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Medicamentos
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Tentativa do Congresso de liberar emagrecedor não atingiu a Anvisa 20/10/2014 - Folha de S.Paulo De saída da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) após seis anos como diretor --quase quatro deles como presidente--, Dirceu Barbano, 48, avalia que "ficou ruim para o Congresso" e não para a agência a recente tentativa dos parlamentares de suspender o veto da Anvisa aos emagrecedores. No início de setembro, o Congresso suspendeu o veto a três inibidores de apetite definido pela Anvisa em 2011. Ainda no mês passado, a agência conseguiu reverter a liberação com outras normas. Essa experiência mais a ações da indústria tabagista contra o veto da Anvisa aos aditivos que dão sabor ao cigarro --medida até agora suspensa pela Justiça-- geraram um "aprendizado", segundo ele. "Precisamos ter muito embasamento técnico-científico para tomar a decisão e uma leitura clara de quais são as forças que vão tensionar' contrariamente", afirmou Barbano à Folha. Folha - O que avançou na Anvisa durante sua gestão como diretor e presidente? Dirceu Barbano - A Anvisa, hoje, é uma instituição mais transparente e permeável à sociedade, com reuniões abertas, agenda regulatória, consultas públicas, audiência pública. A Anvisa aprendeu a ouvir mais. A agência assumiu que tem um papel fundamental na proteção da saúde das pessoas, mas ela também é uma agência com um viés econômico muito grande. São duas agendas que conseguem ser desenvolvidas sem dilema. Tomamos medidas olhando oportunidades de incentivar indústria. Em que não avançou? Precisamos melhorar muito a eficiência da agência em relação a prazos. Em relação ao tabaco, a Anvisa adotou uma medida importante, o veto aos aditivos de sabor, mas essa ação está suspensa pela Justiça. Fizemos tudo o que podíamos fazer em relação ao tabaco. Foram ações barradas não por dificuldades nossas, mas por questões externas. É importante a agência ter em mente que ela não existe sozinha no mundo, essas outras forças estão vivas, também agem. Gera um desgosto, claro, mas é assim. Houve também a tentativa de barrar o veto da agência sobre os inibidores de apetite. Essas situações comprometem a imagem da Anvisa? São circunstâncias diferentes. Estávamos banindo aditivos do tabaco com uma base científica bem distinta da que tínhamos para os anorexígenos --o universo de dados sobre os anorexígenos é mais abundante. Então, gerou [para o tabaco] uma fragilidade a ser explorada. Os dois casos tinham em comum que forças externas à Anvisa conseguiram barrar a norma, mas são duas circunstâncias que geram o aprendizado de que precisamos ter muito embasamento técnico-científico para tomar a decisão e uma leitura clara de quais são as forças que vão "tensionar" contrariamente às normas. A melhor forma de neutralizar isso é se basear em vastos dados científicos. Ainda assim, isso não é suficiente. O caso dos anorexígenos é um exemplo. Não imaginávamos que médicos, farmácias de manipulação e outras forças agiriam nem como agiriam. Fica uma imagem ruim para a agência pelo fato de ter uma norma suspensa? É pior para quem faz. A Anvisa, hoje, é uma agência que tem uma imagem que se equipara às agências americana, canadense, australiana, que são as maiores do mundo. Ficou ruim para o Congresso, não acho que ficou ruim para a Anvisa. Com sua saída, a diretoria ficará sem ninguém da área da saúde. Ficam dois advogados e dois economistas, até a próxima indicação. Isso pode fragilizar as decisões? É fundamental a presença de um profissional de saúde na diretoria colegiada da Anvisa. E acredito que o governo tem sensibilidade para isso. A agência, em si, não sofre muito, porque tem um corpo técnico altamente qualificado. Mas, em determinadas decisões, é necessário que a diretoria possa questionar as verdades absolutas dos técnicos. E, nesse