CRF-SP reúne oito áreas de interesse da Farmácia em um evento para farmacêuticos e acadêmicos. Outras edições ao longo do ano irão abordar diversos temas
Participantes de uma das salas do Pharma Expert
São Paulo, 22 de março de 2024.
Os dias 15 e 16 de março foram marcados por muita troca de informação, conhecimento e networking entre palestrantes e participantes do Pharma Expert. Após oito anos, o evento deixou de chamar-se Simpósio Tendências Farmacêuticas e, apesar da nova identidade, continuou levando ao farmacêutico as novidades, inovações e perspectivas no mercado de trabalho de diversas áreas da Farmácia.
As mais de 30 palestras foram distribuídas nas áreas de Acupuntura – Medicina Tradicional Chinesa; Dispositivos médicos; Farmácia veterinária e Mulheres Farmacêuticas na sexta-feira, 15, e Análises Clínicas e Toxicológicas; Logística de Produtos de Interesse à Saúde; Doenças Raras e Aromaterapia e Óleos essenciais no sábado, 16, todas no campus Indianópolis da Universidade Paulo (Unip), na capital.
Esse foi a primeira edição Pharma Expert do ano. Ao longo de 2024 outras edições irão contemplar mais áreas da Farmácia. Fiquem atentos ao portal do CRF-SP e rede sociais para mais informações.
Acupuntura - Medicina Tradicional Chinesa
Uma das mesas-redondas da área destacou o tratamento da Cervicalgia pela aplicação de modernas técnicas da Acupuntura (MTC) e contou com a moderação do Dr. Carlos Alberto Kalil Neves, coordenador do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) de Acupuntura – MTC do CRF-SP. Para o Dr. Reginaldo de Carvalho Silva Filho, fisioterapeuta, fundador e diretor da Faculdade Ebramec, é fundamental para a boa prática da avaliação de paciente com queixas ortopédicas o conhecimento exato da situação do local referido e, para isso, a MTC indica o uso de técnicas de palpação em pontos, canais, áreas e pulso.
Dr. Carlos Kalil mediou a mesa-redonda com Dr. Reginaldo de Carvalho, Dr. José Ricardo Domingues e Dr. Marcelo Buzanelli sobre o tratamento da cervicalgia
Já o Dr. Marcelo Buzanelli, membro do GTT e delegado da Seccional de Jundiaí do CRF-SP, apresentou diversas técnicas para o tratamento da cervicalgia como Nova Craniopuntura de Yamamoto; Eletroterapia; Acupuntura Ryodoraku; Eletroestimulação; Haihua; Magnoterapia e Fotonterapia. Também membro do GTT, Dr. José Ricardo Domingues ressaltou os principais pontos locais para tratamento da dor, pontos distais e pontos que removam fatores patogênicos. Entre eles estão pontos para expelir o vento; pontos para expelir o frio; a umidade; o calor e outros para fortalecimento dos ossos.
Outro tema debatido foi ‘O controle da qualidade de plantas, insumos e medicamentos utilizados na MTC’, em que o Dr. Carlos Kalil destacou que os medicamentos fitoterápicos, ao contrário dos medicamentos químico-alopáticos, apresentam problemas únicos na padronização da qualidade. “Uma fórmula fitoterápica da MTC chega a ter mais de 12 componentes para resolver diversas disfunções, restaurar as funções orgânicas e a saúde. Em relação aos muitos desconhecidos fatores e variáveis existentes nas fórmulas da MTC, é impossível e desnecessário identificar qualitativa e quantitativamente cada simples componente existente na droga herbal”. Esse mesmo assunto foi abordado pela Dra. Viviane Bergamo Morgero que dividiu com os participantes sua experiência em uma recente ida a Coreia do Sul, onde conheceu produtores de ervas chinesas e destacou a qualidade extremamente superior em comparação às vindas da China e Índia, por exemplo. “Na próxima década, as ervas chinesas estarão presentes na nossa alimentação, prática que já acontece em diversos países”.
