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Laboratórios de genéricos ganham mais espaço
29/09/2014 - O Estado de S.Paulo

As 10 maiores empresas farmacêuticas em operação no Brasil faturaram US$ 5,924 bilhões com a venda de genéricos entre agosto de 2013 e julho de 2014, um crescimento de 12,3%, em relação aos US$ 5,274 bilhões contabilizados entre agosto de 2012 e julho de 2013, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos).
Juntas, essas empresas representam 90% do faturamento total do segmento, que foi de US$ 6,6 bilhões no período.
Em volume, foram responsáveis pela produção de 740,4 milhões de unidades no período.


Mercado aberto: Remédio de grife
28/09/2014 - Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias

Quinze anos após a criação da Lei dos Genéricos, os remédios de marca continuam sendo mais populares no mercado brasileiro.

Levantamento da Orizon (empresa de soluções para o setor de saúde) aponta que 94% de seus entrevistados optam por esse tipo de medicamento. Foram consultadas cerca de 43,7 mil pessoas.

Do total, 39% só compram os produtos de marca e 55% utilizam também os genéricos. Pouco mais de 5% adquirem apenas genéricos.

Ainda segundo a pesquisa, um paciente que toma remédios de uso contínuo para controlar a hipertensão pode economizar 40% por ano com a substituição do medicamento de marca pelo genérico.

A diferença para quem tem diabetes pode chegar a 34%.



Pesquisa e desenvolvimento

 


Vinho só faz bem quando associado a exercício
29/09/2014 - Folha de S.Paulo

Inúmeros estudos já demonstraram que o vinho faz bem ao coração, mas um novo trabalho joga um balde de água fria na questão: a bebida só seria benéfica quando associada a exercícios físicos.

A pesquisa, chamada de In Vino Veritas (No Vinho, a Verdade, numa tradução livre),forneceu vinho a 146 participantes e controlou, durante um ano, os efeitos nos marcadores cardíacos (taxas de colesterol, por exemplo).

Os homens beberam de dois a dois copos e meio da bebida diariamente (0,3-0,4 litros) cinco vezes por semana. As mulheres, de um a dois copos (0,2-0,3 litros).

Metade dos indivíduos bebeu vinho tinto e a outra metade, branco. Registraram numa agenda todo o consumo de álcool. Também houve controle de suas dietas e das atividades físicas.

Segundo o chefe da pesquisa, Milo? Táborský, professor de cardiologia no Hospital Universitário Palacký (República Tcheca), beber vinho, por si só, não afetou os níveis de colesterol, glicemia, triglicérides, e níveis de marcadores inflamatórios como a proteína C-reativa.

Táborský explica que o benefício da bebida só foi observado no grupo de pessoas que se exercitavam ao menos duas vezes por semana.

Nele, houve melhora significativa nos níveis de colesterol. O HDL (bom colesterol) aumentou e o LDL (mau colesterol), diminuiu. O estudo, apresentado no congresso europeu de cardiologia, em Barcelona, no início do mês, ainda não foi publicado.

O trabalho também derruba outro mito: o de que o vinho tinto é mais benéfico ao coração do que o branco. Mesmo com dez vezes mais polifenois, o tinto não promoveu nenhum benefício adicional, segundo Táborský.

SURPRESA

Os resultados do estudo causaram surpresa entre os cardiologistas brasileiros, mas eles afirmam que nada muda na conduta clínica.

"Não adianta beber vinho, fazer dieta, comer alimento funcional se isso tudo não for acompanhado de atividade física. Sempre oriento os pacientes sobre isso", afirma o cardiologista Marcos Knobel, do hospital Albert Einstein.

O cardiologista Sergio Timerman, da diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular, tem a mesma opinião. "Vinho não faz milagre e não é indicação médica. Dieta adequada e atividade física é que são fundamentais."

O grande desafio dos médicos, segundo ele, é fazer com que o paciente mude hábitos em relação às bebidas. "É comum o paciente dizer que não bebe e depois um familiar dizer que ele bebe muito. O que fazer?"

Para Knobel, pessoas com fatores de risco cardíacos devem ter a atenção redobrada. "Atendi um paciente diabético que tomava vinho todo dia achando que fazia bem, sem perceber que a bebida é calórica e contém açúcar."

O cardiologista Protásio Lemos da Luz desenvolve no InCor (Instituto do Coração) um estudo sobre o efeito protetor cardíaco do vinho tinto e do suco de uva em bebedores de longa data (mais de 18 anos). "Nesse grupo, observamos que há melhora os níveis de colesterol", afirma.

