|
Medicamentos
Polêmica magra 26/09/2014 - Folha de S.Paulo Congresso e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) envolveram-se numa polêmica imatura em torno da liberação de medicamentos usados para emagrecer. Em 2011, a agência baniu do mercado as anfetaminas e restringiu a venda da sibutramina, duas classes de inibidores de apetite. No início deste mês, contudo, o Legislativo suspendeu a proibição. Se a disputa tivesse se restringido a esses dois movimentos, nada haveria de anormal. Ocorre que a Casa parlamentar, ao justificar sua decisão, flertou com o ridículo: alegou que a agência extrapolou sua competência legal. As responsabilidades da Anvisa, no entanto, estão definidas em norma aprovada pelo próprio Congresso Nacional. Segundo a lei 9.782, de 1999, duas das principais funções da agência são justamente cancelar o registro de medicamentos que entenda como prejudiciais à saúde (art. 7º, XV) e promover o sistema de vigilância farmacológica (art. 7º, XVIII). Como reação ao recém-editado decreto legislativo, diretores da Anvisa anunciaram novas exigências burocráticas relativas aos inibidores de apetite. A atitude é pouco republicana. Ainda que discordem dos parlamentares, não podem, como membros da administração pública, deixar de seguir orientação de estrutura hierarquicamente superior --e, nesse caso, constituída pelos representantes da população. No que diz respeito ao mérito do banimento dos anorexígenos, ambas as partes têm razão. A Anvisa acerta ao afirmar que, no agregado, anorexígenos em geral, sobretudo as anfetaminas, apresentam resultados muito modestos, quando não nulos, no controle da obesidade e trazem o risco de graves efeitos colaterais, incluindo a dependência. Esse cálculo, todavia, desconsidera o indivíduo. Apesar de, em termos de saúde pública, os malefícios claramente superarem os benefícios, isso não significa que grupos específicos de pacientes não possam tirar proveito dessas drogas. Em termos gerais, é o que basta para desautorizar o veto. O fato de existirem abusos não deve tolher o uso legítimo, mesmo que este esteja restrito a pequenos segmentos populacionais. E isso dá razão aos parlamentares e médicos que defendem a manutenção dos fármacos no arsenal terapêutico. Sempre haverá alguma distância entre os interesses da saúde pública e os direitos individuais de pacientes, mas ela pode ser reduzida, nesse caso, com medidas regulatórias que tornem difícil a prescrição leviana de anorexígenos. Farmacêutico vão dar consulta 25/09/2014 - Diário de S.Paulo Legislação, que entra em vigor hoje, também permite que profissionais da área apliquem vacinas. Atendimento poderá ser cobrado Os farmacêuticos poderão dar consultas nas farmácias espalhadas pelo país. A novidade está contida na Lei Federal 13.021. A legislação passa a valer hoje e transforma os estabelecimentos em unidades de assistência à saúde. As consultas não serão de caráter médico e poderão ser cobradas. O valor vai variar de acordo com cada farmácia. A responsabilidade pela consulta será da própria farmácia. " A lei muda o conceito de farmácia. Por exemplo, o paciente toma dez medicamentos, mas elimina três deles após orientações do farmacêutico que percebe que alguns dos remédios têm o mesmo princípio ativo", disse o presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo), Pedro Eduardo Menegasso. As farmácias poderão disponibilizar um espaço específico para a realização da consulta, como uma "salinha" atrás do balcão de atendimento. Vacinação A legislação também vai permitir que farmacêuticos possam aplicar vacinas. "Antes da lei, farmacêuticos podiam fazer a aplicação de vacina conforme interpretação das Vigilâncias Sanitárias locais. Agora, há uma uniformização nacional", afirmou o presidente da Feifar (Federação Interestadual dos Farmacêuticos), Danilo Caser. Segundo Caser, parcerias com o Ministério da Saúde em datas de vacinação de massa poderão ser firmadas. "Com certeza, trata-se de um ganho para toda população", avaliou. Pesquisa e desenvolvimento
Saúde
