Mais de 200 participantes de diversas regiões do Estado debateram sobre gestão, exames nas farmácias, farmácia magistral e Cannabis medicinal
Público de diversas cidades prestigiou o Encontro Regionalizado de Farmacêuticos
São Paulo, 26 de fevereiro de 2024.
São José dos Campos foi a sede do encontro entre farmacêuticos e acadêmicos de diversas regiões do Estado, no sábado, 24/02. Ao todo, mais de 200 participantes acompanharam as palestras de especialistas nas mais variadas áreas e que misturaram conhecimento e tendências com histórias de vida e experiências profissionais.
Dra. Aline Medeiros, delegada regional da Seccional de São José dos Campos e Dr. Adriano Falvo, secretário-geral do CRF-SP
O conselheiro federal por São Paulo e especialista em Análises Clínicas, Dr. Marcos Machado, falou sobre a implantação de exames nas farmácias, regulamentados pela RDC nº 786/23. “Essa era uma demanda antiga e importante para elevar a farmácia ao patamar de estabelecimento de saúde e, assim, exaltar a capacidade do farmacêutico para lidar com pacientes”, destacou.
Dra. Luciana Canetto, vice-presidente do CRF-SP e Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira do CRF-SP
Entre as principais informações, Dr. Marcos especificou as diretrizes que norteiam os itens a serem avaliados na fiscalização, com foco no aspecto profissional de modo a realizar os exames em conformidade com a legislação. Entre os itens abordados estavam a classificação e possibilidades de exames a serem realizados em cada do serviço; infraestrutura; responsabilidade técnica; documentação/contratualização; gestão e controle da qualidade e critérios operacionais.
Dr. Luiz Carlos da Silva, coordenador do curso de Farmácia da Unip - São José dos Campos
Um dos pontos enfatizados foi a realização de exames por um equipamento na farmácia e por um teste rápido, que se igualam na qualidade, mas se diferenciam no preço. “É uma escolha do farmacêutico, se ele quer oferecer algo com custo mais elevado, uma apresentação diferenciada ou um teste rápido”. A todo o momento, Dr. Marcos ressaltou a necessidade de seguir todas as exigências descritas na RDC 786/23.
Dr. Fernando Zanetti, secretário de Saúde de Caçapava; Dr. André Luis dos Santos e Dra. Susana Herrera, conselheiros regionais, Dr. Luiz Carlos da Silva, coordenador do curso de Farmácia da Unip; Dra, Luciana Canetto, vice-presidente; Dra. Aline Medeiros, delegada regional; Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira; Dr. Marcos Machado, conselheiro e Dr. Adriano Falvo, secretário-geral do CRF-SP
Com o aumento de casos de dengue (atualmente cerca de 741 mil casos prováveis no Estado), Dr. Marcos chamou a atenção para o papel do farmacêutico na realização de exames para a detecção da doença, tendo em vista a possibilidade de realizá-los na farmácia. Além disso, o quanto é importante saber interpretar os resultados, orientar sobre o período correto para a realização, além de notificar as autoridades sanitárias.
Dr. Marcos Machado falou sobre a implantação de exames nas farmácias
O segundo tema do encontro mostrou o quanto o farmacêutico reúne características para atuar na gestão, conforme mostrou o atual Secretário de Saúde de Caçapava e farmacêutico, Dr. Fernando Zanetti. “Somos os profissionais da área de saúde com visão total e com visão sistêmica de todo processo de saúde, independe da área de atuação escolhida”.
Ao dividir com os participantes um trecho da sua trajetória profissional de cerca de 16 anos até o cargo atual, Dr. Fernando destacou a importância de aceitar desafios, ele que antes de descobrir sua paixão por Farmácia chegou a concluir um curso de Tecnologia da Informação. Começou como um farmacêutico trainee, passando por coordenador de almoxarifado, gerente de farmácia, gerente de suprimentos, professor universitário, avaliador de unidade de saúde, presidente de fundação de saúde até chegar a Secretário municipal de Saúde.
Dr. Fernando Zanetti, secretário de Saúde de Caçapava e farmacêutico
“A gente entende tanto da parte clínica, quanto de gestão de unidade de farmácia, por exemplo, além de ter de atuar em área farmacológica. Não existe unidade de saúde que trate de pacientes que não precise da parte sistêmica. Tudo é custo. O Brasil tem o maior sistema de saúde do mundo, então precisamos atender da mesma forma, o maior número de pessoas possível com o recurso disponível, isso só o farmacêutico sabe fazer”, ressaltou o Dr. Fernando.
As tendências da farmácia magistral foram destacadas pela Dra. Jaqueline Watanabe, coordenadora técnica da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) e pela Dra. Anna Paula Gabriel na área há cerca de 30 anos.
As farmacêuticas começaram apontando um panorama da área que atualmente conta com 8391 estabelecimentos, um aumento de 15% de 2016 a 2021. Elas destacaram também as principais atividades que um farmacêutico exerce na farmácia como gerencia o atendimento ao cliente e os laboratórios de manipulação; gerencia e/ou executa as atividades do controle de qualidade; interpreta e faz cumprir a legislação vigente; gerencia e/ou executa a visitação médica (prescritores); desenvolve formulações; qualifica fornecedores; assegura a aquisição e armazenamento de materiais; avalia a prescrição (concentração, compatibilidade, dose, via de administração); acompanha a autoridade sanitária durante inspeção/fiscalização; realiza prescrição farmacêutica e serviços de atenção farmacêutica e capacita a equipe.
Dra. Jaqueline Watanabe, coordenadora técnica da Anfarmag e Dra. Anna Paula Gabriel, assessora técnica, atua na área há 30 anos
Dra. Jaqueline e Dra. Anna destacaram as oportunidades na área que passam pela manipulação veterinária, tendo em vista cada vez mais o aumento do cuidado com pets; o atendimento a públicos específicos como veganos, por exemplo, a manipulação estéril e o atendimento a hospitais e congêneres, prática muito solicitada durante a pandemia em que pacientes necessitavam de formulações específicas.
O Encontro Regionalizado de Farmacêuticos encerrou com o tema O cenário regulatório da Cannabis medicinal no Brasil com a Dra. Priscila Dejuste atual conselheira, coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho de Suplementos Alimentares, além de membro do Comitê de Cannabis medicinal e de Assuntos regulatórios do CRF-SP.
O assunto está em evidência e tem sido alvo de muitos questionamentos por parte da população, por isso é fundamental que o farmacêutico esteja bem preparado, já que é na farmácia que as dúvidas são tiradas, ressaltou a Dra. Priscila. “A regulamentação da Anvisa para a venda de produtos à base de cannabis medicinal no Brasil foi aprovada em 2019, o que abriu espaço para o desenvolvimento deste mercado no país. No entanto, ainda existem limitações e restrições que dificultam o acesso a produtos de qualidade e a pesquisa científica na área”.
Dra. Priscila enfatizou ainda que o perfil dos consumidores de cannabis medicinal no Brasil é diversificado e inclui pessoas que sofrem de doenças crônicas e condições de saúde que não respondem aos tratamentos convencionais, além de pessoas que buscam alternativas naturais para melhorar sua qualidade de vida. O público-alvo inclui pessoas de todas as idades e classes sociais, mas ainda enfrenta desafios de aceitação social e preconceitos.
Dra. Priscila Dejuste, conselheira do CRF-SP falou sobre cannabis medicinal
Para ela, ainda são temas que estão sendo discutidos: os efeitos da planta (benefícios, toxicidade, interações); locais de plantio; responsáveis pelo controle, segurança e acesso ao local, das plantas, mudas e produtos, etc.; formas de entrega aos pacientes; cadastro e acompanhamento dos pacientes; gerenciamento de todos os dados e informações da atividade de plantio; atendimento às convenções internacionais; pesquisa clínica; controle de qualidade; variação de teor de canabinoides nas plantas; padronização dos extrato; contaminação, etc.
Público diversificado
Filho e neto de farmacêuticos, Dr. José Antônio Faria França tem ainda dois irmãos que seguiram a mesma carreira. Atual vereador e presidente da Câmara dos vereadores da cidade de Queluz, interior de São Paulo, ele foi um dos participantes do Encontro Regionalizado de Farmacêuticos em São José dos Campos. Dr. José Antônio, conhecido como Zé da Farmácia, é proprietário de farmácia desde 1999 na cidade de Queluz e também em Areias.
Participando pela primeira vez de um evento do CRF-SP, ele garante que será o primeiro de muitos. “Resolvi participar para adquirir conhecimento, conhecer pessoas e fazer networking. O evento foi excelente e foram abordados temas importantes para nós farmacêuticos. No domingo mesmo, eu já comecei a aplicar algumas coisas que aprendi”.
Já a Dra. Roselane Pereira Lino da Silva foi de Mogi das Cruzes até São José dos Campos para participar do Encontro. Ela que atua como gerente de farmácia de um hospital se interessou pela palestra sobre gestão. “Não consigo aplicar diretamente na minha rotina, mas sempre aprendemos alguma coisa diferente que contribui para o nosso crescimento profissional. São muito legais esses eventos, podemos também trocar experiências com alguns colegas”, ressaltou.
Atuando no setor regulatório de uma indústria de produtos para saúde, Dra. Kamilla de Lima Silva também presta consultoria regulatória e qualidade para indústrias, farmácias e drogarias. O interesse por ampliar o conhecimento na área de manipulação e regulação de Cannabis foi o que mais a motivou a participar do encontro. “Gostei bastante, assim consigo ajudar e dar um melhor suporte para futuros clientes”.
Dra. Isabela Araújo, atua em uma drogaria em Taubaté-SP e participou pela segunda vez de um evento do CRF-SP. "Os assuntos abordados são atuais e geram muita dúvida. Gostei bastante, pretendo tentar participar de mais encontros. O que eu mais gostei foi sobre a aula de exame de análises clínicas nas farmácias, que ainda é assunto bem atual e vem crescendo bastante", ressaltou.
Esse foi apenas o primeiro de uma série de encontros regionalizados que o CRF-SP está preparando ao longo do ano.
Confira a agenda e garanta sua vaga.
Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP
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