Dra. Fernanda Waterstradt Aio, Dr. Carlos Kalil, Dra. Viviane Bergamo e Dr. José Ricardo Domingues debateram sobre o controle de qualidade
Dra. Fernanda Waterstradt Aio, farmacêutica especialista em Acupuntura e Eletroacupuntura, enfatizou a RCD 21/14 e as diretrizes para trabalhar com insumos e produtos acabados, além dos testes indicados para o controle de qualidade. Os temas da área foram encerrados com a palestra da Dra. Katia Ramalho, com atuação há 22 anos na área, sobre 'A dietética pela MTC para tratamento do sobrepeso e obesidade'. Para ela, em se tratando de obesidade, é preciso identificar os desequilíbrios que levaram o paciente à patologia como fatores internos ligados à emoção; externos ligados à temperatura e ambiente familiar ou um misto de ambos. “Os benefícios da MTC nesses casos estão relacionados à educação do paciente sobre hábitos nocivos e benéficos; maior aderência ao tratamento multidisciplinar; além de fornecer ferramentas para aplicação dos conceitos como meditação, alimentação consciente e exercícios respiratórios”.
Dra. Katia Ramalho, Dr. José Ricardo Domingues, Dra. Fernanda Waterstradt Aio, DR. Carlos Kalil e Dra. Viviane Bergamo
Dispositivos médicos
A regulamentação de dispositivos médicos, equipamentos e softwares com inteligência artificial também esteve em debate já que é um campo com oportunidades ao farmacêutico. O coordenador do GTT da área no CRF-SP, Dr. Túlio Zanfolim, destacou o quanto o mercado de inteligência artificial é fantástico ao farmacêutico. “Ele pode atuar tanto na parte de assuntos regulatórios, quanto na garantia da qualidade. O profissional da saúde, em especial o farmacêutico, está inserido para garantir que todo o desenvolvimento esteja dentro das legislações vigentes, porque quando falamos em um dispositivo médico, falamos que o nosso cliente final é um paciente. É preciso garantir que toda a cadeia produtiva esteja dentro da legislação para levar para esse paciente a qualidade e segurança no uso de um dispositivo que pode potencialmente apoiar o médico e o profissional prescritor a chegar ao diagnóstico da maneira correta”.
Dr. Ronan Cleiton mediou a mesa com o Dr. Tulio Zanfolim, coordenador do GTT de Dispositivos Médicos
Os representantes da empresa Beontag, Luigi Enrico Secci e Roger Davanso, durante a palestra sobre rastreabilidade, apresentaram a tecnologia de coleta de dados por onda de rádio, a RFID, em que não há necessidade de apontar o leitor para a etiqueta com o código de barras. Para Roger, entre os benefícios dessa tecnologia estão a leitura mais rápida e ágil, o aumento de precisão do inventário, a redução de erros e o aumento de eficiência operacional. “O uso é disseminado nos pedágios, em alguns fabricantes de itens de roupas e equipamentos. Algumas redes de farmácia estão utilizando de forma piloto, assim como hospitais que usam a ferramenta para envio de medicamentos da farmácia central para a farmácia satélite, por exemplo. Outra área é a de distribuição de medicamentos, que ganhou em agilidade com a RFID, já que quando se trata de consignação, a conferência que antes levava hora pode ser realizada em segundos”.
Luigi Secci, Roger Davanso e Dr. Tulio Zanfolim durante a mesa sobre rastreabilidade
A engenheira biomédica Michele Moreira falou sobre MDSAP e Certificação Inmetro e fez questão de ressaltar que o Programa de Auditoria Única em Produtos para a Saúde – MDSAP (sigla em inglês) é uma forma que os fabricantes de dispositivos médicos podem ser auditados uma única vez para cumprir com as exigências padrão e regulamentares de até cinco mercados diferentes (Brasil, Estados Unidos, Austrália, Japão e Canadá). “Atua como um facilitador em que as empresas que fabricam equipamentos médicos ou até mesmo produtos para a área da saúde conseguem otimizar o tempo de regulamentação e uma auditoria. No Brasil, um único organismo é capaz de realizar esse tipo de auditoria”. Michele também explicou sobre o processo, passo a passo, documentos necessários ao fabricante ou importadora e facilitadores para a certificação Inmetro e regularização dos equipamentos médicos no Brasil.
Michele Moreira, engenheira biomédica falou sobre MDSAP e Certificação Inmetro
A palestra que encerrou as atividades na área tratou sobre cosméticos injetáveis, em que a Dra. Nancy Mesas, coordenadora do Comitê Técnico de Assuntos Regulatórios do CRF-SP, debateu com os participantes sobre toda a legislação que envolve o tema, como no caso do ácido hialurônico, substância natural encontrada no corpo humano e também um dos dispositivos médicos mais populares no mundo, tendo em vista a perda da elasticidade da pele com o envelhecimento.
Dra. Nancy Mesas debateu com os participantes sobre a legislação voltada a cosméticos injetáveis
Farmácia Veterinária
O bem-estar animal foi o destaque de boa parte da programação elaborada pelo GTT de Farmácia Veterinária do CRF-SP, em uma das salas mais procuradas pelo público que foi à Unip Indianópolis no primeiro dia do Pharma Expert.
A primeira atividade foi dedicada à Farmacologia Veterinária Gastrointestinal, tendo como ministrante o Dr. Anderson Freire Carniel, coordenador do GTT, que abordou as muitas classes medicamentosas utilizadas no tratamento de problemas no trato gastrointestinal de pets e o quanto se diferenciam daquelas indicadas para o uso humano, sendo a quase totalidade contraindicada para os animais.
Mesa-redonda 'Aumento da expectativa de vida dos animais de companhia e os desafios na área veterinária' teve a participação da Dra. Susane Meyrer e da Dra. Daniele Fideles, com moderação do Dr. Anderson Carniel
Na sequência foi realizada a mesa-redonda ‘Aumento da expectativa de vida dos animais de companhia e os desafios na área veterinária’, com temas como nutrição animal e oncologia veterinária.
Dra. Susane Melissa Meyrer, também do GTT de Farmácia Veterinária, detalhou particularidades das necessidades nutricionais dos animais e os muitos fatores que influenciam no bem-estar, entre os quais estilo de vida saudável, fatores genéticos e a adoção de medidas preventivas, entre outros.
Já a participação da Dra. Daniele Rodrigues Fideles destacou o quanto o envelhecimento dos animais de estimação representa desafios para o setor demandando novos tratamentos e o acompanhamento clínico, especialmente na área de oncologia veterinária, já que, conforme estimativa do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), 50% dos cães com mais de 10 anos desenvolverão câncer e aproximadamente um em cada quatro cães, em algum momento de suas vidas, terão câncer.
Para fechar a programação, um debate moderado pelo Dr. Anderson Carniel sobre a atuação do farmacêutico na área veterinária: desafios e atualização foi fundamental para sanar dúvidas dos participantes que pretendem ingressar no setor.
O primeiro palestrante foi o Dr. Luiz Gustavo Duarti de Souza, que compartilhou sua experiência em manipulação de produtos veterinários e trouxe dados que apontam crescimento neste segmento, bem como informações relacionados ao setor regulatório.
Dra. Daniele Fideles voltou à grade e apresentou os critérios necessários para atuação em farmácia oncológica, respaldada pela Resolução CFF nº 640/2017, bem como as etapas da terapia antineoplásica, manipulação oncológica, descarte de resíduos etc.
Na mesa-redonda 'Atuação do farmacêutico na área veterinária: desafios e atualização', participações da Dra. Tabata Salum, Dra. Daniele Fideles e Dr. Gustavo Duarti
A experiência em farmácia hospitalar veterinária relatada pela Dra. Tabata Salum encerrou a mesa-redonda. A farmacêutica fez um histórico acerca da área no âmbito hospitalar, que teve início em 1965 nos Estados Unidos e só veio a ganhar marcos importantes no Brasil com a autorização em 2005, por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da fabricação e manipulação de medicamentos específicos para animais, e em 2009, quando o Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamentou a atuação do farmacêutico na indústria veterinária.
Mulheres Farmacêuticas
A diversidade de temas foi a marca registrada do 1º Pharma Expert, demonstrando a vocação do evento de expandir as fronteiras do conhecimento e do debate dos farmacêuticos. A primeira atividade programada pelo GTT de Mulheres Farmacêuticas abordou Saúde da Mulher, e a ministrante foi a Dra. Ana Macedo. Ela mesclou a apresentação com informações sobre fisiologia feminina, fisiopatologia do ciclo menstrual, os problemas relacionados ao sistema reprodutivo e as oportunidades de atuação em consultório farmacêutico voltado para mulheres.
Dra. Ana Macedo abriu a programação de Mulheres Farmacêuticas com a palestra sobre Saúde da Mulher
A atuação da mulher na política também fez parte da programação, com a participação de Fernanda Wolski, da ONG Elas no Poder, uma plataforma de formação política cuja é missão aumentar a participação das mulheres na política e fortalecer suas atuações neste espaço de poder.
