Anvisa autoriza volta dos medicamentos às gôndolas em farmácias e drogarias. Para CRF-SP a medida é um retrocesso e estimula a automedicação

 

CRF-SP manifesta-se contra medida da Anvisa de voltar os mips para acesso do consumidor. Foto: Thais NoronhaCRF-SP manifesta-se contra medida da Anvisa de voltar os mips para acesso do consumidor. Foto: Thais NoronhaSão Paulo, 27de julho de 2012.

A determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, publicada hoje, 27/07, de permitir novamente que os medicamentos isentos de prescrição estejam ao alcance do consumidor, como uma mercadoria qualquer, passou por cima de uma série de manifestações da categoria farmacêutica, inclusive do CRF-SP que sempre alegou que a medida estimularia a automedicação, tendo em vista o fácil acesso.

Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, CRF-SP, Pedro Menegasso, trata-se de um retrocesso que leva em conta apenas interesses econômicos e não a saúde dos pacientes. “Agora que esses medicamentos voltam às gôndolas, que tal a Anvisa revisar as embalagens, garantindo as informações ao consumidor, exigindo bula e caixa?”

 Ele ressalta ainda que a automedicação é um problema grave no país e decisão da Anvisa, um dos órgãos governamentais que deveria ter forte atuação no sentido de mudar essa cultura, vai exatamente em direção contrária. A RDC 41/12 altera a RDC 44/09 e revoga a instrução normativa nº 10, que tirou do alcance direto dos pacientes esses medicamentos.

Principais motivos

 Em defesa da volta dos MIPs ao autosserviço, a Anvisa alega utilizar uma pesquisa do comércio farmacêutico e diz que, com os MIPs ‘atrás do balcão’, o preço médio deste perfil de medicamento aumentou, ou seja, as farmácias empurram para o paciente o medicamento mais caro. “É um argumento estranho. Se as farmácias estão ganhando mais com os MIPs atrás do balcão, se ganham dinheiro com a ‘empurroterapia’ como diz a Anvisa, por que elas defendem a volta do autosserviço?”, diz Menegasso. Além disso, os consumidores procuram os medicamentos pelo seu efeito e os produtos possuem composições diferentes, não sendo possível a comparação de preços.

A Anvisa também apresenta argumentos técnicos para a mudança. Segundo a Agência, desde quando os MIPs foram para trás do balcão, o Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sinitox) não indicou nenhuma queda na quantidade de intoxicações por medicamentos no país. “Outro argumento fraco”, diz Menegasso. “Se o uso de um MIP mascarar o sintoma de uma doença, aparece no índice de intoxicação? E se o uso de um MIP fizer o paciente adiar o uso de um medicamento específico, agravando uma doença, ou se um MIP interagir com outro medicamento do qual o paciente necessita, diminuindo o seu efeito e permitindo o avanço da doença, aparecerá no índice de intoxicação?”.

Levantamento do CRF-SP

Os dados obtidos pela fiscalização do CRF-SP no Estado de São Paulo conflitam com os divulgados pela Anvisa. Levantamento realizado em abril de 2012, com 638 farmacêuticos paulistas, apontou que 70% deles perceberam alteração no comportamento dos usuários após a entrada em vigor da RDC 44/09. Segundo os farmacêuticos ouvidos, muitos pacientes passaram a adquirir apenas os medicamentos que de fato necessitavam.

Porém, para o presidente do CRF-SP, apesar do retrocesso, os farmacêuticos devem seguir lutando. “Mesmo sem a preocupação da agência reguladora com a saúde do paciente, devemos insistir no nosso papel e trabalharmos fortemente a orientação do paciente”.

 

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Assessoria de Comunicação CRF-SP

 

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