momento, é que imagino que os diretores fiquem um pouco fragilizados. TARJA Pretinho básico 20/10/2014 - Revista da Folha Donata Meirelles, diretora de | ] estilo da "Vogue", postou no seu Instagram uma foto com as quatro opções de acessórios para sair. Quase 2.000 pessoas a ajudaram a escolher o modelito de capinha do celular: a do ansiolítico Frontal, a do tranquilizante Rivotril, a do anti-depressivo Prozac e a do barbitúrico anticonvulsivante, hipnótico e sedativo Gardenal. "Ganhei todas de presente. Elas fizeram muito sucesso em Paris [onde ela esteve até dias atrás para a semana de moda]", conta Donata. Os "skins", apelido do acessório, têm o fundo branco da caixa dos medicamentos, logomarca e até tarja preta com o aviso "0 uso deste medicamento pode causar dependência". Na rua 25 de Março, cada uma custa de R$ 8 a R$ 15, e se esgotam "antes das 14h", diz uma vendedora. Mas não é lá que mulheres abastadas vão comprar os seus. "Tem um moço que vende na avenida Brasil, a R$ 30 [cada uma]", explica a empresária Rita Gagnin. 0 revendedor atende no Instagram pelo apelido Ale Das Capas, tem 17.000 seguidores e fotos com famosos como a apresentadora Isabella Fiorentino. "Eu comprei dele a capa do Frontal e usei uns dias, mas desisti porque senão iam achar que eu usava remédio. E não uso", diz Rita. O precursor da moda medicamentosa na cidade atende pelo nome de Sérgio Kamalakian. Quatro anos atrás, o estilista tinha estampado marcas como Stilnox (para dormir) e Ritalina (para hiperativos) em almo-fadas, camisetas e copos da Sérgio K, sua grife. Vendeu "como água". "Recebi um processo da Anvisa e laboratórios produtores desses remédios para que as peças fossem tiradas de circulação." Desistiu de vender, mas fez um bolo em forma de Rivotril para seu aniversário. E diz se sentir um pouco perseguido: "Os outros a Anvisa não vai processar". A Anvisa avisa: quem vender produtos com estampa de medicamentos de uso controlado infringe uma lei e, se autuado, será multado em até R$ 1,5 milhão. Mas não quem usa. SP imuniza 43% contra HPV 20/10/2014 - DCI A segunda dose da vacina contra o HPV no Estado de São Paulo atingiu, desde 1º de setembro, 417,3 mil adolescentes, o que representa cobertura de 43,75% do público-alvo. No país, o índice médio é 31,54%. Os dados, divulgados na sexta-feira, 17, são da Secretaria estadual da Saúde. Segundo a secretaria, são necessárias três doses para a proteção efetiva. A vacinação da primeira dose atingiu 100% do público-alvo no estado paulista. "A infecção pelo HPV pode evoluir para câncer do colo do útero, quarta causa de morte por câncer no país. É fundamental que as adolescentes compareçam aos postos de saúde para tomarem a segunda dose da vacina", destaca Helena Sato, diretora de imunização da secretaria. A vacina tem eficácia superior a 95% e é distribuída gratuitamente em qualquer um dos 4,7 mil postos de vacinação do estado. O papilomavírus humano (HPV) é um vírus contagioso, transmitido por meio de contato com a pele ou mucosa infectada. Pesquisa e desenvolvimento
Mais conforto no dia a dia
Primeiro teste indica que espanhola com ebola está curada Médicos e pacientes subestimam risco de osteoporose em homens
Alzheimer: um olhar mais atento às famílias20/10/2014 - Folha de S.Paulo Uma pesquisa da Fundação Internacional de Osteoporose em 13 países indica que 73% dos homens não sabem que podem ser afetados pela doença, em geral associada a mulheres. No Brasil, o desconhecimento é de 90%. O levantamento também revelou que médicos tendem a perguntar 18% menos a respeito da saúde óssea para homens. No Brasil, a negligência com homens é 30% maior. A osteoporose, doença que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, costuma atingir pessoas acima dos 50. Para o diagnóstico é necessário um exame de imagem chamado densitometria óssea. Entre os fatores de risco para a doença em homens estão baixos níveis de testosterona, histórico familiar de fraturas, fumo e álcool, diz o reumatologista Cristiano Zerbini. Para a prevenção, são indicados atividade física, consumo de cálcio, vitamina D e sol. Já há remédios para fortalecer os ossos e impedir seu desgaste, "mas a indicação é individual, e cada paciente é estudado na consulta médica", afirma Zerbini. Câncer de mama é mais agressivo no Norte e no Nordeste 19/10/2014 - O Estado de S.Paulo Embora registrem menor número de casos de câncer de mama, as Regiões Norte e Nordeste são as que têm a maior incidência de tumores mais agressivos, revela estudo inédito divulgado pela Sociedade Brasileira de Mastologia, por ocasião do Dia Internacional Contra o Câncer de Mama, celebrado neste domingo, 19. Durante dois anos, os pesquisadores analisaram as características dos tumores de mama de 5.687 mulheres em todas as regiões do País. Eles foram divididos em cinco tipos, de acordo com o grau de agressividade, sendo o luminal A o menos agressivo e com maiores chances de cura e o triplo negativo o mais agressivo e com menos possibilidades de tratamento. O estudo mostrou que no Sul e Sudeste a incidência do tumor triplo negativo é de aproximadamente 14%, enquanto no Norte o índice sobe para 20,3% e no Nordeste e Centro-Oeste, vai para 17,4%. Já os tumores do tipo luminal A representam 30,8% dos casos relatados na Região Sul e 28,8% no Sudeste. A frequência desse tipo de câncer cai para 24,1% no Nordeste, 25,3% no Norte e 25,9% no Centro-Oeste. Segundo Filomena Carvalho, professora associada do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP e uma das autoras do estudo, as diferenças nas incidências dos diversos tipos de tumores, de acordo com a região do Brasil, mostram que o aparecimento de determinado câncer tem a interferência de questões raciais e ambientais. "Outros estudos internacionais já mostraram que mulheres afrodescendentes tendem a apresentar tumores de mama mais agressivos. No Norte e Nordeste, a taxa de população negra é maior. As condições climáticas, como o calor, também podem ser um fator que influencia nas mutações genéticas", diz ela, que integra a SBM e liderou o estudo ao lado do pesquisador Carlos Bacchi, diretor do laboratório Bacchi, de Botucatu. Moradora de Salvador, a farmacêutica Isabele Maiara de Oliveira e Silva, de 34 anos, descobriu o câncer de mama há pouco mais de um mês. Por causa da agressividade da doença, ela foi submetida à cirurgia de retirada do tumor e da mama 20 dias depois. Embora ainda esteja aguardando os resultados da biopsia, a principal hipótese é de que ela tenha o tumor do tipo triplo negativo. "Eu fazia ultrassom da mama todos os anos. Só não fazia mamografia porque, pela idade, ainda não tinha indicação. De um ano para o outro, esse tumor surgiu e, quando descobri, já tinha dois centímetros. Ele crescia muito rápido", conta ela, que agora terá de passar por quimioterapia e radioterapia. A analista de sistemas Denise Guedes Marques Amadeu, de 49 anos, de São Paulo, passou, há cinco anos, por processo similar ao de Isabele. "Tive de fazer a cirurgia, químio e radio. A sorte foi que descobri o tumor no começo, e o tratamento foi iniciado rapidamente", conta ela. Denise teve um tumor luminal A, o que tem as maiores chances de cura. "É bom as pessoas saberem que o diagnóstico de câncer de mama não é uma sentença de morte. E mesmo o trauma da retirada da mama pode ser minimizado com a cirurgia de reconstrução", diz. Prevenção. Para Filomena Carvalho, o estudo das diferenças geográficas dos tumores é importante para o estabelecimento de políticas públicas de prevenção e diagnóstico mais eficazes para cada contexto. "Embora a gente não saiba com certeza as causas dessas diferenças, elas devem nortear toda a estratégia de prevenção. No caso de regiões com maior incidência de tumores mais agressivos, o diagnóstico precoce é ainda mais importante", defende. 