Medicamentos Pesquisa e Desenvolvimento Saúde
Medicamentos
Um comprimido para prevenir a Aids 22/09/2014 - Época O frasco com comprimidos azuis está sempre no caminho do auxiliar de enfermagem Fábio Paulo Santana, de 40 anos. Ele coloca a embalagem em cima de um aparador, na sala de jantar de sua casa, no Rio de Janeiro. É a garantia de que avistará o remédio quando passar por ali antes de sair. Ou quando se sentar para fazer as refeições. Mesmo que seus artifícios falhem, ele conta com outro tipo de ajuda: sua empregada e a avó, de 95 anos, são sua memória substituta. Como também tomam remédios, ajudam a lembrar quando chegou a hora do medicamento de Santana. Tamanha preocupação tem bom motivo. Santana é um dos primeiros brasileiros a usar uma droga que impede a contaminação pelo vírus HIV, o causador da aids. Quando ingerida diariamente por pessoas que não estão contaminadas, ela reduz as chances de que o vírus consiga invadir as células de defesa e infectar o organismo. O novo método de prevenção é considerado um dos maiores avanços na luta contra a epidemia. "O remédio me dá segurança adicional", afirma Santana. Ele namora um homem há um ano e meio e diz que acidentes acontecem: "Preservativos furam. Com o remédio, me sinto confortável". Ao tomar os comprimidos, ele faz mais que se proteger. É voluntário de um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde para saber como as pessoas se adaptam ao novo tipo de prevenção. O objetivo é avaliar se o método deve ser adotado no Brasil como política de saúde pública, ao lado de medidas tradicionais, como a distribuição de preservativos. O remédio usado é um velho conhecido dos médicos. Chamado Tru-vada, foi lançado nos Estados Unidos em 2004, pela empresa Gilead Sciences. Trata-se da combinação de duas drogas, o tenofovir e a emtricitabina. Ambas são antirretrovirais, uma classe de medicamentos que revolucionou o tratamento da aids nos anos 1980, ao conter o avanço do HIV no organismo de pacientes já infectados e ao permitir que convivessem por décadas com o vírus. Há quatro anos, a descoberta de uma equipe internacional de pesquisadores - composta também de cientistas brasileiros - mostrou que os antirretrovirais poderiam ser usados não só para tratar, mas também para prevenir a aids. Foi um marco. Todos os 2.500 voluntários eram homens que fazem sexo com homens, o grupo com mais risco de contrair o HIV. Entre os participantes que tomaram diariamente as doses, o risco caiu 92%. Em julho deste ano, a Organização Mundial da Saúde recomendou a adoção do novo método como prevenção entre homossexuais. A entidade estima que as infecções diminuiriam em 25%. A preocupação em oferecer uma nova forma de proteção para homens que fazem sexo com homens é baseada em estatísticas. No Brasil, 10,5% das pessoas dentro desse grupo estão infectadas. Na população em geral, são 0,4%. O número de pessoas infectadas entre os homossexuais masculinos é 20 vezes maior. "A epidemia de aids não é homogênea para toda a população", diz o pesquisador Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O tipo de sexo praticado está diretamente relacionado ao risco. A penetração anal sem preservativo é considerada a prática mais perigosa. Mas essa não é a única razão para a prevalência maior do vírus. "Há questões sociais, como a discriminação", diz Scheffer. Vítimas de preconceito, muitos homens que fazem sexo com homens temem se expor ao procurar atendimento médico e medidas de prevenção. Alguns, após anos de discriminação, desenvolvem problemas de autoestima e têm dificuldade de exigir que seus parceiros se protejam. O aparecimento de novos casos é preocupante. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 22% nas infec-ções em homens que fazem sexo com homens, principalmente entre os mais jovens. "Eles são mais sexualmente ativos. Muitos não usam camisinha porque não viram o pior da epidemia", diz Jarbas Barbosa, secretário de Vigilân- cia em Saúde do Ministério da Saúde. O crescimento nesse grupo ajuda a explicar dados alarmantes divulgados em julho pela Unaids, o programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids. Enquanto, no mundo, os novos casos caíram 27,6% entre 2005 e 2013, no Brasil, cresceram 11%. O uso de antirretrovirais como prevenção é visto como um reforço para diminuir os casos dentro desse grupo. "Não é um benefício apenas para os indivíduos", diz a infectologista Beatriz Grinsztejn, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "A medida interrompe a cadeia de transmissão do vírus e contribui para o controle da epidemia." Beatriz coordena o estudo encomen- dado pelo Ministério da Saúde para avaliar o uso do Truvada como método preventivo. Noventa voluntários já tomam o Truvada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na capital paulista, o levantamento é conduzido pela Faculdade de Medicina da USP e pelo Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids (CRT). Em breve, o estudo chegará a Porto Alegre. A idéia é que, em um ano e meio, 500 voluntários participem. O levantamento responderá a algumas dúvidas: é possível que os voluntários se sintam seguros a ponto de não usar camisinha? Os efeitos colaterais podem fazer com que abandonem a medicação? Eles tomam o remédio todos os dias? "O efeito protetor depende de ingerir os comprimidos diariamente", diz o infectologista José Valdez Madruga, diretor da unidade de pesquisa do CRT. A equipe coordenada por Beatriz analisará os hábitos de pessoas como o gestor de eventos carioca Júlio Moreira, de 37 anos. Ele é casado há 12 anos com um homem, trabalha numa organização não governamental que atende homossexuais e decidiu colaborar com o estudo. Esqueceu de tomar o remédio algumas vezes, mas diz que agora virou um costume. "Tomo como se fosse uma vitamina, no café da manhã", diz Moreira. Ele também foi voluntário da pesquisa internacional que comprovou a eficácia do Truvada como prevenção. Não teve nenhum dos raros efeitos colaterais relatados no primeiro estudo - problemas nos rins e ossos: "Senti apenas dores de cabeça e náuseas. Nada que me fizesse parar com o medicamento". Nos EUA, o Truvada já é usado para prevenção desde 2012. A experiência americana dá pistas sobre algumas barreiras que o Brasil poderá enfrentar. O psicólogo Damon L. Jacobs, de 43 anos, foi um dos primeiros a tomar o remédio, em 2011. Enfrentou preconceito. Ele e outros pioneiros foram chamados dentro da comunidade gay de "Truvada whores" (algo como "prostitutas do Truvada"). A ofensa revela o medo de que a nova medida encoraje os usuários a abandonar a camisinha e a se aventurar sexualmente. "As pessoas usarão o remédio no lugar do preservativo", diz Michael Weinstein, da ONG Aids Healthcare Foundation, um dos opositores mais ferrenhos. "Como é difícil tomar a droga diariamente, acabarão contaminados." Jacobs, o pioneiro, acredita que esse tipo de oposição será superado. Enquanto isso, ele e os amigos tentam combater o rótulo que receberam. Estamparam "Truvada whore" em camisetas e usam a expressão a seu favor, para divulgar a causa. "Não podemos ser vítimas da ignorância alheia. Se há um novo método para se proteger, por que não usá-lo?", diz Jacobs. Os pesquisadores envolvidos nos estudos que avaliam o Truvada dizem que não há motivo para se preocupar com o relaxamento no uso da camisinha. A pesquisa de 2010, que comprovou a eficácia do remédio, sugere que o uso de preservativo não diminuiu. Um dos pilares dos novos estudos, como o brasileiro, é divulgar entre os participantes que o remédio não é um substituto para a camisinha, que reduz em 98% os riscos de contrair o vírus. Mesmo porque o Truvada não protege contra as outras doenças sexualmente transmissíveis. Ele é um complemento para reforçar a segurança entre pessoas que não conseguem usar o preservativo em todas as relações sexuais. "E como se o remédio fosse um air bag", diz a médica Valdiléa Veloso, da Fiocruz. "Quando eles foram adotados nos carros, falaram que as pessoas parariam de usar o cinto. Isso não aconteceu. O air bag se tornou um complemento de segurança." O reforço é bem-vindo. Pesquisas do Ministério da Saúde mostram que, nos últimos anos, houve redução no uso regular da camisinha. Em 2004, 51,5% usavam o preservativo em todas relações sexuais casuais. Em 2008, esse número caiu para 45,7%. O mesmo ocorreu entre quem tem parceiro fixo. Em 2004,24,9% usavam. Em 2008, eram apenas 19,4%. O professor carioca Haroldo André Garcia, de 40 anos, é voluntário no estudo da Fiocruz e não se descuida. Diz que, desde que começou a tomar o Truvada, há quatro meses, nunca deixou o preservativo de lado. Mesmo assim, amigos já perguntaram se ele tomava o remédio porque era promíscuo. "Não é um convite à promiscuidade, é só mais uma segurança", diz Garcia. "Tenho muito medo da aids, porque vi todos aqueles artistas morrer nos anos 1980." Ele está solteiro e diz que é um bom momento para usar a proteção extra. Um dos objetivos do novo método de prevenção é este: ensinar as pessoas a reconhecer os níveis de risco a que estão expostas, para que escolham as melhores medidas preventivas. Antes de adotar o Truvada em larga escala, o Brasil terá de responder a outras dúvidas. "De onde sairá o dinheiro? Ele terá de vir de algum outro lugar", diz Paulo Lotufo, diretor do Centro de Pesquisa Clínica e Epide-miológica do Hospital Universitário da USP. "Vamos pegar um monte de dinheiro e dar para um laboratório." O Truvada não faz parte da lista de medicamentos do Ministério da Saúde, nem como opção de tratamento para a aids. Se for adotado oficialmente, poderá ocorrer uma negociação com o fabricante para baixar seu preço, estimado nos EUA em US$ 1.000 por mês, por usuário. Outra opção é produzir no Brasil. O infectologista Esper Georges Kallás, pesquisador que conduz o estudo da Fiocruz na USP, diz que os custos podem ser altos, mas os benefícios também são. Haverá menos contaminados, menos gastos com o tratamento e, claro, menos mortes. "Quanto vale poupar uma vida?", diz Kallás. "Para mim, não tem preço."
Procon: São José dos Campos tem maior diferença no preço de remédios 19/09/2014 - Portal Valor Econômico SÃO PAULO - Uma pesquisa do Procon do Estado de São Paulo, divulgada nesta sexta (19), indicou a cidade de São José dos Campos como o município com maior variação no preços de medicamentos genéricos e de referência. No município, localizado no Vale do Paraíba, os genéricos tiveram diferença de preço de 881,38%, enquanto os remédios de referência registraram até 300,06%, entre a farmácia mais barata e a mais cara. Na Capital, foram encontradas variações de até 875,4%¨nos genéricos. Nos medicamentos de referência, um produto poderia custar 280,06% a mais, de acordo com o local. Na comparação dos preços médios, o estudo verificou que os medicamentos genéricos são 57,37% mais baratos do que os de referência. Entre os genéricos, a nimesulida (100 mg, 12 comprimidos) registrou a maior diferença. O preço mínimo foi de R$ 1,78, enquanto o máximo, de R$ 17,37. Já no casos dos medicamentos de referência, o Amoxil (amoxilina, 500mg, 21 cápsulas) teve variação entre R$ 15,50 e R$ 58,91. A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 8 de agosto e avaliou 56 remédios.
Primeira pessoa: ‘Estamos investindo em nanotecnologia para medicamento’ 22/09/2014 - O Estado de S.Paulo Na contramão dos laboratórios nacionais que investem fortemente em medicamentos genéricos, a farmacêutica Biolab, de São Paulo, líder em medicamentos de prescrição médica voltada para cardiologia, está apostando em produtos inovadores, com base na nanotecnologia. A companhia registrou a patente de seu novo produto, o Nanorap (anestésico), nos Estados Unidos, e aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Já temos interessados em firmar parceria com a gente nos Estados Unidos”, disse Cleiton de Castro Marques, presidente da Biolab. ? Por que a empresa decidiu apostar em inovação? Começamos a investir na produção de medicamentos por meio da nanotecnologia (manipulação de matéria numa escala molecular), cujo efeito é mais rápido. Desenvolvemos o primeiro nanoanestésico tópico (creme), voltado para pequenas incisões, temos outros seis produtos em pesquisa com base nessa tecnologia. Já temos dois dermocosméticos. Um deles, o Photoprot, tem proteção mais prolongada. ? Esse produto (Nanorap) poderá ser comercializado no Brasil? Registramos o pedido de registro na Anvisa no mês de agosto e aguardamos aprovação para comercializálo. Ao mesmo tempo, fizemos o registro da patente nos Estados Unidos, que tem validade por 30 anos. Já fomos procurados para desenvolver o produto em parceria com outras empresas lá fora, mas ainda não fechamos nenhum acordo. ? O produto será o novo blockbuster (campeão de venda) da companhia? Ele tem potencial para ser um dos nossos produtos mais vendidos. Um dos nossos principais medicamentos hoje é o Vonau (para náusea).
Pesquisa e desenvolvimento
Imunização contra hepatite A já está disponível 19/09/2014 - O Estado de S.Paulo A vacina contra a hepatite A já está disponível em todos os postos de saúde do País, até no Estado de São Paulo, segundo o Ministério da Saúde. A imunização é direcionada a crianças entre 12 meses e 2 anos incompletos. A dose é única,mas será realizado um monitoramento para verificar a necessidade de incluir uma segunda dose no calendário. No Estado de São Paulo,a meta é vacinar 616 mil crianças no primeiro ano da campanha. O Estado recebeu, até o momento, 504 mil doses. De acordo com o ministério, a vacina não causa reações, de um modo geral, mas as crianças podem ter inchaço e vermelhidão no local da aplicação. Doses.O governo federal anunciou que tem como meta vacinar 2,8 milhões de crianças contra a doença em todo o País. De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o estoque atual é suficiente para mais de um ano. O investimento para a compra de 5,6 milhões de doses foi de R$ 111 milhões.
Doce armadilha 22/09/2014 - IstoÉ Milhares de pessoas usam adoçantes artificiais para evitar as calorias do açúcar. Eles são vistos pela maioria como importantes aliados no controle da diabetes e das dietas de emagrecimento. Na semana passada, um estudo feito por cientistas do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, abalou essa certeza. A pesquisa, divulgada pela respeitada revista científica “Nature”, afirma que, por mecanismos até agora desconhecidos, essas substâncias aumentam as chances de ter diabetes e de ganhar peso. É um efeito oposto ao que se propõem. Liderados pelo imunologista Eran Elinav, os pesquisadores analisaram o metabolismo de roedores e de humanos após o consumo de três tipos de adoçantes – sucralose, aspartame e sacarina. O objetivo era verificar a hipótese de que essas substâncias interferem no equilíbrio das bactérias que vivem no intestino. Deu certo. Não se sabe exatamente de que maneira esses adoçantes favoreceram a ação de certos micro-organismos da flora capazes de liberar compostos prejudiciais à ação da insulina, o hormônio que conduz o açúcar (ou glicose) para dentro das células. Para tentar corrigir o desajuste, o pâncreas aumenta a produção do hormônio. Se o problema persiste, está instalada a resistência à insulina. Nesses casos, o organismo não consegue converter os carboidratos ingeridos na energia de que necessita, o que faz subir as taxas de açúcar no sangue, um conhecido fator de risco para doenças cardiovasculares. “Constatamos que os adoçantes desequilibram a flora intestinal, o que promove a intolerância à glicose”, sentenciou Elinav. O trabalho teve repercussão mundial e está causando debate. Um dos motivos é o fato de ser baseado em muitos experimentos, o que dificulta a visualização de um padrão. Na etapa inicial, os roedores receberam água misturada à sacarina, à sucralose, ao aspartame e ao açúcar. Outros, apenas água. Todos que usaram adoçantes desenvolveram intolerância à glicose, mas os que tomaram sacarina tiveram reação mais intensa do que os outros. Em outra fase do trabalho, as cobaias foram tratadas com antibióticos para erradicar muitas das suas bactérias intestinais, o que normalizou as taxas de açúcar do sangue. Em seguida, a flora intestinal das cobaias que tomaram sacarina foi transferida para animais que não tinham bactérias nem resistência à insulina. “Não se pode generalizar as conclusões. Sabemos, por exemplo, que o aspartame é absorvido pelo organismo, diferentemente da sacarina”, diz a endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). “O que se pode entender disso tudo é que há fortes evidências, em animais, de que a sacarina está ligada à intolerância à glicose”, diz ela. Os testes com humanos também são alvo de críticas. A equipe de Elinav fez duas avaliações: primeiro, analisou dados de 381 voluntários de uma pesquisa do grupo sobre nutrição e micro-organismos no intestino, considerada a maior em andamento. Aqui, encontrou uma associação importante entre o consumo de adoçantes, a composição da flora e a propensão a ter intolerância à glicose. Na sequência, os cientistas pediram a sete voluntários para consumir a dose máxima de sacarina por uma semana. No final do período, quatro tinham começado a desenvolver intolerância à glicose. “O trabalho é um alerta, mas é pequeno, foi feito apenas com a sacarina e deve ser ampliado”, pondera Maria Edna, da ABESO. Para ela, estudos com maior quantidade de voluntários obesos e com peso normal são necessários. Mesmo assim, as novas informações produziram impacto. De agora em diante, a médica irá insistir junto aos pacientes para que só aqueles que têm diabetes ou lutam com a obesidade façam uso dessas substâncias. Para a farmacêutica e bioquímica Lucyanna Kalluf, de São Paulo, as alterações provocadas pelos adoçantes não são novidade. “Diversos estudos anteriores revelaram seus efeitos ruins para o organismo”, diz. Um deles foi publicado no ano passado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “Falta investimento na comprovação desses efeitos”, diz ela, que contraindica o produto aos pacientes. O Calorie Control Council, uma associação internacional das indústrias de alimentos com baixas calorias, condenou publicamente a metodologia do trabalho e disse que a pesquisa depende, em grande parte, dos resultados com roedores. Diante da polêmica, o pesquisador Elinav disse que seu trabalho não pretende dar recomendações sobre o uso de adoçantes. “Mas não constatamos nenhum benefício no uso dessas substâncias. Por isso, seu uso massivo nos dias atuais deve ser reavaliado”, disse o pesquisador.
Amargo antibiótico 21/09/2014 - Correio Braziliense Antes deles, uma simples infecção de pele matava 30% dos pacientes. Nove em cada 10 crianças com meningite não sobreviviam e uma inflamação no ouvido freqüentemente migrava para o cérebro, causando danos irreversíveis. Mas, se os antibióticos revolucionaram a medicina, esses remédios também não estão isentos de riscos. Pesquisas recentes demonstram que o uso dos medicamentos no início da vida pode resultar em problemas de saúde a longo prazo. Além de aumentar a suscetibilidade a algumas doenças, eles estão associados a disfunções metabólicas, incluindo a obesidade. Em um experimento com ratos recém-nascidos, pesquisadores da Universidade de British Columbia, no Canadá, constataram que o antibiótico. mais tarde, enfraquece o sistema imunológico. "A maior parte das bactérias que vive no nosso aparelho digestivo desempenha um papel positivo na promoção de um sistema imunológico saudável, mas tratamentos antibióticos geralmente não discriminam as bactérias boas das ruins", observa Kelly McNagny, professor de genética da instituição e principal autor do estudo publicado no Jornal cie Alergia e Imunologia CM nica. "Ao se perturbar essa microbiota no início da vida, mesmo que se interrompa o uso do antibiótico, os efeitos sobre o sistema imunológico serão permanentes observa. No estudo, ele testou dois antibióticos — vancomicina e estreptomicina — nos ratinhos recém-nascidos. A primeira droga não alterou as estruturas de defesa dos animais. mas a segunda, utilizada principalmente no tratamento da tuberculose, aumentou, mais tarde, o risco de pneumotite de hipersensibilidade, síndrome pulmonar caracterizada por reações alérgicas após a inalação de mofo. bactéria, fungo e substâncias químicas. Quem sofre do problema pode passar mal quando em contato com uma ampla lista de agentes causadores, como ar-condicionado sujo, borracha sintética e queijo mofado, entre outros. "Os pais se preocupam tanto com crises alérgicas, não deixando seus filhos brincarem com animais domésticos ou evitando a poeira a todo o custo, enquanto o problema pode estar onde menos esperam", observa. O médico, contudo, destaca a importância de tratar as crianças com antibióticos quando necessário. "Essas drogas salvam vidas, mas prescreve-las em excesso não é uma boa coisa", alerta. Além disso, esse estudo ressalta a importância de buscar formas de compensar a morte das boas bactérias pelos antibióticos quando o uso dele é realmente necessário. Para o geneticista, é possível que os probióticos — micro-organismos vivos que promovem o equilíbrio da flora intestinal — consigam desempenhar esse papel. Consumidas em forma de suplementos farmacológicos ou alimentos, como leites fermentados, essas bactérias benéficas poderiam recolonizar o sistema digestivo afetado pelos antibióticos. "A ideia é: se vamos fazer um tratamento com antibióticos, é melhor prescrever um pro-biótico que ajude a proteger o sistema imunológico", defende. Contudo, McNagny alerta que ainda é preciso investigar se essa estratégia funcionará de fato. Eczemas No ano passado, a médica Teresa Tsakok. do Hospital de St. Thomas, em Londres, resolveu investigara associação do uso precoce de antibióticos com o desenvolvimento de outro tipo de alergia, o eczema, a mais comum doença de pele inflamatória, também conhecida como dermatiteatópica. Caracterizado por coceira, bolhas e erupções, o problema causa grande sofrimento às crianças. Tsakok fez uma revisão de 20 estudos anteriores que haviam pesquisado a relação entre a exposição pré e pós-natal aos antibióticos e o desenvolvimento de eczema. "Encontramos uma associação significativa. No caso da exposição pré-natal, não há evidências, mas quando o uso do antibiótico é feito no primeiro ano de vida. a incidência de eczema é até 40% mais alta", conta a médica, observando que os medicamentos de amplo espectro são os que mais parecem influenciar o surgimento do problema. Assim como Kelly McNagny, a médica inglesa acredita que o problema esteja na microflora, que é afetada indiscriminadamente pelos antibióticos de amplo espectro. "Os micro-organismos que colonizam o intestino neonatal estimulam o tecido linfoide gastrointestinal, que contém pelo menos 60% de todos os linfócitos do corpo e desempenha um papel importante no desenvolvimento da imunidade no início da vida. Pode ser. então, que a redução e a alteração da diversidade dessa microflora, especialmente no primeiro ano de vida, afete o sistema imunológico ainda em maturação de maneira a promover o desenvolvimento de doenças alérgicas", acredita. Ligação também com a obesidade A perturbação das bactérias "do bem" por parte dos antibióticos pode explicar ainda a obesidade na infância. Um estudo publicado na revista Cell sugere que a exposição a esses medicamentos nos primeiros estágios do desenvolvimento reprograma permanentemente o metabolismo corporal, originando uma predisposição à doença. A pesquisa do Centro Médico Lan-gone da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, foi feita com ratos ainda na fase fetal. Na última semana da gestação, as fêmeas receberam baixas doses de penicilina, que continuaram a ser aplicadas quando elas ama-mentavam. Mais tarde, os filhotes mostraram-se mais suscetíveis a obesidade e anomalias metabólicas do que ratos que também tiveram contato com antibióticos, mas apenas quando estavam mais velhos. "Precisamos de mais evidências antes de afirmar que. em humanos, os antibióticos também têm um efeito sobre a obesidade e não estamos dizendo para os médicos pararem de prescrever esse remédio para crianças quando eles são necessários", ressalta George Singer, diretor do Programa do Microbioma Humano da universidade. No caso dos roedores, contudo, a associação encontrada foi bastante convincente. Aqueles tratados com baixas doses de penicilina cresceram mais pesados que os do grupo de controle, ainda que a alimentação de alto teor de gordura fosse igual para ambos. "Quando colocamos um rato numa dieta de muitas calorias, ele fica gordo. Quando o rato recebe antibióticos, ele fica gordo. Mas, quando o colocamos na dieta de muitas calorias e aplicamos antibióticos, ele fica muito, mas muito gordo", conta Singer. "Quanto mais cedo na vida eles têm contato com antibióticos, mais vulneráveis ficam do ponto de vista metabólico", complementa o biólogo.
