Inteligência artificial, mídias digitais, saúde 5.0, tecnologias na área da saúde foram alguns dos temas abordados no eixo
São Paulo, 24 de novembro de 2020.
Nada mais natural do que um eixo focado em Tecnologia inserido na programação de atividades em um evento que foi criteriosamente pensado para enfatizar as áreas que são tendências no segmento farmacêutico. E, assim foram os três dias do Simpósio Tendências Farmacêuticas, que aconteceu totalmente on-line, de 19 a 21 de novembro.
Com mais de 7500 inscritos, entre farmacêuticos e estudantes de Farmácia, além do eixo Tecnologia, os temas nas mais variadas áreas da Farmácia focaram também em Mercado de trabalho, Cuidado farmacêutico e Educação.
A abertura contou com a diretoria do CRF-SP e com as palestras “O novo normal na área farmacêutica – tendências pós-pandemia” do Dr. Divaldo Lyra Júnior, farmacêutico com 20 anos de carreira e “O pós-normal é normal para você? (Desaprender para aprender a inovar)”, da Beia Carvalho, primeira mulher a falar em inovação, ela inspira plateias a viajar para o futuro e a visualizar suas empresas e vidas daqui a cinco anos.
O dia 20 começou com a palestra do Dr. Rodrigo Kurata, CEO da Inception Consultoria e Pesquisa e vice-presidente de Planejamento Estratégico na Retail Farma Brasil que traçou um perfil do novo consumidor mais focado no autocuidado e o quanto a farmácia por ser a porta de entrada do sistema de saúde deve se adequar a esse paciente, se especializar em algum nicho, conhecer a jornada de compra, formas de abordagem e comunicação. “O farmacêutico é o protagonista e faz a diferença nesse contexto na linha de frente. A tecnologia e o farmacêutico vão trabalhar em conjunto.” Um tema atual abordado foi em relação ao crescimento de produtos indicados por influencers e blogueiros em redes sociais como os que envolvem os cuidados para a pele. “O farmacêutico precisa agir e interagir com o público que consume esses produtos porque tem embasamento técnico”.
Um tema que foi identificado pelo Grupo Técnico de Trabalho de Indústria do CRF-SP como uma tendência a ter consequências futuras foi a dependência do Brasil de matérias-primas importadas. O Brasil que já foi o quinto maior produtor de insumod farmacêuticos ativos do mundo, hoje não tem representatividade no mercado. Fato que acontece também com outros países que dependem prioritariamente da China e da Índia, conforme o debate contou com representantes de laboratórios farmacêuticos e até com o Dr. Humberto Zardo, experiente farmacêutico brasileiro com mais de 30 anos fora do país.
Em meio à pandemia, as técnicas da Medicina Tradicional Chinesa foram apresentadas como uma alternativa para dar aumentar a imunidade e também dar suporte a problemas como ansiedade, depressão, além de outras funções como atuação na estética, tratamento de lesões, processos inflamatórios, entre outros. Entre as técnicas estavam a laserterapia, eletroacupuntura, Hai Hua, cranioacupuntura, Ryodoraku, entre outros.
Ao falar em tecnologia, a autoinspeção na farmácia magistral foi uma das palestras acompanhadas por mais de 1500 pessoas e destacada para ser utilizada como uma ferramenta estratégica para ir além de uma obrigação burocrática como receber um alvará, mas é importante para preparar a equipe e ser utilizada como uma forma de melhoria contínua dos processos.
Outra tendência que tem vindo ao encontro como uma oportunidade ao segmento farmacêutico é a área de suplementos alimentares, que nesse ano apontou crescimento de 10% em relação a 2015 no consumo em recente pesquisa. O uso de corantes, estabilizantes, edulcorantes, aditivos, probióticos, além do mercado de enzimas e da oportunidade de o farmacêutico apostar na prescrição de suplementos também foi a abordagem central dos ministrantes.
