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Sem substituto, remédio contra câncer infantil sairá do mercado
07/11/2014 - O Tempo

O medicamento Cosmegen, utilizado no tratamento de dois tipos de tumor maligno infantil, deixará de ser comercializado no Brasil a partir de fevereiro de 2015. A decisão do laboratório Bagó levou a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) a acionar o Ministério Público Federal (MPF) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cobrando uma solução para o problema, uma vez que não há, no país, substituto para o remédio utilizado por 700 crianças e adolescentes.
À frente do esforço para manter o medicamento no mercado brasileiro, a presidente da Sobope, Carla Macedo, explica que ele aumenta a chance de cura dos pacientes. "Essa medicação é efetiva, barata e com baixo potencial de efeitos colaterais. Só há uma substância análoga, que é a doxorrubicina, que possui efeitos colaterais cardiotóxicos (traria problemas para o coração), imagine isso em crianças", completa Carla.
O Cosmegen é usado no tratamento de duas doenças: o rabdomiossarcoma, um tumor que atinge desde crianças muito pequenas até adolescentes; e o nefroblas-toma (também conhecido como tumor de Wilms). Para quem tem a primeira doença, o medicamento oferece uma chance de cura de 70%. No caso da segunda, as chances sobem para 80%.
suspensío pode ser ilegal.
Notificada pelo laboratório Bagó cm 30 de julho sobre a suspensão do Cosmegen, a Anvisa confirma que não há outro medicamento com a mesma substância ativa, a dactinomicina, registrado no Brasil. A agência ainda esclarece que está analisando se a empresa descumpriu o prazo mínimo de notificação antes de tirar o medicamento do mercado, que seria de 12 meses.
Já no entendimento do Ministério Público, a suspensão da venda do medicamento em questão deveria ter sido comunicada com antecedência de um ano. Em nota, eles explicam que o prazo de seis meses só vale quando a descontinuidade do remédio não causa desabaste-cimento, o que não é o caso do Cosmegen.
custo. Para Carla, o motivo para a retirada do medicamento é o custo. "A maioria dos laboratórios acaba percebendo interesse na fabricação de drogas de baixo custo, ainda mais quando há um número limitado de pacientes", acredita.
Carla conta que espera que, caso a fabricação do medicamento seja interrompida, o Ministério da Saúde tome medidas emergenciais, como a importação do remédio, para impedir o sabastecimento. "Nós temos a expectativa de que isso seja resolvido antes mesmo de termos que dar a notícia aos pais".
Procurado para esclarecer o motivo do encerramento da comercialização do remédio, o laboratório Bagó não respondeu à reportagem de 0 TEMPO até o fechamento desta edição.
lternativas Cosmegen. A Anvisa estuda alternativas. Entre elas estão o incentivo à produção em laboratórios oficiais e a reavaliação da estabilidade do produto, dando validade maior ao remédio que já está no mercado.
2013 Laboratório já foi alvo de protesto O O laboratório Bagó havia anunciado, em dezembro de 2013, sem explicar o motivo, o encerramento da fabricação do medicamento L-asparaginase, utilizado para o tratamento de leucemia linfoide aguda, doença que atinge cerca de 3.000 crianças no Brasil. Na época, a decisão deixou mães revoltadas, levando a um protesto cm Londrina, cm março do ano passado.
Notificado pela Sobope, o Ministério da Saúde adquiriu mais de 50 mil frascos do medicamento, que foi então distribuído para os governos estaduais c do Distrito Federal. "Tivemos uma boa experiência com o ministério na negociação da falta do L-asparaginase e queremos seguir o mesmo caminho, com distribuição na rede pública", diz Carla Macedo, presidente da Sobope.
A expectativa é que o L-asparaginase passe a ser produzido 110 país a partir de 2015, por meio de parceria entre a Fiocruz e laboratórios privados.


