Evento debate sobre desafios cotidianos, autonomia profissional e condições dignas de trabalho
Evento debate sobre desafios cotidianos, autonomia profissional e condições dignas de trabalhoSão Paulo, 26 de setembro de 2022.
O CRF-SP promoveu no último sábado (24/9) mais um Seminário de Ética Farmacêutica, que este ano trouxe o tema: “desafios cotidianos: autonomia profissional e condições dignas de trabalho”. O evento foi idealizado pelas Comissões de Ética e pelo Grupo Técnico de Trabalho de Direitos e Prerrogativas Profissionais do CRF-SP e realizado de forma híbrida, ou seja, transmitido pela internet e também presencial, no auditório da Universidade Paulista (UNIP).
O presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow Bisson, que compôs a mesa de abertura do evento, explicou que o trabalho da ética no conselho está passando por um momento de reorganização e fortalecimento. “Este seminário é o coroamento do planejamento iniciado no final do ano passado e hoje estamos numa fase de capacitação e implantação de um novo modelo do trabalho das comissões de ética”, destacou.
Dr. Adriano Falvo, Dra. Luciana Canetto, Dra, Danyelle Marini e Dr. Marcelo Polacow
Dra. Danyelle Cristine Marini, diretora-tesoureira do CRF-SP, ressaltou que a ética deve ser trabalhada desde a graduação e o CRF-SP decidiu contribuir com o ensino do conteúdo por meio do lançamento de um material didático intitulado “Série Deontologia e Legislação Farmacêutica Tópicos Aplicados ao Ensino - Coletânea de Casos de Infrações às Normas Vigentes”. “São 70 relatos de casos que aconteceram e que os professores poderão utilizar em suas aulas. Tenho certeza que poderá contribuir muito no processo de formação dos futuros profissionais”, completou.
Para o secretário geral do CRF-SP, Dr. Adriano Falvo, rever eventos presenciais ganhando um número maior de público depois da fase em que os encontros presenciais foram cancelados durante a pandemia, é uma satisfação para a diretoria do conselho. “O CRF-SP organiza muitos eventos, e este de ética é um dos mais aguardados, pois faz a gente refletir e mudar as nossas características de pensamento. Aqui é o cenário perfeito para essa discussão”, comentou.
Dr. Paulo Lorandi e Dr. Paulo Roberto Ribeiro de Souza
Já a vice-presidente do CRF-SP, Dra. Luciana Canetto Fernandes, lembrou que desde que a fiscalização orientativa foi implementada, diminuíram bastante os processos éticos. “Diante do desafio do lucro das empresas, o farmacêutico muitas vezes está num dilema, não sabe a quem ouvir, se ao patrão ou à consciência. Por isso o conselho está aqui hoje e há tantos anos oferecendo este evento para ajudar o farmacêutico nesse desafio tão difícil”, refletiu.
Também participaram da mesa de abertura o Dr. Alípio de Oliveira do Carmo, coordenador do curso de farmácia da Unip e Dra. Maria Fernanda Carvalho, coordenadora do comitê de direitos e prerrogativas do CRF-SP.
A primeira palestra do seminário foi apresentada pelo Dr. Paulo Roberto Ribeiro de Souza, gerente de fiscalização do CRF-SP, que falou sobre o tema “Fiscalização e denúncia: principais problemas identificados”. Para ele, as empresas cidadãs e socialmente responsáveis estão em busca obviamente do lucro, “mas sempre respeitando as legislações, pensando no bem-estar comum e tendo a ética como força motriz da empresa”, completou.
Dra. Simone Delatorre e Dr. Fábio Angelini
Na sequência, o Dr. Paulo Angelo Lorandi, coordenador das comissões de ética do CRF-SP apresentou o tema “Autonomia: vencendo obstáculos”. Para além da reflexão ética, ele destacou a importância da competência técnica e da presença do farmacêutico na farmácia como alguns dos fatores para a superação dos desafios na profissão e citou como exemplo a homeopatia, segmento no qual é especialista. “Acredito bastante que a homeopatia tem a força atual graças à presença do farmacêutico no balcão da farmácia. Como consequência, as pessoas passaram a ter mais confiança não só na homeopatia, mas também na palavra do farmacêutico. Esse capital social é que vai nos dar uma capacidade maior de autonomia”, observou.
Dra. Simone Delatorre, advogada e consultora jurídica do CRF-SP e Dr. Fábio Angelini, advogado do Sindicato dos Farmacêuticos (Sinfar) apresentaram observações do ponto de vista legal sobre as dificuldades cotidianas do farmacêutico, violações da sua autonomia profissional e como resolvê-las, além de orientações jurídicas relacionadas às questões mais recorrentes recebidas via denúncia no Comitê de Direitos e Prerrogativas. Dr. Peterson de Souza, advogado especialista em direito previdenciário, falou sobre “Insalubridade”.
Dr. Peterson de Souza e Dr. Renato Janine Ribeiro
Para fechar o evento, a palestra mais esperada foi a do Dr. Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e professor titular de filosofia da Universidade de São Paulo (USP), que abordou o tema “Como enfrentar as exigências do mercado com autonomia e ética”. Para ele, a saúde é um bem universal, que depende de toda a rede de profissionais de saúde para ser implantada, mas que é constantemente ameaçada, tanto por causa da prescrição de medicamentos inadequados, como a cloroquina durante a pandemia da covid, quanto também pela busca pelas grandes empresas por lucro sem considerar a saúde do paciente.
“A questão ética se coloca para o farmacêutico como para todas as pessoas que lidam com o ser humano. Se você não tiver um foco no bem-estar do paciente, corre-se o risco de fazer coisas erradas e nocivas. Esse é um desafio encontrado na prática no trabalho do farmacêutico, constantemente sendo desafiado a ser ético ou não. É assim que as pessoas mostram o valor delas”, concluiu.
Carlos Nascimento
Departamento do Comunicação CRF-SP
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