Na sua opinião, o fato de o estudo tcheco não ter verificado o mesmo benefício pode ser porque o acompanhamento foi de apenas um ano. "Parece-me um tempo curto para avaliar mudanças."



Cirurgia de risco corrige caso grave de 'cabeça caída'
28/09/2014 - Folha de S.Paulo


Duas cirurgias realizadas no Hospital das Clínicas da USP, uma no fim de maio e outra no início de junho, permitiram que Marlene Maria Vicente, 56, voltasse a manter o pescoço erguido e a olhar para frente.

Nos últimos quatro anos, vivia com o queixo encostado no peito. "Tomava água de canudinho e comia de lado. Emagreci muito, era um sofrimento", conta.

Só saía de sua casa em Praia Grande (SP) para ir à igreja e à casa de sua irmã, a poucos metros dali, sempre com a ajuda de alguém da família. Na rua, não escapava dos olhares de pessoas.

Também ia a consultas para tentar achar uma solução para seu problema, cujo nome científico é camptocornia mas é conhecido como síndrome da cabeça caída.

A condição atinge mais idosos e está associada a doenças neuromusculares, como esclerose lateral amiotrófica, mas também pode ser de causa inespecífica, apesar de extensa investigação, como é o caso de Marlene.

TORCICOLO GRAVE

O problema começou em 2005, quando sentia o que descreve como um "torcicolo grave que não sarava". Dos médicos consultados, recebeu analgésicos, mas os remédios pouco ajudaram.

De 2010 para cá, a cabeça começou a tombar de vez, por causa da perda da musculatura. Trabalhava como faxineira na casa de uma família, mas acabou pedindo demissão por causa da doença incapacitante. "Eu estava estudando para terminar o segundo grau, mas desisti de tudo. Entrei em depressão."

Uma fisioterapeuta da cidade então a encaminhou para o HC, em São Paulo. No hospital, Marlene insistiu para que fosse operada. "A verdade é que eu já estava cansada, quase me entregando. Sabia do risco de morrer ou de ficar tetraplégica na operação, mas daquele jeito não queria mais ficar", conta.

COMPLEXIDADE

Essa não foi a primeira cirurgia do tipo no Hospital das Clínicas mas, segundo Raphael Marcon, cirurgião da USP, do HCor (Hospital do Coração) e da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) que operou Marlene, certamente foi a mais complexa da instituição para tratar o distúrbio. "Ninguém queria operar por causa da gravidade do caso", diz.

No Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Rio, outras seis cirurgias para corrigir o problema já foram feitas. "O importante é dar qualidade de vida ao paciente. Muitos se isolam, não conseguem andar", afirma Luís Carelli, especialista em coluna do Into.

A cirurgia de Marlene foi feita em duas etapas. Na primeira, as articulações e os corpos das vértebras foram retirados, por trás, ao redor da medula espinhal, na região onde ocorria a flexão, para que o pescoço ganhasse movimento novamente.

O pescoço foi então fixado com parafusos nessa nova posição e, uma semana depois, por um corte próximo à garganta, uma espécie de armação de metal também foi colocada na área dissecada, para proteger a musculatura da região e aumentar a sustentação da cabeça.

DOS PÉS À CABEÇA

"Abri o olho e senti o primeiro alívio: estava vivinha da silva. Depois, mexi a perna para ver se tinha dado tudo certo. Até chorei de alegria na hora", conta Marlene.

No caminho para casa, voltando de São Paulo à Baixada Santista, ficou maravilhada com tantas coisas que tinha deixado de ver nos últimos anos e que agora voltavam a aparecer da mesma perspectiva. "Fui olhando e achando tudo lindo, vendo as pessoas dos pés à cabeça."

De lá para cá, a cabeça já caiu um pouquinho. Está na fila de espera para fazer fisioterapia em Praia Grande. Ela ainda sente um pouco de dor e tem até medo de forçar o pescoço e de que ele volte a entortar. "Preciso me adaptar a essa nova postura. Sentava torta, via tudo de um lado só. Tento me reeducar."

Sorrindo muito, diz que mudou tudo depois da cirurgia. E conta que quer fazer uma terceira operação, para ficar com a cabeça retinha de vez. "A família acha que é loucura, mas a gente sempre quer o melhor, né? No meu caso, só quero voltar a ser como eu era antes de isso tudo acontecer", diz Marlene.



Vacina experimental contra ebola pode surgir em meses
27/09/2014 - Folha de S.Paulo


Milhares de doses de vacinas experimentais contra o ebola devem estar disponíveis nos próximos meses.

Elas poderão ser dadas já em janeiro a trabalhadores de saúde e a pessoas com alto risco de se contaminar, segundo informou a Organização Mundial da Saúde

Especialistas em saúde pública buscam terapias experimentais e meios não convencionais para combater o surto na África Ocidental.

Nenhuma vacina provou ser segura ou eficaz em humanos, disse Marie-Paule Kieny, diretora-geral-assistente da OMS.

O governo canadense já doou 800 frascos de uma vacina que desenvolveu antes de licenciá-la a uma companhia local.

Kieny disse que a empresa deverá produzir milhares de doses nos próximos meses.

Ainda não está claro quantas doses os 800 frascos podem conter, já que é preciso determinar a eficácia da vacina. Segundo Kieny, o provável é que os frascos contenham cerca de 1.500 doses.

Até o início do próximo ano, deve haver cerca de 10.000 doses de uma outra vacina, desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e pela empresa GlaxoSmithKline.

O número de mortes devido ao ebola na África subiu para ao menos 3.091, e há 6.574 casos suspeitos ou confirmados, segundo a OMS.

A Libéria, país mais afetado, já registrou 1.830 mortes, cerca de três vezes mais do que a Guiné ou Serra Leoa, os outros dois mais atingidos.



Pessoas com maior risco cardíaco subestimam chance de problema
29/09/2014 - Folha de S.Paulo


Quando o executivo Gilson Campos, 54, foi até a clínica de check-ups do Einstein, numa manhã de abril, estava só cumprindo um agendamento adiado havia mais de seis meses, por causa de reuniões e outros compromissos.

Saiu da esteira do teste ergométrico direto para o hospital: estava infartando.

Mesmo tendo pressão alta havia muitos anos, o executivo não imaginava que poderia ter uma coronária 97% obstruída. Só tinha marcado o check-up, aliás, porque a empresa onde ele trabalha exige exames periódicos.

"Não fazia acompanhamento. Tomava remédio para pressão, mas não dava bola. Só me conscientizei depois", diz Gilson. Ele conta que sentia cansaço havia dias, mas nunca imaginou que poderia estar infartando.

A falta de consciência sobre o próprio risco de ter um problema cardíaco é comum, como mostra um estudo recente do cardiologista Marcelo Katz com 6.544 pacientes da unidade de check-up do Einstein, em São Paulo, publicado no "European Journal of Preventive Cardiology".

Na pesquisa, as pessoas preenchiam, antes de fazer os exames, um questionário respondendo se achavam que tinham risco cardiovascular alto, médio ou baixo.

Depois, todos passaram por teste ergométrico e de pressão, tiraram medidas de peso, altura e circunferência da cintura e fizeram exames laboratoriais, para medir colesterol, glicemia e outros indicadores de risco.

Com base nesses resultados, os pesquisadores usaram uma escala científica que calcula a probabilidade de uma pessoa sofrer eventos cardiovasculares ao longo da vida e classificaram os participantes entre os que tinham alto, baixo e médio risco.

DESCOMPASSO

Os médicos perceberam que havia um descompasso grande entre o que os números diziam e o que as pessoas percebiam. Entre os participantes com risco médio (entre 10% e 20%) de sofrer um problema cardíaco no futuro, 72% acreditavam ter baixa probabilidade de ter um evento do tipo. Entre os com alto risco (20% ou mais), 91% subestimavam sua condição.

Segundo Katz, autor do estudo e coordenador de pesquisa cardiovascular do Einstein, esse tipo de trabalho busca entender por que grande parte das pessoas é tão resistente a seguir recomendações médicas para prevenção.

"Fatores de comportamento são 80% do risco cardíaco. Para se cuidar, a pessoa tem de saber se está em risco." Entre os pacientes do estudo, só 6,1% se viam como de alto risco cardíaco, mas a escala de risco a longo prazo colocava 49,3% nessa condição.

Katz afirma que é comum um viés otimista: "A pessoa pensa: Se nunca aconteceu comigo, por que vai acontecer? Vou aproveitar a vida agora e depois me cuido'".

A maioria só desperta quando sofre um infarto ou alguém próximo e até celebridades têm um problema.

O próximo passo, diz o médico, é investigar por que as pessoas não se cuidam. Um problema são as prioridades: a maioria tende a colocar tarefas imediatas de trabalho e família na frente dos cuidados que dão frutos a longo prazo, sobretudo exercícios.

Depois do infarto, Campos mudou a alimentação, cortou refrigerantes e perdeu 8 kg. Mas ainda não conseguiu pôr exercícios na rotina. "Estou muito bem, mas não posso dizer que estou bem nisso", diz.

Um ataque mais certeiro contra o câncer
28/09/2014 - O Globo


Novas terapias mais individualizadas — e certeiras — já têm sido capazes de estender a sobrevivência de pacientes de câncer em muitos anos. Caríssimas, elas enfrentam um próximo desafio óbvio: tornar-se acessíveis à maioria da população. O tema é parte do Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, que vai até terça-feira em Madri. E foi central também no Congresso da Sociedade Americana de Câncer, no início deste ano.

A base delas está no avanço da tecnologia genética. A proliferação celular é controlada por determinadas moléculas, que, no caso do câncer, atuam de maneira descontrolada. A chamada terapia alvo combate moléculas defeituosas. Com isso, o medicamento atua especificamente nas células tumorais, ao contrário da quimioterapia, que afeta também as saudáveis. Isso reduz os efeitos colaterais e torna o tratamento mais preciso.

SUS JÁ OFERECE ALGUMAS
Um passo à frente está a medicina de precisão, que usa informações de genes, proteínas e outras características da pessoa para diagnosticar e tratar o câncer. Várias dessas terapias já estão no mercado no Brasil, algumas no sistema público, mas a maioria em hospitais privados.
Segundo a sociedade europeia, o primeiro exemplo de terapia alvo foi o trastuzumabe, indicado no tratamento dos portadores da mutação do HER2, que representam 20% do total dos cânceres na mama. Mas, segundo estudo apresentado no congresso, a distribuição não era homogênea na Europa. Isso devido ao alto custo, em média de R$ 7 mil por mês. Em alguns casos, elas precisam vir associadas a terapias tradicionais, como quimioterapia, radioterapia ou a própria cirurgia, o que aumenta ainda mais o custo.

No Brasil, desde o ano passado, esse medicamento é ofertado pelo SUS. Segundo o Ministério da Saúde, até o final de 2014, o investimento vai totalizar R$ 244 milhões. Outro medicamento já disponível é o mesilato de imatinibe, utilizado para o tratamento de tipos de leucemia, assim como tumor gastrointestinal. A estimativa do ministério é que a medida atinja cerca de 500 pacientes ao ano e tenha investimento de R$ 5,8 milhões em 2014.
— Pacientes com leucemia mieloide crônica eram encaminhados para o transplante de medula óssea como a única alternativa com potencial curativo e de evitar uma fase aguda, que é letal. Atualmente temos esse tratamento capaz de inibir a transformação em mais de 80% dos pacientes. O tratamento é crônico e de duração ainda indefinida. Porém, estudos preliminares sugerem que alguns pacientes poderão interromper o medicamento após resultados favoráveis por um período de 5 anos — exemplificou o oncologista Daniel Tabak, que acrescentou. — O uso do trastuzumabe diminui em 50% o risco de uma recidiva após a cirurgia.
A lista de medicamentos mais avançados só faz aumentar. Em janeiro, diversos produtos contra alvos específicos em cânceres de rim, pele, pulmão, mama e próstata passaram a ser cobertos pelos planos de saúde. A maioria continua indisponível no sistema público.
— O mundo inteiro está debruçado sobre isso, já que o câncer tende a aumentar nos próximos anos. Tratamentos e métodos diagnósticos mais sofisticados trazem um custo que aumenta em proporções geométricas — comentou Tabak. — Nos EUA, parte do custo agora é cobrada do paciente pela maioria dos planos de saúde. Dificilmente essa solução seria aceita aqui no Brasil.
O especialista cobra ação dos laboratórios farmacêuticos para minimizar os custos. Segundo o documento da sociedade europeia, há poucos incentivos dos governos para acesso a tratamentos específicos, e a regulação é lenta. “Embora o custo de implementação seja alto, qual é o custo de não seguir por esse caminho?”, indagou a entidade.

A LONGO PRAZO, GASTO COMPENSA

Já durante o congresso americano, a discussão recaiu sobre o valor a ser desembolsado pelo sistema de saúde. A defesa dos médicos é lógica: criar critérios para levar os sistemas de saúde a absorver os avanços que reduzem a mortalidade do câncer, pois, assim, ganham-se mais vidas produtivas.
— O custo e o tempo de desenvolvimento de uma droga é longo. Mas estamos abertos a dialogar com governos e entidades sobre o acesso das novas terapias contra o câncer — afirma Roberto Uehara, do setor de oncologia do laboratório Pfizer na América Latina.
Uehara lembra que a situação dos países emergentes, entre eles o Brasil, é alarmante. Pois, embora a incidência esteja aumentando em países desenvolvidos, a mortalidade está caindo, devido ao acesso a diagnóstico precoce e aos tratamentos. Já na América Latina, só 5% a 10% dos cânceres são diagnosticados no estágio 1, o mais precoce. Além disso, pacientes da região têm 20% menos chances de sobrevida do que nos Estados Unidos no caso do câncer de mama, cita o pesquisador. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 60% de todos os casos de câncer ocorrem hoje em África, Ásia e América Latina e Central. Em 2012, 8,2 milhões de pessoas morreram da doença no mundo.




