Palestras da manhã destacam preocupação e oportunidades para o trabalho do farmacêutico
São Paulo, 29 de outubro de 2011.
Os palestrantes do período da manhã do Seminário Internacional “A Arte de Ser farmacêutico”, organizado pelo CRF-SP em comemoração aos 50 anos, no Memorial da América Latina, se revezaram entre a preocupação com o futuro da profissão devido aos avanços tecnológicos e em apontar oportunidades de atuação. O passado também esteve em evidência nas palestras de farmacêuticos que fizeram história ao longo dos anos.
O primeiro palestrante, dr. Manuel Machuca, farmacêutico da Universidade de Sevilha, na Espanha e especialista em Atenção Farmacêutico Comunitária, destacou logo no início do Seminário o fato de já existirem, no Canadá, máquinas que dispensam medicamentos e passam informações sobre o uso dos fármacos aos pacientes. As máquinas, segundo o dr. Machuca, dispensam corretamente, passam informações aos pacientes, respeitam a legislação vigente, trabalham 24 horas por dia, não faltam ao trabalho e não causam problemas trabalhistas. “Se o farmacêutico acreditar que sua função na farmácia é apenas dispensar medicamentos, se ele não fizer a diferença para o paciente, esse será o futuro da dispensação de medicamentos no mundo. Tecnologia já existe para isso”, alertou o especialista em atenção farmacêutica.
Para o dr. Machuca, o farmacêutico não vende medicamento, ele dispensa o benefício do medicamento, soluções de saúde para o paciente, a relação com o paciente não pode ser apenas mercantil. “O farmacêutico tem de conhecer bem todos os medicamentos, suas interações, e de fato orientar o paciente, contribuir para sua cura e para preservar sua saúde”.
Dr. Machuca considera que os farmacêuticos que atuam em pesquisa clínica também precisam ter essa visão humanitária e o desenvolvimento de medicamentos deve levar a saúde em conta e não apenas os interesses comerciais. “Sabemos que isso não é fácil, mas se não for assim a profissão farmacêutica se fragilizará perante a sociedade”.
O passado da profissão
O dr. Dermerval de Carvalho, doutor em toxicologia e livre-docente da USP de Ribeirão Preto, foi o segundo palestrante de manhã. Ele traçou um cenário das
análises toxicológicas em São Paulo e no Brasil. Segundo dr. Dermerval, hoje um dos setores em crescimento no Brasil e no mundo são as pesquisas toxicológicas na área de cosméticos, em especial no Brasil, que já é terceiro consumidor mundial de cosméuticos e está se transformando em plataforma de produção mundial. “O foco das pesquisas nessa área são as análises toxicológicas em pequenas doses”, destacou.
Dra. Clara Pechmann, docente aposentada da Unesp - Araraquara, fez um panorama dos 65 anos de carreira farmacêutica. “Durante a faculdade estagiei em vários laboratórios e fui convidada para dirigir o laboratório clínico da Santa Casa de Misericórdia em Araraquara. Em seguida, fui contratada para ser responsável pela área de análises clínicas de um grande hospital particular que havia sido dirigido apenas por médicos”. O maior desafio da carreira de dra. Clara foi assumido aos 70 anos, quando assumiu a Secretaria de Saúde de Araraquara, cargo até então ocupado por médicos. “Foi realmente um trabalho árduo em um cargo antes ocupado apenas por médicos, mas tenho muito orgulho de ter brigado por uma saúde com qualidade para a comunidade”.
Dr. George Washington, diretor-técnico do serviço de Farmácia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de SP, apresentou a palestra "Atenção Farmacêutica: assim se passaram tantos anos". Dr. George destacou a evolução da assistência farmacêutica no Hospital das Clínicas de São Paulo com a qualificação profissional e a publicação de guias técnicos específicos para a área de cardiologia. "A qualidade profissional na Farmácia está pautada por presença, postura, personalidade, procedimento e perseverança" finaliza dr. George.
Homenagem
Parte da Comissão Científica, responsável pela elaboração deste evento, foi chamada ao palco pelo dr. Mario Hirata, que também encabeçou as ações do Jubileu de Ouro, para uma homenagem especial. Homenagem esta que será completa, com todos os integrantes, na parte da tarde. “É uma alegria ver em um mesmo evento o farmacêutico com o CRF nº 6 e o 60.000”, destacou a dra. Patrícia Mastroianni, professora da Unesp Araraquara. Já a dra. Therezinha de Jesus Pinto, professora da USP ressaltou: “Foi um trabalho muito especial fazer parte desta comissão. É um evento emocionante, estou sem palavras”.
Davi Machado e Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP