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Medicamentos

Anvisa já autorizou 184 pedidos de canabidiol
19/11/2014 - Folha de S.Paulo

Desde abril, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou 184 pedidos de importação de CBD, o canabidiol, derivado da maconha usado em remédios. Foram 223 solicitações ao todo.

Entre as exigências da agência, estão prescrição médica, laudo médico e termo de responsabilidade.

O uso medicinal do canabidiol foi discutido nesta terça-feira (18) em audiência pública na comissão de seguridade social e família da Câmara dos Deputados.

"Nossa grande questão é discutir a eficácia e segurança dos produtos. (...) Não há evidências na literatura de que essa substância cause dependência, ao contrário da maconha. Usando termos comuns, não deixa a pessoa doidona", afirmou o diretor-presidente substituto da Anvisa, Ivo Bucaresky.

O CBD ganhou destaque no início do ano com a autorização de importação para famílias de crianças com doenças graves, como síndromes raras epiléticas. A diretoria da agência iniciou debate para retirada do canabidiol da lista de substâncias proibidas no país, mas a discussão ainda não foi concluída --isso faria com que a agência não tivesse mais de analisar as importações caso a caso

O diretor da Anvisa ponderou, no entanto, que ainda há carência de informações sobre as doses ideais a serem tomadas em cada caso. O CDB já é lícito em países como Canadá, Nova Zelândia e Israel.


Fracionamento de remédios, uma prescrição sem efeito
19/11/2014 - O Globo


Há oito anos em vigor, mas de efeito nulo na prática, a Resolução 80 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é um exemplo de mais uma orientação legal que não “pegou” no Brasil. Publicada em 11 de maio de 2006, ela permite a venda de remédios fracionados nas farmácias e drogarias de todo o país. Além de garantir maior economia aos consumidores, que pagariam exatamente pela quantidade de medicamentos necessários, a medida tem como objetivo evitar o desperdício, o risco de intoxicação e do consumo de substâncias após o prazo de validade. Outra preocupação da resolução era evitar o descarte de forma inadequada, que leva ao risco de contaminação ambiental. No entanto, a resolução não prevê qualquer sanção em caso de descumprimento por parte de farmácias e drogarias.

Por remédio fracionado entende-se a separação e manipulação de qualquer medicamento de marca ou genérico por um farmacêutico responsável, que entregaria ao usuário a quantidade exata prescrita pelo médico. Esse trabalho deve ser realizado nas farmácias, cumprindo-se uma série de exigências previstas na resolução da Anvisa. Para que um medicamento seja fracionável é preciso constar na cartela dados como nome do medicamento, fórmula farmacêutica, registro do Ministério da Saúde e cada unidade vir acompanhada de uma bula e uma embalagem secundária que deve ser disponibilizada pela drogaria.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Rio de Janeiro, Francisco Cláudio de Souza Melo, o excesso de detalhamento da resolução da Anvisa é um dos maiores obstáculos à popularização dos fracionados.
— Na verdade, a venda de remédio fracionado só interessa ao consumidor. A indústria não fornece as embalagens necessárias ao fracionamento, que requer um manuseio especial, e não a simples retirada de unidades de uma caixa para colocação em uma menor. Na prática, as embalagens picotadas à venda restringem-se a remédios mais populares, como alguns tipos de analgésicos, com uma, duas ou quatro unidades — ressalta Melo.
Nos balcões de farmácias e drogarias, os farmacêuticos confirmam que apenas remédios de baixo custo e sem prescrição, na maioria das vezes, são encontrados já fracionados no comércio. Além disso, eles destacam a desinformação do público. A falta de informação do consumidor foi fácil de comprovar, com visita do GLOBO a algumas farmácias na semana passada.

À saída de uma drogaria, em Copacabana, a carioca Iracema Luisa, que trabalha como cuidadora de idosos, por exemplo, foi uma entre vários consumidores que disse desconhecer a resolução que permite o fracionamento. Ela relata que há sempre uma pequena sobra dos remédios que ministra ao seu paciente que, frequentemente, é obrigado a tomar anti-inflamatórios e antibióticos

VAREJO DEFENDE DESONERAÇÃO PARA CUMPRIR REGRA


Sandra Alvarenga, aposentada do Tribunal de Justiça do Rio, é uma exceção. Conhecedora da regra, lamenta que a venda fracionada não seja uma realidade:
— Essa é mais uma daquelas leis que não pegaram. Era preciso fazer uma campanha de esclarecimento para mostrar a importância do fracionamento de remédios. Em casa, também tenho sobras, mas não as descarto no lixo comum, porque sei dos sérios riscos de contaminação do meio ambiente. O que sobra entrego para asilos e orfanatos — afirma Sandra.
O jornalista aposentado Roberto Galletiti levanta ainda uma outra questão o dinheiro desperdiçado.
— A indústria diz que fornece embalagens para atender à maioria das prescrições médicas, mas não é verdade. Às vezes falta ou você é obrigado a comprar mais se o tratamento for mais longo, e, aí, sobra, o que acontece na maioria das vezes. O irônico é que no pet shop aqui perto de casa as medicações são vendidas fracionadas — comenta.
Na avaliação do diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, José Alexandre Romano, também médico de saúde pública do município, vários fatores inviabilizam esse comércio.
— Em primeiro lugar, não é do interesse da indústria, que teria que arcar com custos maiores de logística e de fabricação de mais embalagens. As farmácias também teriam que ter condições especiais para permitir o fracionamento, além de cumprirem a exigência de manter um farmacêutico responsável durante todo o expediente no estabelecimento — diz Romano.
O médico explica que o fracionamento dos medicamentos comumente estimula a automedicação e a prescrição por leigos de remédios indicados por seus médicos, que têm em estoque, a terceiros. Essas práticas que podem levar a casos graves de intoxicação.
O aposentado Jonyr Barros, que nunca tinha ouvido falar da resolução da Anvisa, é um exemplo típico do consumidor que preocupa os médicos, ao admitir a automedicação.
— Gasto uma fortuna por mês com remédios e acabo comprando mais do que o necessário. Sempre sobram alguns comprimidos, que vou deixando para lá. Guardo para uma eventualidade, se precisar tomar de novo — admite.
Procurada, a Associação Brasileira do Comércio Varejista (ABC-Farma) reconhece que a resolução da Anvisa não serviu até hoje para estimular a venda de medicamentos fracionados. O diretor executivo da entidade, Renato Tamarozzi, atribui o desinteresse à própria redação do texto, com normas complexas para a manipulação nos pontos de venda. Hoje, o Brasil tem cerca de 85 mil estabelecimentos, entre drogarias e farmácias de manipulação, a maioria concentrada na Região Sudeste.
— Seria necessária uma política de desoneração para o setor, uma vez que, hoje, do preço final, 34% correspondem a impostos. Sem uma desoneração, que permitisse a redução de custos e preço, a indústria não é estimulada a fornecer mais embalagens, em tamanho menor, necessárias para o fracionamento nas lojas — avalia.
Procuradas, a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos (Alanac) e a Anvisa não responderam às solicitações de entrevistas.

Pesquisa e desenvolvimento

 

Cientistas criam teste que prevê mal de Alzheimer
19/11/2014 - Folha de S.Paulo

Um exame de sangue que pode antecipar o diagnóstico de mal de Alzheimer em até dez anos foi apresentado por cientistas americanos. Eles descobriram que portadores da doença têm alterações em um receptor de insulina no cérebro que podem ser detectadas anos antes de o alzheimer se tornar perceptível.

Segundo Ed Goetzl, do National Institute on Aging, a descoberta ainda precisa ser replicada em grandes grupos. Por enquanto,foram examinados 174 indivíduos. Ainda não se conhece cura para a doença, mas há tratamentos quem podem barrar, ao menos parcialmente, o seu agravamento.

O estudo foi apresentado no congresso da Sociedade de Neurociência dos Estados Unidos. Uma empresa da Califórnia já manifestou interesse em desenvolver, no futuro, uma versão comercial do teste.


Butantã vai fazer soro contra o Ebola
19/11/2014 - O Estado de S.Paulo


Em parceria com instituto americano, medicamento será desenvolvido com base na imunização de cavalos com vírus da raiva
O Instituto Butantã está se preparando para desenvolver um soro contra o vírus Ebola, em parceria com o Instituto Nacional da Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Segundo o diretor do instituto paulista, Jorge Kalil, os últimos trâmites estão sendo feitos para a assinatura do contrato com o NIH e, se as autoridades brasileiras liberarem a pesquisa, o novo soro estará disponível dentro de nove meses para aplicação em humanos.
Kalil explicou que o soro é diferente de uma vacina. Na aplicação de vacinas, ocorre a chamada “indução de imunidade ativa”: o organismo é induzido a produzir os próprios anticorpos. Já na aplicação de soros o que ocorre é a “indução de imunidade passiva”. “Nesse caso, pegamos os anticorpos já produzidos por outra pessoa, ou por outro animal.”

EBOLA NO MUNDO

Em Los Angeles, nos Estados Unidos, enfermeiras protestam pela melhoria das condições de segurança de profissionais que lidm com Ebola
Itália faz simulação de providências a serem tomadas caso haja suspeita de Ebola em aeroporto
Em Mali, morreu a segunda pessoa contaminada pelo vírus no país: uma enfermeira de 25 anos
Profissionais trabalham para conter Ebola em Serra Leoa, um dos países mais afetados pela epidemia
Raiva. O novo soro deverá ser desenvolvido com base na imunização de cavalos com o vírus da raiva, em versão modificada com a proteína do Ebola. Assim que o contrato for assinado, segundo Kalil, o NIH enviará o material biológico necessário para a imunização. “Acreditamos que a chance de dar certo é muito grande, porque a proteína do Ebola que nos interessa para produzir o soro está na estrutura do vírus da raiva. Nós temos uma experiência muito grande na produção do soro contra o vírus da raiva. Muito provavelmente vamos conseguir um soro neutralizante contra o Ebola semelhante ao soro da raiva”, disse Kalil.
O tratamento que mostrou mais eficácia até agora contra o Ebola foi o coquetel Zmapp: uma mistura de três anticorpos que se prendem às proteínas do vírus do Ebola, ativando o sistema imunológico para que ele seja destruído. “Se o Zmapp funciona, imaginei que o soro tradicional feito com base na imunização de cavalos também poderia funcionar. Entrei em contato com o NIH, fui para os Estados Unidos apresentar a ideia e assinaremos os contratos de propriedade intelectual e confidencialidade. A colaboração terá início em breve”, afirma.
Uma vez que os cavalos forem imunizados, os cientistas verificarão se o organismo dos animais foi induzido a produzir, em grande quantidade, anticorpos neutralizantes. Depois de uma série de testes de toxicidade no Brasil, os americanos farão testes de inibição do soro com modelos de macacos.

 


Saúde



No país, doente com sepse morre em 56% dos casos
19/11/2014 - Folha de S.Paulo

Mais da metade (56%) dos pacientes internados com sepse (infecção generalizada) nas UTIs brasileiras acaba morrendo, revela pesquisa em 229 unidades de terapia intensiva. É o estudo mais abrangente já feito no país.

Nos EUA, a taxa de mortalidade é de 32%. Em países da Europa, como a França, de 30%. Na Austrália, de 18%.

A sepse começa com uma infecção-- uma pneumonia ou uma cistite, por exemplo--, que, não tratada adequadamente, se espalha e compromete o funcionamento de vários órgãos e pode levar à morte.

A síndrome responde hoje por 25% da ocupação de leitos em UTIs no Brasil e é a principal causa de morte nessas unidades, segundo o Ilas (Instituto Latino Americano da Sepse), que realizou a pesquisa em âmbito nacional.

A alta taxa de mortes é explicada por uma série de fatores. Começa com o desconhecimento da população, que demora em procurar um hospital quando tem uma infecção. Quando lá chega, pode encontrar equipes mal preparadas para fazer o diagnóstico precoce da síndrome.

Estudo de 2010 mostra que 44% dos médicos que atendem em hospitais do país não sabiam reconhecer a sepse.

"Quanto mais tarde for diagnosticada a sepse, maior a mortalidade", diz o médico intensivista Luciano Azevedo, do Hospital Sírio-Libanês e coordenador no país de uma campanha mundial de combate à sepse.

A dona de casa Odete Santos, 69, morreu de sepse após duas semanas de sintomas que começaram com fortes dores no joelho (tinha artrose). Levada ao pronto-socorro do plano de saúde, recebeu injeções de corticoide.

"As dores só pioraram. Ela passou a ter febre, tontura, ânsia de vômito. No hospital, receitaram Plasil. Só foi internada quando já estava praticamente em coma", lembra a filha, Odete, que tem o mesmo nome da mãe.

FALTA DE RECURSOS

O levantamento mostra que não há diferenças significativas entre os índices de morte nos hospitais públicos e privados--ao todo, foram analisados hospitais públicos e privados bons e ruins. A amostra é representativa das UTIs de adultos do país --equivale a 13% das unidades. Foram investigados 2.705 pacientes internados.

Segundo Flávia Machado, vice-presidente do Ilas e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), outro dado mostrado no estudo é que a falta de recursos nos hospitais também está associada à alta mortalidade.

Nos hospitais com mais verba, ela foi de 52%. Nos mais carentes, de 66,4%.

Segundo Flávia, com treinamento e recursos necessários, é possível reduzir as mortes. Ela cita estudo feito em nove hospitais de uma operadora de saúde que mostrou uma redução de 53% na taxa de mortalidade por sepse (de 55% para 26%) após treinamento das equipes.

POPULAÇÃO

O desconhecimento da população sobre a sepse também é mostrado em estudos. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pelo Ilas, mostra que apenas 7% dos brasileiros já ouviram falar a palavra sepse. Na Alemanha e nos EUA, o índice é de 49% e 44%, respectivamente.

"As pessoas não conhecem os sinais [da sepse] e retardam a ida ao hospital. Nos hospitais públicos, elas sabem que vão enfrentar superlotação, dificuldade de atendimento", explica Azevedo.

Os principais sinais da síndrome são febre, mal estar, fraqueza, tontura e falta de ar. "Muita gente pensa que sepse só ocorre na UTI. Mas, em 40% dos casos, os pacientes já vêm do pronto-socorro com a síndrome", diz Flávia.



Suspeita de dengue deve ser notificada em 24 h em SP
19/11/2014 - Folha de S.Paulo

A Prefeitura de São Paulo determinou que serviços públicos e particulares devem notificar em até 24 horas a Secretaria Municipal de Saúde sobre casos suspeitos de dengue e chikungunya --doença "prima" da dengue transmitida pelo mesmo mosquito.

Neste ano, a cidade enfrentou um surto de dengue --foram 27.721 casos confirmados, segundo a própria prefeitura.

A gestão avalia que, neste ano, os casos suspeitos ou confirmados demoraram a ser notificados à administração municipal. Isso dificultou o combate à doença, pois a prefeitura não sabia claramente o número de casos na cidade.

"Em setembro descobrimos casos que foram confirmados em julho", diz o secretário da pasta José de Filippi Junior. Ele não informou se haverá punições a quem descumprir a portaria.

Para 2015, uma das preocupações é o aumento do armazenamento de água por causa da crise hídrica. A larva do Aedes aegypti, mosquito que transmite a dengue, se desenvolve na água limpa.

"Temos que redobrar a atenção nesses casos e pedir para que as pessoas tenham o mesmo cuidado que têm com as caixas-d'água, que devem sempre permanecer fechadas", diz Filippi.