Fernanda detalhou, de forma didática, toda a trajetória de uma campanha a ser orquestrada por uma mulher. De acordo com dados da ONG, no último pleito, em 2022, o panorama da mulher na política brasileira era formado por 52% de eleitoras, 33% candidatas, das quais somente 15% foram eleitas, demonstrando que ainda há muito trabalho a ser feito para o avanço da representatividade do gênero feminino no ambiente político.
Fernanda Wolski, da ONG Elas no Poder, abordou a atuação da mulher na política e a trajetória a ser orquestrada por quem deseja seguir nessa área
Mediada pela coordenadora do GTT de Mulheres Farmacêutica, Dra. Ketylin Migliato, a mesa-redonda ‘As dificuldades da mulher no mercado de trabalho’ trouxe relatos emocionantes de participantes que se sentiram encorajadas para relatar experiências vividas em seus locais de trabalho. A atividade teve como palestrantes a Dra. Renata Tereza Gonçalves Pereira, presidente do Sindicado dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sinfar-SP); a Dra. Damaris Marcelino Vieira, do GTT de Farmácia; e da Dra. Mariana Gonzaga do Nascimento, docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Da esq. p/ dir.: Dra; Mariana Gonzaga; Dra. Renata Gonçalves; Dra. Ketylin Migliato; e Dra. Damaris Marcelino Vieira na mesa-redonda Dificuldades da mulher no mercado de trabalho
A diretora-tesoureira do CRF-SP, Dra. Danyelle Marini, fez o desfecho da grade ministrando a palestra sobre legislação voltada à mulher no mercado de trabalho. Aspectos históricos envolvendo a inserção da mulher no mercado de trabalho, os dispositivos legais que deveriam amparar as mulheres vítimas de violência e a importância da sororidade nos tempos atuais foram abordados pela diretora do Conselho.
A diretora-tesoureira do CRF-SP, Dra. Danyelle Marini, na palestra que abordou a legislação voltada à mulher no mercado de trabalho
Análises Clínicas e Toxicológicas
Na sala reservada para a área de Análises Clínicas e Toxicológicas também iniciou com uma mesa-redonda que debateu “Novas tecnologias e oportunidades para o laboratório”. Iniciando os debates, a Dra. Amandda Rakell, pesquisadora e docente na Unifesp, apresentou as recentes regulamentações e avanços do conhecimento profissional e técnicas utilizadas pelos laboratórios. Depois, o Dr. Adilson Kleber, pesquisador de fármacos na linha oncológica, apresentou as oportunidades na pesquisa e desenvolvimento de técnicas que irão auxiliar a detecção precoce de doenças, entre elas o câncer. Fechando a atividade, o Dr. Heráclio Alves da Cunha, toxicologista e membro do GTT de Análises Clínicas e Toxicológicas do CRF-SP, disse que grande parte das oportunidades de trabalho no segmento são em laboratórios pequenos, onde os recursos tecnológicos são menos acessíveis.
Mesa-redonda “Novas tecnologias e oportunidades para o laboratório” com a Dra. Amandda Rakell, Dr. Marcos Machado, Dr. Adilson Kleber e Dr. Heráclio Alves da Cunha
Na parte da tarde, a área de atuação contou com três palestras. A primeira apresentou o tema “Exames em Farmácias e Drogarias”, com o Dr. Marcos Machado Ferreira, que é especialista em análises clínicas, ex-presidente do CRF-SP e atual conselheiro federal por São Paulo. Ele explicou que o Brasil vivia uma situação peculiar, já que vários exames, inclusive de covid-19, vinham sendo realizados em farmácias, mas não existia uma regulamentação, até que a Anvisa publicou a RDC 786/23, que permitiu que alguns estabelecimentos de saúde, entre eles farmácias e drogarias realizassem alguns exames laboratoriais. “Esse foi um pleito antigo do setor, porque a ideia sempre foi transformar a farmácia em um estabelecimento de saúde”, afirmou.
Logo após o tema: “Interferências de medicamentos em exames laboratoriais”, apresentado pelo Dr. Paulo Brandão, especialista e membro do GTT de Análises Clínicas do CRF-SP, chamou atenção para os mecanismos de ação de medicamentos que podem interferir nos resultados do diagnóstico laboratorial dos pacientes. “O papel do farmacêutico é pensar, avaliar e solucionar sobre essas interferências nos exames e evitar falsos resultados”.
