Controle de antibióticos se torna exemplo em debate sobre anorexígenos
Santos, 20 de Setembro de 2011.
A RDC 20/11 (que substitui a RDC 44/10), que regulamentou a venda de antiobióticos no Brasil, acabou se tornando o foco dos debates do Fórum "Prescrição e dispensação de medicamentos controlados: principais dificuldades e a importância da integração entre os profissionais de saúde, com ênfase nos anorexígenos".
O Fórum, que ocorreu no Auditório da Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos, na segunda-feira (19/09), contou com a participação do dr. Pedro Menegasso (diretor-tesoureiro do CRF-SP), do dr. Dirceu Raposo de Mello (farmacêutico e ex-presidente da Anvisa) e do dr. Hernani Pinto (médico cardiologista, professor universitário e diretor científico da Associação dos Médicos de Santos). Mais de 100 pessoas acomapanharam as palestras e debates.
Todos os palestrantes alertaram para dois pontos fundamentais: as regras ficam cada vez mais rígidas porque há falta de critério tanto na prescrição quanto na dispensação de medicamentos, e é fundamental que os farmacêuticos documentem todas as atividades de dispensação como forma de garantir a transparência dessas ações.
Para os palestrantes, fatos como a queda de mais de 25% nas vendas de antibióticos após a publicação da RDC 20/11 dão força à Anvisa para seguir tomando medidas restritivas sobre outros medicamentos, como no caso dos anorexígenos.
O dr. Dirceu Raposo de Mello lembrou que o SNGPC conseguiu identificar quem eram os grandes prescritores de psicotrópicos e anorexígenos no país e que alguns desses "doutores" agora respondem a processos éticos. “A Portaria 344/98 teve por objetivo reduzir abusos com o uso de vários medicamentos, que já caracterizavam tráfico de drogas”, destacou.
O tema da palestra do dr. Hernani Pinto de Lemos foram os cuidados necessários na prescrição das anfetaminas. Segundo ele, as anfetaminas eram utilizadas durante a 2ª Guerra Mundial para reduzir a fome e para aumentar produtividade, e hoje são medicamentos importantes para tratar a obesidade, mas alertou que seu uso requer muito cuidado. As anfetaminas provocam aumento do risco cardiovascular, há grande possibilidade de recuperação do peso do paciente após o fim do tratamento e seu uso pode gerar também problemas comportamentais, profissionais e pessoais. Ele alertou que a “sibutramina pode levar ao aumento da pressão arterial e gerar graves problemas. Ela não é assim ‘tão inocente como alguns tentam nos fazer crer”.
Dr. Pedro Menegasso destacou que o CRF-SP é contrário à proibição da prescrição e dispensação de anorexígenos, uma vez que a obesidade hoje já se tornou uma epidemia e não faz sentido impedir o uso de uma classe de medicamentos importante para tratar o problema. “Queremos discutir isso a fundo com a Anvisa. Concordamos com controle, mas não com a proibição. Queremos discutir com base em fatos e informações e não sobre suposições”, enfatizou.
Davi Machado
Assessoria de Comunicação CRF-SP