Evento em homenagem ao Dia do Farmacêutico debate o futuro da farmácia, tecnologia e o desejo de mudanças

 

Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Luciana Canetto (secretária-geral do CRF-SP); Dr. Antonio Geraldo dos Santos (conselheiro federal por SP); e Dra. Danyelle Marini, (diretora-tesoureira do CRF-SP), na abertura do XXI Encontro Paulista de Farmacêuticos, que em razão da pandemia de covid-19 pela primeira vez foi realizado totalmente no formato on-lineDr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Luciana Canetto (secretária-geral do CRF-SP); Dr. Antonio Geraldo dos Santos (conselheiro federal por SP); e Dra. Danyelle Marini, (diretora-tesoureira do CRF-SP), na abertura do XXI Encontro Paulista de Farmacêuticos, que em razão da pandemia de covid-19 pela primeira vez foi realizado totalmente no formato on-line 

São Paulo, 22 de janeiro de 2021.

Mesmo no cenário da pandemia de covid-19, o CRF-SP manteve a tradição de celebrar o 20 de Janeiro - Dia Nacional do Farmacêutico com a realização do Encontro Paulista de Farmacêuticos, que em sua 21ª edição foi adaptado para o formato totalmente on-line com transmissão ao vivo pelo YouTube (para um público inscrito previamente), ocorrida na noite da última quarta-feira (20).

Com o tema “Farmácia em mudança – o futuro é hoje”, o evento contabilizou mais de 3,7 mil inscrições e se propôs a debater as habilidades e competências para o uso da tecnologia na área da saúde, bem como de que forma a tecnologia pode ser empregada a serviço da humanização, do cuidado ao paciente e nos processos farmacêuticos.

Na abertura dos trabalhos, o vice-presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, parabenizou os profissionais e fez um agradecimento especial pelo empenho demonstrado na linha de frente contra a covid-19. “Fica aqui o meu muito obrigado a todos os farmacêuticos por melhorarem o mundo todos os dias nesta pandemia. A intenção do evento de hoje não é apenas promover um debate técnico-científico, mas, sim, pensarmos em soluções para este tão falado novo normal. Podemos não estar juntos fisicamente nesta noite, mas gostaríamos de ficar marcados na memória de cada um, em cada dificuldade que pudermos superar juntos”.

Já a secretária-geral do CRF-SP, Dra. Luciana Canetto, reiterou que não haveria outra posição para o farmacêutico nessa pandemia senão na linha de frente, uma experiência que exigiu que ele colocasse em prática todos os conhecimentos adquiridos ao longo da profissão, tendo ao mesmo tempo de aprender diariamente, por se tratar de uma doença nova.

“Tudo é novo e se torna obsoleto muito rápido, quem atua em farmácia tem de se manter sempre atualizado. Enfrentamos o problema do desabastecimento de álcool gel, entre outros produtos, o que demandou muito dos profissionais da logística para evitar o caos. Farmacêuticos envolvidos em pesquisa, esses têm meu agradecimento especial! Enfim, fica impossível imaginar esse cenário sem a participação do farmacêutico: gerenciou crise, cumpriu com fidelidade seu papel... A sociedade é grata por cada um de nós!”, afirma a Dra. Luciana Canetto.

A diretora-tesoureira do CRF-SP, Dra. Danyelle Marini, explicou que não foi mero acaso que o tema tecnologia foi novamente contemplado na programação do Encontro Paulista de Farmacêuticos. “A tecnologia propicia muitas ferramentas que facilitam as atividades do farmacêutico, mas nem sempre elas são implementadas de forma rápida. Uma delas é a prescrição eletrônica. A pandemia mostrou sua importância e em pouco tempo respondemos a essa demanda, engajamos seu uso, e hoje ela é realidade. Quem imaginaria um ano atrás que ela seria tão necessária assim?”.

Dra. Danyelle disse que os farmacêuticos devem ser a mudança que esperam ver no mundo, e que estes têm apoio incondicional do CRF-SP, finalizando: “Dessa forma, em tempos difíceis, fazemos pessoas e profissionais mais fortes. Provar que é possivel fazer diferente, mesmo quando o cenário mostra o contrário. Que possamos sair desse evento melhor do que entramos”.

Farmácia Clínica e Tecnologia: desafios e oportunidades

Profa. Dra. Solange Brícola, docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em Farmácia Clínica, e Bruno Pina, Chief Digital Officer da AstraZeneca BrasilProfa. Dra. Solange Brícola, docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em Farmácia Clínica, e Bruno Pina, Chief Digital Officer da AstraZeneca Brasil

Na primeira parte do evento, a Profa. Dra. Solange Brícola, coordenadora da Farmácia Clínica do Serviço de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (até 2020) e docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, apresentou a mesa-redonda “Farmácia-Clínica e Tecnologia: desafios e oportunidades”, com participação de Bruno Pina, Chief Digital Officer da AstraZeneca Brasil.

À frente de uma equipe pioneira que implementou a Farmácia Clínica no maior centro hospitalar da América Latina e também com a experiência de docente farmacêutica, a Profa. Dra. Solange relatou a importância de agregar novas ferramentas e metodologias de ensino no setor, sem que isso represente qualquer prejuízo tanto ao profissional como à qualidade do serviço prestado.

“Nós nos pautamos durante muito tempo no conhecimento, no acesso à informação de qualidade, publicações em outros idiomas, e hoje nada disso mais é restrito; os desafios são outros. A pandemia mostrou que, além do conhecimento adquirido na graduação e pós-graduação, temos de compartilhar nossos valores comportamentais. Aquilo que temos a mais para oferecer frente a dor do outro”, refletiu a palestrante.

Nesse sentido, um exemplo demonstrado na mesa-redonda em que foi possível unir conhecimento farmacêutico, habilidade e tecnologia foi um case de aplicativo desenvolvido para auxiliar pacientes que fazem uso de medicamentos para asma, criado por Bruno Pina, da AstraZeneca Brasil.

Bruno explicou que foi justamente ao ter conhecimento dos pontos que dificultam a adesão do paciente ao tratamento da asma que teve a ideia de criar o aplicativo. “Quando eu conheço os pacientes, conheço os pontos que impactam a adesão do paciente, as dificuldades da mãe e da criança por exemplo, o comportamento que eles têm, como deveriam administrar, a acessibilidade, e aí pensamos: e a se criássemos um jogo que simulasse uma jornada compreensiva e educativa? ”. O aplicativo da AztraZeneca se chama Universo Nebulização e está disponível gratuitamente nas plataformas Android e iOS.

Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Danyelle Marini (diretora-tesoureira); Dr. Walter Jorge João (presidente do Conselho Federal de Farmácia); e Dra. Luciana Canetto (secretária-geral do CRF-SP)Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Danyelle Marini (diretora-tesoureira); Dr. Walter Jorge João (presidente do Conselho Federal de Farmácia); e Dra. Luciana Canetto (secretária-geral do CRF-SP)

O presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Dr. Walter Jorge João, foi um dos convidados e durante um bate-papo com os diretores do CRF-SP destacou a importância de comemorar o Dia do Farmacêutico. “É indiscutível que pelo menos de 2012 para cá houve uma grande revolução na profissão. Nós não tínhamos visibilidade, por isso, é o momento de comemorarmos sim, somos 230 mil farmacêuticos no Brasil, é um exército trabalhando”.

O presidente do CFF ressaltou ainda as conquistas dos últimos anos como as normativas que tratam sobre as atribuições clínicas do farmacêutico, a prescrição, farmacêutica e a Lei 13.021/14, que transformou a farmácia e o farmacêutico. “Ano passado fomos surpreendidos pela pandemia, não sabíamos nada sobre a doença, mas os conselhos não pararam de trabalhar, mesmo com o isolamento social. Hoje, quantas farmácias já possuem consultório farmacêutico. Há dez anos não se imaginava essa possibilidade. Hoje, o gestor público tem um novo olhar para a nossa profissão. Temos dificuldades, assim como outras profissões, mas a autoridade técnica do estabelecimento é o farmacêutico”.

Lançamento do XXI Congresso Farmacêutico de São Paulo

Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Danyelle Marini (diretora-tesoureira); Dra. Patrícia Moriel (presidente do XXI Congresso Farmacêutico de São Paulo); e Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Danyelle Marini (diretora-tesoureira); Dr. Walter Jorge João (presidente do Conselho Federal de Farmácia); e Dra. Luciana Canetto (secretária-geral do CRF-SP)Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Danyelle Marini (diretora-tesoureira); Dra. Patrícia Moriel (presidente do XXI Congresso Farmacêutico de São Paulo); e Dr. Marcelo Polacow (vice-presidente do CRF-SP); Dra. Danyelle Marini (diretora-tesoureira); Dr. Walter Jorge João (presidente do Conselho Federal de Farmácia); e Dra. Luciana Canetto (secretária-geral do CRF-SP)

Os participantes do Encontro também conferiram, em primeira mão, o lançamento da 21ª edição do Congresso Farmacêutico de São Paulo, que acontecerá de 10 a 13 de novembro de 2021, de forma totalmente on-line. Os preparativos foram apresentados pela diretoria e pela presidente dessa edição do Congresso, a Dra. Patrícia Moriel.

E, nada melhor do que falar de transformação e, principalmente, reinvenção, em meio a tudo que o mundo está passando. Com o tema “O mercado se transforma e os melhores profissionais se reinventam”, o Congresso irá reunir diversas áreas da Farmácia, contará com a apresentação de trabalhos científicos, uma feira com estandes virtuais, além de ministrantes renomados no Brasil e exterior.

