CRF-SP reúne profissionais de saúde para debater o tema

Dr. Sidney Rafael das Neves (Crosp), Prof. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros (presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia), Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, Dra. Adryella Luz, coordenadora do Grupo de Antibióticos do CRF-SP e Dra. Silvana Lima Gorniak (Conselho Regional de Medicina Veterinária)Dr. Sidney Rafael das Neves (Crosp), Prof. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros (presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia), Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, Dra. Adryella Luz, coordenadora do Grupo de Antibióticos do CRF-SP e Dra. Silvana Lima Gorniak (Conselho Regional de Medicina Veterinária)

São Paulo, 13 de dezembro de 2019.

Diante da importância de a equipe de profissionais de saúde trabalharem juntos para combater o uso irracional de antibióticos e, consequentemente, a resistência bacteriana, o CRF-SP promoveu na noite de quinta-feira, 12, o Fórum “Olhar multidisciplinar no uso racional de antibióticos", na sede do CRF-SP.

Durante o debate, representantes dos Conselhos Regionais de Farmácia, Odontologia (Crosp), Medicina Veterinária (CRMV) e da Sociedade Brasileira de Infectologia, fizeram um panorama da realidade em relação ao uso de antibióticos nas suas áreas de atuação.

Dr. Sidney Rafael das Neves, cirurgião dentista especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial e representante do Crosp, destacou as principais situações em que há contaminações, os abscessos, as bacteremias em que é preciso fazer o uso de antimicrobianos, tanto no ambiente ambulatorial e hospitalar. “Não é somente o uso irracional, precisamos ter parâmetros que nos proporcionam acertar mais a escolha do antimicrobiano adequado, como a cultura e antibiograma, PCR, VHS, leucócitos que são determinantes como parâmetros seguros na eficácia da nossa escolha. Precisamos estar embasados em valores inquestionáveis como cintilografia óssea, ressonância magnética, tomografia computadorizada para planejar drenagem de abscesso que também faz parte do tratamento, as vezes não é só o antimicrobiano que consegue resolver a infecção”.

Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, destacou as iniciativas do CRF-SP sobre o tema, em especial a criação do Grupo de AntibióticosDr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, destacou as iniciativas do CRF-SP sobre o tema, em especial a criação do Grupo de Antibióticos

A professora da Universidade de São Paulo e representante do CRMV, Dra. Silvana Lima Gorniak, ressaltou que o CRMV-SP, o CFMV e o Ministério da Agricultura estão alinhados no que diz respeito a um só mundo e uma só saúde. “A nossa preocupação é no uso de antimicrobianos na produção animal. Como nós podemos ter o uso consciente e colaborativo entre as várias entidades que compõem os atores desse preocupante assunto, não só no Brasil, mas no mundo. A medicina veterinária tem as suas idiossincrasias quanto ao uso de antimicrobianos, então apresentei o que tem sido feito em nível nacional e internacional para desacelerar esse processo crescente que é a resistência aos antimicrobianos”. Ela ressalta ainda que o grande problema é produção animal porque se usa em grande quantidade. “Se calcula que no mundo, hoje, 70% dos antimicrobianos produzidos são empregados na produção animal e o que nos preocupa e que até hoje não foi respondido é que se o uso desse antimicrobiano causaria a resistência de bactérias no trato gastrointestinal do ser humano. A passagem através de alimentos de origem animal que de alguma maneira essa bactéria sobreviveria e passaria a habitar como resistente no trato gastrointestinal humano, seria patogênica e causaria uma doença e não haveria antimicrobianos para o tratamento. Essa se chama teoria da precaução porque até hoje não se conseguiu comprovar efetivamente essa possibilidade, mas a gente não está querendo pagar para ver”.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Prof. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros, falou sobre a importância da multidisciplinariedade. “Ela é fundamental para que consigamos atingir os objetivos e o melhor tratamento para o doente e o papel do médico, do farmacêutico, da enfermagem, do laboratório de microbiologia, que trabalha em equipe de forma coordenada para melhor a utilização dentro do ambiente hospitalar”. Prof. Eduardo enfatizou ainda os dados de organizações mundiais mostram que um em cada dois pacientes que são internados em hospitais utilizam algum tipo de antibiótico. “O grande problema não é só a utilização, e sim o uso excessivo, tanto de forma adequada, quanto inadequada, isso tem gerado preocupação na Organização Mundial de Saúde em relação ao aumento da resistência bacteriana, um problema seríssimo. Alguns dos nossos pacientes chegam a ser intratáveis por essa questão, são infecções graves que podem trazer sérias consequências”.

Dra. Adryella Luz, coordenadora do Grupo de Antibióticos do CRF-SP, Dra. Silvana Lima Gorniak (Conselho Regional de Medicina Veterinária), Dr. Fernando de Sá del Fiol, pró reitor da Universidade de Sorocaba, Dr. Sidney Rafael das Neves (Crosp), Prof. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros (presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia)Dra. Adryella Luz, coordenadora do Grupo de Antibióticos do CRF-SP, Dra. Silvana Lima Gorniak (Conselho Regional de Medicina Veterinária), Dr. Fernando de Sá del Fiol, pró reitor da Universidade de Sorocaba, Dr. Sidney Rafael das Neves (Crosp), Prof. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros (presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia)

A última apresentação do fórum, que contou ainda com uma mesa de debates para que os presentes e os internautas que acompanharam a transmissão ao vivo pudessem fazer perguntas, foi da Dra. Adryella Luz, conselheira e coordenadora do Grupo de Antibióticos do CRF-SP. “A gente precisa trabalhar em todas as linhas, não apenas na dispensação que hoje sabemos que podemos ter problemas, mas não é só isso, o uso na veterinária tem impacto enorme no mundo. Precisamos mostrar para a população qual o impacto que o uso inadequado pode causar, o farmacêutico é um dos principais orientadores, se não o principal, ele que faz a dispensação”.

Dra. Adryella destacou ainda “Se o paciente fizer uso abusivo de clonazepan ou dipirona, por exemplo, ele mesmo será prejudicado, mas se fizer uso inadequado de antibióticos ou da classe de antimicrobianos, o impacto é para o mundo. É por isso que o uso racional é tão importante”.

 

Thais Noronha

Departamento de Comunicação CRF-SP

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