Nova ameaça da coqueluche
19/11/2014 - O Globo

Um aumento expressivo do número de casos de coqueluche no Brasil tem alertado governos e cientistas: o crescimento foi de cerca de dez vezes em apenas quatro anos — passando de 605 casos em 2010 para 6.368 em 2013, assim como de 18 para 109 mortes neste período, segundo dados do Ministério da Saúde. E a descoberta de uma nova linhagem mais tóxica da Bordetel la pertussis, bactéria causadora da doença respiratória, é uma hipótese que já vem sendo apontada como possível causa desta curva ascendente em outros países, já que o problema não é apenas brasileiro. Agora, a partir da técnica de sequenciamento genético, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também encontraram esse tipo aqui no país.
— Vínhamos notando a reemergência da coqueluche em países com programas de vacinação estabelecidos, como Holanda, Reino Unido, EUA e Austrália. Há uma preocupação geral com o fenômeno porque a doença estava controlada desde os anos 60 — explicou Ana Carolina Vicente, coordenadora da pesquisa e chefe do Laboratório de Genética Molecular de Micro-organismos da Fiocruz, que coletou dados de surtos da doença em Alagoas, Pernambuco e no Rio Grande do Sul.
No mundo, o aumento foi de 127 mil casos em 2006 para quase 250 mil em 2012, de acordo com a Organização Mundial de Saúde ( OMS). Só em 2012, foram 47 mil casos nos EUA, 12 mil no Reino Unido e 24 mil na Austrália. Segundo a pesquisadora, estudos internacionais já verificaram que há diferenças no código genético destes microorganismos em relação aos de décadas passadas, que circulavam no período do desenvolvimento dos programas de vacinação. A principal alteração nessa linhagem é a mutação no gene que ativa a produção da toxina pertussis. — Em outras palavras, a bactéria produziria mais toxinas e, por isso, estaria mais forte — afirma Ana Carolina. — Este dado serve para podermos discutir se a vacina da qual temos disponibilidade é eficaz. A princípio parece que sim, mas provavelmente o esquema de vacinação precisa ser modificado, precisando haver reforços de doses ao longo da vida.

Atualmente, a vacina é aplicada em cinco doses: aos 2, 4 e 6 meses de vida do bebê, e depois há um reforço aos 1,5 ano e 4 anos da criança.
A pesquisadora ressalta que o monitoramento frequente dos micro- organismos circulantes através do sequenciamento genético pode prevenir surtos e prejuízos maiores à população.
— É importante sabermos o patógeno que está circulando antes de qualquer decisão ser tomada, inclusive porque a tecnologia de sequenciamento genético é hoje acessível. Os organismos evoluem muito rapidamente, o que pode tornálos imunes às vacinas — defende Ana Carolina, lembrando que o genoma da vacina brasileira em si ainda não foi publicado, o que daria mais informações sobre a evolução da doença no país.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, questiona o estudo da Fiocruz e garante que a explicação para o surto brasileiro não é o surgimento de uma cepa mais tóxica.
— Esta hipótese foi levantada em vários países, mas no nosso caso a explicação para o aumento de doentes aponta para outro lado — afirma Barbosa. — A grande maioria dos casos (87% ) está concentrada em bebês menores de 6 meses, que ainda não foram totalmente vacinados. Para aquela hipótese ser verdadeira, o aumento deveria ser entre os casos de vacinados, como ocorreu em alguns países e não no Brasil.
PROTEÇÃO DE VACINA É TEMPORÁRIA
Barbosa diz, no entanto, que a proteção da vacina da coqueluche é limitada, por isso, segundo ele, pode estar havendo um aumento no número de adultos suscetíveis, que precisariam de um reforço da dose da vacina. Geralmente, são casos assintomáticos, mas que podem ser transmitidos para indivíduos mais vulneráveis.
Há dois tipos de vacina para a coqueluche em uso. Administrada no Brasil, a vacina celular é desenvolvida a partir da própria bactéria inativada e é usada em combinação com imunizantes para o tétano e a difteria. Segundo a OMS, o imunizante é eficiente e relativamente barato, mas tem sido associado a reações adversas em adolescentes e adultos. Por isso a indicada para esse grupo é a vacina acelular, que contém apenas alguns componentes purificados da bactéria. Essa versão é mais cara e de difícil produção, mas praticamente substituiu a vacina celular em países mais desenvolvidos, como Austrália e EUA.
Anteontem, o Ministério da Saúde anunciou a compra de quatro milhões de doses da vacina acelular para serem aplicadas em 2,9 milhões de gestantes. Isso evitaria que a mães transmitissem a doença para seus filhos recém- nascidos, que estão no grupo de risco. Jarbas Barbosa estima que, com essa medida, até o final de 2015, o número de casos seja consideravelmente reduzido, já que sua eficácia é de 91%. Quando questionado sobre a qualidade melhor da vacina acelular, Barbosa diz que há controvérsias e que o fornecimento dela ainda é irregular no mundo. Ele também não considera necessário reforçar a dose da vacina para a população adulta em geral.
— Esta estratégia de controlar a coqueluche em menores de 6 meses é eficaz — afirmou.
Para Flávio Rocha, do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos e colaborador da pesquisa da Fiocruz, além da questão da cepa mais resistente, a perda da imunidade após dez anos da aplicação da vacina e o aumento de portadores assintomáticos precisam de mais atenção do governo:
— A coqueluche não é mais uma enfermidade da infância, ela atinge todas as idades — afirma o pesquisador.
Rocha ainda alerta para a necessidade de capacitação de profissionais de saúde para identificar a doença. Numa pesquisa com 180 médicos de seis unidades de saúde do Rio, 42% deles tinham dificuldade de fechar o diagnóstico da coqueluche.


Ebola persiste na Libéria, mas já há sinais de volta da normalidade
19/11/2014 - O Globo

Robert Kollie e sua noiva adiaram o casamento, que aconteceria em outubro, enquanto o ebola devastava a capital da Libéria. O governo havia pedido às pessoas que evitassem grandes aglomerações e celebrações. Casamentos são cheios de beijos e abraços e apenas uma pessoa doente poderia infectar dezenas de outras.

Um mês mais tarde, mesmo com o vírus continuando a atingir partes da África Ocidental, a situação melhorou em Monróvia e um parque panorâmico nos subúrbios orientais está novamente ocupado nos fins de semana com fotógrafos registrando festas de casamento. Os Kollies estavam entre eles.
— Quando o ebola estava se espalhando e, ao mesmo tempo, meu casamento estava sendo preparado, eu me perguntava o que eu vou dizer a Deus se eu morrer nesta crise e não me casar? — disse Yongor Kollie, 31, à agência de notícias Associated Press, ao lado de suas damas de honra. — E, assim, hoje eu sou uma mulher feliz. Feliz, mas ainda cautelosa. — Mesmo antes de vir aqui, tivemos que lavar as mãos — disse o noivo de 33 anos, referindose aos baldes de plástico onipresentes com água e água sanitária que os liberianos têm aceitado como parte da vida diária.
A Libéria foi o mais atingido dos países da África Ocidental que estão lutando contra a epidemia de ebola, com mais de 2.800 mortes este ano (de um total de aproximadamente 5 mil). Mas o número de novos casos caiu vertiginosamente em Monróvia, após meses de campanhas de conscientização pública que enfatizam a necessidade de isolar os doentes e fazer o teste logo que os sintomas surgem, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Outros surtos estão surgindo em áreas da Libéria fora de Monróvia, bem como nos países vizinhos. Serra Leoa está sendo particularmente atingida agora, com dezenas de novos casos notificados semanalmente na capital, Freetown. Casos continuam a surgir também na Guiné, onde teve início a atual epidemia de ebola, a pior já registrada na História.
— É absolutamente prematuro começar a ser otimista — afirmou Birte Hald, da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, na última segundafeira em Bruxelas, lembrando que o vírus “está surgindo em novas aldeias, em novos lugares”.
Em Monróvia, já há alguns sinais de normalidade que estavam ausentes durante o auge da crise. Lavar as mãos antes de entrar já não é exigido em muitas lojas. As estações de rádio não estão transmitindo jingles contra o ebola de maneira tão frequente como faziam há dois meses. E o parque, perto do Ministério da Saúde, voltou a ficar cheio de fotógrafos e recém-casados.
Jordan Jackson, 36 anos, e sua noiva Jacquelyn, 33, se casaram no domingo.
— O sentimento é que a Libéria está retornando à normalidade e as coisas estão ficando cada vez melhores — disse o noivo.


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