A abertura do curso “Uso racional de antibióticos e combate à resistência bacteriana” no sábado, 17 de julho, foi marcada pela presença de autoridades que defenderam a importância do controle na prescrição e dispensação desses medicamentos, proposto por meio da Consulta Pública 58/10, cujo prazo de apresentação de proposta encerrou-se no mesmo dia.
Dr. Pedro Menegasso, diretor do CRF-SP, destacou as ações do Conselho em favor da capacitação dos farmacêuticos, orientação da população e parcerias com entidades e órgãos para o melhor controle do uso de antibióticos. O vice-presidente do CRF-SP, dr. Marcelo Polacow, também compareceu ao evento e ressaltou a importância de a categoria se manter engajada no combate à resistência bacteriana.
O deputado federal e ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, ressaltou a importância da decisão do maior controle sobre a venda. “Eu creio que é um bom começo, devemos refletir sobre quais medidas devem ser tomadas. Cabe a Anvisa o papel de regulamentar a atividade, o que não exclui um debate no âmbito do congresso nacional”.
A mesa de abertura também contou com dr. Dirceu Raposo de Mello, diretor-presidente da Anvisa, que fez questão de enfatizar que no Brasil, a farmácia é o único estabelecimento de saúde que não tem vínculo com o sistema público. O deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa, Fausto Figueira e o deputado federal Ivan Valente também participaram do evento.
Atualização profissional
Dr. Fernando de Sá Del Fiol, reitor da Universidade de Sorocaba (Uniso) e ministrante do curso, apresentou aos farmacêuticos os mecanismos de ação dos antibióticos, o panorama desde a descoberta da penicilina até os mais modernos e enfatizou as razões pelas quais muitos antibióticos deixam de funcionar em função da resistência bacteriana.
Um dos participantes, o farmacêutico dr. Sergio Fachina, que atua em uma drogaria em Sorocaba, destacou o quanto é fundamental atualizar os conhecimentos. “Sempre participo de cursos para estar apto a identificar problemas. Em caso de problemas na prescrição, tento contato com o médico, não dispenso o medicamento e peço para o paciente voltar ao consultório/hospital”.
Para dra. Solange Nakano, corresponsável por uma drogaria em São Paulo, falta à população a percepção dos riscos e benefícios de cada antibiótico. “Muitas pessoas utilizam como se fosse um analgésico ou antitérmico. Às vezes nem apresentam sintomas e fazem uso de antibiótico sem necessidade. Ao receber uma orientação, o paciente se sente muito mais confortável. É um voto de confiança que o farmacêutico recebe”.
O desfecho do curso contou novamente com a participação do dr. Dirceu Raposo de Mello, que apresentou dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre resistência bacteriana. Uma das informações compartilhadas com o público é que 50% das prescrições de antibióticos em todo mundo estão incorretas. Em contrapartida, as infecções bacterianas são a causa de 1/4 das mortes em todo o planeta.
“No Brasil, podemos dizer que a resistência bacteriana é provocada por um conjunto de fatores, sendo: prescrição incorreta, falta de informação, automedicação e o uso de antibióticos falsificados”, disse o diretor-presidente da Anvisa. Por fim, dr. Dirceu Raposo esclareceu dúvidas sobre a CP 58/10.
Renata Goncalez e Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP