Na farmácia em que trabalho é nossa prática aferir a pressão e realizar o teste de glicemia capilar dos pacientes para orientá-los sobre suas saúdes e possíveis necessidades de reavaliações médicas. Em um desses atendimentos, me deparei com uma paciente que disse ter diabetes há muito tempo e que tomava medicação oral para controlar a doença. Entretanto, ela não descartava da sua dieta o pão francês e outras guloseimas prejudiciais ao seu quadro de saúde.

Assim que realizamos o teste, verifiquei que a glicemia estava alta. Conversei com ela e expliquei a importância de uma dieta equilibrada, atividades físicas e a reavaliação médica para adequar a medicação. Nesse momento ela confessou que a médica já a havia orientado a usar medicação injetável para controlar os índices glicêmicos, mas ela não usava porque tinha medo da aplicação. Por conta desse medo, ela não seguia a prescrição médica. Ela também me confessou que já sentia sérios problemas de visão decorrentes da doença. Orientei a paciente sobre a aplicação da insulina de forma a dar-lhe confiança e disse que sempre que precisasse podia me procurar.

Depois disso, sai de férias. Quando voltei a me encontrar com a paciente, ela me contou que havia voltado ao médico e que estava utilizando a medicação injetável. Afirmou que havia me procurado durante as minhas férias, pois estava com muito medo de realizar a aplicação sozinha e que recebeu ajuda dos outros colegas da farmácia. Porém, ela queria falar comigo pela confiança que lhe passei na nossa conversa inicial e porque ela se sentiu acolhida com minha preocupação e meu esforço em sensibilizá-la sobre o perigo que estava correndo. Senti que fidelizei uma cliente para a farmácia e ganhei seu carinho.

Ela me contou que toda vez que fazia uso da medicação se lembrava de tudo que eu expliquei e seguia minhas orientações. Mas olha só: não é que ela me contou que também tinha medo de fazer o teste de glicemia?  Expliquei para ela detalhadamente como fazer o procedimento com muita calma e atenção. Minha querida cliente ficou feliz e me agradeceu muito pelo carinho. O caso dessa paciente me fez sentir extremamente realizada por perceber que, no dia a dia da farmácia (a tão temida drogaria por muitos recém-formados), podemos ajudar a mudar a história dos pacientes, contribuindo efetivamente para melhorar a saúde e bem-estar deles.

Dra. Carolina Zilio Zapater, São Bernardo do Campo (SP)

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