja o básico: o acesso a informações claras sobre o preço dos serviços e indicadores de segurança e qualidade para que ele possa fazer valer seu poder de escolha. Do contrário, a população continuará oprimida entre o SUS (Sistema Único de Saúde) enfraquecido pelo eterno subfinanciamento e hospitais privados que cobram e fazem o que bem entendem.


 

Câncer consome 1,5% do PIB global e é tema no Fórum Mundial
25/01/2015 - Valor Econômico / Site


O Fórum Econômico Mundial, que será encerrado neste domingo em Davos, Suíça, debateu pela primeira vez a necessidade de medidas globais para combater a expansão do câncer. Conforme informou Luiz Antonio Santini, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, o acontecimento “foi uma grande conquista”.

Levantadas pelo Fórum Mundial de Oncologia, em outubro do ano passado, as perdas com tratamento, morte e invalidez atingem US$ 2 trilhões por ano, o que equivale a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Para Santini, o câncer vem se tornando cada dia mais um problema de saúde pública global. “Não é um problema, como se pensou durante muito tempo, restrito aos países desenvolvidos, às pessoas mais ricas ou de classe social alta.”

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a previsão é que em 2030 ocorrerão 22 milhões de novos casos de câncer entre homens, mulheres e crianças, com 13 milhões de mortes, a maioria delas em países menos desenvolvidos ou mais pobres. “Isto é uma epidemia global”, ressaltou Santini.

Diante disso e dos altos valores envolvidos para acesso a diagnóstico e tratamento de câncer, além das perdas sociais e econômicas atribuídas às famílias, Santini defendeu posicionamento conjunto dos países sobre o problema. “Colocar o tema na ordem do dia da economia global é uma conquista importante para a comunidade que cuida desse assunto na esfera mundial”.

Acrescentou que o câncer requer ações conjuntas, como foi proposto em Davos, nos últimos dias 23 e 24, pelo presidente do Fórum Mundial de Oncologia, Franco Cavalli. Segundo o especialista do Inca, o que encarece o controle do câncer são as atividades de prevenção, diagnóstico precoce e cuidados paliativos.

Lembrou que o Brasil tem sido reconhecido internacionalmente pela prevenção de câncer. Citou o exemplo do Programa de Controle do Tabagismo, que gera redução da mortalidade de câncer de pulmão. “As atividades de prevenção são o que se denomina de custo-efetivas. Ou seja, quanto mais você puder prevenir, menor custo terá”, informou.

Destacou a existência de um conjunto de casos de câncer que, independente da prevenção, ocorrerão, com tratamentos cada vez mais caros. "Por isso, é importante que haja investimentos em pesquisas, de modo a implementar novos tratamentos e medicamentos”. Na avaliação do diretor-geral do Inca, o desafio do câncer é global, não só no sentido da abrangência mundial da doença, mas de sua abordagem. “Ela exige investimentos em diversos segmentos. A possibilidade de tratar câncer aumentou muito, mas o custo desse tratamento é muito elevado”, disse.



Falta de vacinação levou a surto de sarampo na Disney, diz governo
26/01/2015 - Folha de S.Paulo


O Departamento de Saúde da Califórnia (EUA) disse que "indivíduos não vacinados" foram o maior fator do surto de sarampo na Disneylândia, que atingiu mais de 70 pessoas, incluindo cinco empregados da Disney.

É o maior surto de sarampo na Califórnia em 15 anos. A doença era considerada praticamente erradicada nos EUA.

Para autoridades de saúde, um estrangeiro infectado trouxe o vírus até a Disneylândia, e o fato de muitos pais optarem por não vacinar os filhos fez a doença se espalhar. Análise do histórico de vacinação de 34 dos infectados na Califórnia descobriu que 28 não tinham sido imunizados contra a doença.


Atendimento às gestantes no setor privado está falido, diz ministro
26/01/2015 - Folha de S.Paulo


Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é uma "anomalia" as mulheres não encontrarem oferta de parto normal na rede privada.

Questionado sobre os estudos que apontam fragilidade no ressarcimento ao SUS –os planos de saúde tem de reembolsar o governo quando suas clientes fazem partos na rede pública–, ele afirma que o sistema de pagamentos funciona bem e passará a ter mais agilidade.

*

Folha - Como o senhor avalia essa migração de gestantes com planos de saúde para a rede pública?
Arthur Chioro - A mulher tem direito de escolher a cesárea, sabendo dos riscos que a cirurgia traz, mas o que estamos vendo são gestantes que querem ter parto normal e não encontram oferta em prestadores privados.
Isso mostra a falência do modelo de atendimento às gestantes no sistema privado. É uma anomalia. Os planos têm que entregar o que vendem, e estamos trabalhando com a ANS para isso.
Por outro lado, cabe ao SUS garantir o acesso universal à saúde, e há mais gestantes escolhendo a rede pública –olha que coisa boa para um ministro falar. Atendemos essas gestantes e providenciamos o ressarcimento.

Como é feito o ressarcimento?

Nosso sistema de informação de internação hospitalar faz um cruzamento com o sistema da ANS, que cadastra os beneficiários, e gera-se uma guia de restituição. O plano de saúde deve pagar ao SUS R$ 443 por um parto normal.
Agora, com as novas medidas [a partir deste mês, os planos de saúde serão obrigados a informar ao cliente seu número do Cartão Nacional de Saúde para que ele o use quando recorrer ao SUS], o sistema ficará mais ágil.

As gestantes com convênio que usaram o SUS dizem que o fizeram por causa das maternidades de referência. Há planos de expandir esse modelo?
Hoje há 17 casas de parto no Brasil. No ano passado, foram apresentadas propostas para outras 29, e 11 delas estão em obra. Também percebo que alguns prestadores privados querem implantar casas de parto com enfermeira obstetra como as do SUS.
Mas, para fazer justiça, essa é uma experiência internacional. Na Suécia e na Dinamarca é assim. Não estamos inventando a roda nem somos contra a cesárea. Mas tem que ter limites.


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