Dr. Sandro Januário, Dr. Marcos Machado e Dr. Paulo Brandão debatem após apresentarem suas palestras
Concluindo os debates, o Dr. Sandro Januário, mestre em pesquisas laboratoriais e membro do GTT de Análises Clínicas e Toxicológicas do CRF-SP, apresentou o tema: “Interpretação dos exames imunológicos”. Para o palestrante, os exames laboratoriais são feitos para decidir condutas terapêuticas, por isso, é necessário ter um olhar crítico, pois existem muitas variáveis que podem influenciar nos exames. “O farmacêutico clínico não precisa apenas entender do mecanismo de ação do medicamento, precisa também entender como a doença se desenvolve”, comentou.
Palestrantes e público presente nas atividades de análises clínicas do Phama Expert
Logística de Produtos de Interesse à Saúde
As atividades de Logística de Produtos de Interesse à Saúde, no segundo dia de atividades da Pharma Expert, iniciaram com a mesa-redonda Tecnologias e Inovações na Gestão de Armazenagem e Transportes de Produtos de Interesse à Saúde, que teve moderação da Dra. Elaine Manzano, profissional destacada no segmento e vice-coordenadora do GTT de Logística de Produtos de Interesse à Saúde do CRF-SP.
Dr. Clayton Gerber Mangini, profissional da área de logística, supervisor e docente da Universidade de Santo Amaro (Unisa), afirmou em sua apresentação que as empresas fornecedoras de serviços e a própria indústria farmacêutica estão atentas às inovações, equipamentos e sistemas para atendimento dos marcos regulatórios, “mas existe ainda muita evolução pela frente”, ponderou.
Dr. Clayton Gerber Mangini na mesa redonda Tecnologias e Inovações na Gestão de Armazenagem e Transportes de Produtos de Interesse à Saúde
Logo depois, o Dr. Kleber dos Santos Fernandes, gestor da área de garantia da qualidade e coordenador do GTT de Logística de Produtos de Interesse à Saúde do CRF-SP, comentou que o transporte de medicamentos é um grande desafio, mas que existe tecnologia para fazer esse trabalho. “Temos de criar normas para controlar e monitorar a temperatura e, a partir dessas regras técnicas, teremos o equilíbrio financeiro para que as coisas sejam viáveis”, ressaltou.
Dr. Dr. Kleber dos Santos Fernandes na mesa redonda Tecnologias e Inovações na Gestão de Armazenagem e Transportes de Produtos de Interesse à Saúde
Completando a mesa, Dr. Leandro Moro, gerente de logística na Apsen Farmacêutica, apresentou os desafios a serem cumpridos em um país que tem uma grande variedade de temperaturas e longas distâncias. “A gente terá de optar por um casamento de tecnologias no veículo e na embalagem para conseguir atravessar o país com sucesso no atendimento de prazos, custos e qualidade”, comentou.
Dr. Leandro Moro na mesa redonda Tecnologias e Inovações na Gestão de Armazenagem e Transportes de Produtos de Interesse à Saúde
Na parte da tarde, a atividade contou com três palestras. A primeira com o Dr. Mario Henrique Garcez, consultou e gestor de qualidade, que apresentou o tema: Tecnologias Aplicadas para o Sistema de Gestão de Qualidade. Ele explicou que acordos de qualidade definem as responsabilidades e as autoridades de cada elo da cadeia logística. “Por isso, é importante que a gente tenha no papel de forma clara e objetiva os documentos que envolvem a questão do acordo de qualidade”, recomentou.
Dr. Mario Henrique Garcez apresentou o tema: Tecnologias Aplicadas para o Sistema de Gestão de Qualidade
Na sequência, a palestra “Gestão de crise e plano de continuidade em operações logísticas” com o Dr. Kleber dos Santos Fernandes, apresentou as particularidades do que é um plano de continuidade de operações, especialmente durante a pandemia da covid-19.
Fechando as atividades da área, a palestra “Gestão da cadeia de frio dos produtos farmacêuticos: tendências e boas práticas aplicadas”, apresentada pela Dra. Liana Montemor, diretora técnica no Grupo Polar, falou sobre as particularidades de uma atividade que é muito complexa, com distâncias muito grandes. “Preciso garantir a qualidade, eficácia e estabilidade do produto mantendo a temperatura ideal na distribuidora, transportadora, hospitais e com o próprio paciente”.
