“...depois do que você me falou, estou pronto pra encarar minhas quimioterapias!”

Numa sexta-feira rotineira de farmácia hospitalar, quase encerrando meu plantão, já tinha terminado de evoluir os pacientes no sistema, feito meu logoff, tirado meu jaleco, quando fui acionado pela equipe de enfermagem, pois tinha um paciente que iria fazer sua primeira quimioterapia e estava “agitado”. Coloquei novamente meu jaleco e fui até a unidade de internação, onde esse paciente estava. Ao chegar em seu leito, me apresentei, sentei ao seu lado e perguntei se alguém já tinha explicado para ele o que era uma quimioterapia, para qual motivo ela foi prescrita e quais os principais efeitos colaterais que poderiam ocorrer. Percebi que o paciente tinha muitas dúvidas e esse era o motivo da sua insegurança e agitação. Expliquei tudo de um modo bem simples, porém sempre destacando todos os pontos relevantes do tratamento e, principalmente, as reações adversas e como manejá-las. Conversei com ele por quase 30 minutos. Quando estava saindo do quarto perguntei se ele precisava de mais alguma coisa. Ele então me respondeu: “Muito obrigado doutor, ninguém me explicou tão bem como seria meu tratamento. Depois de tudo que você me falou, estou pronto para encarar minhas quimioterapias”. A vida tem dessas surpresas. Os 30 minutos que doei a esse paciente além do meu horário normal de trabalho resultaram em uma sensação de dever cumprido que me acompanha até hoje.


Dr. Kaléu Mormino Otoni, São Paulo

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