Os desafios das doenças raras e neurodegenerativas

são tema de evento inédito na capital

 

Vanessa Tubel, CEO da JCR do Brasil; Dra. Amouni Mourad, coordenadora do curso de Farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e o secretário-geral do CRF-SP, Dr. Adriano Falvo Vanessa Tubel, CEO da JCR do Brasil; Dra. Amouni Mourad, coordenadora do curso de Farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie; e o secretário-geral do CRF-SP, Dr. Adriano Falvo

São Paulo, 30 de setembro de 2024.

Falar sobre pesquisa clínica e o papel do farmacêutico nas doenças raras e neurodegenerativas é sempre uma tarefa desafiadora, afinal, muitos estudos clínicos envolvem centros de pesquisa localizados em diversos países, elevando consideravelmente os custos de operação, entre outros entraves. Para debater esse cenário complexo, mas igualmente fascinante, o CRF-SP promoveu no sábado (28), em parceria com a JCR do Brasil, um curso com profissionais de referência no setor.

O evento ocorreu na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital, e iniciou com as boas-vindas da coordenadora do curso de Farmácia da instituição, Dra. Amouni Mourad, que pontuou a importância de um encontro como o promovido pelo CRF-SP e a JCR do Brasil, frente às dificuldades enfrentadas por quem atua no setor.

“Vocês estão de parabéns por estarem aqui porque, quando falamos sobre pesquisa clínica e doenças raras, com ‘tanto apoio’ à ciência que temos no Brasil, ficamos até sensibilizados em saber que as coisas estão mudando”, disse a farmacêutica, que também é assessora técnica do Conselho.

Dra. Mariana Assolant Rodrigues; Dra. Simone Sayuri Ito; e Dr. Giovanni GuzzoDra. Mariana Assolant Rodrigues; Dra. Simone Sayuri Ito; e Dr. Giovanni Guzzo

O secretário-geral do CRF-SP, Dr. Adriano Falvo, representou a diretoria e reiterou o apoio do Conselho a atividades que tratam de doenças raras e neurodegenerativas. “O CRF-SP assumiu a responsabilidade de manter a transversalidade de assuntos em todos os eventos que promove, trata-se de um compromisso dessa diretoria e reforçado em cada um de nossos Grupos Técnicos de Trabalho ”, afirmou.

A CEO da JCR do Brasil, Vanessa Tubel, também participou da abertura e apresentou dados da empresa cuja sede fica em Kobe, no Japão. Há apenas quatro anos no Brasil, a JCR atua no mercado japonês há quase cinco décadas, dedicando-se à pesquisa e ao desenvolvimento de medicamentos para doenças raras e ultrarraras, além de doenças órfãs.

Painel com foco nas boas práticas clínicas e regulatórias

Com mediação do Dr. Giovanni Guzzo, membro do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) de Pesquisa Clínica do CRF-SP, a primeira atividade foi o painel ‘Papel do farmacêutico na pesquisa clínica e boas práticas clínicas e regulatórias’, sendo a primeira palestrante a Dra. Mariana Assolant Rodrigues, farmacêutica e coordenadora do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Santa Paula.

Ela detalhou o papel do farmacêutico em todo ciclo do estudo clínico, do recebimento, armazenamento e controle do produto investigacional; passando pela busca ativa de potenciais participantes de pesquisa; screening, anamnese e coleta de dados com o participante, randomização; preparo e dispensação do produto investigacional; visitas de seguimento no estudo e orientações de alta e seguimento no estudo; entre outros. A farmacêutica também aprofundou as etapas dos protocolos de pesquisa.

Outra participante foi a Dra. Simone Sayuri Ito, gerente regional de Estudos Clínicos da América Latina da JCR do Brasil, cuja apresentação abordou como são as fases da pesquisa clínica, desde a pré-fase até as quatro fases que resultam no desenvolvimento do medicamento. Questões envolvendo a ética na pesquisa e os princípios das boas práticas clínicas também foram foco da palestra da Dra. Simone.

Evento foi realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capitalEvento foi realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na capital

Os desafios da pesquisa clínica

A última apresentação ficou a cargo do Dr. Gustavo Alves Andrade dos Santos, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, além de coordenador do GTT de Farmácia Hospitalar do CRF-SP. Ele falou sobre os desafios da pesquisa clínica e elementos essenciais na elaboração de protocolos.

Dr. Gustavo Alves fez o desfecho do evento com a palestra sobre os desafios da pesquisa clínica e elementos essenciais na elaboração de protocolos de pesquisa clínicaDr. Gustavo Alves fez o desfecho do evento com a palestra sobre os desafios da pesquisa clínica e elementos essenciais na elaboração de protocolos de pesquisa clínica

O pesquisador discorreu sobre temas como os desafios da pesquisa com ênfase em doenças neurodegenerativas, os procedimentos de triagem, os desfechos primários e secundários, bem como a importância da colaboração multidisciplinar, entre outros fatores. Entre muitas reflexões críticas pontuadas ao longo da palestra, o Dr. Gustavo fez uma importante consideração acerca de estudos em andamento: “Tem drogas que estão em fase final de pesquisa que, quando abservamos o perfil étnico-racial, há uma prevalência superior a 95% de pessoas brancas. E, então, nos questionamos, como podemos utilizar um medicamento com segurança que foi testado majoritariamente em brancos? Os resultados podem ser completamente contraditórios, sobretudo em doenças que têm se mostrado prevalente em países pobres, como se não bastassem os problemas que temos como desnutrição, falta de assistência médica etc. “.

 

Renata Gonçalez

Departamento de Comunicação CRF-SP

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