Saúde
 

Estresse, sedentarismo e má alimentação...
29/09/2014 - Valor Econômico

Há cerca de cinco anos, o começo da trajetória de uma empresa de serviços de TI, a Hystalo, quase custou a vida de seu fundador, o analista de processamento de dados Rafael Rodrigues, então com 25 anos de idade. Sua rotina de dedicação ao negócio incluia jornadas de 20 horas diárias de trabalho, inclusive aos sábados, regadas a quatro latas de energético.
Em uma noite de quinta para sexta-feira, acordou vomitando sangue. Pediu para que sua noiva - hoje mulher - o levasse ao hospital logo pela manhã. "A partir daí, não me lembro muito bem das coisas", afirma. Mas sabe que, devido ao infarto, foram três paradas cardíacas e sete dias em coma. Quando acordou, na UTI, em um primeiro momento, imaginou que havia sofrido um acidente de carro, porque "sempre corria bastante".
A volta às tarefas profissionais também foi veloz. "Quando fui para o quarto, peguei o notebook e comecei a responder aos e-mails", diz. Cerca de 15 dias depois já estava no escritório, mas mudou alguns de seus hábitos: cortou o energético, reduziu o número de horas de trabalho, passou a tentar dormir melhor e arrumou um sócio para dividir responsabilidades.
Mesmo assim, não foi suficiente. Há quatro meses, aos 30 anos, o executivo sofreu o segundo infarto, que classifica como "leve". "Senti um pouco de dor no peito e corri para o hospital. Se não fosse o primeiro infarto, não teria ido." Nessa nova ocorrência, descobriu que seu sangue coagula mais rápido que o normal, o que favorece o surgimento de problemas como os que enfrentou.
Rodrigues obteve alta em uma sexta-feira e, na terça-feira seguinte, foi para a empresa - a despeito de a médica ter recomendado um mês de repouso. No combate ao estresse, o empreendedor, que diz se alimentar bem e não fumar, tem dividido obrigações do negócio com a mulher, que também entrou como sócia na Hystalo, e reservado mais tempo para ficar com o filho de um ano e meio. "Hoje, limito o expediente entre 12 e 14 horas por dia e não viro noites." A história ilustra bem como anda a saúde de muitos gestores brasileiros. O estresse é um dos principais males que afetam esses profissionais, de acordo com um levantamento realizado pela operadora de saúde Omint no primeiro semestre deste ano com 22 mil executivos em cargos de média e alta gerências.
Dos 20 problemas mais comuns listados, 11 se relacionam a ele e a hábitos de vida inadequados - além da ansiedade, citada por 18% das pessoas consultadas, aparecem também excesso de peso, dor de cabeça frequente, insônia e depressão. Rinite e alergia de pele encabeçam a lista (veja o quadro), e mesmo essas moléstias podem estar ligadas ao estresse. "Qualquer desequilíbrio compromete todo o conjunto", diz Caio Soares, diretor médico da Omint e coordenador da pesquisa. "Se a pessoa tem predisposição a alergias, o estresse vai piorar os sintomas, pois ele baixa a imunidade e deixa as portas abertas para tudo de ruim que possa acontecer." Um dado que chama a atenção é que 94% dos executivos disseram que sua alimentação não é equilibrada. Os sedentários, por sua vez, somaram pouco mais de 40%, mesmo índice dos que tentam adotar alguma atividade física no dia a dia. O nível de estresse foi avaliado como muito alto por 33%. A boa notícia fica por conta da queda do percentual de fumantes - de 18% em 2004 para atuais 11%. "Muita gente está preocupada com a saúde, mas não dá o primeiro passo para sair da situação atual. Qualquer coisa é desculpa para não fazer", afirma Soares.
