II Escola Farmacêutica de Inverno reúne estudantes de Farmácia e farmacêuticos

 

Público acompanhou o ciclo de palestras durante a semanaPúblico acompanhou o ciclo de palestras durante a semanaSão Paulo, 3 de setembro de 2018.

A segunda edição da Escola Farmacêutica de Inverno, promovida pelo CRF-SP, por meio do Comitê Jovem, na capital, reuniu estudantes de Farmácia e farmacêuticos em um ciclo de palestras que abordou, internacionalização, empreendedorismo, além de comunicação e liderança. Confira como foi cada palestra:

Internacionalização

Na segunda-feira, 27, o assunto foi a internacionalização, tanto para farmacêuticos, como para acadêmicos e recém-formados. A primeira apresentação foi realizada remotamente pela farmacêutica portuguesa, Dra. Ema Paulino, que é membro da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP) e explicou a internacionalização focada na entidade. “A FIP é a organização que representa a globalidade dos farmacêuticos de todo o mundo e tem entre suas atividades trocar experiências sobre diversos aspectos da profissão. Em 2018, as principais declarações que estão sendo debatidos são o desenvolvimento estratégico de informações de medicamentos, a farmácia como porta de entrada do paciente para o sistema de saúde e a importância do controle das resistências aos antimicrobianos”.

 

Dra. Luciana Canetto, secretária-geral do CRF-SPDra. Luciana Canetto, secretária-geral do CRF-SP Dra. Margarete Kishi, conselheira federal Dra. Margarete Kishi, conselheira federal

 

 

A Federação está aberta a farmacêuticos de todo o mundo e, inclusive, Dra. Ema falou da possibilidade do Comitê Jovem do CRF-SP integrar o Grupo de Jovens Farmacêuticos da FIP.

A farmacêutica portuguesa Dra. Ema Paulino, membro da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP)A farmacêutica portuguesa Dra. Ema Paulino, membro da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP)

Já a internacionalização de estudantes foi explicada pelo Dr. Lucas Ercolin, da International Pharmaceutical Students Federation (IPSF-Brasil). “As principais oportunidades para estudantes no que se refere a internacionalização são os estágios, os eventos, os intercâmbios e o associativismo. Os estágios são na maioria não remunerados, mas trazem ampla experiência profissional para o estudante, os eventos agregam atualização e podem ser feitos por meio de congressos internacionais”

Em relação ao intercâmbio, Dr. Lucas falou do encerramento do principal programa do País, o Ciências Sem Fronteiras. “Infelizmente o Ciências sem Fronteiras foi encerrado. Porém muitas universidades possuem parcerias, é preciso que cada estudante busque informação na própria faculdade. Já o associativismo pode acontecer por meio da participação de organizações internacionais como a IPSF e a FIP ou mesmo associações não farmacêuticas. Elas também agregam no desenvolvimento profissional e no networking”.

Dr. Lucas Ercolin falou sobre intercâmbio Dr. Lucas Ercolin falou sobre intercâmbio

Carreira internacional

Na terça-feira (28) os palestrantes convidados foram Dr. Michael Amorim, Dr. Igor Linhares de Castro e Dra. Luana Rossato, que falam para o público sobre suas trajetórias de vida e dos passos que percorreram até conseguirem atingir uma carreira internacional.

Dr. Igor Linhares de Castro se formou em 2004 e escolheu trilhar sua carreira na indústria, na área de assuntos regulatórios. Em sua palestra, descreveu suas experiências profissionais desde o tempo de estagiário. “Recebi dicas de colegas mais experientes, que já atuavam fora do país. Tentei uma vaga na Organização Mundial de Saúde (OMS), mas não passei porque faltava em mim muitas exigências para a vaga. Depois disso, colei o currículo da vaga na porta do guarda-roupa e aquilo virou a minha meta de vida”, relatou o profissional que incrementou sua formação acadêmica, aprendeu línguas, acumulou experiência em congressos internacionais, ganhou prêmios, atuou pela Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP) e atingiu com mérito o seu objetivo. Atualmente, o Dr. Igor, representa uma empresa de biotecnologia russa em toda a América Latina.

Dra. Luana Rossato, Dr. Igor Linhares de Castro,  Dr. Michael Amorim e Dr. Gustavo Guerra Dra. Luana Rossato, Dr. Igor Linhares de Castro, Dr. Michael Amorim e Dr. Gustavo Guerra

Dra. Luana Rossato é gaúcha de Santa Maria e está em São Paulo há seis anos Fez doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e teve sua experiência internacional na Holanda. Desde criança tinha interesse por ciências. Começou sua carreira em um estágio na universidade, fez iniciação científica com fungos e depois de um tempo foi para Holanda trabalhar no desenvolvimento de um equipamento de diagnóstico de infecções fúngicas da empresa Thermo Scientifc. “Foi um período muito importante, me abriu muitas portas e possibilidades, participei de congressos internacionais e fui premiada. Mas também foi um período muito difícil”, revelou a profissional, que atualmente faz pós-doutorado na Unifesp.

Para fechar a etapa, o Dr. Michael Amorim também revelou seu interesse, desde criança, por ciências e como isso direcionou suas escolhas. Chegou a cursar a faculdade de engenharia, mas sentiu que aquele não era seu destino e foi para a farmácia. Durante o curso descobriu o interesse pela carreira acadêmica, conseguiu bolsa para a Universidade de Coimbra, em Portugal, na sequência iniciou doutorado na USP, depois foi, também como bolsista, para o Canadá. “No exterior, você passa por muitas dificuldades, sente muita falta da família, mas a gente consegue se adaptar e, no final, foi a melhor experiência da minha vida. Fiz amigos, produzi um conteúdo científico proveitoso e foi uma nova forma de ver o mundo”, afirmou o profissional, que depois desenvolveu carreira na indústria em pesquisa e desenvolvimento, foi coordenador do Comitê Jovem do CRF-SP, passou por uma Organização Não-Governamental (ONG) na área de consumo consciente e hoje é coordenador de sustentabilidade na empresa Unilever. “Me afastei um pouco da área farmacêutica, mas, se não fosse farmacêutico, jamais teria vivido essas experiências que me levaram à sustentabilidade”, concluiu.

Dr. Igor Linhares de Castro, Dra. Luana Rossato e Dr. Michael AmorimDr. Igor Linhares de Castro, Dra. Luana Rossato e Dr. Michael Amorim

Experiência na Holanda

No terceiro dia, a programação contou com a apresentação por videoconferência da experiência vivida pelo farmacêutico paulista Dr. Arthur Svendsen, que atua como pesquisador na área de biologia molecular junto à Universitair Medisch Centrum Groningen, na Holanda. Ele detalhou toda a trajetória percorrida desde os tempos de iniciação científica na graduação na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), passando pelo período em que se transferiu para a Holanda por meio do programa Ciências sem Fronteiras, país no qual posteriormente obteve bolsa para cursar mestrado e doutorado, este último com previsão de conclusão em 2020.

Uma das dúvidas abordadas pelos participantes foi sobre o mercado de trabalho do farmacêutico naquele país. De acordo com o Dr. Arthur, o farmacêutico tem ‘responsabilidades gigantes na Holanda’: “Às vezes, maior até mesmo do que o médico, porque cabe a ele dar toda a orientação sobre o tratamento e os cuidados com a saúde ao paciente. É o profissional de Farmácia que acaba tendo um contato maior com ele, determinando a posologia, descobrindo possíveis alergias e contraindicações ao fármaco, enfim, sua importância é de igual para igual aos outros profissionais da saúde”.

Dr. Arthur Svendsen, que atua como pesquisador na Universitair Medisch Centrum Groningen, na HolandaDr. Arthur Svendsen, que atua como pesquisador na Universitair Medisch Centrum Groningen, na Holanda

Empreendedorismo

Os palestrantes Lucas Portilho, farmacêutico e Neto Montagnini, ambos sócios da Consulfarma falaram aos participantes sobre empreendedorismo. E, com as próprias trajetórias profissionais, mostraram a importância de aproveitar as oportunidades, buscar conhecimento e, principalmente, planejar aonde se quer chegar. Os dois foram estagiários da empresa que hoje comandam.

Neto Montagnini, um dos sócios da Consulfarma Neto Montagnini, um dos sócios da Consulfarma

Neto mostrou sua paixão pela área de farmácia magistral com números que comprovam o crescimento e as oportunidades do mercado. “Apesar da faculdade de Farmácia não preparar para ser empreendedor, é possível ser farmacêutico e empresário. Hoje, na minha opinião, abrir uma farmácia de manipulação é a melhor opção. As pessoas buscam um tratamento cada vez mais personalizado”. Ele destacou ainda a importância de se aperfeiçoar com cursos de coach, gestão de pessoas, uma pós-graduação em administração. “Outras características estão ligadas à capacidade de negociação, levantamento de necessidades. O empreendedor é o mais preparado para ganhar sempre, mude a chave, seja o melhor no que você faz sempre. Para algumas pessoas atravessar um rio é fácil, para outras envolvem o medo de nadar, de se molhar, de correr riscos”.

