Cerca de 1,5 mil farmacêuticos vão a Brasília, mas votação é adiadaMobilização nacional: farmacêuticos de todo o país fizeram de ontem um dia históricoBrasília, 15 de maio de 2014.
Ainda não foi dessa vez que a categoria farmacêutica pôde comemorar uma vitória histórica para a categoria. Mais uma vez, a votação da subemenda aglutinativa em substituição ao PL 4.385/94 não entrou na pauta de votação da Câmara dos Deputados, apesar da garantia do presidente da casa, Henrique Alves. Primeiro por um bloqueio na pauta que impediu de incluir o assunto, depois por pressão de entidades do comércio varejista que procuraram o presidente e contra argumentaram fazendo com que repensasse a decisão de abrir a votação.
Apesar dos argumentos do setor comercial terem sido combatidos pelas entidades farmacêuticas que defendem a valorização da profissão e a distinção de um estabelecimento de saúde, não houve nenhum acordo entre os setores.
Brasília recebeu cerca de 1,5 mil farmacêuticos e estudantes de Farmácia que vieram dos mais variados estados como Amapá, Fortaleza, Rio Grande do Sul, Pará e Paraná. Pessoas como as que integraram a delegação do Mato Grosso, que não mediram esforços para encarar mais de 17 horas de viagem para lutar por uma causa de interesse público. Para o presidente do CRF-MT, dr. Alexandre Magalhães, não se trata de uma atitude corporativa. “É uma ação de saúde pública. Temos 4 mil farmacêuticos e em torno de 1,8 mil farmácias e drogarias. Viemos em uma caravana de 40 pessoas e todo o esforço vale pela categoria e pela população que é a razão da nossa causa”.
Além de dezenas de farmacêuticos no Estado de São Paulo, diversos conselheiros e a diretoria do CRF-SP também marcaram presença em Brasília. Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, dr. Pedro Eduardo Menegasso, esta foi a maior mobilização da categoria já feita na capital federal.
 O presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, e o deputado federal Ivan ValenteO presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, e o deputado federal Ivan Valente |  Ao centro, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, em reunião com os deputados Alice Portugal e Ivan Valente, além de representantes do setor varejistaAo centro, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, em reunião com os deputados Alice Portugal e Ivan Valente, além do presidente do CFF, dr. Walter Jorge, e representantes do setor varejista |
“A votação não aconteceu por pressão do setor do comércio farmacêutico. Os esforços do CRF-SP e de outras entidades junto aos deputados e líderes continuam. Apesar de não ter sido votado, houve um avanço, os deputados estão conhecendo a nossa força”, afirmou o dr. Menegasso.
Autor do substitutivo, o deputado Ivan Valente (Psol) apoiou todo o movimento e ressaltou que não ter o farmacêutico na farmácia significa maltratar o consumidor. “Farmácia e drogaria têm que ter um só conceito. Querem vender flor, chocolate e bateria de carro, isso é coisa de supermercado, não de farmácia. Estamos em negociação para colocar na pauta de votação. Todos os farmacêuticos são decisivos, a mobilização pelas ruas de Brasília, as galerias cheias dentro da Câmara são fundamentais para pressionar os deputados”.
Para o presidente do CRF da Bahia, dr. Mario Martinelli Junior, esse é o momento de mostrar a força da categoria farmacêutica. “Queremos uma saúde pública com qualidade na qual o farmacêutico esteja definitivamente inserido”. Já o dr. Daniel Costa, do CRF do Pará, é preciso definir um rumo para a farmácia, já que a população precisa desse profissional. “Hoje são cerca de 1,5 mil estabelecimentos e mais de 4 mil profissionais no Estado do Pará, então, se aprovado, teremos como suprir essa demanda”.
 O deputado Arlindo Chinaglia entre o presidente do CFF, dr. Walter Jorge, e o presidente do CRF-SP, dr. Pedro MenegassoO deputado Arlindo Chinaglia entre o presidente do CFF, dr. Walter Jorge, e o presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso |  Estudantes de todo o Brasil também marcaram presença na mobilizaçãoEstudantes de todo o Brasil também marcaram presença na mobilização |
Empenho
Há algumas semanas, os diretores, conselheiros e diretores regionais do CRF-SP estão visitando os deputados, em especial os que compõem a bancada paulista. De gabinete em gabinete, os farmacêuticos mostram aos parlamentares o quanto a aprovação da proposta implicaria em benefícios à população. Durante toda a terça e quarta-feira, os profissionais reuniram-se com diversos líderes de partidos e obtiveram apoio da grande maioria, o que representa um grande avanço rumo à vitória.
Cerca de 1,5 mil farmacêuticos vão a Brasília
Saldo positivo
Na manhã de quarta-feira (14), algumas entidades farmacêuticos encontraram-se com deputados durante um café da manhã. E, mais uma vez, o balanço foi positivo, já que os parlamentares manifestaram apoio à causa. Uma das mais dedicadas nessa questão e que há anos luta por essa aprovação é a deputada e farmacêutica Alice Portugal (PCdoB), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica.
“Sou farmacêutica, participei dos movimentos na década de 70 e tenho abraçado todas as causas farmacêuticas. O projeto é inovador pois eleva a farmácia à condição de estabelecimento de saúde e retira a posição de ponto de venda. Logicamente, isso incomoda quem tem interesses comerciais, não a todos, mas os poucos esclarecidos, que acham que vão perder com a farmácia sendo um ponto de vacinação, um centro de orientação. Um local de coletas de dados clínicos sobre a saúde. O projeto moderniza as farmácias de todo o país, eu, com toda a convicção, assumo essa bandeira”.
Outra deputada que também se mostrou favorável ao projeto é Jandira Feghali, líder do PCdoB. “Sempre houve uma polarização entre farmacêuticos e donos de grandes redes, que falam em nome das pequenas como se a gente quisesse inviabilizar os pequenos estabelecimentos, o que não é verdade. Queremos que as pessoas sejam cuidadas, daí a importância da presença do farmacêutico. O projeto deve ser aprovado porque pensa na farmácia vinculada à saúde.”
Também deputado pelo PCdoB, Chico Lopes afirma ter trabalhado no CRF do Ceará, período em que conheceu a importância do farmacêutico. “Ele é o profissional que saber lidar com o medicamento, então, nossa preocupação é pedir a aprovação desse projeto. Apesar de haver poucos farmacêuticos no parlamento, todos estão bem representados, portanto, eu apoio e contem com o meu voto.”
Já o deputado João Dado, da Solidariedade/SP, que também integra a Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica, declarou que os parlamentares devem compreender que o medicamento exige capacidade técnica daquele que o coloca nas maios do consumidor sobre toxicidade e outros efeitos, e essa necessidade é sanada com os farmacêuticos. “A legislação atual não é muito clara sobre a exigência do farmacêutico na rede pública, em hospitais e unidades básicas de saúde, toda essa mobilização é fundamental e com certeza levará à vitória. Porém, a permanência dessa conquista só se faz com mais votos e vozes no parlamento.”
Deputados que receberam a comissão formada dor dezenas de farmacêuticos, assinaram um documento se comprometendo a favor da emenda aglutinativa.
Clique aqui para entender o que propõe a subemenada aglutinativa em substituição ao PL 4385/94
Marivaldo Carvalho e Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP
