Estudo da Unifesp desmente mito de que a substância cloridrato de metilfenidato melhoraria desempenho de pessoas saudáveis

 

O cloridrato de metilfenidato é indicado para o tratamento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)O cloridrato de metilfenidato é indicado para o tratamento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

São Paulo, 17 de dezembro de 2012.

Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que medicamentos à base de cloridrato de metilfenidato (comercializados com o nome de Ritalina®) não promovem melhora cognitiva em pessoas saudáveis. Indicada para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), o metilfenidato tem sido usado por estudantes que buscam melhor desempenho em provas e concursos. O estudo apontou que, apesar da fama - que lhe rendeu o apelido de "pílula da inteligência" ou "droga dos concurseiros" -, o medicamento não beneficia a atenção, a memória e as funções executivas (capacidade de planejar e executar tarefas) em jovens sem o transtorno.

Para a pesquisa, foram selecionados 36 jovens saudáveis de 18 a 30 anos. Eles foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: um deles tomou placebo e os outros três receberam uma dose única de 10 mg, 20 mg ou 40 mg da medicação. Depois de tomarem a pílula, os participantes foram submetidos a uma série de testes que avaliaram atenção, memória operacional e de longo prazo e funções executivas. O desempenho foi semelhante nos quatro grupos, o que demonstrou a ineficácia da Ritalina® em "turbinar" cérebros saudáveis.

Segundo uma das responsáveis pelo estudo, a psicóloga Silmara Batistela, o uso não alterou a função cognitiva. Uma das únicas diferenças observadas foi que os que tomaram a dose maior, de 40 mg, “relataram uma sensação subjetiva de bem-estar maior em comparação aos demais".

Perigos

O psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Unifesp, observa que o mito de que a Ritalina® teria o potencial de tornar alguém mais inteligente não faz sentido. "A pessoa fala que consegue estudar a noite inteira com o remédio. Isso é porque ela fica acordada e não porque tem uma melhora na atenção", diz. Ele observa que o aprendizado sob o efeito da droga consumida inadequadamente é de má qualidade.

Silveira destaca que existem perigos relacionados ao uso inadequado do medicamento. O consumo aumenta os riscos de problemas do coração e pode levar a um quadro de arritmia cardíaca. O especialista acrescenta que, tratando-se de uma anfetamina, a droga apresenta também um potencial de abuso, razão pela qual é controlada e só pode ser comprada com receita especial.

Segundo levantamento feito pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) a pedido do Estado, houve um crescimento de quase 50% na venda de medicamentos à base de cloridrato de metilfenidato no Brasil entre 2008 e 2012. Entre setembro de 2007 e outubro de 2008 foram vendidas 1.238.064 caixas, enquanto entre setembro de 2011 e outubro de 2012 as vendas cresceram para 1.853.930 caixas.

 

Renata Gonçalez

Assessoria de Comunicação CRF-SP (com informações do jornal O Estado de S. Paulo)

 

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