A saída da inércia, porém, precisa acontecer de forma gradual. A estratégia, segundo ele, é escolher coisas simples, mais facilmente ao alcance. "Deixar o elevador e subir de escada, por exemplo. Ou eliminar a manteiga e a margarina, o que já diminui em 50% a chance de ter um infarto ou AVC. A partir de uma iniciativa como essa, mudanças positivas no corpo vão gerar um efeito cascata para outras medidas." Mas nem sempre é fácil para o executivo tomar uma atitude nesse sentido sem um empurrão externo. Para Louis Servizio, da CGP Brasil, empresa de programas de prevenção de saúde, a companhia pode até pagar o plano da academia para o profissional, mas ele não irá frequentá-la se não estiver motivado. Assim, o recomendado é combinar esse tipo de benefício com um serviço de coaching. "Ele o ajudará a reorganizar a vida e a modificar suas crenças para que queira fazer exercício", diz Servizio, que aplica no Brasil uma ferramenta americana - Wellcast ROI - que mede o retorno financeiro de empresas em programas de prevenção de doenças.
Em sua opinião, a padronização desses programas para todos os funcionários costuma ser um erro, pois sua eficácia, em termos de custo-benefício, depende do tipo de empresa, da função do profissional e mesmo da rotatividade média da companhia. "Se ela é alta, não compensa investir em um programa que levará três ou quatro anos para dar retorno, como o de saúde cardiológica", exemplifica. No caso, é melhor apostar em uma vacinação contra influenza, que traz resultado no curto prazo.
Em relação ao trabalho de aconselhamento, uma vertente que tem ganhado corpo no mercado brasileiro é a do coaching de saúde e bem-estar - o chamado "wellness coaching". O foco é atuar na reestruturação do estado emocional e do estilo de vida do executivo, visando a um melhor rendimento em suas atividades. "Uma vez que não podemos mudar questões como o trânsito ao ir para o trabalho e a carga horária, fortalecemos o profissional para enfrentá-las melhor", afirma Melina Cury Haddad, coordenadora de psicologia da operadora de saúde Care Plus.
Uma das abordagens de Melina ao lidar com o estresse é combater ataques de raiva, que, de acordo com estudos em países como os Estados Unidos - o tema é pouco pesquisado no Brasil, segundo a psicóloga -, levam à hipertensão e muitas vezes precedem ataques cardíacos e AVCs.
O tratamento inclui técnicas de relaxamento através da respiração e terapia cognitiva. "Há pessoas, por exemplo, que se enraivecem com mais rapidez e maior intensidade", diz. O problema, no entanto, costuma ser camuflado, pois "aprendemos já na infância que é feio ter esse sentimento". "As pessoas chegam ao consultório em razão do estresse". Ela diz considerar um erro buscar extravasar por meio de práticas violentas como o boxe ou outros tipos de luta. "Você ensina o cérebro que aquele alívio pela violência é prazeroso", afirma. "É preciso saber colocar a raiva para fora do jeito certo, construindo algo positivo." Se a impossibilidade de arrumar tempo livre se transforma em um álibi, a sugestão da médica e coach Roberta Ribeiro é fazer pequenas mudanças no cotidiano que não interfiram nos horários do profissional. Para aplicar um método próprio de combate ao esgotamento que integra diferentes tipos de terapia, Roberta fundou a empresa MedIntegral.
De acordo com ela, aspectos da vida como cuidar da saúde e trabalhar devem estar integrados, e não ocupar "caixinhas" fragmentadas na constituição do indivíduo. "As coisas acontecem simultaneamente", diz. Por esse princípio, iniciativas como escolher as opções mais saudáveis no almoço, usar as escadas e ir para o trabalho de bicicleta configuram meios de melhorar hábitos diários. "A questão não é aliviar o estresse, é administrá-lo", afirma.


Aula faz 82% dos alunos comerem mais frutas
28/09/2014 - O Estado de S.Paulo


"Não tenho mais coragem de beber refrigerante todo dia", diz Sheila Alves Rezende, de 12 anos. "Antes não comia salada; agora, faço um esforço e como todo dia", conta Emily Gomes da Silva, também de 12 anos. "Era bolacha todo dia. Hoje em dia, só de vez em quando", relata Livia Alves, de 11 anos. "Eu ficava enrolando minha mãe na hora de comer salada. Mas aprendi a gostar", afirma Erick Kaik Neri Lazzaratto, de 12 anos.
Parece reunião dos Comedores Compulsivos Anônimos. Mas são depoimentos de alunos a Escola Estadual Deputado Augusto do Amaral, no Jaguaré, zona oeste de São Paulo. Desde o início de 2013, eles participam de um projeto-piloto desenvolvido pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-USP) - o Meu Pratinho Saudável. O objetivo do trabalho foi mudar os hábitos alimentares da criançada. E os resultados já são visíveis.
Todos os 189 alunos participantes passaram por aferição de peso, altura para definição do IMC (Índice de Massa Corporal) e de circunferência abdominal no início do programa. Foi constatado sobrepeso ou obesidade em 39% dos meninos.
Após um ano, as medições foram repetidas. Os meninos com sobrepeso ou obesidade representaram 36%. Na medição de circunferência abdominal, os avaliados como predispostos a desenvolver doenças cardiovasculares, que representavam 44% no início do programa, passaram para 40%.
As respostas obtidas em questionário de hábitos alimentares também melhoraram.
Após um ano da vigência do projeto, 82% dos alunos informaram ter aumentado o consumo de frutas, 65% passaram a fracionar as refeições, 73% ampliaram a ingestão de legumes e 68% reduziram o consumo de gorduras. Os dados obtidos também mostram que 68% diminuíram a ingestão de doces, 62% reduziram o consumo de refrigerantes e 76% aumentaram a prática de atividades físicas.
"Considerando que o projeto foi implementado há pouco mais de um ano, os números mostram grande avanço", avalia a médica Elisabete Almeida, coordenadora do Meu Pratinho Saudável.
Uma vez por mês, profissionais do Hospitais das Clínicas vão até a escola. Ali realizam gincanas, dinâmicas, montagem de pratos com alimentos em resina e jogos nos quais os alunos aprendem conceitos como quantidade de gordura, sal e açúcar. "Nesse período também fizemos três reuniões com os pais de alunos", acrescenta a médica. Todo esse trabalho foi viabilizado graças a parcerias com a LatinMed Editora em Saúde e o Instituto Givaudan. "O período escolar é a melhor época para a criança aprender o quê e quanto colocar no prato", acredita Elisabete.
Até a diretora do colégio conta que melhorou sua alimentação. "Aprendi a comer salada todos os dias e agora ando evitando refrigerante", confessa Rosane Molina Carvalho.
Outras escolas. A iniciativa do Meu Pratinho Saudável vem sendo acompanhada pela Secretaria de Estado da Educação. A expectativa dos envolvidos é que o projeto se expanda para toda a rede. "Preocupamo-nos com o fato de a criança precisar se alimentar bem dentro e fora da escola", afirma a nutricionista Andreia Ignacio dos Santos, do Departamento de Alimentação e Assistência ao Aluno da Secretaria de Estado da Educação. "Se esse projeto continuar dando resultados, é possível que haja um convênio para levá-lo para outras escolas."



Corações cansados
28/09/2014 - Estado de Minas


O infarto do miocárdio ou doença isquêmica do coração, é um problema recorrente no país e causa 300 mil infartos por ano. matando cerca de 80 mil pessoas.

O infarto não escolhe sexo. raça ou idade, porém, existem alguns fatores de risco que tomam a pessoa mais propícia à doença, como o estresse emocional, tabagismo. diabetes, sedentarismo. hipertensão arterial. histórico familiar de problemas coronarianos. alto índice de colesterol. obesidade e ansiedade. Marcelo Cantarelli. cardiologista e coordenador da campanha Coração Alerta ressalta ainda como fatores de risco "o uso de drogas ilícitas, em especial a cocaína e o crack. que provocam grandes infartos em pessoas muito jovens. Podemos reduzir muito o risco de infarto. identificando e tratando os fatores de risco, deixando de fumar e não usando drogas", avisa.

Amanhã é o Dia Mundial do Coração e uma das maiores preocupações é com a rapidez no atendimento, fator fundamental para salvar vidas. No Brasil, o indivíduo perde até duas horas para efetuar o contato inicial com o médico, depois de sentir algum sintoma. O problema é que. a cada meia hora que se atrasa para atendera vítima, o índice de mortalidade aumenta em 7%.

E você? Saberia reconhecer os sintomas do infarto na hora em que ele acontece? O que faria? A primeira pista de que está havendo o problema é uma dor intensa no centro do peito, irradiando para a mandíbula. pescoço, ombros e braços, principalmente o esquerdo. Mas há outros (veja info-grafia). que. inclusive, podem ser confundidos com outros sintomas. E é aí que mora o perigo.

