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Vacinação de crianças fica 68 vezes mais cara em países pobres nos últimos 14 anos 21/01/2015 - R7 A vacinação de crianças em países pobres ficou 68 vezes mais cara nos últimos 14 anos, revelou um relatório da organização MSF (Médicos Sem Fronteiras). O encarecimento se deu, principalmente, "devido a um grupo de grandes companhias farmacêuticas que estão cobrando muito caro de países doadores e países em desenvolvimento por vacinas com as quais já ganham bilhões de dólares nos países ricos”, disse Rohit Malpani, diretor de políticas e análises da Campanha de Acesso do MSF. As informações foram divulgadas em um relatório que, segundo a organização, “jogam uma luz na sigilosa indústria de vacinas e na impressionante falta de dados sobre os preços", porque a indústria esconde preços e cobra valores muito diferentes em certos mercados para o mesmo produto. Diante disso, a organização humanitária fez um apelo às companhias farmacêuticas GSK (GlaxoSmithKline) e Pfizer para que reduzam o preço da vacina pneumocócica para R$ 13 (US$ 5) por criança em países em desenvolvimento, antes de uma importante conferência de doadores sobre vacinação em Berlim, na Alemanha. “Existe uma situação irracional em que alguns países em desenvolvimento como o Marrocos e a Tunísia estão pagando mais do que a França pela vacina pneumocócica”, disse Kate Elder, consultora de políticas para vacinas da Campanha de Acesso de MSF. — Por causa do custo astronômico das novas vacinas, muitos governos precisam fazer escolhas difíceis sobre as doenças mortais contra as quais podem pagar para proteger suas crianças. A vacina pneumocócica sozinha responde por cerca de 45% do custo total para vacinar uma criança hoje nos países mais pobres (o pacote completo inclui proteção contra 12 doenças).
Pesquisa e desenvolvimento
Mito de que parto normal não pode ser feito após cesárea estimula cirurgias 21/01/2015 - Folha de S.Paulo / Site "Uma vez cesárea, sempre cesárea." A frase, dita pelo pesquisador Edwin Cragin, em 1916, era para alertar seus colegas obstetras sobre o risco de se fazer uma cesárea e sobre como deveriam evitá-la, especialmente em mulheres grávidas pela primeira vez. Hoje, 99 anos depois, ela continua, segundo especialistas, sendo tirada de contexto e usada para alimentar o tabu de que mulheres não poderiam ter um parto normal se já tiverem passado por uma cesárea. E em um país como o Brasil, que tem o mais alto índice de cesarianas do planeta, essa concepção tem um impacto ainda maior e mais perigoso, alimentando uma epidemia que já faz com que 84% dos partos na rede privada sejam cesáreas (na rede pública, é de 40%), enquanto o recomendado pela OMS é de 15%. Embora tenha índices mais baixos que os brasileiros, os Estados Unidos também enfrentam desafios semelhantes para baixar do patamar de 32,8% de cesáreas, já que muitas das razões que fizeram esse índice subir por lá são as mesmas que temos aqui. E um desses pontos em comum é justamente o tabu do parto normal após cesárea ou VBAC - sigla em inglês para Vaginal Birth after Cesarean Section (parto vaginal após uma cesárea), que também é usada no Brasil. PROIBIDO O estudo "Listening to Mothers" (Ouvindo as Mães), feito com mais de 2.400 grávidas nos EUA pela organização Childbirth Connection, concluiu que muitas das cesáreas estavam ligadas ao acesso restrito ao parto normal após cesárea. "É claro que aumentar as expectativas [de que sempre é possível um parto normal após cesárea] não é algo saudável para as mulheres", afirmou à BBC Brasil Carol Sakala, doutora em saúde pública e bem-estar materno da ChildBirth Connection. "Mas é completamente inaceitável que não se discuta a possibilidade de um VBAC com as mães. É inaceitável pressionar uma mulher a ter outra cesárea desnecessária diante da quantidade de evidências que temos hoje mostrando que VBACs podem ser seguros." Carol ressalta que o estudo mostrou ainda que entre mulheres com cesáreas anteriores, quase a metade (48%) estava interessada em um parto normal, mas 46% tiveram essa opção negada. Em 24% dos casos, isso ocorreu por relutância do médico e, em 15%, os hospitais em que elas dariam à luz simplesmente não faziam partos normais após cesárea. 'LOUCA' E foi exatamente esses empecilhos que a enfermeira e professora da Universidade Federal de Brasília (UnB) Mônica Chiodi de Campos enfrentou ao ter seus três primeiros filhos –todos por cesárea– até conseguir ter seu quarto filho por parto normal. "Me colocaram todo o tipo de barreira possível. Foi muito difícil encontrar uma equipe para me auxiliar no parto. Fui chamada de louca por muita gente", conta. "Na minha primeira gravidez, minha bolsa rompeu com 38 semanas e passei por uma cesárea 'de urgência'. No meu segundo filho, meu ginecologista da época já me despejou a famosa 'uma vez cesárea, sempre cesárea', e assim foi. Na terceira gestação, achei que seria diferente, mas, ao ser atendida na maternidade por uma médica plantonista e por ter duas cesáreas, minha sentença já estava decretada." A enfermeira conta que, quando engravidou pela