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Medicamentos
Pacientes tratam ansiedade usando remédio de hipertensão; veja riscos 10/12/2014 - Folha de S.Paulo Há quatro meses, a vendedora Fernanda Moretti, 33, trocou um antidepressivo por um remédio usado contra hipertensão. O objetivo: dar fim às crises de ansiedade que a acompanhavam desde os 18 anos. "Já tomei de tudo, de ansiolíticos a antidepressivos. Nada tinha funcionado." A solução para ela foi o metoprolol, droga da classe dos betabloqueadores indicada para uma série de doenças cardíacas, como arritmia e angina. Fernanda, porém, não tem problemas no coração. "Eu tinha crises de pânico que vinham do nada. O coração acelerava, eu ficava pálida e sentia muita ansiedade, pensava que ia infartar." Ao sentir os sintomas, ela ficava ainda mais nervosa. Com o betabloqueador, que controla sinais como palpitação e tremores, comuns tanto nas doenças cardíacas quanto nos transtornos de ansiedade, a sua percepção é que o problema está resolvido. Ela não é a primeira nem a única que tem recorrido à droga do coração para se acalmar. "Agora com a internet e as redes sociais parece que esse uso tem aumentado. Muitas pessoas tomam porque ouvem dizer que é bom para não ficar nervoso em uma apresentação ou entrevista de emprego", afirma Sergio Tamai, psiquiatra membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. A constatação preocupa o médico, já que os betabloqueadores são mais baratos que os antidepressivos e, apesar de serem de tarja vermelha, que exige prescrição médica, são vendidos sem receita nas farmácias. "As pessoas pensam que não há riscos, o que é errado", diz Tamai. O primeiro dos riscos vem do principal objetivo do remédio, que é controlar a pressão arterial. Se a pessoa não tem hipertensão nem doenças do coração, o uso contínuo, mesmo em pequenas doses, pode baixar a frequência cardíaca e interferir na pressão. "É necessário que o uso seja acompanhado. Com o tempo a pessoa pode sentir tontura, náuseas e queda de pressão", diz o cardiologista Ricardo Pavanello, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Outro risco, segundo Tamai, é desencadear episódios depressivos se a pessoa já tiver alguma tendência. Além disso, quem tem asma, bronquite ou doença pulmonar crônica não deve usar esse medicamento, porque o quadro pode se agravar. Pavanello questiona não só a segurança como a eficácia do uso episódico, feito sem orientação médica antes de um evento específico. Segundo o cardiologista, uma dose isolada de betabloqueador não terá muito efeito no controle de sintomas como tremores e palpitação. "O efeito completo da droga você obtém ao longo do tempo. O uso eventual é só um placebo", diz. De acordo com o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto, pesquisador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo, estudos comparando a eficácia dos betabloqueadores e de antidepressivos mostraram que o efeito do remédio para o coração é, de fato, similar ao de um placebo. "Por ajudar no controle dos sintomas físicos, talvez a droga dê um 'empurrão psicológico', mas não há muito respaldo científico. Ainda é um uso experimental." Foi esse empurrão que surpreendeu a estudante Camila Alves, 19. Ela sofre de crises de ansiedade e, desde os 13, toma antidepressivo. Há três semanas começou a tomar propanolol. "Eu tinha picos de pressão, falta de ar e dor no peito. O antidepressivo não resolvia muito e o propanolol tem ajudado bastante." Em casos assim, em que o betabloqueador é usado como coadjuvante no tratamento, há menos controvérsia. "Pode ajudar no alívio de sintomas físicos, sim, e isso ajuda a controlar a ansiedade. Mas é preciso também tratar a doença, não só o sintoma. O betabloqueador não age na causa, só na consequência", diz o psiquiatra Fernando Fernandes. O tratamento padrão para transtornos de ansiedade como síndrome do pânico ou fobia social inclui antidepressivos, ansiolíticos e psicoterapia. Para Fernandes, assim, usar apenas o betabloqueador seria como "tratar uma pneumonia só com um antitérmico". Pesquisa e desenvolvimento
Saúde
Haddad atrasa verba de saúde terceirizada 10/12/2014 - O Estado de S.Paulo Funcionários de unidades terceirizadas da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo estão com os salários atrasados há quatro dias. A Prefeitura não efetuou na data prevista os repasses às Organizações Sociais da Saúde (OSSs), entidades contratadas para administrar hospitais, postos de saúde e unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs), entre outros equipamentos. O atraso foi revelado na tarde de ontem,em audiência de conciliação na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho, por representantes de sindicatos de profissionais de saúde e da Santa Casa, que, por meio de OSSs,também administra 22 unidades municipais. A gestão Fernando Haddad (PT) confirmou o atraso à Santa Casa e disse que vai depositar os valores devidos até sexta-feira. No encontro agendado para discutir o atraso no pagamento dos funcionários das unidades próprias da Santa Casa, trabalhadores e a direção do hospital revelaram que nas terceirizadas os salários não estavam em dia porque a Prefeitura não havia feito o repasse, na sexta-feira, para o pagamento de 4 mil empregados. Na reunião, representantes do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde( SinSaúdeSP) afirmaram que o atraso aconteceu em todas as OSSs que atuam no Município. Somente as que usaram recursos próprios conseguiram pagar funcionários. A previsão do SinSaúdeSP é de que mais de 50 mil profissionais atuem nas unidades administradas por OSSs, mas não há uma estimativa de quantos ficaram sem pagamento. A Secretaria Municipal da Saúde não se pronunciou sobre o atraso no repasse de recursos para as demais OSSs. Em relação ao não pagamento à Santa Casa,a Prefeitura informou que aconteceu“em razão de acertos administrativos”.Afirmou também “estar dialogando com as OSSs para evitar transtornos a profissionais e pacientes”. Santa Casa. Em relação ao atraso do 13.º salário e da remuneração do mês de dezembro aos cerca de 7 mil funcionários de suas unidades próprias, a Santa Casa afirmou na audiência de conciliação que terá reunião com a Secretaria Estadual da Saúde na próxima quinta-feira para pedir auxílio para honrar os pagamentos. No caso do 13.º salário,o atraso é para todos os trabalhadores. Quanto ao salário de dezembro, 8%dos profissionais foram afetados. Uma nova reunião entre trabalhadores e Santa Casa está agendada para quinta-feira, após o encontro da instituição com o governo do Estado.O SinSaúdeSP já afirmou que a categoria entrará em greve na sexta feira se os débitos trabalhistas não forem pagos. |