A oportunidade de atuar no desenvolvimento de novos radiofármacos foi abordada na penúltima mesa-redonda do dia, tendo em vista o potencial brasileiro para a produção, no entanto, esbarram os entraves burocráticos que dificultam o crescimento do mercado. A recente quebra de monopólio pode ser uma oportunidade de expansão da área.
A recente RDC 430/20 uniu algumas normativas do setor de logística e uniformizou a área, além de dar mais protagonismo ao trabalho do farmacêutico, pois engloba uma série de processos e faz do farmacêutico um gestor de operações.
Fake news, homeopatia na agricultura e pecuária, medicamento off label e inteligência artificial
Quando se fala em fake news, em especial quando se trata de saúde, o farmacêutico tem em mãos a oportunidade de, por meio de conhecimento técnico, evitar que informações falsas sejam disseminadas pelas redes e causem consequências mais graves. Além de desmentir, o farmacêutico pode agregar valor ao seu trabalho estando mais presente nas redes sociais e levando informação ao público específico, por exemplo. Essa e outras abordagens foram destaques em uma das mesas do último dia do evento on-line.
A eficácia dos medicamentos homeopáticos já é conhecida, no entanto, o seu uso na agronomia e pecuária é uma porta aberta ao farmacêutico que pode atuar em parceria com o veterinário e adaptar as formulações conforme a necessidade do produtor, seja um rebanho, um determinado tipo de animal, uma espécie de planta. Além disso, os resultados da homeopatia em substituição aos agrotóxicos utilizados no Brasil em quantidades muito além da permitida pela legislação foram também destaque. Na última década, o Brasil foi o país que mais produziu pesquisas científicas em revistas indexadas sobre homeopatia, seguido pela Índia, Alemanha e França.
Em um eixo totalmente focado em tecnologia, nada mais oportuno do que falar no conceito de saúde 5.0, e esse foi o tema abordado pelo Dr. Chao Lung Wen, Professor Associado da USP e Chefe de Disciplina de Telemedicina da FMUSP na palestra moderada pelo Dr. José Vanilton de Almeida e oferecida pela Pfizer UpJohn. A discussão deixou clara que a pandemia de covid-19 mostrou que a saúde precisa ser remodelada, já que abalou desestruturou os mecanismos de tratamento em todo o mundo, as rotinas de cuidado e as pessoas ficaram em pânico. “O nosso modelo de saúde de hoje não é o mais seguro, temos que repensar em atitudes mais seguras e isso não foi apenas no Brasil, foi de forma global. A covid nos ensinou que o hospital não é o local mais seguro, então na terceira década do século 21 estamos evoluindo para a distribuição da saúde para dentro da casa das pessoas com qualidade, focada em homecare e tele homecare. Isso é saúde conectada 5.0. Precisamos formar os profissionais do amanhã para lidar com isso”, ressaltou Dr. Chao.
Não poderia haver assunto mais atual ou tendência do que o uso de medicamentos off label para tratamento de covid-19 em pacientes idosos. Os debatedores destacaram as vantagens desses medicamentos já terem passado por fases pré-clínicas, o que elimina etapas, garante segurança e diminui custo, mas também enfatizaram a necessidade de compartilhar a decisão com o paciente, que deve ter total ciência da utilização de um medicamento que originalmente não foi aprovado para determinada doença. O reposicionamento da marca também foi discutido como uma estratégia do fabricante para otimizar ou reconstruir a imagem diante do público.
Após mais de 160 horas de atividades nos quatro eixos, as discussões foram encerradas com a mesa-redonda que mais evidenciou o uso da tecnologia no âmbito farmacêutico e no contexto da saúde como um todo ao falar em inteligência artificial, sistemas informatizados e ferramentas digitais que otimizam o trabalho do farmacêutico, auxiliam a farmácia clínica nas intervenções, nas tomadas de decisões, além de detectar problemas na dose, riscos de interações, toxicidade, entre outros.
Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP
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