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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 125 - MAR - ABR / 2016

COMISSÕES ASSESSORAS / SAÚDE PÚBLICA

   

Álcool na gravidez: tolerância zero

A cada mil crianças, até três nascem com deformidades, como microcefalia, problemas cardíacos ou comportamentais pelo uso de bebida alcoólica na gestação 

 

Um copinho de licor aqui, uma tacinha de vinho ali. O que aparentemente pode soar como inofensivo é muito perigoso em se tratando da ingestão de bebidas alcoólicas durante a gravidez, mesmo que de forma moderada. A prática tem sido associada a problemas neurocognitivos e comportamentais na criança, assim como a diversas deformidades faciais, de acordo com um estudo de 2015 da Academia Americana de Pediatria, publicado no periódico científico Pediatrics.

A pesquisa aponta que não há quantidade de álcool segura a ser consumida durante a gravidez e todas as formas de bebida alcoólica representam risco ao feto, já que o líquido ingerido ultrapassa a barreira da placenta e se acumula no líquido amniótico.

O farmacêutico, como profissional de saúde, representa um elo importante entre a gestante e a informação adequadaO farmacêutico, como profissional de saúde, representa um elo importante entre a gestante e a informação adequadaDe acordo com a dra. Conceição de Mattos Segre, pediatra e coordenadora do Grupo de Trabalho “Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-nascido”, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o álcool ataca o Sistema Nervoso Central. “É um dos responsáveis pela microcefalia, por más formações faciais, alterações cardíacas, órgãos, esqueleto, rins, enfim, é um agente teratogênico importante.”

Dra. Conceição ressalta que a cada 1.000 nascimentos, de 1 a 3 bebês nascem com a Síndrome Alcoólica Fetal completa e, pelo menos, dez com algum problema relacionado ao álcool. “Essas crianças têm muita dificuldade na escola, apresentam problemas com a lei e podem se tornar alcoólatras, por fatores genéticos e nutricionais.” Ela alerta ainda que a tolerância é zero para o álcool em gestantes e em mulheres que pretendem engravidar. “Como não há tratamento curativo, apenas de suporte, a saída é a orientação.” 

Nesse contexto, o farmacêutico como profissional de saúde representa um elo importante entre a gestante e a informação adequada. Para a dra. Carolina Nardi Duarte, farmacêutica Responsável Técnica do Ambulatório de Saúde Mental da Prefeitura de Limeira e coordenadora da Comissão Assessora de Saúde Pública da Seccional do CRF-SP em Piracicaba, a conscientização da mãe é fundamental. “Fatores como a adesão e o cumprimento do tratamento da forma correta são essenciais para uma estabilidade e melhora no quadro clínico do paciente.”

Dra. Carolina observou o aumento do número de adolescentes que procuram serviços como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que fornecem ajuda a pessoas viciadas em álcool e drogas. Ela destaca que, em Limeira, a Apae, que era responsável pelo atendimento desses pacientes, está capacitando os funcionários das UBS para acolhimento e acompanhamento de forma mais ampla. 

Os dados sobre abuso de bebidas alcoólicas na adolescência despertaram a preocupação do CRF-SP, que irá abordar o tema, alertando para os riscos, durante a Semana de Assistência Farmacêutica (SAF), por meio de palestras que serão ministradas em escolas de todo o Estado. Para participar da SAF, entre em contato com Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

    

Por Thais Noronha

 

CONSEQUÊNCIAS DA SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL

 

Comprometimento do crescimento: déficit de crescimento pré ou pós-natal, redução do tecido adiposo.

Comprometimento do desenvolvimento: retardo mental, atraso no desenvolvimento psicomotor, disfunção motora fina, déficit de atenção ou hiperatividade, problemas de fala, hipotonia, distúrbios cognitivos e comportamentais.

Comprometimento da região craniofacial: microcefalia, fissuras pálpebras curtas, ptose palpebral, pregas epicânticas, micro ou retrognatia, hipoplasia maxilar, nariz curto com nasio rebaixado.

Comprometimento no tecido esquelético: alterações articulares, defeito de postura dos pés, anormalidades da espinha cervical.

Comprometimento do aparelho cardíaco: defeitos no septo ventricular, defeitos no septo atrial, tetraplegia de Fallot.

Entre outros: estrabismo, má oclusão dentária, perdas auditivas, escavação torácica anormal, dentes pequenos, hipospádia, hidronefrose, hirsutismo infantil, hérnias umbilicais e diafragmáticas.

 

Consequências da Síndrome Alcoólica Fetal

 

  

 

     

     

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