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Fique atento ao portal e redes sociais do CRF-SP para mais informações em breve.

“Por que é tão difícil mudar? Atos, atitudes e ética”

Para encerrar o último bloco do evento, o CRF-SP convidou o Prof. Dr. Pedro Calabrez, Ph.D em Psiquiatria e Psicologia Médica pelo Laboratório de Neurociências Clínicas da Escola Paulista de Medicina e criador do canal Neurovox, no YouTube, que abordou o tema “Por que é tão difícil mudar? Atos, atitudes e ética”.

De forma leve e descontraída, Pedro deu exemplos que se aplicam ao dia a dia das pessoas como no que se refere às emoções. De acordo com o professor, as emoções negativas tendem a ser mais sensíveis pelo cérebro humano do que as positivas, o que pode ser explicado pelo comportamento de nossos ancestrais, já que o medo significava uma ameaça, um tipo de congelamento para que o predador não atacasse. “Se você passa por um acidente de carro é natural parar para olhar, mesmo se um beija-flor passar por você, a tendência é você focar apenas no acidente. Ou então, se o seu dia tem 95% de coisas boas, mas uma mensagem no WhatsApp, uma conversa ruim, mínima que seja, já rouba sua noite de sono, a negatividade sempre impera”.

Em consonância com o tema do XXI Congresso Farmacêutico de São Paulo, Pedro falou sobre a necessidade de se reinventar. E, mais uma vez, as pessoas desviam do foco das boas oportunidades e miram no problema. “Toda mudança vai ter dor, dificuldade. O que é preciso fazer é entender o foco do cérebro. A partir do momento que você gasta energia pensando em coisas ruins, quando você escolhe focar no negativo, não sobra energia para o que é bom, então para que as boas oportunidades sejam observadas de perto, é preciso combater esse viés de negatividade”.

O que eu faço para ser o melhor profissional? Uma pessoa antenada com as mudanças no mundo? Esse foi um dos questionamentos respondidos por Calabrez. “A resposta é simples, mas não é fácil. Se você quiser crescer profissionalmente, seja alguém que não foque em problema, mas em solução. Alguém que não seja escravo de problema, mas imperador de soluções. Essa é uma postura profissional crucial que, adotada, será uma mudança imensa”.

Ele ainda destaca “as pessoas subestimam a mudança nas suas vidas, as mudanças de valores são enormes ao longo da vida. Enquanto seu cérebro estiver saudável, ele tem a capacidade de se transformar, pode não ser fácil e simples? Pode! Mas é possível. Qual a mentalidade você quer nutrir? ”.

Prof. Dr. Pedro Calabrez, Ph.D em Psiquiatria e Psicologia Médica pelo Laboratório de Neurociências Clínicas da Escola Paulista de Medicina e criador do canal Neurovox, no YouTubeProf. Dr. Pedro Calabrez, Ph.D em Psiquiatria e Psicologia Médica pelo Laboratório de Neurociências Clínicas da Escola Paulista de Medicina e criador do canal Neurovox, no YouTube

Profissional do futuro

Focado no universo dos profissionais de saúde, Pedro destacou a importância da humanização, “O robô vai substituir o médico que é um mero prescritor de medicamentos e exames, agora aquele que coloca a mão no ombro do paciente e entende o seu problema, o profissional que é ser humano com H maiúsculo, esse é o profissional do futuro. Busque se construir como esse profissional, como foco na solução e não no problema, nos caminhos para solucionar, não importa se você tem 18 ou 80 anos, somos sempre capazes de mudar”.

O imediatismo de hoje também foi um dos pontos abordados. “Quando você conquista uma coisa boa, logo vai querer uma melhor, isso faz com que a gente sempre lute por mais, por melhores condições, o que é ótimo, mas traz um problema, quando você se adapta às coisas, como a sua carreira, por exemplo, chega num ponto em que está suficiente, não precisa se transformar, você para de querer a mudança, contra a sua própria natureza e cai na armadilha da acomodação. O ser humano quer mais e melhor. A grande questão é se você vai surfar a onda da mudança ou vai morrer afogado nela”.

Pedro encerrou a palestra com um desafio “Olhe para a sua profissão e se desafie, nesse desconforto você vai saber se está preparado para o futuro, não o distante, mas esse que está se construindo agora a cada segundo na nossa frente. Se você viver regido pelo prazer e pelo conforto, eles são importantes, mas têm seu momento, nenhuma mudança duradora vai ser construída se você for imediatista, aprenda a olhar para o desconforto”.

 

Renata Gonçalez e Thais Noronha

Departamento de Comunicação CRF-SP

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