Serra Leoa isola três áreas para conter ebola 25/09/2014 - Portal Valor Econômico FREETOWN - Serra Leoa restringiu nesta quinta-feira os deslocamentos a três locais com ebola no país, onde se encontram 1,5 milhão de pessoas. Com isso, mais de um terço da população está sob quarentena. O país é um dos mais afetados pelo surto de ebola recente na África Ocidental e que se estima ter causado a morte de mais de 2,9 mil pessoas, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). A agência diz que a situação em Serra Leoa segue piorando, fundamentalmente devido a um forte aumento dos casos na capital, Freetown. Em discurso à Nação, o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, ordenou o isolamento dos distritos de Porto Loko, Bombali e Moyamba, com circulação limitada nessas áreas a pessoas que ofereçam serviços essenciais. Em outras regiões, incluindo a capital, entram em quarentena as casas onde se identifiquem casos de doenças. O surto de ebola, o maior da história, alcança também a Libéria e Guiné, onde se acredita que mais de 6,2 mil pessoas tenham sido contaminadas pelo vírus. Um paciente infectado cruzou para o Senegal procedente de Guiné, mas parece que a doença não se proliferou naquele país. A Nigéria registrou 20 casos de ebola e oito mortes após o acesso de um homem contaminado procedente da Libéria. Governo da França quer retirar logotipos dos maços de cigarro 26/09/2014 - Folha de S.Paulo O ministério da saúde francês apresentou, nesta quinta (25), uma proposta de medidas duras para erradicar o tabagismo entre jovens, com o lançamento de maços de cigarros sem marca e a restrição da publicidade de cigarros eletrônicos. A ministra da saúde, Marisol Touraine, disse que o plano antitabagismo será introduzido por etapas ao longo de dois anos com o objetivo de produzir, até a década de 2030, a primeira geração francesa de não fumantes. Atualmente, cerca de 30% da população do país fuma. O plano ainda precisa ser aprovado pelo parlamento. Uma das medidas mais ousadas é a introdução de embalagens "neutras", nas quais a logomarca é escrita em letras pequenas sob um aviso a respeito dos males causados pelo cigarro. Todos os maços serão de mesmo tamanho e da mesma cor. A Austrália, pioneira na adoção de embalagens simples em 2012, registrou aumento na procura de serviços que prestam auxílio a pessoas que querem parar de fumar. As fabricantes de cigarros, que contestaram a medida na Justiça, afirmam que os novos maços não reduziram o tabagismo no país. As disputas judiciais devem se repetir na França. O governo francês também quer proibir o fumo em carros com menores de 12 anos e em áreas comumente frequentadas por crianças. Anúncios de cigarros eletrônicos serão proibidos em maio de 2016. Embora o tabagismo tenha caído desde a década de 1960 no país, acompanhando a tendência em todo o Ocidente, 73 mil pessoas ao ano morrem por causas relacionadas ao tabaco --20 vezes mais do que em acidentes de trânsito. Médicos precisam adotar cultura de transparência 26/09/2014 - Folha de S.Paulo Hospitais precisam criar uma cultura de transparência para que médicos possam admitir erros e assumir responsabilidades, diz o britânico Marty Makary. Professor da Universidade Johns Hopkins (EUA), ele é autor de "Unaccountable" ("Irresponsabilizável", 256 págs., US$ 19,20, Bloomsbury Press), best-seller sobre a falta de transparência na medicina. O médico foi um dos palestrantes do fórum "A Medicina do Amanhã", na semana passada, no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Em entrevista à Folha, Makary defendeu que se divulguem informações detalhadas sobre hospitais e médicos, mas disse que médicos não podem ser crucificados sistematicamente por seus erros. Leia abaixo a entrevista. Folha - Por que a transparência é essencial à medicina? Marty Makary - Não há boas técnicas para medir o desempenho de médicos e hospitais, e isso é frustrante para o público e para os médicos. A transparência nos dá pistas sobre o que deve ser melhorado no atendimento. Em Nova York, nos anos 1980, um estudo comparou a taxa de mortalidade de cirurgias do coração em diferentes hospitais e constatou grande variação. Muitas mortes teriam sido evitadas com padronização e técnicas rígidas. O sr. diz que a variação de práticas é um problema na medicina. Por quê? A mesma liberdade que médicos têm de mudar o tratamento para atender às especificidades de cada paciente --se ele é mais velho, ou se não quer um tratamento agressivo, por exemplo-- pode levar o profissional a fazer escolhas terapêuticas por dinheiro ou por egoísmo. Um médico pode ter taxas altas de infecção pós-cirurgia ou ser preso por dirigir bêbado e ainda continuar a exercer a profissão. Damos muita liberdade aos médicos sem o monitoramento devido. É um caminho difícil equilibrar a liberdade boa e essa que não é muito bem-vinda. O sr. menciona a Clínica Mayo, do Minnesota (EUA), onde há uma troca muito grande de indicações entre médicos, como exemplo de excelência. É possível expandir esse modelo? A própria Clínica Mayo tentou expandir o que faz na sua sede, sem sucesso. Há indicações de por que isso ocorreu. Médicos da sede se sentem no comando do hospital e são próximos da direção. Eles se sentem parte daquilo. Na maioria dos hospitais, há uma péssima comunicação entre médicos e dirigentes. São comuns reclamações de médicos em relação a uma administração que não entende o que eles fazem. O que fazer com erros graves, como objetos cirúrgicos deixados dentro dos pacientes. O médico deve ser demitido? Um médico não deve ser mandado embora por um erro. Até os melhores médicos do mundo já cometeram erros. Mas precisamos criar uma cultura em que esses erros são comentados, corrigidos e evitados. Como evitar que médicos escolham os tratamentos que vão lhe trazer mais lucro? Primeiro, os médicos devem ganhar muito bem e serem recompensados. Segundo, pacientes devem ter o conhecimento de como o sistema funciona para ficarem atentos. Devem saber, por exemplo, que médicos que não encaminham para outros especialistas têm retorno financeiro com isso. Ser excessivamente transparente não pode ser um problema para a confiança entre médicos, pacientes e hospitais? Não, só temos a ganhar com isso. Mas a transparência e a medição da produtividade precisam ser bem feitas, com esquemas estatísticos que contemplem também as opiniões de médicos e de profissionais que serão avaliados. Lido com casos de alta complexidade que muitos médicos recusam. Um sistema de medição que compara taxas de mortalidade sem considerar o alto risco de pacientes pode penalizar profissionais que aceitam esse desafio. Obama vê risco de Ebola virar crise global 26/09/2014 - O Estado de S.Paulo O surto de Ebola que atinge a África Ocidental pode transformar se em uma crise de segurança regional e global se não for contido, afirmou ontem o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o combate da doença. Como todos os participantes do evento, ele defendeu o aumento dos esforços mundiais para limitar o impacto do vírus. “Não fiquem parados pensando que o que nós fizemos é suficiente, porque não é. Se a epidemia não for barrada, essa doença pode causar uma catástrofe humanitária. E em uma era na qual crises regionais podem rapidamente se tornar ameaças globais, conter o Ebola é do interesse de todos nós”, declarou na reunião, que teve a participação de 20 líderes mundiais. O presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, disse que o atraso na resposta ao vírus pode levar a um ritmo “exponencial” de contaminações. “Ebola é uma doença do mundo.” Segundo ele, a globalização, a urbanização e a movimentação de pessoas ao redor do mundo ampliaram as chances de transmissão de vírus, que antes permaneciam isolados. Apesar de reconhecer avanços no combate da doença, Obama afirmou que a resposta está distante do necessário. “Todo mundo tem as melhores intenções, mas as pessoas não estão colocando os tipos de recursos que são necessários para barrar essa epidemia”, observou. O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, anunciou ontem a duplicação, para US$ 400 milhões, dos recursos destinados pela entidade ao combate da doença. “Nós estamos falando de nada menos do que o potencial derretimento desse continente”, disse. Novo balanço.O vírus já contaminou 6.263 pessoas e matou 2.917 em cinco países africanos: Guiné,Serra Leone,Libéria,Nigéria e Senegal. Caso a doença não seja controlada, o número de vítimas pode chegar a centenas de milhares de pessoas, estimam cientistas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o vírus alastrou-se no atual surto por Guiné, Serra Leoa e Libéria. E houve transmissões restritas na Nigéria e no Senegal. A situação em Serra Leoa continua a piorar, considerando o aumento dos casos na capital, Freetown. A agência de saúde da ONU acrescentou que uma queda oficial no número de casos relatados nos vilarejos de Kailahun e Kenema “exige investigação para confirmar se a informação é genuína”. A OMS também contestou o relato de que nenhum novo caso foi descoberto na capital da Libéria, Monróvia |