Dra. Liana Montemor durante a palestra ‘Gestão da cadeia de frio dos produtos farmacêuticos tendências e boas práticas aplicadas”
Doenças Raras
Atualmente existem mais de seis mil doenças raras conhecidas. Elas são definidas quando atingem até 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e com o aumento das políticas, tratamentos, diagnósticos e orientação, amplia o papel da atuação do farmacêutico. O 1º Pharma Expert trouxe o eixo para debater o diagnóstico, as notificações e a abordagem clínica para esses tipos de doenças.
Para o moderador das atividades do eixo no evento e coordenador do Grupo Técnico de Trabalho de Doenças Raras do CRF-SP, Dr. Raphael Boiati, o farmacêutico pode contribuir auxiliando os pacientes, familiares e os demais profissionais de saúde e é de extrema importância na aquisição, preparação e até na orientação quanto à administração, prestando a atenção e a assistência farmacêutica adequada. “Quando que a gente desconfia se um paciente tem uma doença rara? Quando ele passa por diversos médicos sem descobrir o que tem. Essa peregrinação até o diagnóstico é que traz aquela ‘pulga atrás da orelha’ que o paciente pode ter uma doença rara’, afirmou.
Palestra DNA livre de células e bioinformática: moderador Dr. Raphael Boiati e ministrante Dr. Javier Miguelez
A apresentação do médico com experiência em Medicina Fetal, Obstetrícia e Ginecologia, Dr. Javier Miguelez, abordou o DNA livre de células e bioinformática e se essa foi uma revolução na medicina diagnóstica.
Ele apresentou o NIPT (noninvasive prenatal testing ou teste não invasivo para trissomias fetais), exame que vem sendo cada vez mais solicitado em diversos países e que permite o diagnóstico de algumas síndromes genéticas ainda durante a gestação, por meio de exame de sangue na gestante. Entre as síndromes detectadas pelo NIPT estão a Síndrome de Down, a Síndrome de Edwards e a Síndrome de Patau ou aneuploidias nos cromossomos sexuais.
Na sequência, o Dr. Lindemberg Assunção, que é farmacêutico, professor e presidente do Instituto Nacional de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia, trouxe o contexto das notificações de doenças raras e as farmácias notificadoras.
A notificação de doenças raras permite o monitoramento, planejamento, o acesso ao tratamento, melhora a pesquisa, o aconselhamento genérico, ampliando o conhecimento, o tratamento e a pesquisa para novas terapias.
Mesa-redonda Abordagem clínica do paciente com doença rara: do diagnóstico ao cuidado farmacêutico: Ministrantes Dr. André Luiz de Godói, Dra. Ana Luiza Gomes e Dra. Amandda Rakell e o moderador Dr. Raphael Boiati
Existem 46 protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas (PCDT) do Ministério da saúde dedicados à doença rara e mais de seis mil medicamentos no mundo, que tratam mais de 1 mil doenças. No SUS estão disponibilizados 123 medicamentos para doenças raras, as notificações de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos, sendo graves, inesperados ou desconhecidos associados ao uso desses medicamentos é crucial para a identificação precoce de possíveis problemas de segurança dos pacientes.
Entre as peculiaridades das doenças raras, a Dra. Amandda Rakell, farmacêutica e Doutora em Ciências, que abriu a mesa-redonda sobre a abordagem clínica dos pacientes com doenças raras, citou que as deficiências intelectuais, por exemplo, são apenas 1 a 2% graves e causadas por doenças raras. Nesses casos elas podem ter ou não sinais dismórficos, sendo que podem estar associados à consanguinidade e ou histórico familiar positivo ou serem de causas isoladas.
O Dr. André Luiz de Godói, que é vice-coordenador do GTT de Doenças raras e a Dra. Ana Luiza Gomes, farmacêutica especialista em Farmacologia Clínica e Hospitalar, apresentaram o trabalham que realizam no Hospital de Base- São José do Rio Preto- FUNFARMEO, que é referência para o atendimento de mais de 1,7 milhão de habitantes dos 102 municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde de Rio Preto (DRS-15). Eles focaram no cuidado farmacêutico desde o diagnóstico à internação passando pela assistência e atenção farmacêutica até a transição do cuidado do paciente com doença rara.
A Farmácia clínica do hospital realiza a validação de exames laboratoriais, a evolução farmacêutica, a checagem farmacêutica e a intervenção farmacêutica. Outra função muito importante do centro é a farmacoeconomia realizada com o objetivo de viabilizar os recursos públicos disponíveis, principalmente por meio da otimização de doses.
Segundo os farmacêuticos, a economia gerada desde 2019 até o ano de 2023 foi de R$ 5.168.843,25, com a manipulação de uma média mensal de 385 bolsas de imunobiológicos. “Com a manipulação das medicações, otimizações de doses, compartilhamento de doses e devoluções de medicamentos”, apresentou Dra. Ana Luiza.
Aromaterapia e Óleos essenciais
Um setor que está em amplo crescimento mundial, principalmente na última década, é a de óleos essenciais, e o debate sobre o setor lotou a sala de farmacêuticos e acadêmicos no sábado. Dra. Thais do Carmo, que coordena o GTT de Aromaterapia e óleos essenciais do CRF-SP, destacou a importância de debater o tema tanto em relação à produção, quanto em mercado e oportunidades, além de trazer os desafios deste setor.
Ela apontou a necessidade de uma discussão qualificada sobre o papel do farmacêutico nos óleos essenciais como uma ferramenta para ser utilizada no cuidado farmacêutico, garantindo a qualidade do produto e de seu uso clínico.
Palestrante sobre mercado dos óleos essenciais, Dr. Zenon Kimoto, ministrantes da mesa-redonda História, diferenciais e desafios de pequenos produtores de óleos essenciais no Brasil e moderadora Dra. Thais do Carmo
O Dr. Zenon Kimoto, farmacêutico, especialista em Contabilidade Financeira, falou sobre o mercado dos óleos essenciais no Brasil. “O crescimento anual do mercado dos óleos essenciais para os próximos anos deve variar entre 8 a 12%, o que é um índice muito alto se considerarmos o mercado de produtos de saúde e beleza. Tem medicamento que não alcança nem 1% de crescimento anual”, afirmou.
Para falar da história, diferenciais e desafios de pequenos produtores de óleos essenciais no Brasil foram convidadas as Dra. Maria Tereza Abdo, engenheira agronômica, e Maria Izabela Ferreira, bióloga. Elas são produtoras de óleos essências em Catanduva, em São Paulo, e contaram um pouco de como iniciaram na área e os desafios e oportunidades até hoje.
Dra. Maria Tereza contou que iniciou quando a filha estudava no exterior e foi alertada por um professor sobre a possibilidade de produzir os óleos e, alguns anos depois, realizou um curso imersivo no Vale do Paraíba, para adquirir conhecimento antes de iniciar a produção. Dra. Maria Izabela, falou da importância do conhecimento especifico para o sucesso da produção.
Na mesa-redonda ‘Aplicações, utilização e cuidados com ´óleos essenciais’, a Dra. Shyrlei Dias explicou como foi definido o conceito da aromaterapia, remete a um trágico episódio de René Maurice Gattefossé, engenheiro químico francês, que se queimou gravemente em seu laboratório. Ao buscar a cura para suas queimaduras, utilizou o óleo essencial de lavanda. Com resultados satisfatórios em suas infecções e queimaduras, passou a pesquisar as propriedades terapêuticas e, em 1937, cunhou o termo e o conceito da "aromaterapia".
Ministrantes da mesa-redoda Aplicações, utilização e cuidados com óleos essenciais: Dra. Ana Rosa de Souza, Dra. Shyrlei Dias e Dra. Maria Inez Yebra e a moderadora Dra. Thais do Carmo (com blusa branca e cabelos loiros)
Dra. Maria Inez Ybra, farmacêutica especialista em fórmulas dermatológicas, falou do uso dos óleos essenciais em cosméticos e citou que alguns dos óleos essenciais aplicados em cosméticos são alecrim, canela, cedro, cipreste, citronela, cravo da índia, eucalipto, erva doce, gengibre, gerânio, grapefruit, laranja doce, lavanda, lemongrass, limão siciliano, melaleuca, menta, palma rosa, patchouli, rosa, sândalo, tomilho, verbena, ylang ylang e zimbro.
Por fim, Dra. Ana Rosa Lins, farmacêutica, Doutorado em Toxicologia, falou sobre o cuidado relacionado à toxicidade dos óleos essenciais e a importância da qualidade durante toda a cadeia, desde a produção até o consumo.
O Pharma Expert contou com a contribuição de membros voluntários dos Grupos Técnicos de Trabalho envolvidos para a criação da programação e do apoio dos parceiros abaixo
Apoiadores
Carlos Nascimento, Monica Neri, Renata Gonçalez e Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP
