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Medicamentos
Canadense acelera tentativa de compra da fabricante de Botox 28/10/2014 - Folha de S.Paulo O laboratório farmacêutico canadense Valeant elevou para US$ 60 bilhões sua oferta pela americana Allergan, fabricante do Botox, na maior batalha do ano por uma aquisição no setor. O principal executivo da Valeant, Michael Pearson, disse que o grupo canadense está "preparado para oferecer US$ 200 por ação", 8% acima do preço da americana no fechamento do mercado na sexta. A batalha pela Allergan se tornou a mais duradoura e complexa dentre as várias que ocorreram neste ano no setor farmacêutico. Agora que a oferta da Abbvie pela Shire fracassou e que as chances de a Pfizer fazer uma nova oferta pela AstraZeneca diminuíram, este passa a ser o maior negócio em potencial para o setor em 2014. A nova oferta da Valeant acompanhou a divulgação pela Allergan de lucros acima das expectativas no terceiro quarto, com vendas recordes. "Vimos seguindo esta companhia por um longo tempo e não nos lembramos de um desempenho tão positivo", afirmou o setor de análises do UBS, em nota. A Allergan, por seu lado, afirmou que a oferta da Valeant foi "uma tática para distrair investidores de seus resultados impressionantes no terceiro quarto". A fabricante do Botox tem resistido fortemente à tentativa de compra da Valeant, que tem o apoio do investidor "ativista" Bill Ackman --que, por meio da Pershing Square, é o maior acionista do laboratório americano, com 10%. O objetivo de Ackman é fechar o apoio ao negócio até a próxima assembleia de acionistas, em 18 de dezembro. Pesquisa e desenvolvimento
Saúde
Atleta barrada luta para manter o próprio corpo 28/10/2014 - Folha de S.Paulo Dutee Chand adora seus longos cabelos escuros, normalmente presos num rabo de cavalo, e os bíceps tonificados que ela gosta de exibir com camisetas regatas. Ela acredita que o corpo em que nasceu a torna a mulher que é hoje, aos 18 anos. Mas, em meados deste ano, Chand, campeã indiana dos 100 metros rasos na categoria até 18 anos, foi barrada em uma competição feminina. Ela tem uma condição denominada hiperandrogenismo, e o seu corpo produz níveis tão elevados de testosterona que a colocam na faixa normal masculina, aos olhos do atletismo internacional. Cumprindo uma norma da Federação Internacional das Associações de Atletismo, o órgão responsável pelas corridas, a Federação de Atletismo da Índia só permitirá que Chand compita se reduzir seus níveis de testosterona abaixo da faixa masculina. Ela pode fazer isso com medicamentos ou cirurgia. Sua resposta? "É errado ter de mudar o corpo para participar de esportes. "Não vou mudar por causa de ninguém." No mês passado ela entrou com um recurso no Tribunal Arbitral do Esporte, na Suíça. "É como em algumas sociedades. Costumavam cortar a mão de pessoas que roubavam", disse Chand sobre a ideia de alterar medicamente o seu corpo. "Sinto que esse é o mesmo tipo de norma primitiva, antiética. Vai longe demais." A situação de Chand pôs em evidência uma das questões que causam mais perplexidade nos esportes e na sociedade: que não há nenhum método incontestável para estabelecer uma linha entre masculino e feminino. Entidades olímpicas decidiram fixar um limite para testosterona, porque é sabido que ela aumenta a força e a massa muscular, ajudando o corpo a se recuperar dos treinos. "Nós arranjamos uma solução imperfeita, mas não existe uma forma fácil de contornar essa questão", disse Eric Vilain, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que contribuiu para a definição da política do Comitê Olímpico Internacional. "A outra solução é a mistura dos gêneros nas competições, e isso não seria justo para as mulheres." Um estudo recente sobre mulheres competindo no Mundial de Atletismo de 2011 constatou que 7 em cada 1.000 tinham hiperandrogenismo, e algumas mesclavam características anatômicas femininas e masculinas. Isso é 140 vezes mais do que o estimado na população em geral. Durante a fase de apelação, Chand permanecerá num limbo, temendo que seu sonho de infância seja inviabilizado de vez. Filha de tecelões que ganham cerca de US$ 8 por semana, Chand tinha uns 4 anos quando começou a acompanhar um dos seus seis irmãos nos treinos. Aos 10, treinava em um programa nacional, enviando dinheiro de premiações para casa. Com essa ajuda seus pais se mudaram de um casebre de barro de dois cômodos para uma casa de quatro cômodos. Ela aspirava a disputar Olimpíadas e havia sido selecionada para os Jogos da Commonwealth, em julho, quando foi retirada da equipe. Aparentemente, um dirigente ou competidor do Campeonato Asiático Junior de Atletismo, que aconteceu em junho e no qual Chand ganhou duas medalhas de ouro, solicitou que ela fosse submetida a um exame. Os médicos a cutucaram e apalparam, colheram seu sangue e a submeteram a um exame de ressonância magnética. Depois que o nome de Chand foi removido da lista da delegação indiana, Payoshni Mitra, ativista que pesquisa a questão dos gêneros no esporte, localizou Chand e explicou o que estava acontecendo com ela. Ela pediu a Chand que não consentisse de imediato com os medicamentos ou a cirurgia, e sugeriu que ela entrasse com um recurso sobre o seu caso. Os simpatizantes de Chand convenceram a Autoridade Esportiva da Índia a apoiar o recurso dela. Mais importante ainda, eles provavelmente pouparam Chand de uma dor incalculável. Outras não tiveram tanta sorte. Quatro atletas mulheres nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, foram denunciadas e tiveram o diagnóstico comprovado de que tinham características anatômicas mistas, masculinas e femininas. Elas acabaram fazendo cirurgia para remover testículos. Mas um estudo publicado no ano passado mostrou que essas atletas também se submeteram a procedimentos médicos que nada tinham a ver com a diminuição dos níveis de testosterona para fins esportivos: a redução do tamanho dos seus clitóris, cirurgias plásticas feminilizantes e terapia de reposição de estrógeno. "Não sabemos o que disseram a essas mulheres", afirmou Katrina Karkazis, pesquisadora de bioética na Universidade Stanford, na Califórnia. Ela acrescentou: "Pelo menos desta vez nós chegamos até a atleta antes que fosse feita qualquer intervenção, e poupamos uma pessoa dessa mentalidade colonial". Chand disse que, se perder o recurso, tentará a carreira de treinadora. Mas ela ainda não desistiu. Recentemente, ela assistiu ao documentário obre Caster Semenya, uma corredora sul-africana que foi banida e readmitida depois de ser forçada a se submeter a um humilhante teste de gênero em 2009. Chand foi tomada por emoções. "Veja, não estou só", disse ela. Santa Casa nega que tenha jogado feto e material humano em terreno 28/10/2014 - Folha de S.Paulo DE RIBEIRÃO PRETO - A Santa Casa de Franca negou nesta segunda-feira (27) que tenha feito descarte ilegal de material biológico cirúrgico, como feto e mamas. Na última terça-feira (21), uma criança de dez anos encontrou supostos tecidos humanos e um feto num terreno público de Patrocínio Paulista. Os materiais estavam em potes de plástico e de vidro com etiqueta com o logotipo da Santa Casa de Franca. O material foi encaminhado ao IML de Franca e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Cetesb (companhia ambiental do Estado de SP). A Santa Casa informou que os potes podem ser remanescentes de lote enviado para coleta de exames na Santa Casa de Patrocínio Paulista e que, possivelmente, foram utilizados após a rescisão do contrato entre os dois hospitais. Cientistas tentam conter temores sobre o ebola 28/10/2014 - Folha de S.Paulo A notícia de que uma enfermeira com traje protetor completo foi contaminada pelo ebola levantou questões perturbadoras. O vírus teria evoluído para algum tipo de agente superpatogênico? Poderia em breve se transformar em algo ainda mais aterrorizante? Biólogos evolucionistas em geral estão de acordo sobre as respostas a essas perguntas: não para a primeira; e provavelmente não para a segunda. O vírus ebola que assola a África ocidental hoje não é fundamentalmente diferente dos tipos que provocaram os surtos anteriores, dizem. E é muito improvável que uma seleção natural dê ao vírus a capacidade de se espalhar mais facilmente, especialmente tornando-o transmissível pelo ar. "Fiquei consternado com algumas especulações sem sentido que existem por aí", disse Edward Holmes, da Universidade de Sydney, na Austrália. O vírus foi descoberto apenas em 1976. E só agora os cientistas começaram a responder algumas das questões mais importantes sobre o assunto. No mês passado, por exemplo, Derek Taylor, da Universidade de Buffalo no Estado de Nova York, e seus colegas publicaram provas de que o vírus ebola é extremamente antigo, tendo surgido a partir da divisão de outras linhagens virais há pelo menos 20 milhões de anos. A pesquisa de Taylor sugere que, durante a maior parte daquele período, variantes do ebola infectaram roedores e outras espécies de mamíferos. Em 1976, o vírus se espalhou entre seres humanos. E, de tempos em tempos, um novo surto aparece em diferentes partes da África Central. Cada um deles foi causado por um descendente da linhagem de 1976, de acordo com uma nova pesquisa realizada por Andrew Rambaut, da Universidade de Edimburgo. Biólogos evolucionistas dizem que, embora o vírus ebola esteja em mutação à medida que se espalha, não há evidência de que isso seja a causa da grande dimensão do surto. "É muito mais plausível que a diferença seja o fato de ele agora ter penetrado em uma população humana diferente", disse Rambaut. Enquanto a atual epidemia se espalhar, o vírus continuará em mutação. Pardis Sabeti, geneticista da Universidade Harvard, disse que é vital acompanhar a evolução das mutações no ebola. De outro modo, uma vacina experimental poderia atacar uma versão anterior do vírus. Seria um erro, alertou Holmes, imaginar que com uma única mutação o ebola poderia se tornar um agente patogênico transmissível pelo ar. "O vírus está se saindo muito bem atualmente", disse Holmes. "Então teria que ser benéfico para o vírus dar esse grande salto." A história antiga do ebola indica que podemos nos deparar com mais primos dele no futuro. Essa temível linhagem viral pode ter dado origem a muitos ramos evolutivos durante dezenas de milhões de anos, disse Holmes. Fiocruz avança na tecnologia para vacina 28/10/2014 - O Estado de S.Paulo Dois pesquisadores da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, criaram um método para desenvolver vacinas contra diversas doenças. Essa tecnologia está sendo usada para buscar imunizadores contra a doença de Chagas e a aids e,n ofuturo, poderia até ser usada contra o Ebola. A base do método é a vacina contra a febre amarela, usada desde 1937. Como outras, ela previne a infecção usando vírus vivos atenuados, capazes de se multiplicar no organismo do paciente, mas incapazes de provocar a doença. A partir do contato com esses vírus inofensivos, as células de defesa do paciente aprendem a reconhecer o causador da doença e ficam prontas para uma infecção. Os pesquisadores Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Ricardo Galler, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos(Bio-Manguinhos/ Fiocruz),inseriram genes de outros micro-organismos no material genético dos vírus usados na vacina contra a febre amarela. Assim, criaram “vírus recombinantes”, capazes de “ensinar” as células de defesados pacientes a reconhecer, além da febre amarela,uma outra infecção. Uma das pesquisas que usa esse novo método se refere à aids e é liderado pelo cientista David Watkins, da Universidade de Miami. O processo para registrar a patente do método como invenção brasileira foi iniciado em 2005 e encerrado em setembro nos Estados Unidos. Segundo Myrna, a metodologia pode ser usada contra diversas doenças. Há estudos, por exemplo, sobre o parasita Trypano soma cruzi, causador de Chagas. |