Estudos mostram que a erva medicinal Aristolochia, indicada para o tratamento da artrite, pode causar câncer

 

Derivado da planta Aristolochia, o ácido aristolóquico é usado na produção de medicamentos fitoterápicosDerivado da planta Aristolochia, o ácido aristolóquico é usado na produção de medicamentos fitoterápicos

São Paulo, 8 de agosto de 2013.

Dois novos estudos revelam que o ácido aristolóquico, composto usado na produção de medicamentos fitoterápicos, causa mutações nas células de quem as consome, levando ao desenvolvimento de tumores.

A partir de sequenciamento genético de pessoas com câncer e expostas às plantas da família Aristolochia, os cientistas mostraram que ela provoca ainda mais mutações do que dois dos principais cancerígenos do meio ambiente: o tabaco e a radiação ultravioleta.
Os estudos da Universidade de Johns Hopkins e do Memorial Sloan-Kettering, de tratamento de câncer, nos Estados Unidos, foram publicados esta semana na revista “Science Translational Medicine”.

Os medicamentos, geralmente de origem chinesa, são usados no tratamento de artrite, gota e inflamação.

Os efeitos tóxicos da erva começaram a ser notados ainda nos anos de 1990, quando foi relacionado a problemas renais em mulheres que tomavam suplementos com o composto na Bélgica.

Estudos mais recentes em Taiwan, onde os fitoterápicos com a planta eram populares, apontaram para o aumento do número de casos de câncer do trato urinário superior (rins, ureter e pelve).

Mas as mutações genéticas associadas à exposição ao ácido aristolóquico continuavam desconhecidas.

A importação de Aristolochia foi oficialmente banida em vários países nos anos 2000, incluindo Estados Unidos, China e Taiwan.

A planta também foi associada à contaminação de alimentos de aldeias agrícolas na região dos Bálcãs, no sudeste da Europa, onde a Aristolochia cresce livremente entre campos de trigo.

No Brasil, há proibição para o uso em cosméticos, mas não existe regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre fitoterápicos.

Em ambos os estudos, foram analisados os genomas de indivíduos com câncer expostos à planta.

Num deles, a equipe fez testes com 19 taiwaneses com tumor no trato urinário superior que usaram a erva e outros sete sem contato com ela.

Foram encontrados, em média, 753 mutações no tumor dos indivíduos expostos e 91 nos demais.

Este nível de mutação é maior do que o encontrado em melanomas causados por radiação ultravioleta e câncer de pulmão por fumo.

A tecnologia nos dá a assinatura da mutação para afirmar com certeza que a específica toxina é responsável por causar este tipo de câncer”, afirmou no artigo Kenneth Kinzler, professor de oncologia da Johns Hopkins.

— Muitas pessoas acreditam que algo de ervas ou natural é necessariamente saudável.

Mas este trabalho claramente mostra como um produto natural é extremamente cancerígeno — disse à revista “The Scientist” Marc Ladanvi, pesquisador de oncologia do Memorial Sloan-Kettering, que não se envolveu nos estudos.

 

Clique aqui para ler na íntegra a publicação do estudo na revista The Scientist Translational Medicine 

 

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

(com informações do jornal O Globo)

 

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