Um atendimento que me marcou como profissional aconteceu quando eu trabalhava em uma drogaria. Um certo dia, um senhor que já era cliente e sempre ia à farmácia entrou logo cedo na drogaria e falou: vim pegar remédio para dor de cabeça. Eu perguntei a ele qual o remédio que ele costumava tomar quando sentia dor de cabeça. Ele pensou um pouco e falou que qualquer um. Como farmacêutica, antes de indicar a medicação, perguntei se ele tinha pressão alta e se tomava remédio. Ele confirmou que era hipertenso e tomava medicamento. Verifiquei se ele se lembrava de ter feito algo diferente, alguma mudança na alimentação, algum problema que gerou tensão ou ansiedade ou se tomava outros tipos de medicamentos junto com o de pressão. Ele me contou que na noite anterior tinha tomado muita cerveja e que havia acordado com tonturas e com o braço esquerdo meio dormente e muita dor de cabeça.
Foi aí que percebi que a situação dele era preocupante e o convenci a verificar a pressão. Para minha surpresa estava 23/11. A princípio achei até que tinha errado no procedimento, porque nunca havia aferido a pressão de algum paciente que estivesse nesse nível. Falei: "a sua pressão está bem alterada, mas vamos aguardar um minutinho e checar novamente só para conferir, ok?" A nova aferição foi ainda mais alarmante: 24/11.
Então disse a ele que não iria vender nenhum medicamento e que ele precisava ir imediatamente ao Pronto Socorro. Expliquei que a pressão estava muito alterada. Mesmo contra a vontade dele, chamei um taxi e orientei o motorista a levá-lo diretamente para o Pronto Socorro.
Três dias depois, ele passou na farmácia para me agradecer. Disse que quando chegou ao Pronto Socorro foi atendido e que ficou no Hospital internado por dois dias para tratamento da pressão alta, além de ter feito vários exames. Contou que a equipe médica ficou bem preocupada com o estado de saúde dele. Ele também falou que ligou para família, que morava em outra cidade, e que agora não estava mais sozinho em casa.
Naquele dia deixei uma fila enorme no balcão para atender, com a atenção necessária, esse paciente. Acredito que a minha intervenção pode ter evitado que esse paciente sofresse um AVC ou outro problema gravíssimo de saúde, que colocasse, inclusive, a vida dele em risco. O agradecimento do paciente foi marcante e me deixou muito feliz. Mas, mais importante ainda é meu próprio sentimento de profunda gratidão por tudo que ocorreu.

Dra. Silvanira da Cruz, Praia Grande

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