O farmacêutico Lucas Portilho, coordenador da Comissão Assessora de Farmácia Estética do CRF-SP, hoje é um dos profissionais referência na área. Especialista em cosmetologia, farmacêutico e diretor do Instituto de cosmetologia e ciências da pele, diretor na Consulfarma consultoria farmacêutica, atuou em empresas como Natura, AdaTina e EMS, além de ser o criador de linhas de dermocosméticos. Durante a palestra “O que a faculdade não ensina”, ele destacou os percalços e oportunidades da sua trajetória profissional. “Comecei como encapsulador em uma farmácia e logo quis ser o melhor, passei pela EMS onde aprendi muito e percebi que poderia ir adiante dando cursos e aulas, após ser demitido entrei na Consulfarma ainda como estagiário para fazer testes de farmacotécnica e lá procurei ser o melhor formulador de dermocosméticos, o que me rendeu um convite para atuar na empresa dos meus sonhos, na época, a Natura. Após um período de muito sucesso por lá, enfrentei um novo desafio e voltei para a Consulfarma, desta vez com o risco e a oportunidade ainda maior, eu seria o proprietário junto com outros sócios. E assim fomos evoluindo, criando novas empresas e de estagiário, hoje temos 117 funcionários da Consulfarma. Uma coisa eu digo, empreender nem sempre dá dinheiro da noite para o dia”.

Dr. Lucas Portilho (a esq) e Dr. Cassio Souza, Dr. Lucas Portilho, Dr. Gustavo Guerra e Neto MontagniniDr. Lucas Portilho (a esq) e Dr. Cassio Souza, Dr. Lucas Portilho, Dr. Gustavo Guerra e Neto Montagnini

Dr. Lucas apresentou algumas dicas para que o farmacêutico se destaque no ambiente de trabalho como oratória (deve se destacar em reuniões, fazer-se entender no diálogo com os pacientes); Saber se vender (o marketing pessoal é essencial, aumentar a desenvoltura, o networking); ter uma rede social impecável (muitos recrutadores analisam o comportamento nas redes), ter cuidado com o empreendedorismo de palco (cuidado com frases motivadoras, mas vazias); ir além do solicitado (estudar em profundidade o ambiente que está, entender o negócio), conhecer inglês, saber que a possibilidade de fracasso é real.

Participantes de mais um dia de ciclo de palestras Participantes de mais um dia de ciclo de palestras

Comunicação e Liderança

O último dia do ciclo de palestras da II Escola Farmacêutica de Inverno encerrou com o tema Comunicação e Liderança, ministrado pelo psicólogo e coach Lucas Leandro de Oliveira. Entre os destaques estavam as diferenças entre ser um chefe e ser um líder e a importância de se fazer entender para o estabelecimento de uma comunicação eficaz. 

Para Lucas, as empresas, organizações sociais e grupos religiosos têm percebido que a comunicação e a ausência de uma liderança inteligente têm dificultado os processos e as relações, prejudicado o alcance de metas, resultados mais estruturados e isso tem feito com que as pessoas percam seu desempenho, se sintam desmotivadas e perdidas no meio do caminho. “A noção mais recente é a de que é o líder se transforma, ele se faz em meio a relação com os demais, ele não nasce pronto, mas de desenvolve de acordo com o meio em que está e com a relação com as pessoas”

Dr. Lucas Leandro de Oliveira, coach e psicólogo Dr. Lucas Leandro de Oliveira, coach e psicólogo

Ele destacou ainda que a comunicação assertiva pode ser tão útil quando aplicada de verdade e a comunicação não violenta se torna possível para todos os ambientes. “A partir do momento em que você entende e pratica funciona com seu cliente, seu paciente, seus pais, seu chefe, independente do ambiente as pessoas vão perceber que a comunicação delas pode ser possível e produtiva em qualquer lugar”.

Dr. Gustavo Guerra, Dr. Thomaz Correa, Dr. Cassio Souza e Dr. Lucas LeandroDr. Gustavo Guerra, Dr. Thomaz Correa, Dr. Cassio Souza e Dr. Lucas Leandro

 

Departamento de Comunicação CRF-SP

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