quarta vez, encontrou um médico que, depois de muita insistência, topou lhe acompanhar. "Durante a gestação, pesquisamos muito sobre parto vaginal do quarto filho após três cesáreas, que ele nunca tinha feito. Há pouca literatura sobre isso no Brasil." "Sofri muita pressão, mas me mantive firme. É claro que, se houvesse qualquer problema, faria uma cesárea. Mas meu parto foi ótimo e meu filho (que tem 3 meses) é super saudável. Ao saber da história, várias mulheres me procuraram, pedindo dicas de parto normal após cesárea. Muitas nem sabiam que podiam fazer parto normal depois de uma cesárea." TERRORISMO Organizações fazem campanhas para elevar número de partos normais nos Estados Unidos Para a obstetra e professora da UFSCar Carla Andreucci Polido, aos poucos as brasileiras estão indo atrás de informações sobre esse procedimento, mas ela acredita que ainda haja muito "terrorismo" sobre risco de rotura uterina após cesarianas. Segundo Carla, estudos mostram que o sucesso de um VBAC após duas cesáreas pode ultrapassar 70% e que a segunda, terceira ou quarta cesarianas têm riscos de complicações semelhantes à prova de trabalho de parto após cesariana. Já para o ginecologista Etelvino Trindade, presidente da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o risco de rotura uterina é preciso estar bem claro para a mãe, já que se isso ocorre há chances de morrerem mãe e bebê. Os dois médicos, no entanto, concordam que ampliar a discussão sobre o parto normal após cesárea é um dos caminhos para se combater a epidemia de cesárea por aqui. "Entender que é uma possibilidade segura é uma constatação especialmente digna de nota em nosso país", afirmou Carla, em relação ao fato de Brasil ter a maior taxa de cesáreas do mundo. "Isso porque é cada vez mais provável que mulheres já cheguem aos obstetras com cicatrizes uterinas anteriores." TUDO ON-LINE Mas como fazer para que o número de partos normais após cesáreas entre as brasileiras se eleve? Se formos novamente comparar nosso cenário com o americano, vale considerar algumas medidas que elevaram a taxa de partos normais após cesárea de 8,3% em 2007 para 10,2% em 2012. As principais iniciativas vêm de organizações independentes, que divulgam informações sobre o procedimento, auxiliam grávidas interessadas no tema e publicam na internet taxas de partos normais após cesárea de milhares de hospitais e médicos país afora. Sites como o CalQualityCare comparam os índices em todas as cidades da Califórnia. O site VBACfinder também faz um levantamento na maioria dos Estados americanos. Outra fonte é o e-book Vaginal Birth Bans in America: The Insanity of Mandatory Surgery, que traz um mapa interativo com hospitais que não atendem mulheres com cesáreas prévias que querem tentar um parto normal. CESARISTAS No Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deu recentemente um primeiro passo nessa direção. Uma das resoluções para estimular o parto normal e reduzir as cesarianas na rede privada (que atende hoje 23,7 milhões de brasileiras) prevê que as mulheres possam solicitar aos planos de saúde os porcentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. O dado deve estar disponível em 15 dias, sob pena de multa de R$ 25 mil. A medida foi criticada por algumas classes médicas, que disseram que é uma invasão na autonomia do médico. "Invasão é quando uma mulher é cortada sem necessidade", afirma Carol Sakala, da ChildBirth Connection. "E a autonomia deveria estar com a mulher. Sempre que são publicados os dados sobre os procedimentos usados no parto, isso sempre melhora a situação e o atendimento de mães e bebês" Para Carol, seria ainda mais útil se as barreiras fossem eliminadas, e os dados estivessem à disposição para todos online, sem a necessidade de pedir para o plano de saúde e esperar. Segundo a ANS, essa possibilidade está sendo estudada para o futuro. No entanto Trindade, da Febrasgo, diz que sua preocupação é com o fato de o médico poder ficar "estigmatizado" ao ver sua taxa de cesáreas se tornar pública. "A percepção das taxas pode ficar enviesada e ter distorções, no caso de um médico especialista em casos complicados, de alto risco (que podem ser indicação de cesárea). Ele pode ser chamado de cesarista, como costumam dizer. E isso é incômodo para alguns", afirma o ginecologista, em referência a como são chamados médicos com altíssimos níveis de cesarianas. Karla Coelho, gerente de assistência à saúde da ANS, rebate essa opinião, dizendo não creditar que haja médicos com 80% de casos complicados. "Isso é uma reversão da lógica. Não se pode banalizar essa discussão." Trindade atribui a epidemia de cesárea, em parte, ao temor dos médicos brasileiros de serem processados. "Os médicos estão mais reticentes em querer assumir um risco maior", disse, acrescentando que um congresso em março vai discutir medidas para se reduzir as cesáreas e apontar propostas. Questionado se essas propostas não deveriam estar sendo feitas há anos, ele afirmou que "muitos médicos estão em sua zona de conforto e, embora concordem que é preciso reduzir as cesáreas, não se preocupam muito com isso".
