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Medicamentos
Pela 1ª vez desde 87, grupo descobre nova classe de antibióticos 08/01/2015 - Folha de S.Paulo Um grupo de cientistas anunciou nesta quarta-feira (7) a descoberta de uma molécula que representa a primeira nova classe de antibióticos introduzida desde 1987. Em testes com camundongos, a droga conseguiu debelar as formas mais resistentes de tubercolose, sem que o micróbio causador da doença adquirisse resistência. Batizada de teixobactina, a nova substância é produzida por uma bactéria encontrada no solo. A start-up de biotecnologia NovoBiotic, de Cambridge (EUA), que descobriu a molécula, estima que deve conseguir levá-la a um teste em humanos dentro de dois anos. Se tudo correr bem, a droga estaria disponível no mercado por volta do fim da década. O fármaco foi encontrado após cientistas analisarem mais de 10 mil amostras de micróbios usando um novo método, que permite o cultivo desses organismos em seu hábitat natural. Antes, para isolar essas bactérias, era preciso cultivá-las em pires de laboratório, mas 99% das espécies não sobreviviam em condições artificiais. A tecnologia que permitiu aos pesquisadores trabalhar com bactérias em condições mais naturais foi um chip desenvolvido pela Universidade Northeastern, de Boston, que permite separar amostras minúsculas de bactérias sem tirá-las de suas amostras de solo originais. Uma bactéria que os pesquisadores batizaram de Elephteria terrae era aquela que produzia a substância descoberta. A molécula foi capaz de aniquilar a terrível linhagem MRSA da Staphylococcus aureus. Na natureza, essa é uma forma que o primeiro micro-organismo usa para eliminar competidores. O que é fundamentalmente novo na teixobactina é que ela ataca a fabricação de lipídios, moléculas que servem de "tijolo" para construir a parede celular das bactérias. Segundo Gerard Wright, da Universidade McMaster, do Canadá, que não participou do estudo, normalmente bactérias são capazes de evoluir por meio de mutações que alteram o "alvo" do fármaco, tornando-se imune à substância. Mas é improvável, diz, que bactérias adquiram mutações que alterem componentes tão fundamentais como os lipídios sem inviabilizar seu próprio funcionamento. A vancomicina, outro antibiótico que ataca a produção de lipídios, foi um daqueles contra os quais as bactérias mais demoraram para criar resistência. Foram cerca de três décadas até que os patógenos imunes aparecessem. A nova descoberta surge como um alento em um momento difícil para a infectologia. No ano passado, a OMS deu às bactérias resistentes a antibióticos o status de crise global. Algumas linhagens da bactéria da tuberculose, por exemplo, já são resistentes a todos os antibióticos disponíveis --o surgimento de novas drogas é, assim, crucial. Segundo Kim Lewis, da Universidade Northeastern, um líderes do trabalho, a teixobactina só não deve seguir para testes clínicos logo de cara porque ainda requer algumas alterações químicas. A substância não se dissolve bem em água, mas pode ser modificada para isso. Esse aprimoramento, que exige certo trabalho, torna a administração da molécula mais fácil quando a intenção é produzir uma pílula ou uma injeção. Farmacêuticas tinham perdido o interesse na área 08/01/2015 - Folha de S.Paulo A técnica usada para achar a teixobactina deve "reavivar o campo da busca por antibióticos", pelo qual muitas empresas farmacêuticas já haviam perdido o interesse, afirma Kim Lewis, cientista que liderou o trabalho, que foi publicado na revista "Nature". Ele afirma que, até agora, já descobriram 25 substâncias candidatas a serem utilizadas como antibióticos. "A teixobactina é o mais recente e mais promissor." Algumas dessas substâncias, diz, são similares a antibióticos já existentes, mas podem vir a apresentar desempenho melhor em testes. O otimismo pode rever um cenário ruim exposto pela OMS. Segundo a entidade, 8 das 15 grandes farmacêuticas haviam abandonado seus programas de descoberta de antibióticos e duas delas tinham feito cortes nessa área na década passada. Os fatores que levam a esse cenário são muitos: as pesquisas são caras e a resistência bacteriana pode diminuir o tempo de vida das drogas; antibióticos são usados por pouco tempo e para curar doenças, ao contrário de remédios usados cronicamente; e antibióticos mais novos e mais eficazes são usados apenas em último caso, quando a infecção é gravíssima. O problema chamou a atenção de um consórcio europeu público-privado, formado no fim de 2014, para criar novos modelos de produzir as drogas. O grupo inclui gigantes como Pfizer, Roche e GlaxoSmithKline. Descoberto novo antibiótico que ataca bactérias resistentes 08/01/2015 - O Globo Quase três décadas após o desenvolvimento da última classe de antibióticos, uma descoberta de cientistas americanos pode pôr fim a este período de seca. Apontado como “divisor de águas” e “muito promissor”, o estudo publicado na revista científica “Nature” apresenta um método que já levou à criação de 25 compostos em teste, sendo o último deles visto como o mais promissor. O auge da descoberta de antibióticos ocorreu entre 1950 e 1960. E desde 1987 não há novas fórmulas disponíveis. Nesse período, os micro-organismos se tornaram incrivelmente resistentes aos medicamentos. Apenas nos EUA, cerca de 23 mil pessoas morrem anualmente por conta das bactérias super-resistentes. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou quase dez mil casos de bactérias resistentes a remédios nas UTIs do país em 2012. SOLO É FONTE DE COMPOSTOS Os pesquisadores da Universidade de Northeastern, em Boston, desvendaram o mistério na principal fonte de micro-organismos do planeta e também da maioria dos antibióticos: o solo. Embora ele esteja repleto de seres vivos, apenas 1% deles sobrevive em laboratório. Os cientistas, então, criaram um “hotel subterrâneo” para as bactérias — elas foram enterradas no solo, mas em estruturas especiais de laboratório. Com isso, substâncias químicas produzidas naturalmente pelos micróbios puderam ser testadas. — Até agora 25 compostos foram descobertos usando este método, e o último, o teixobactin, foi o mais promissor — afirmou à BBC o autor principal do estudo, Kim Lewis. — Esta é uma importante fonte de novos antimicrobianos e vai nos ajudar muito a reconstruir o campo de descoberta dos antibióticos. Testes com o teixobactin mostraram que ele era tóxico à bactéria, mas não aos tecidos de mamíferos, e foi capaz de eliminar uma quantidade mortal de MRSA ( Staphylococcus Aureus Re sistente à Meticilina — uma bactéria resistente a antibióticos) em camundongos. Os pesquisadores também acreditam que as bactérias não são propensas a desenvolver resistência ao teixobactin, cujo alvo é a gordura essencial à manutenção da parede celular do micro-organismo. — Ele tem vários truques diferentes que minimizam o desenvolvimento de resistência — acrescentou Lewis. O composto ainda precisa ser testado em humanos para comprovar sua eficácia. Apesar do mecanismo diferente, os cientistas se perguntam se os micro-organismos conseguiriam adquirir resistência também a esta possível nova classe de antibióticos nas próximas décadas — algo difícil de prever. Além disso, ele já apresenta algumas limitações: funciona apenas nas bactérias conhecidas como Gram-positivas, que incluem a MRSA e a Mycobacterium tuberculosis (MTB). Ela não consegue penetrar a camada extra de proteção das Gram-negativas, como a Escherichia Coli (E. Coli). Pesquisa e desenvolvimento Droga experimental contra ebola é testada na Libéria 08/01/2015 - O Globo Uma nova droga experimental começou a ser testada na Libéria, um dos países mais afetados pela epidemia da febre hemorrágica que já matou mais de 8 mil pessoas na África Ocidental. O antiviral desenvolvido na Universidade de Oxford está sendo ministrado a voluntários doentes em um centro de tratamento da organização Médicos Sem Fronteiras. Um teste com outra droga está sendo conduzido na Guiné desde dezembro.
Saúde
Artigo: Partos contraproducentes 08/01/2015 - Folha de S.Paulo O Ministério da Saúde cumpre seu papel ao baixar um novo pacote de medidas com vistas a reduzir o número de partos cesarianos no Brasil. A proporção de nascimentos por via cirúrgica chega hoje a preocupantes 56% --quando se considera somente a rede privada, eles representam 84,6%. O excesso de cesarianas é contraproducente. Pelas estimativas da Organização Mundial da Saúde, apenas 15% dos partos têm indicação cirúrgica. Os demais poderiam perfeitamente seguir o curso natural, reduzindo o risco de complicações para a mãe (morte, infecções, hemorragias) e para o bebê (morte, nascimento prematuro), além dos custos para o sistema. Ocorre, contudo, que não só a lógica da saúde pública deve ser levada em consideração. O direito da mulher de tomar decisões sobre sua saúde e sua sexualidade também precisa ser respeitado. Do ponto de vista da mãe, não é insano optar pelo procedimento cirúrgico mesmo sem indicação clínica. Embora os riscos sejam maiores, eles não configuram uma roleta-russa. A probabilidade de a grávida morrer numa cesariana é quase quatro vezes maior do que num parto normal, mas, ainda assim, a taxa fica abaixo de uma morte a cada mil nascimentos. Os motivos que levam a mulher a preferir a cirurgia --medo de sentir dor, conveniência, desejo de ser atendida pelo médico que fez o pré-natal etc.-- até podem ser questionados, mas jamais censurados. Nesse embate entre duas lógicas opostas, mas ambas legítimas, as novas determinações do ministério e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) parecem adequadas. Elas visam a estimular o parto natural sem apresentar grandes óbices às cesarianas. São destinadas a oferecer mais informações à mãe, que poderá fazer sua escolha em melhores condições, e a alterar um pouco a burocracia dos planos de saúde, para que o obstetra pelo menos tenha de justificar sua opção pela cirurgia. Já houve outras tentativas de reduzir a chamada epidemia de cesarianas, com resultados pouco animadores. Espera-se que, a partir de agora, possa prevalecer o interesse da paciente. Empresários e ministro rejeitam tributo da saúde 08/01/2015 - O Estado de S.Paulo A perspectiva de criação de um tributo para financiar a saúde nos moldes da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) foi criticada por empresários e vista com ressalvas por especialistas do setor. Em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo Estado, o ministro Arthur Chioro defendeu a retomada do debate em torno de uma nova contribuição para garantir a sustentabilidade econômica do sistema, a médio e longo prazos. De acordo com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, esse tipo de tributo “incide em cascata e prejudicaria principalmente as pequenas e médias empresas”. “Há formas mais inteligentes de se obter recursos para a área”, afirmou Moan. Até no governo a proposta de Chioro enfrenta resistência. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, já se declarou contrário a uma eventual recriação da CPMF, tributo que ele classificou como “um grande retrocesso”. “Essas especulações em torno da CPMF sempre estiveram mais localizadas no ambiente político do que no de formulação da política macroeconômica. Todos reconhecem que há um subfinanciamento da saúde”, disse o ministro do Desenvolvimento. Monteiro também afirmou que, pelas características do tributo, que é cumulativo, seria “disfuncional” para a economia brasileira. Professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lígia Bahia defende que uma parcela maior de recursos já arrecadados seja encaminhada para a área. “A saúde precisa de mais recursos, isso é inquestionável, mas acredito que aumentar a tributação não é o melhor caminho”, disse. “A população, incluindo a classe média, já paga um valor alto (de tributos)”, afirmou Lígia. Mais debate. Integrante da Comissão de Finanças do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Ferreira dos Santos considera bem-vindo o debate proposto por Chioro, mas sob a condição de que ele venha atrelado a outro ponto: a vinculação de 10% da receita corrente bruta para gastos em saúde. Pela regra atual, os gastos de saúde devem ser equivalentes ao do ano anterior, acrescidos da variação do Produto Interno Bruto (PIB). “Os custos (com saúde) são crescentes. Neste ano, o reajuste (do orçamento do setor) será pequeno diante das necessidades, é preciso pensar em alternativas”, disse Carlos Duarte, também do Conselho Nacional de Saúde. Para empresários, no entanto, a discussão não merece nem mesmo ser iniciada. O presidente da Confederação Nacional de Indústria (CNI), Robson Andrade, rejeita a proposta do ministro da Saúde. “Sou totalmente contrário ao aumento de impostos, sobretudo a recriação de uma contribuição nos moldes da CPMF. Ela não resolveu no passado, não houve um impacto positivo na saúde e provocou prejuízos para o setor produtivo”, afirmou Andrade. |