Campanhas de Vacinação Infantil começam amanhã
07/11/2014 - DCI


A partir de amanhã começam as campanhas de vacinação infantil contra a poliomelite e o sarampo. Devem tomar a vacina contra a poliomielite as crianças de 6 meses a 4 anos. Já a vacina contra o sarampo é indicada para crianças de 1 a 4 anos. No Estado de São Paulo estarão abertos 5,9 mil postos de saúde, das 8h às 17h


Minúsculos salvadores
07/11/2014 - Estado de Minas


Durante muito tempo, os únicos tratamentos disponíveis para o câncer eram cirurgia, químio e radioterapia. Mas inovações promissoras estão sendo aplicadas e melhoradas. A bola da vez são os nanomedicamentos e as técnicas cirúrgicas cada vez mais afinadas, graças ao laser e dos ultrassons focalizados. É o que discutiram ontem especialistas reunidos na Academia de Cirurgia de Paris Os nanomedicamentos são cápsulas de tamanho minúsculo (com um bilionésimo de metro), isto é. 70 vezes menores que um glóbulo vermelho, capazes de conduzir uma molécula ativa ao local preciso onde a mesma é necessária, evitando outras partes do corpo onde não é. Eles "permitem evitar efeitos colaterais frequentemente importantes que se observam na quimioterapia clássica. mas também curto-circuitar fenômenos de resistência", explicou Patrick Couvreur. biofarmacêutico pioneiro destes minúsculos comprimidos.
Atualmente, há uma dezena de nano-medicamentos disponíveis no mercado. a maioria usados em cancerologia: este é o caso da doxorrubicina e do paclitaxel. dois remédios empregados no tratamento do câncer de mama e de ovários em estado avançado. Em 40 hospitais europeus e americanos, há estudos clínicos para avaliar o efeito da doxorrubicina encapsulada em nanomedicamento em cânceres de fígado, resistentes à quimioterapia. Segundo resultados preliminares citados por Couvreur. a sobrevivência dos doentes se multiplicaria por dois.
CAMINHO ATÉ O TUMOR Graças à melhora constante das técnicas nos últimos anos. os doentes de câncer podem se beneficiar de atos terapêuticos radiológicos. Para Afshin Gangi. que pratica radiologia em Estrasburgo (Leste da França), se trata de "pegar o caminho mais curto para um tumor" e destruí-lo da forma mais completa possível, sem necessariamente recorrer à cirurgia clássica. Ela pode ser substituída por técnicas de ablação térmica, que usam radiofreqüências. laser, micro-ondas. crioterapia (a frio) ou ultrassons focalizados (a energia acústica se concentra sobre o alvo que deve ser destruído).
Usadas principalmente para intervir no rim. no fígado e na próstata, estas técnicas poderiam ser aplicadas no futuro a outros órgãos abdominais e também o câncer de mama. segundo Gangi. De acordo com Albert Gelet. urologista do hospital de Lyon (Centro-Leste), o tratamento focal da próstata constitui uma boa alternativa para cânceres medianamente agressivos.
Até poucos anos atrás, o tratamento padrão era a ablação cirúrgica total da próstata, com seu corolário de efeitos indesejáveis (perda de urina e transtornos de ordem sexual). "Com o tratamento focal, reduz-se a toxicidade no trato urinário e sexual", disse Gelet. embora admita carecer de resultados de curto prazo. Em 2015, começará um estudo na França para avaliar tratamentos contra o câncer de próstata por meio do ultrassom focado.
O outro interesse destas técnicas é que não excluem recorrer a tratamentos clássicos - cirurgia e radiação se o câncer se tornar mais agressivo. Segundo Gelet. cerca de 20% dos cânceres de próstata poderiam ser tratados desta forma no futuro.
Outra inovação suscetível de melhorar sensivelmente a sobrevivência de alguns pacientes com câncer de estômago ou cólon consiste em combinar a cirurgia com a quimioterapia líquida na cavidade abdominal entre 42°C e 43°C.
A técnica tem o nome de CHIP (quimioterapia hipertérmica intraperito-neal) e é usada há vários anos na França em pacientes que têm metástase no peritõnio. com taxa de sobrevivência de cinco anos em 16%. contra 0% entre aqueles que não fizeram o tratamento, disse OlivierGlehen. um dos especialistas do hospital Lyon


Raia Drogasil gasta menos e lucra mais
07/11/2014 - Valor Econômico


A Raia Drogasil, maior grupo varejista de farmácias do país, registrou aumento de vendas num ritmo superior ao de seus custos de vendas e de suas despesas operacionais no terceiro trimestre. Como efeito, tanto o lucro bruto, quanto o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) cresceram 21,3% e 94,2%, respectivamente. O lucro líquido subiu três vezes e meia, para R$ 67,9 milhões de julho a setembro.

Para 2015, a varejista não vê riscos maiores ao negócio. O setor cresceu 13,21% até setembro, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias. "Nossa vida não passa por questões econômicas ou políticas. Nosso crescimento não depende disso", afirmou Eugênio De Zagottis, diretor de relações com investidores e de planejamento corporativo. "Este é um setor estável e resiliente e depende, basicamente, de maior envelhecimento da população. Mantemos previsão de 130 inaugurações para 2015, número já registrado em 2013 e que deve ser atingido também em 2014".

De janeiro a setembro, foram inauguradas 80 drogarias, e 50 estão programadas até dezembro. O número é superior às 41 aberturas do último trimestre de 2013, e equivale a uma inauguração a cada dois dias. "Os pontos estão na nossa mão, não vejo problemas para inaugurá-los, e já tivemos fim de ano com mais aberturas", disse.

Segundo dados publicados ontem, a receita líquida de julho a setembro subiu 18,3%, para R$ 1,92 bilhão, e com expansão menor, de 17%, no custo das mercadorias vendidas - o que levou a uma alta de 21,3% no lucro bruto, para R$ 548,2 milhões.

Ao se descontar do lucro bruto as despesas operacionais - que se expandiram 7,8%, índice inferior ao de 2013, quando a empresa enfrentava processo de reestruturação, após a fusão das redes - o valor do Ebitda cresce 94,2%, para R$ 137,2 milhões. Na última linha, o lucro líquido atinge R$ 67,9 milhões, alta de 265%, "em função das melhorias operacionais e financeiras e de uma redução drástica no montante das despesas não recorrentes", relativas a custos com integração da Raia com Drogasil, que se uniram em 2011.

O lucro líquido ajustado, que desconsidera as despesas não recorrentes, relativas a custos com integração de Raia e Drogasil, foi de R$ 80,5 milhões de julho a setembro, um incremento de 88,8%. A margem bruta atingiu 27,5% crescimento de 0,7 ponto percentual, em parte, reflexo de melhores negociações de compra e "mudanças de precificação", que inclui reajustes em certas praças.

A empresa destacou que recebeu uma "ajudinha" com menor despesas em folha de pagamentos no terceiro trimestre, disse Marcílio Pousada, presidente da companhia, fato que não deve se repetir nos próximos trimestres. "Tivemos um ritmo mais lento de contratações dos funcionários de loja em julho e em agosto, e isso deve voltar a patamares normais".

A soma total de estoques atingiu R$ 1,26 bilhão em setembro, 33% acima de setembro de 2013. "Estávamos com estoque mais baixo no ano passado", disse o diretor. A soma ainda cresceu por causa da cobrança de ICMS sobre o valor dos estoques, decorrente de uma mudança no regime de substituição tributária no setor.

"Começamos a nos beneficiar da fusão", diz Zagottis, referindo-se a ganhos de sinergia em áreas menos tangíveis, como atendimento. Há alguns trimestres, os ganhos de sinergia se davam na administrativa ou na de compras.

 

Pesquisa e desenvolvimento 

 

Vacina de hepatite C será testada em humanos
07/11/2014 - Estado de Minas

A recente aprovação de medicamentos antivirais para a hepatite C pelas principais entidades de regulação sanitária do mundo oferece novas opções de tratamento, mas a lacuna de uma vacina efetiva para o combate de novas infecções se mantém aberta e é alvo de intensa pesquisa. Cientistas da Universidade de Oxford (EUA) anunciaram esta semana o teste clínico inicial em humanos do que pode ser o primeiro imunizante contra a doença, que atinge 150 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A estratégia foi bem-sucedida no teste de segurança e parte para a segunda etapa, que comprovará a efetividade da imunização em um número maior de indivíduos. Novos resultados são esperados para o próximo ano.
Publicado esta semana na revista científica Science Translational Medicine. o estudo é considerado o primeiro grande experimento de eficácia e segurança de uma vacina profilática contra o vírus da hepatite C. O imunizante desenvolvido pela equipe liderada por Eleanor Barnes induz uma resposta mais intensa das células T. essenciais para o controle virai. Estudos anteriores em roedores e humanos mostraram que essas células têm um papel crítico no controle da infecção.
"Essa é uma forma relativamente nova de desenvolver vacinas. Normalmente. as existentes induzem anticorpos de catapora ou de rubéola, por exemplo", diz Barnes. Em uma série de patógenos. como o da hepatite C e o HIV. porém, essa estratégia simplesmente não dá certo. O pesquisador explica que isso acontece porque os anticorpos funcionam ao ter como alvo a parte de fora de um vírus. Mas. para o HIV e a hepatite C. essa é uma região muito variável. A estratégia de células T consegue atingir uma parte do vírus que é mais conservada. "A forma como estamos fazendo isso é usando vetores de adenovírus que foram de sativados geneticamente e. por isso. não podem se reproduzir." O adenovírus é o causador da gripe comum, à qual a maior parte dos seres humanos foi exposta A nova vacina tira um componente do adenovírus e insere nele parte do vírus da hepatite G Um dos problemas nessa estratégia reconhecido pela equipe é justamente o fato de a maior parte das pessoas já ter tido contato com ele - ou seja. há uma imunidade natural do organismo contra o patógeno. Para resolver essa situação. os pesquisadores usaram adenovírus de chimpanzés. "A quantidade de célulasT derivadas dali foi ainda maior que na primeira vacina", diz Barnes. Essa explosão imune é o diferencial da vacina. "Alcançamos uma resposta de milhares enquanto, até então. eram. vistas apenas centenas." TRATAMENTO CARO Para Barnes, mesmo com o surgimento de novas e mais efetivas medicações, a necessidade de uma vacina se mantém. "Muitas pessoas devem ter ouvido falar recentemente que as novas drogas são maravilhosas e estão mudando o campo, mas o problema com elas é que são muito caras", argumenta. Segundo o pesquisador, os preços variam entre 30 mil libras esterlinas. no Reino Unido, e por volta de USS 18 mil nos Estados Unidos, por paciente. Outro obstáculo a ser ultrapassado são as longas semanas de tratamento.
"Elas também não protegem contra a reinfecção e podem estar associadas, em alguns cenários, com a resistência virai. A vacina, ao contrário, pode proteger o paciente com uma ou duas doses para o resto da vida", compara. Segundo o diretor do Departamento de DST. Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, quanto mais próximo a comunidade científica estiver da vacina, mais próximo estaremos da erradicação da doença. "Se hoje a gente pode falarem eliminação da hepatite A é por causa da vacina que introduzimos em 2014. assim como podemos falar de eliminação da hepatite B devido a uma vacina introduzida há 17 anos." Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico precoce e até mesmo a estimativa real de pacientes atingidos pela hepatite C são complicadores de uma política pública de combate.
Até este semestre, a indefinição de um perfil da hepatite C no Brasil era motivo de grande angústia, pois a notificação da doença é muito precária. A enfermidade tem muitas fases e. do momento da contaminação até a manifestação clínica, a demora é de 30 anos. em média. As chances de captar o paciente antes da manifestação clínica são pequenas. Muitas vezes, é descoberto o câncer hepático ou a cirrose, sem que seja identificada a causa inicial de todo o problema. "Os dados apontam para pelo menos 1.4 milhão de pessoas infectadas no Brasil. Basicamente, nos trouxe uma luz que a população-chave é aquela acima de 49 anos. na qual temos que intensificar o diagnóstico e os exames laboratoriais". complementa Mesquita.

 



Saúde


País enfrenta falta de teste para tuberculose
07/11/2014 - O Estado de S.Paulo

O Brasil enfrenta a falta de teste para diagnóstico de tuberculose latente, aquela em estágio inicial, em que o paciente é assintomático.
O problema ocorre porque o laboratório produtor dos kits, na Dinamarca, foi vendido e interrompeu a fabricação.
O governo brasileiro foi avisado no primeiro semestre, quando fazia a encomenda para o período de 2014/2015.
O Ministério da Saúde está discutindo as alternativas: a compra de testes mais caros para grupos vulneráveis ou a transferência de tecnologia para fabricação nacional. Já há falta doskits nos Estados. A tuberculose é a quarta causa de morte entre as doenças infecciosas.
Em 2013, 71.123 novos casos foram registrados e 4.406 pessoas morreram.
O teste tuberculínico ou PPD (derivado de proteína purificada, na sigla em inglês) é um exame subcutâneo em que uma fração do bacilo de Koch, bactéria causadora da tuberculose, é injetada no braço. Se houver reação, indica que o paciente foi infectado.
Ele ainda está assintomático e não transmite a doença.
Nesse caso, inicia-se o tratamento preventivo, com apenas um medicamento–a tuberculose ativa é tratada com um coquetel de remédios.
O exame é indicado para menores de 5 anos, que morem com pessoas contaminadas; para pacientes com baixa imunidade (HIV positivo ou portadores de doenças inflamatórias autoimunes, como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, que serão tratados com medicamentos imunossupressores); e profissionais de saúde. Em Estados como São Paulo e Rio, os kits acabaram em junho.
“Esse não é um problema do governo brasileiro. Há dinheiro para comprar, mas não há quem venda. Tanto o Statens Serum Institut, da Dinamarca, quanto a Sanofi suspenderam a fabricação.
Agora, é discutir o que fazer, como substituir”, disse Margareth Dalcolmo,pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e integrante do comitê técnico que assessora o Ministério da Saúde.
“A recomendação do Ministério da Saúde em caso das crianças é radiografá-las. Se não estiverem doentes, e conviverem com pessoa com tuberculose, deve-se iniciar o tratamento profilático”, explica ela, para quem, no caso de pacientes com HIV e doenças inflamatórias autoimunes, a “decisão é mais complexa”. “Para esses grupos de maior risco, sem dúvida seria desejável que tivéssemos acesso ao PPD ou a outros tipos de testes.” Nos Estados Unidos, o PPD foi substituído pelo Igra (ensaios de detecção de interferon gama em sangue, na sigla em inglês), exame mais caro, o que dificulta a compra em larga escala.“Esse exame está disponível em laboratórios privados. É caro. Há a sugestão de que testes Igra sejam incorporados ao Programa de Controle da Tuberculose, mas isso depende de estudos econômicos.
Outra sugestão é que a tecnologia de produção do PPD seja transferida para algum laboratório brasileiro”, afirmou.
O presidente da Sociedade de Pneumologia do Rio de Janeiro, Domenico Capone, criticou a demora por uma solução. “Esse rastreamento é fundamental porque dá o panorama da tuberculose e ajuda a excluir outras doenças. A resposta do Ministério da Saúde precisa ser rápida”, defendeu.
Outro lado. Em nota, o Ministério da Saúde afirma que o teste PPD “é um exame complementar aos principais métodos de diagnóstico laboratorial da doença, que são o baciloscopia, exames clínicos e de raioX”. Segundo a pasta, “a rede pública está abastecida com estes diagnósticos.
Além disso, o Brasil já oferece o teste rápido de tuberculose, sendo um dos primeiros do mundo a implementar este método de diagnóstico. A falta do exame PPD é mundial”.

 


Fatalidades explicadas
07/11/2014 - Valor Econômico

Estimativas recentes apontam os erros médicos como a terceira causa de morte nos Estados Unidos, atrás de doenças cardíacas e câncer. A cada ano, considerando-se as estatísticas mais conservadoras, esses equívocos são responsáveis por entre 210 mil e 440 mil mortes. Os números foram citados por Marty Makary, cirurgião especializado em aparelho digestivo do Johns Hopkins Hospital, em palestra sobre qualidade e segurança dos pacientes no 1º Fórum Medicina do Amanhã, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Autor do best-seller "Unaccountable - What Hospitals Won't Tell You and How Transparency Can Revolutionize Health Care" (Sem prestar contas: o que os hospitais não vão contar a você e como a transparência pode revolucionar a assistência médica, de 2012, sem edição no Brasil), Makary recomenda a transparência e o monitoramento da prática médica como poderosos antídotos contra o risco de erros não intencionais.

Nos bastidores dos hospitais mais modernos dos Estados Unidos, segundo Makary, contam-se inúmeros episódios de cirurgias e procedimentos desnecessários que levam a complicações evitáveis, descuidos básicos que propagam infecções, arrogância que não admite uma segunda opinião sobre determinado procedimento e impede o trabalho em equipe e uma enorme variação entre as formas de tratamento adotadas para um mesmo tipo de problema, como no caso de um médico que prescreve uma cirurgia cardíaca complexa, enquanto outro receita, para o mesmo paciente, apenas uma aspirina.

De acordo com Makary, estudo feito no ano passado com 2 mil médicos, nos Estados Unidos, revelou que cerca de um terço dos procedimentos realizados é desnecessário. A pesquisa também mostrou respostas à pergunta: os médicos são mais propensos a fazer algo desnecessário se lucrarem direta ou indiretamente com isso? Responderam "sim" 52% dos pacientes dos hospitais, 23% dos estudantes de medicina e 73% dos médicos pesquisados.

Essa situação começa a mudar com medidas como tornar pública a taxa de reinternação de todos os hospitais americanos. "A média nacional caiu drasticamente porque a métrica utilizada foi endossada pelos médicos", disse Makary. Outra medida foi divulgar a relação de médicos americanos e os desfechos do atendimento de seus pacientes. "É a revolução da transparência. Em vez de fazermos mais cirurgias, vamos fazer melhores cirurgias." Em entrevista ao Valor, Makary disse que o Brasil também caminha nessa direção e elogia o programa Segunda Opinião, do hospital Albert Einstein, em que um médico especialista avalia determinado caso e emite uma segunda opinião sobre diagnóstico, escolha de tratamento, gravidade da doença e outros aspectos do tratamento. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor:
O senhor cita em seu livro efeitos colaterais indesejáveis da medicina moderna nos Estados Unidos. O senhor tem informações similares sobre outros países, como o Brasil?

Marty Makary:
Os problemas que vemos no sistema de saúde dos Estados Unidos são universais. Quando nos reunimos, como médicos, como cirurgiões, em hospitais como aqui no Brasil, descrevemos as mesmas questões. Nós todos fazemos esse tipo de observações.

Valor:
O senhor se diz otimista com relação à evolução dessas questões no sistema de saúde americano. É também otimista com relação a outros países?

Makary:
Sim, sou bastante otimista sobre o futuro dos sistemas de saúde. Em parte, porque os médicos estão assumindo um papel de liderança na melhora da qualidade [da assistência médica], em parte porque os pacientes agora estão exigindo conhecer as opções existentes, conhecer o desempenho do médico no hospital. E, como qualquer livre mercado, qualquer setor da sociedade ou qualquer negócio, pacientes e empresas seguradoras querem saber se estamos indo bem, querem saber o que é de fato sucesso e o que é de fato fracasso. Os pacientes dizem: "Vamos escolher nosso hospital baseados na sua taxa de cirurgias cesarianas, na taxa de infecção hospitalar, se oferecem ou não cirurgias minimamente invasivas".

Valor:
Vamos poder escolher também nossos médicos, dentro de um hospital?

Makary:
Sim. Acho que os pacientes estão começando a fazer perguntas que nunca fizeram antes. Meus pacientes me perguntam: "Você conhece a nova forma de se fazer esta cirurgia?" Antes, diriam: "Doutor, faça o que o senhor achar melhor". Agora, dizem: "Ouvi falar disto. O senhor vai fazer isto?" Acho que os pacientes estão se sentindo com mais poderes, porque se tornaram mais informados e também porque talvez tenham um histórico de frustração com a cultura médica.

Valor:
A internet e o Google também tiveram papel importante nesse processo?

Makary:
Sim. O Google é bastante preciso sobre informações médicas. Fizemos um estudo sobre o Google e descobrimos que as informações são em geral bastante precisas, quando você digita palavras médicas. Mais de 90% das informações que o Google dá nas primeiras três posições são muito precisas.

Valor:
Como evitar as situações relatadas em seu livro, encontradas em um hospital moderno?

Makary:
Acho que as pessoas que cuidam dos pacientes, enfermeiros e médicos, sabem qual a melhor maneira de melhorar a qualidade [do atendimento médico]. Historicamente, muitos deles diziam: "Ninguém nunca pediu nossa opinião". Agora, enfermeiros e médicos assumiram a liderança e decidem: "Vamos nos reunir uma vez por semana, ou uma vez por mês, e discutir o processo pelo qual os pacientes chegam a nosso hospital. Vamos mudar a experiência do paciente". Estamos em uma época estimulante, porque a comunidade médica não está apenas reagindo ao movimento de segurança do paciente, mas lidera esse processo. Em quase todo hospital você tem um chefe de qualidade, que busca melhorar a qualidade. Você tem pequenos grupos que discutem como melhorar a qualidade do atendimento e pacientes tornam-se mais engajados na questão da assistência médica. Trata-se de uma nova era, com mais transparência.

Valor:
Uma nova cultura?

Makary:
Sim, uma nova cultura de transparência em medicina. Quando sentei para escrever o livro, poucos anos atrás, essas ideias eram controversas. Agora, são aceitas. Este será o futuro.

Valor:
Qual sua avaliação, nesse contexto, sobre a medicina no Brasil?

Makary:
O Brasil tem dado importantes passos em direção à transparência e acho que nós, nos Estados Unidos, podemos aprender com alguns dos programas adotados no Brasil, principalmente neste hospital [Albert Einstein], como o programa Segunda Opinião. É um programa muito bom, que oferece mais opções aos pacientes e que pode reduzir o desperdício com cirurgias desnecessárias e conseguir melhores resultados para o paciente.


Ministério da Saúde tentará manter teto a doador de medula
07/11/2014 - O Globo

O Ministério da Saúde pretende recorrer das decisões da Justiça que derrubam o teto de doadores da medula em Franca (SP) e em Goiás. De acordo com o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do ministério, Heder Murari Borba, as ações movidas na Justiça “são eivadas de boa índole”, mas não fazem sentido do ponto de vista técnico. Como O GLOBO mostrou ontem, o ministério limitou a 400 mil por ano o número de novos doadores no cadastro dos bancos de medula para tentar conter o excesso de exames de compatibilidade. Hoje, há 3,5 milhões de potenciais doadores no país.

— O nosso é o maior banco público do mundo. O alemão e o americano são privados. O teto visa a qualificar os doadores. Geneticistas dizem não adiantar buscar doador de forma aleatória — diz Borba.
O coordenador reconhece que o tempo de espera é longo e diz que o ministério anunciará medidas nos próximos dias a fim de melhorar o sistema. Para ele, o mais importante é regular os leitos e ampliar o atendimento, e essas ações devem contemplar isso. Em 2015, a previsão é que o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea identifique, do ponto de vista genético, quais regiões precisam de ampliação do teto de doadores.
— É preciso fazer buscas em regiões onde há pares genéticos raros — afirma.


 

 

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