19/10/2014 - O Globo Incurável e degenerativa, a doença de Alzheimer afetará pouco a pouco a memória, a fala e os movimentos do corpo. Receber o diagnóstico pode ser impactante para o indivíduo. Mas e para as famílias? Desgastes físico, emocional e financeiro fazem parte da rotina delas por períodos que podem ultrapassar uma década. Hoje, além dos esforços no avanço em diagnósticos e tratamentos, especialistas que participaram dos Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, na última quarta-feira, chamaram a atenção para a necessidade de suporte aos familiares. E cobraram políticas públicas de governos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde ( OMS), pessoas com demência, entre elas o Alzheimer, custam US$ 604 bilhões por ano no mundo, incluindo gastos com cuidados de saúde, além da perda de renda de doentes e cuidadores. Gasto que aumentará com o número de doentes crescendo à medida que estendemos a expectativa de vida. O total de pessoas com demência no mundo em 2010 era estimado em 35,6 milhões. Poderão ser 65,7 milhões, em 2030, e 115,4 milhões, em 2050. — Alzheimer é um problema apenas da família? Não. O custo é alto e, estima-se, chegará a US$ 1,2 trilhão em 2050 no mundo. Então, esse é um problema que envolve o mundo todo — ressaltou o cardiologista Cláudio Domênico, curador do evento realizado na Casa do Saber O GLOBO. CENTROS DE CUIDADOS DURANTE O DIA SÃO OPÇÃO Onze países têm um Plano Nacional de Demência, entre eles Reino Unido, Coreia do Sul, EUA e Austrália. Não é o caso do Brasil, segundo relatório da associação “Alzheimer’s Disease International”. Esse plano inclui iniciativas como expansão do conhecimento sobre a doença e incentivo a diagnóstico precoce. Mas, também, apoio às famílias. Uma das políticas já em andamento é a criação de centros onde os pacientes passam apenas o dia, e lá têm cuidados médicos, fisioterapia, além de participarem de atividades lúdicas, como dança e música. — É como se fosse uma creche. O familiar vai trabalhar e volta para pegá-lo à noite. Esses centros de suportes são importantes e estão crescendo lá fora, especialmente nos EUA e na Europa — exemplificou Domênico. Mas são raridade no Brasil, diz a presidente da Associação de Parentes e Amigos das Pessoas com Alzheimer (Apaz), Maria Aparecida Guimarães: — O movimento está começando, mas de forma muito lenta, e nada ainda a nível de governo. Maria Aparecida lembra ainda que tramita no Congresso Nacional um projeto de lei ( 284/ 2011) para regulamentar a profissão de “cuidador de idoso”. E no governo do Rio foi aprovado projeto de lei (979/11) que estabelece normas para a atividade de cuidador, mas que ainda precisa ser sancionado pelo governador Luiz Fernando Pezão. — Há muita gente despreparada, negligente cuidando dos idosos. Estes projetos trazem regras para diminuir os excessos e estabelecer um currículo mínimo — explicou Maria Aparecida. Enquanto isto, parte da rotina de Héber Lacerda, já com 85 anos, é cuidar da irmã, Maria, de 91 e em estágio avançado de Alzheimer. Depois de meses com uma estrutura hospitalar montada em sua casa, a situação de Maria começou a piorar. Foi quando Héber resolveu interná-la no Hospital Placi, em Niterói, de cuidados paliativos, ou seja, voltado para pacientes com doenças degenerativas e terminais. Uma opção cara, que só se tornou possível por conta de um bom plano de saúde, já que são poucos os aceitos. Mesmo assim, dois cuidadores particulares se revezam na atenção à Maria no hospital. E Héber faz questão de visitá-la diariamente. — Não tínhamos mais condições de mantê-la conosco, a situação é muito difícil — contou a aposentada, ao lado do marido Erly Rubem, que ainda cuida de outros familiares adoecidos, mesmo aos 77 anos. Crises de labirintite, no caso de Héber, e uma cirurgia do coração, no de Erly, são problemas com os quais eles têm que lidar para além daqueles da família. — Temos que fazer muitos exames, mas conciliamos com a atenção a