Saúde
Brasil registrou 24,6 mil novos casos de hanseníase em 2014 21/01/2015 - Valor Econômico / Site O governo federal identificou no ano passado 24.612 novos casos de hanseníase no país, segundo dados preliminares divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério da Saúde. O número representa uma queda em relação aos casos identificados em 2013, mas indica um ligeiro aumento da prevalência de casos a cada 10 mil habitantes: de 1,42 casos nesse universo para 1,56. "Tivemos capacidade de diagnosticar aquilo que estava oculto", justificou o ministro Arthur Chioro (Saúde). "Quando a gente olha os 10 últimos anos, temos um declínio lento, gradual, mas consistente da enfermidade no nosso pais. Podemos falar que a tendência da hanseníase no Brasil é para a eliminação, para o controle", completou. A meta acordada com a OMS (Organização Mundial da Saúde) é chegar a menos de 1 caso para o grupo de 10 mil pessoas. A partir desse patamar, entende-se que a doença está sob controle. O objetivo inicialmente foi projetado para o ano 2000. "Optamos pela sustentabilidade das ações, não por fazer o decréscimo rápido, mas com risco de retrocesso", ponderou Rosa Castália, coordenadora de hanseníase e doenças em eliminação do ministério. Campanha nacional Na manhã desta quarta, a pasta lançou campanha nacional de luta contra a doença. Serão usados cartazes, folhetos para profissionais da saúde e informações divulgadas na internet. "Quanto antes as pessoas descobrirem, mais cedo vão se curar", destaca a iniciativa. Rosa Castália destacou que a doença se concentra em Estados como Mato Grosso, Maranhão e Tocantins. "Ela tem grande concentração na borda externa da região amazônica e alguns estados do Nordeste também", disse. Para ela, a adoção de iniciativas descentralizadas para o combate da doença ajudou na redução de novos casos, o que vem ocorrendo desde 2003. Entre elas, estão a estratégia da saúde da família e diagnóstico de crianças matriculadas na rede pública No dia 25 de janeiro, é celebrado o dia mundial contra a hanseníase. O ministro da Saúde reconheceu que a doença ainda enfrenta estigma e, assim como as demais doenças negligenciadas, está associada a situações de pobreza e dificuldade de acesso a serviços de saúde. A doença é transmitida pelas vias aéreas superiores e tem período de incubação muito longo, de até cinco anos. Entre os sintomas, estão manchas de diferentes colorações, perda de sensibilidade térmica e tátil. A doença tem cura e o tratamento é oferecido de forma gratuita no SUS (Sistema Único de Saúde).
Capital terá mais idosos que jovens em 2027 22/01/2015 - O Estado de S.Paulo Nas próximas duas décadas a população de São Paulo vai ter um ritmo mais acelerado de envelhecimento. Com a taxa de natalidade em redução e uma maior expectativa de vida na capital, o número de idosos vai dobrar na cidade e superar o número de jovens a partir de 2027, segundo pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O levantamento também revela que São Paulo vai ultrapassar a marca de 12 milhões de habitantes em 2030. O índice de envelhecimento da população, que relaciona o grupo de pessoas com mais de 60 anos de idade em comparação a jovens com menos de 15 anos, terá dobrado entre 2010 e 2030: de seis idosos para cada dez jovens,em 2010,para 12 idosos a cada dez jovens em 2030. Em 2050 a proporção será ainda maior: serão 21 idosos para cada dez jovens. A partir de 2027, São Paulo terá mais idosos do que jovens morando na cidade. Os bairros do centro e também do centro expandido, como Pinheiros, Bela Vista e Jardins, serão as regiões que concentrarão os moradores acima de 60 anos de idade na capital. Na média, serão 40 idosos para cada dez jovens. Segundo a pesquisa, a taxa de fecundidade de São Paulo é o principal motivo para a mudança de perfil da cidade. Entre 1980 e 2010, o número médio de filho por mulher paulistana caiu de 3,2 para 1,7 filhos. A tendência é de que nesta década a proporção caia ainda mais. Em 2030, pelo menos 30 distritos da cidade vão apresentar saldos “vegetativos”negativos (os óbitos serão maiores do que os nascimentos). População. O Seade também divulgou previsões para a população de São Paulo. Em 2015 serão pelo menos 11,582 milhões de habitantes na capital. A partir de 2030, a cidade deve ultrapassar amarca de 12 milhões de pessoas. Em 2050, o contingente de São Paulo será de 12,205 milhões de paulistanos. O crescimento por bairros também foi projetado pela Fundação Seade. Entre 2025 e 2030, por exemplo, as taxas anuais de crescimento estarão mais concentradas no intervalo entre -0,78%, em Alto de Pinheiros, e 1,09%, em Anhanguera, que deverá ser o único distrito com crescimento populacional superior a 1%. Entre os distritos, 40 deverão ter decréscimo populacional, enquanto 56 apresentarão incrementos positivos.Vários distritos registrarão taxas próximas de zero, segundo o estudo. |