"Estava dormindo e acordei passando mal do estômago, com azia e dores. Levantei-me e acabei vomitando. Voltei para a cama e minha mulher, que é muito preocupada, disse que ia me levar ao hospital. Falei que estava tudo bem. que as dores e o mal-estar já estavam passando. Ela insistiu e. para evitar confusão. fui. Chegando lá. o médico disse que eu estava tendo um infarto". conta o administrador de empresas belo-horizontino Francisco Norberto Resende Moreira. de 64. que teve o colapso há cerca de 10 anos. "Correram comigo para a sala de operação e quando acordei, horas mais tarde, eles já tinham feito todo o processo e colocado um stent. Ainda bem que não precisei de ponte de safena". continua.

"Quando o corpo 'falar é sinal de que o coração está em alerta, por isso. procure socorro imediatamente", alerta Marcelo Cantarelli. O médico explica que o infarto do miocárdio é conseqüência da obstrução de uma artéria coronária por um coágulo de sangue sobre a placa de gordura, impossibilitando que uma quantidade suficiente de sangue chegue até aquela área do músculo cardíaco. A região sofre um processo de morte celular e necrose. podendo levar à morte súbita ou à insuficiência cardíaca.

Cantarelli salienta que o infarto pode ser classificado de acordo com a parede do coração que está sendo comprometida; anterior. inferior, lateral, dorsal. Ê chamado de extenso, quando grande área é afetada devido ao entupimento de uma artéria coronária importante; transmural. quando afeta completamente a espessura da parede, ou subendocárdico. quando não afeta toda a espessura. Há ainda a denominação fulminante, para aqueles que provocam a morte de forma mais rápida, antes do atendimento médico adequado.

Há casos em que a dor não chega a ser intensa, principalmente em mulheres, idosos e diabéticos. Caso não seja tratado adequadamente. ou seja. desentupida a artéria que está provocando o infarto nas primeiras horas a partir do início dos sintomas, as conseqüências podem ser: parada cardíaca. arritmias cardíacas, ruptura de uma parede do coração ou da válvula mitral. enfraquecimento do coração (insuficiência cardíaca). falência circulatória (choque cardiogénico) e morte.

O diagnóstico é feito inicialmente por meio de um simples eletrocardiograma. que deve ser interpretado rapidamente. O tratamento é feito através do desentupimento da artéria coronária que está provocando o infarto. explica o cardiologista.

Há duas maneiras de tratar: por meio da injeção na veia de uma medicação trombolítica. para dissolver o coágulo na artéria, ou porangioplastia coronária. que é fazer a abertura mecânica da artéria por meio do cateterismo cardíaco. Nesse procedimento, um pequeno balão é insuflado no local da obstrução. abrindo a passagem de sangue, e uma prótese de metal (stent). como uma molinha. é implantada para evitar que a artéria se feche novamente.

NÃO ERA O ESTÔMAGO Nascida na cidade paulista de Avaré. a professora aposentada Hellenice d' Paschoal. hoje com 78 anos. conta que sofreu um infarto em plena Avenida Paulista, na capital. Ela lembra que. no momento do infarto. estava indo para o trabalho, quando sentiu uma dor incômoda no estômago. "A dor começou a aumentar muito e todos achando que era um problema estomacal". conta. De novo. a confusão de sintomas. "Pouco depois tive uma vertigem e. quando dei por mim. já estava dentro de uma ambulância. sentindo muita dor. De repente. nào vi mais nada e só fui acordar na UTI já com a angioplastia feita e o stent instalado."

Helle na época com 62 anos. trabalhava, fumava muito e comia mal. Depois de uma separação traumática, emagreceu muito e se tomou estressada, dedicando muito tempo da vida ao trabalho. que se tornou uma fuga. "Na época, trabalhava na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo. Acredito que o que me infartou foram o cigarro. a má alimentação e o excesso de trabalho. Ia para o serviço às 5h e voltara 21h e 22h.

Tanto Helle quanto Francisco Norberto modificaram os hábitos de vida. "Larguei o cigarro, me aposentei, passei a me alimentar melhor e a fazer exercícios. Hoje me sinto ótima e olha que lá se foram 16 anos. É preciso que as pessoas se cuidem, façam exercícios. evitem o estresse e se alimentem bem", recomenda ela.

Francisco fumava um maço e meio de cigarros por dia e era se dentário. "Além disso, não fazia nenhuma dieta e me alimentava mal. com carnes gordurosas, frituras... Engraçado é. que dias antes. estava me sentindo um pouco cansado e com uma certa câimbra na mão esquerda. Talvez isso já pudesse ser um aviso para que procurasse um cardiologista. Minha sorte é que tudo ocorreu a tempo de chegar rápido ao hospital. pois moro perto deste. De lá pra cá não senti mais nada e todo ano faço um checkup para ver se está tudo bem."



 

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