eles — comenta Erly. Se, na prática, são poucas as iniciativas de suporte aos cuidadores, o neurologista Sérgio Novis, membro da Academia Nacional de Medicina e professor de neurologia da UFRJ, apresentou, além de dados sobre tratamento e diagnóstico, formas de lidar com mais leveza com a doença. — Nunca devemos esquecer que o doente com Alzheimer não é um ser infeliz. Angustiados estamos nós de ver a tragédia — garantiu o neurologista. — Às vezes vemos pessoas cultas, importantes, reduzidas a uma situação infantilizada. É difícil. Mas ele não sofre com isso, nem está percebendo. Se é informado da doença, esquece em segundos. ACEITAR A DOENÇA É FUNDAMENTAL Novis aconselha que os cuidadores não sejam da família, como forma de evitar brigas e desgaste. — O doente faz cerimônia com o cuidador. Além disso, ele pode ser trocado se não der certo. A filha não — explica o neurologista, lembrando ainda que a angústia dos familiares pode atrapalhar o tratamento o doente. Para Novis, aceitar a doença é fundamental; não tentar ensinar o que ele não pode aprender, deixando para o profissional a reabilitação cognitiva. Só de uma coisa ele diz não abrir mão:— A atenção e o carinho como medidas terapêuticas são eficazes e fundamentais. Isso é absolutamente indispensável. Ebola. 18/10/2014 - Folha de S.Paulo Colunista: Drauzio Varella A atual epidemia causada pelo vírus ebola é perigosa e persistente. Desde que o vírus foi descoberto, em 1976, nenhuma outra se espalhou para fora do leste ou do centro da África nem provocou tamanha mortalidade. Esta, parece que surgiu no distrito de Guéckédou, na Guiné, no oeste africano, em dezembro de 2013, acometeu um número mais elevado de pessoas e já causou mais mortes do que a somatória de todas as anteriores. Em abril deste ano, a diminuição do número de casos na Guiné alimentou a esperança de que a epidemia fosse desaparecer como as outras, misteriosamente como veio, mas a disseminação nas áreas fronteiriças de Serra Leoa e Libéria frustrou as previsões. O aparecimento da doença em Lagos, na Nigéria, país que não tem fronteiras com Guiné, Serra Leoa ou Libéria, mostrou ao mundo que qualquer cidade com um aeroporto pode ser alcançada e que o potencial de disseminação é maior do que se imaginava: em Lagos vive mais gente do que nos três países citados. A doença tem início abrupto nos três a 21 dias subsequentes ao contágio. Do nada, surgem febre acima de 38,6ºC, mal-estar, dor de cabeça, dores musculares, articulares, no tórax, na coluna lombar, congestão das conjuntivas, inflamação da garganta e manchas avermelhadas na pele. Já nos primeiros dias aparecem os sintomas gastrointestinais: náuseas, vômito, dores abdominais e diarreia. Na fase final, 50% dos doentes apresentam hemorragias. Nos casos fatais, a sintomatologia inicial é mais intensa e a morte acontece entre os dias 6 e 16, por complicações hemorrágicas, septicemia e falência de múltiplos órgãos. Os índices de fatalidade variam de 30% a 90%, dependendo da região e dos recursos médicos. Nas pessoas que se curam, a melhora começa a ocorrer entre os dias 6 e 11. O diagnóstico é confirmado por exame de sangue realizado por duas técnicas diferentes (Elisa e PCR). Não existe vacina nem medicamentos contra o vírus. O tratamento procura corrigir a desidratação e o desequilíbrio entre os íons, manter a pressão arterial, controlar as dores e tratar as infecções bacterianas que se instalarem. Quem teve contato deve permanecer isolado por três semanas, tempo necessário para cobrir o período de incubação. A transmissão do vírus depende exclusivamente do contato direto com as secreções do doente (sangue, saliva, fezes, sêmen, suor, secreções vaginais e lágrimas) ou com superfícies contaminadas por elas. Como não existe possibilidade de transmissão pelo ar, quem esteve na mesma sala, no mesmo ônibus ou avião não corre risco. Lavar as mãos com água e sabão ou álcool rompe o envelope que circunda o RNA do vírus e protege contra a infecção. Desinfetar objetos e ambientes com água sanitária é medida prática, barata e eficaz. Os reservatórios naturais do vírus são os morcegos que se alimentam de frutas, mas macacos e porcos domésticos podem servir de hospedeiros intermediários. As epidemias, no entanto, são mantidas pelo contágio inter-humano. O vírus não costuma se disseminar rapidamente para grandes massas populacionais, como às vezes sugerem as notícias veiculadas pela mídia. Em média, cada pessoa infectada dá origem de um a três casos secundários, número pequeno quando comparado aos 14 a 17 casos secundários causados pelo vírus do sarampo na mesma região do oeste africano. O perigo com o ebola não está em sua virulência, mas na facilidade de transmissão. Uma única distração, tocar no paciente ou numa superfície manipulada por ele e levar a mão à boca, ao nariz ou aos olhos pode ter consequências devastadoras. A epidemia chegará no Brasil? Os vírus viajam no interior de corpos humanos desde os primórdios da humanidade, mas agora o fazem na velocidade dos jatos. É evidente que podem surgir casos isolados, mas uma epidemia autóctone brasileira é altamente improvável. Margareth Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde diz: "Muitos me perguntam por que o surto da doença causada pelo ebola é tão abrangente, tão grave e difícil de conter. Essas questões podem ser respondidas com uma única palavra: pobreza. Guiné, Libéria e Serra Leoa estão entre os países mais pobres do mundo". Os médicos só querem saber da pílula 20/10/2014 - Época Os médicos só querem saber da pílula | Mãe de três crianças, a carioca Elizângela Barbosa, de 32 anos, morreu em setembro num hospital de Niterói, no Rio de Janeiro. A causa da morte: aborto realizado numa clínica clandestina. Elizângela não tinha condições de cuidar de um quarto filho. Precisava voltar a trabalhar. O corpo da auxiliar administrativa Jandira dos Santos, de 27 anos, desaparecida em agosto, foi enterrado dias após a morte de Elizângela. Fora encontrado carbonizado dentro de um carro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Grávida de quatro meses, Jandira fizera o aborto em outra clínica ilegal. Tinha medo de perder o emprego por causa da gravidez, resultado de um relacionamento efêmero. A crueza das mortes chocou o país e reacendeu a polêmica sobre o aborto. Se o debate se arrasta por décadas e parece longe do fim, uma nova safra de pesquisas, nacionais e internacionais, sugere um caminho para reduzir as chances de que outras mulheres se exponham ao sofrimento - e ao risco de perder a vida - enfrentado por Elizângela, Jandira e outros milhões de brasileiras. Uma pesquisa da Universidade de Brasília estima que 20% das brasileiras fazem aborto durante a vida reprodutiva. Os novos estudos sugerem que con-traceptivos mais seguros do que a pílula, o método mais popular no Brasil, poderiam diminuir o número de gestações não planejadas. São três tipos de con-traceptivos: um implante sob a pele que libera hormônios para impedir a ovula-ção e dois tipos de dispositivos colocados dentro do útero, mais conhecidos como DIU. Eles contêm cobre ou hormônio. Tornam o ambiente intrauterino hostil ao encontro do espermatozoide com o óvulo. Considerados de longa duração, podem ficar no corpo entre três e dez anos (leia o quadro na página 86). Apesar das vantagens, são pouco usados no Brasil. Apenas 4,5% das mulheres usam DIU, e 0,4% implante. A pílula é o con-traceptivo preferido de 71,3% das brasileiras, segundo levantamento realizado a pedido do Ministério da Saúde em 2006. "A oferta de opções contraceptivas não está na quantidade e no alcance necessário, como mostra o número de mulheres que engravidam sem planejar", diz a epi-demiologista Maria do Carmo Leal, da Fundação Oswaldo Cruz. Uma pesquisa coordenada por ela revelou que 55% das gestações no Brasil não são planejadas. Um estudo publicado