Simpósio põe em debate as novidades na profissão, além de preconceito e discriminação no mercado de trabalho
São Paulo, 24 de novembro de 2020.
Ao longo da programação, as atividades no eixo Mercado de Trabalho no Simpósio Tendências Farmacêuticas, realizado de 19 a 21, foram marcadas por abordagens diversas que debateram algumas tendências nas diferentes áreas de atuação da farmácia, mas que também trouxeram à tona reflexões pertinentes e pautadas em temas de grande repercussão no mundo corporativo.
Os trabalhos foram iniciados com a palestra Regulamentação de clínicas, salas e consultórios de estética, com participação da Dra. Juliana Marise Cardoso, que possui mais de 15 anos de experiência na área de Vigilância Sanitária, com ênfase em Assuntos Regulatórios, e que atua principalmente nos temas Estética e Registro de Produtos.
Em sua apresentação, Dra. Juliana abordou os requisitos técnicos e as boas práticas sanitárias aplicadas aos estabelecimentos de saúde estética, incluindo a biossegurança e a documentação sanitária. Ela destacou que a estética é uma área regulamentada e classificada como de interesse para a saúde.
“Constantemente temos novas tecnologias sendo lançadas no mercado, por isso, é fundamental que as legislações na área acompanhem esse dinamismo para a segurança dos profissionais, dos clientes e do meio ambiente”, disse a ministrante, que acrescentou: "Para completar a formação dos profissionais de estética, é essencial que tenham o conhecimento das normas sanitárias e que atuem com ética nos seus estabelecimentos devidamente regularizados evitando, assim, eventos não desejados e proporcionando maior segurança aos clientes, ao próprio profissional e ao meio ambiente".
Palestra Regulamentação de clínicas, salas e consultórios de estética: Dra. Ana Cristina Serra Camila Polimeno e Dra. Juliana Marise Cardoso
A profissionalização do setor magistral frente à atual tendência de expansão da área devido à maior procura por produtos personalizados também foi destaque com a palestra da Dra. Priscila Espozito de Souza Luz, consultora técnica na área magistral pela Pharma Espózito Inteligência Farmacêutica. Ela enfatizou que, para aproveitar esse bom momento pelo qual o setor magistral passa, é necessário que os farmacêuticos busquem especialização para atender às novas exigências do mercado.
"Nós falamos tanto em multidisciplinaridade, mas se eu quero ser reconhecida, eu também preciso reconhecer meus colegas, porque isso une o conhecimento de todos”, afirmou a Dra. Priscila.
Palestra Profissionalização do setor magistral: Dra. Iluska Torezani, Dra. Priscila Espozito de Souza Luz e Dra. Tatiana Emy de Freitas
A palestra também contou com as participações da Dra. Tatiana Emy de Freitas, farmacêutica gestora técnica e de inovação, reposicionamento e desenvolvimento de produtos, e membro do Grupo Técnico de Trabalho para Área Magistral do CRF-SP, e da Dra. Iluska Torezani, auditora líder e sócia proprietária da Beleza Saúde Farmácia de Manipulação, que moderou a atividade, que pontuou: “Na farmácia magistral, o farmacêutico tem de estar sempre de olho na gestão e no paciente, então, é importante ele ter com quem se dividir para somar forças”.
Os participantes do Simpósio com interesse em atuar na área de Radiofarmácia puderam esclarecer inúmeras dúvidas sobre esse mercado de trabalho com a mesa-redonda moderada pela Dra. Sibila Roberta Marques Grallert, especialista em SGQ e licenciamento aplicados à importação e distribuição de radiofármacos, e participação da Dra. Priscilla Brunelli Pujatti, radiofarmacêutica do Instituto Nacional do Câncer do Rio de Janeiro (RJ).
Mesa-redonda Mercado de Trabalho em Radiofarmácia: Dra. Priscilla Brunelli Pujatti; Dra. Sibila Roberta Marques Grallert e Dr. Emerson Soares Bernardes
Dra. Priscila foi enfática ao afirmar que o farmacêutico da área deve buscar valorização a todo momento, não se limitando a atuar como um profissional cuja contratação se dá somente pelo âmbito privativo. “Sempre digo aos meus alunos para se valorizarem porque a tendência na área hospitalar é que seja ofertado o piso salarial, mas se for demonstrado a formação necessária para gerar radiofármacos com qualidade e segurança, ficará claro o ganho que terão com o seu trabalho”.
Mesa-redonda Controle de qualidade de fitoterápicos: Dra. Laerte Dall’Agnol; Dra. Cristina Tanikawa e Dr. Luis Carlos Marques
Para o gerente de produção do Centro de Radiofarmácia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Dr. Emerson Soares Bernardes, falta incentivo no meio acadêmico para alavancar a pesquisa de radiofármacos no Brasil. "Os radiofármacos utilizados aqui foram desenvolvidos há muito tempo e todos eles fora, algo que chamo a atenção. Temos de formar pessoal para que um dia possamos desenvolver e pesquisar novas moléculas, novas formas de terapia e diagnóstico. Isso não será feito enquanto não houver um esforço em conjunto com as universidades".
Palestra Conheça a Antroposofia e entenda as diferenças para os fitoterápicos e homeopáticos: Dr. Rodolfo Schleier e Dra. Maria Fernanda Carvalho
O mesmo dia contou com atividades sobre Homeopatia, com a mesa-redonda sobre substâncias proscritas destinadas a uso em medicamentos dinamizados, e sobre Plantas Medicinas e Fitoterápicos, que abordou o controle de qualidade de fitoterápicos (indústria e manipulação) em uma mesa-redonda.
Mesa-redonda Substâncias proscritas destinadas a uso em medicamentos dinamizados: Dra. Karen Denez; Dra. Márcia de Cássia da Silva Borges; Dr. Javier Salvador Gamarra Junior e Dr. Ubiratan Adler
Outro momento de destaque foi durante a palestra com o tema Atuação do farmacêutico no pós-pandemia, com participação do Dr. Pedro Paulo Dias Junior, diretor de Inovação da EMS, Germed, Legrand, Novaquímica, Multilab, Ofta, Bracepharma e USK, que incentiva cada um a fazer uma importante autorreflexão sobre a profissão em tempos de pandemia de covid-19.
"O farmacêutico está no mesmo nível de importância que o médico e o enfermeiro nesta pandemia. E o que ele vem aprendendo com isso? Essa é uma pergunta que cada um deve fazer a si mesmo. Eu acho que a pandemia o fez aprender coisas novas porque ele refletiu sobre o mercado, armazenou diversos dados e há um caminho a ser percorrido para interpretá-los", declarou o Dr. Pedro.
Palestra Atuação do farmacêutico no pós-pandemia: Dra. Rosilene Martins Viel e Dr. Pedro Paulo Dias Junior
A palestra foi moderada pela Dra. Rosilene Martins Viel, docente e coordenadora da pós-graduação em Farmácia Clínica da Unoeste, delegada da Seccional de Presidente Prudente do CRF-SP, que também enxerga um novo horizonte para a profissão a partir da experiência da pandemia: “Cada dia mais estamos nos habituando à ideia do varejo com o farmacêutico orientando o paciente, sem nenhuma perda do trabalho clínico dentro da farmácia. Acredito que no pós-pandemia teremos tudo isso ainda mais consolidado”.
Discriminação e Preconceito na vida profissional
O eixo Mercado de Trabalho também se propôs a discutir um dos temas mais recorrentes em debates sobre o mundo corporativo: a discriminação e o preconceito na vida profissional, com participações da Dra. Lívia Maria Gonçalves Barbosa, coordenadora de Farmácia Clínica do Hospital Sírio Libanês; do Dr. Thomas Waeny Correa, coordenador do Grupo Técnico de Trabalho Jovem do CRF-SP; do Dr. Nelson Firmino Junior, especialista em genética forense e gestão em Segurança Pública; e da Dra. Jackeline dos Santos, que atua como responsável técnica em farmácias de Pernambuco.
Mesa-redonda Discriminação e Preconceito na vida profissional: Dra. Lívia Maria Gonçalves Barbosa; Dr. Thomas Waeny Correa; Dr. Nelson Firmino Junior; e Dra. Jackeline dos Santos
Dr. Nelson atua como perito criminal e relatou as muitas vezes em que atendeu pessoas que nitidamente duvidaram da posição que ocupa devido à cor de sua pele. “Quantas vezes insistiram para falar com um superior porque não deram credibilidade a um negro para alguém com o cargo de perito”, afirmou. “O número de farmacêuticos negros é muito baixo. Eu nunca vi um que ocupe cargos mais elevados nas instituições em que trabalham. Quem minimiza fatos como esse talvez sejam os verdadeiros racistas, assim como ocorre com a questão da homofobia e do machismo”.
Mesa-redonda Tendências em exames laboratoriais: Dr. Paulo Caleb de Lima Santos; Dr. Marcos Machado; Dr. Paulo Aparecido Brandão Pinto; e Dr. Carlos Filipe Massoni Garcia
Dra. Jackeline é a primeira farmacêutica transexual do Estado de Pernambuco, e compartilhou com o público sua experiência quase que diária de conciliar a atuação farmacêutica com o enfrentamento do preconceito. “Quando comecei a trabalhar num hospital, uma pessoa me perguntou se eu não tinha vergonha de estar lá, pois pessoas como eu vão para a rua se prostituir. Respondi, com toda paciência, que não sentia vergonha porque eu tinha quatro cursos superiores e várias pós-graduações, então não iria precisar ir para as ruas como muitas trans precisavam”, relembra.
Mesa-redonda Cannabis - Uso medicinal e regulamentação no Brasil: Dra. NIlsa Sumie Yamashita Wadt; Dra. Margarete Brito; Dr. Marco Antônio Fiaschetti; Dra. Ana Cecília Bezerra Carvalho; e Dr. Paulo Eduardo Orlandi Mattos
A ideia da sociedade de que o transexual deve viver somente da venda do seu corpo é algo que a farmacêutica sonha em mudar um dia, por isso, é voluntária em grupos nos quais estimula pessoas como ela a abandonar a prostituição e estudar. “É um caminho difícil porque muitos têm vergonha, temem sair de casa durante o dia e sofrer algum tipo de agressão, então optam pelo trabalho à noite, nas ruas. Mas eu mostro a eles que sempre procurei o caminho da educação, que é possível sim! ”, afirma a Dra. Jackeline.
Palestra Assunção de responsabilidade técnica em Operações Logísticas: papéis e responsabilidades do farmacêutico: Dr. Leonardo Pereira Correia da Silva e Dra. Nayane Magalhães Nogueira
Os debates e as novidades apresentadas no eixo mercado de trabalho também foram contemplados com temas relacionados a novas tendências em análises clínicas, uso medicinal e regulamentação da Cannabis no Brasil, as responsabilidades do farmacêutico que assume responsabilidade técnica em operações logísticas e o impacto das novas legislações em suplementos alimentares.
Mesa-redonda O impacto das novas legislações em Suplementos Alimentares: Dra. Thais Coelho Lima; Dra. Patrícia Felipe França; Dra. Mariana Barros Pimentel Nogueira; Dra. Priscila Dejuste; e Dra. Kennya M. P. dos Santos
Renata Gonçalez
Departamento de Comunicação CRF-SP
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