Droga contra Alzheimer tem teste final 21/09/2014 - A Tarde A AstraZeneca oficializou parceria com a rival americana Eli Lilly que poderá fazer a companhia britânica ganhar até US$ 500 milhões se um promissor (mas arriscado) medicamento experimental para Alzheimer for bem-sucedido. A AstraZeneca disse que buscava um parceiro para sua droga inibi-dora Bace (AZD3293), posicionada para entrar em estágio final de testes de Fase III a Alzheimer. A decisão da Lilly de entrar no projeto endossa a ciência por trás da nova droga oral, dada a longa história da farmacêutica americana de tentar encontrar tratamento eficaz para o mal que afeta a memória. ATUAÇÃO Drogas inibidoras Bace bloqueiam a enzima beta-secreta se, envolvida na produção de beta-amiloide, proteína que cria placas no cérebro consideradas uma das principais causas do mal de Alzheimer
Saúde
Para conter ebola, Serra Leoa inicia confinamento 20/09/2014 - Folha de S.Paulo Serra Leoa iniciou um confinamento de três dias da população em suas casas em todo o país nesta sexta (19), em um esforço para evitar a propagação do vírus ebola. O presidente Bai Koroma fez um chamado aos moradores para que obedeçam às medidas de emergência. As ruas da capital, Freetown, estavam desertas. Estações de rádio divulgaram jingles para conscientização e encorajaram moradores a permanecerem em casa. "Hoje a vida de todos está em jogo, mas vamos superar esta dificuldade se fizermos o que nos for pedido", disse Koroma em um discurso televisionado na quinta (18). Voluntários de um centro de saúde em Freetown disseram na sexta que ainda não haviam recebido os kits do governo com sabão, adesivos e folhetos informativos. O ebola infectou 5.357 pessoas na África ocidental, matando 2.630, na pior epidemia do vírus registrada até agora, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Também nesta sexta, a China anunciou que destinará mais de US$ 32 milhões aos três países mais afetados pelo surto --Libéria, Guiné e Serra Leoa. FRANCESA A voluntária francesa dos Médicos Sem Fronteiras infectada na Libéria pelo ebola chegou na madrugada desta sexta (19) a Paris. Ela foi internada em um hospital perto da capital, equipado especificamente para evitar qualquer fuga de agentes contaminantes. A paciente receberá um tratamento experimental, disse a ministra da Saúde, Marisol Touraine, já que não há vacina ou tratamento homologados contra o ebola.
A vacina contra o HPV é confiável 20/09/2014 - Folha de S.Paulo A vacina contra o HPV é confiável A vacina contra o HPV é segura, esclarecem em comunicado conjunto as sociedades brasileiras de pediatria, de infectologia e de imunizações, a Sociedade Latino-americana de Infectologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. A aplicação da vacina, dos 11 aos 13 anos, oferece proteção contra o câncer do colo do útero na idade adulta. Por isso, é importante a continuidade da campanha de vacinação contra o HPV. Em março, a cobertura vacinal foi de 90%, com mais de 4 milhões de doses aplicadas; é necessária a aplicação da segunda dose da vacina. Até o momento, enfatiza o comunicado, não se observou associação causal entre a vacina e algum efeito grave. Para os pediatras e infectologistas pediátricos, as ocorrências relacionadas à aplicação preventiva do HPV são iguais aos casos analisados em outras vacinas. Podem surgir reações no local da injeção, como dor, inchaço e vermelhidão; e também febre e dor de cabeça. Raramente acontecem desmaios. Essa sensação de fraqueza e vertigem também pode surgir em adolescentes quando recebem injeção intramuscular de remédios. Em todo o mundo, já foram aplicadas mais de 180 milhões de doses da vacina do HPV, com excelente perfil de segurança, segundo o comunicado das sociedades médicas especializadas. Nos EUA, mais de 67 milhões de doses foram aplicadas em adolescentes, com 0,03% de eventos adversos.
Adolescente é internada após vacina contra HPV 20/09/2014 - Folha de S.Paulo Uma estudante de 12 anos ficou dois dias internada na Santa Casa de São Carlos (a 232 km de São Paulo) por suspeita de reações provocadas pela vacina contra o HPV (papilomavírus humano). Ela teve alta na tarde desta sexta-feira (19). A estudante tomou a segunda dose da vacina na sexta-feira (12) e apresentou os primeiros sintomas na segunda-feira (15). Ela teve dores de cabeça e perdeu a sensibilidade nas pernas. A vacina contra o HPV é administrada a adolescentes entre 11 e 13 anos e protege contra lesões do colo de útero que podem se desenvolver e virar câncer. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde disseram que a reação da adolescente pode ser um caso de ansiedade. Em Bertioga (103 km de São Paulo), 11 meninas foram socorridas neste mês após sentirem dormência nos braços e pernas após tomarem a vacina.
Febre ‘prima’ da dengue tem 5 casos na Bahia 22/09/2014 - O Estado de S.Paulo O governo da Bahia confirmou ontem o registro de cinco casos da febre chikungunya no Estado. Todos identificados na cidade de Feira de bSantana, distante 110 km de Salvador. Ai dentificação da doença foi feita com análise de 16 amostras encaminhadas ao Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA). Uma das preocupações é a de que o vírus pode ser transmitido por dois mosquitos conhecidos dos brasileiros: o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, transmissores da dengue.Achikungunya é uma doença viral, encontrada, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais. Os primeiros casos do País foram confirmados no dia 16, no Amapá. |