em agosto por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra que os métodos de longa duração são uma ferramenta importante para evitar abortos. O uso do implante subdérmico, do DIU de cobre e do hormonal poderia ter evitado entre 1.056 e 1.412 abortos, em quase 21 mil mulheres atendidas em dez anos no Hospital da Mulher, da Unicamp. "Esses métodos não dependem de que a mulher se lembre de usá-los, como acontece com a pílula. Por isso, são altamente eficazes", diz o ginecolo-gista Luis Bahamondes, coordenador do estudo. As mulheres atendidas na Unicamp também usaram uma injeção hormonal a cada três meses. Ela reduz a chance de esquecer de tomar o medicamento, mas não a elimina inteiramente. Estatísticas internacionais sugerem que 6% das mulheres engravidam se há falha no uso. A segurança oferecida pelos DIUs e pelo implante é maior. Entre 0,2% e 0,8% das mulheres engravidam com o DIU nas falhas como o deslocamento do dispositivo. Para o implante subeutâneo, a gravidez é menor: 0,05%. Com a pílula, chega a 9%. Quase uma em cada dez se há erro no uso. A impopularidade dos métodos de longa duração no Brasil começa pelo fato de apenas um deles - o DIU de cobre - ser distribuído na rede pública. O sistema intrauterino que libera hormônios e o implante subdérmico não fazem parte das opções oferecidas pelo Ministério da Saúde. Estão disponíveis apenas em consultórios particulares. O preço dos dispositivos, somado ao custo da colocação pelo médico, pode chegar a R$ 2 mil. A Agência Nacional de Saúde Suplementar determina que os planos de saúde cubram a colocação do DIU de cobre e do hormonal, mas não há exigência para cobertura do implante na pele. O oferecimento na rede pública aumentaria o acesso aos métodos de longa duração. "Já pedimos uma reunião com o Ministério da Saúde, para solicitar que sejam incluídos na política de planejamento familiar", diz Marta Franco Finotti, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Em nota, o Ministério da Saúde afirma que a inclusão de novos medicamentos na rede pública depende da comprovação da eficácia e do custo-benefício. A eficácia está estabelecida por dados acumulados desde o lançamento do DIU com hormônio, na década de 1990, e de implantes, nos anos 1980. O custo-benefício foi calculado num estudo divulgado no mês passado por um pesquisador da Universidade Prin-ceton, nos Estados Unidos, em parceria com uma consultoria de mercado e uma empresa farmacêutica, patrocinadora do estudo e produtora do DIU hormonal e de uma marca de implante. Segundo o estudo, o preço dos métodos de longa duração eqüivalem a quase três anos do gasto mensal com contraceptivos de curto prazo, como a pílula, nos EUA. Como duram entre três e cinco anos, o custo final é equivalente ou menor. Mesmo a existência do método de prevenção de longo prazo na rede pública não garante seu uso. É o que acontece com o DIU de cobre. Ele é distribuído pelo Ministério da Saúde, mas muitas mulheres reclamam que é difícil colocá-lo nas unidades básicas de saúde de seus municípios. "Quando procuram por esse método, são incentivadas a usar pílula ou preservativo", afirma a educadora Simone Ferreira, da organização não governamental S.O.S Corpo, de Pernambuco, que promove ações educativas para formar lideranças femininas no Estado. O problema não acontece só em municípios de Pernambuco. A dona de casa Gleiciane Mota, de 23 anos, tentou colocar o DIU de cobre em postos de saúde de duas cidades diferentes do Estado de São Paulo: na capital e em Campinas, no interior. Não conseguiu. Na primeira vez, em São Paulo, Gleiciane acabara de ter o primeiro filho, Dylan, hoje com 4 anos. A médica disse que não fazia o procedimento e que ela deveria esperar por outro profissional. A fila era tão grande que, com medo de engravidar, Gleiciane aceitou usar as injeções trimestrais de anticoncepcional. Em razão de efeitos colaterais, trocou para a pílula comum. Seis meses depois, estava grávida do segundo filho, Aaron, de 1 ano e meio. "Eu sabia que me esqueceria de tomar, por isso queria o DIU desde o começo", diz Gleiciane. Após o nascimento de Aaron, ela tentou colocar o DIU de novo, desta vez num posto de Campinas, onde mora atualmente. Também não conseguiu. A médica recomendou que ela pedisse a outra profissional. Ela estava de férias e, depois, saiu de licença. Gleiciane recorreu à Unicamp para colocar o DIU. A dificuldade enfrentada por mulheres como Gleiciane se deve, muitas vezes, menos à falta do DIU de cobre na unidade de saúde e mais ao despreparo dos profissionais. "Pode acontecer de o médico não se sentir seguro para fazer o procedimento, por falta de experiência ou porque contraria seus valores religiosos. Então, ele encaminha a paciente a outro profissional", afirma o gineco-logista Adalberto Aguemi, médico da prefeitura de São Paulo. A agenda apertada dos médicos nas unidades de saúde também contribui para que optem por prescrever a pílula. É mais rápido do que colocar o DIU. "O ideal é marcar dois horários para fazer o procedimento", diz a ginecologista Celina Sollero, responsável pela área de saúde da mulher da Secretaria de Saúde da prefeitura de Campinas. "Mas é difícil conseguir esses horários durante o período menstrual da mulher, quando o procedimento deve ser feito. Muitas unidades sofrem com a falta de ginecologistas." Outra barreira é a resistência ao uso do DIU. Problemas de saúde causados por um dos primeiros modelos a chegar ao mercado americano, na década de 1970, criaram mitos que duram até hoje nos EUA - e no Brasil. Pacientes americanas sofreram infecções graves, causadas pelo material usado no dispositivo pioneiro, chamado Dalkon Shield. Os casos levaram a empresa à falência e culminaram com o aperfeiçoamento dos modelos novos. O temor persiste. Muitas pacientes se recusam a usar. Ainda há médicos que resistem a prescrever para mulheres que nunca tiveram filhos, com medo de que a colocação seja difícil ou de uma possível infecção que cause infertilidade. A publicação recente de estudos, que lembra uma campanha não declarada, tenta mudar a percepção pública sobre os métodos de longa duração. No final de setembro, a Sociedade Americana de Pediatria recomendou que os profissionais orientem adolescentes sexualmente ativas a usar o implante subdérmico, o DIU hormonal e o DIU de cobre como contraceptivos de preferência. No início deste mês, um estudo da Universidade de Washington reafirmou a segurança dos métodos para as jovens. Os resultados sugerem que a taxa de gravidez em 1.400 adolescentes que usaram um dos três métodos foi inferior à média nacional. Apenas 3,4% ficaram grávidas, em comparação com 15,9% das adolescentes do país. Menos de 1% fizeram abortos, enquanto a estimativa nacional é de 4%. "Como os métodos de longa duração são eficazes, há menos mulheres que engravidam sem planejar e, consequentemente, não há necessidade de um aborto", afirma a epidemiologista Gina Secura, autora do estudo. A adoção de contraceptivos de alta eficácia não protege contra doenças sexualmente transmissíveis nem é garantia de que gestações não planejadas deixarão de acontecer. Mesmo quando o uso é perfeito, há uma margem de falha do próprio método. Isso significa que o risco de abortos inseguros pode ser reduzido com os métodos de longa duração, mas não extinto. "Só planejamento familiar não resolve o problema do aborto", diz a antropóloga Débora Diniz, pesquisadora de bioética e gênero da Universidade de Brasília. "Por que continuamos a punir uma mulher que sofreu uma falha do método, que errou ao usá-lo ou que tomou uma decisão equivocada?" O país precisa discutir com seriedade o direito das mulheres à escolha, mas não se pode esquecer que ele começa na possibilidade de acesso ao melhor método de contracepção, diferente de mulher para mulher. |
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