São Paulo, 26 de setembro de 2018.
Na mesma linha de mostrar inovações e tendências das mais diversas áreas farmacêuticas, o eixo Saúde e Qualidade de Vida debateu, no dia 21, um dos temas mais comentados do momento, o uso terapêutico da Cannabis sativa, assim como as evidências científicas do uso fitoterápico da planta apresentados pela Dra. Renata Chagas Monteiro e pelo Dr. Fabrício Pamplona.
Muitos dos 545 compostos da Cannabis, que são retirados das flores e não das plantas, têm apresentado alto efeito terapêutico, como é o caso do THC (tetraidrocanabinol). Para combater os efeitos da quimioterapia, por exemplo, é necessário utilizar os canabinoides na forma ácida, ou seja, os que não passaram pelo processo de descarboxilização. Entre algumas ações terapêuticas do THC estão as funções bactericida, anti-inflamatória, analgésica, corticoide, neuroprotetora. Já o CBD (canabidiol) é o mais conhecido, não por ser o mais potente, mas por ser o mais estudado. “Há estudos que comprovam que ele não é porta de entrada para outras drogas, como dizem, mas porta de saída, já que atua em tratamentos contra a dependência química para eliminar a fissura. Já em relação ao câncer, ele combate as células cancerígenas, protegendo as boas. Possui também poderosa vitamina C e ação antioxidante”, diz Dra. Renata Monteiro.
Apesar da ação dos componentes isolados ser eficaz, a utilização de todos os canabinoides em conjunto possui maior efeito terapêutico. A combinação de THC e CBD causa um efeito antioxidante ainda maior, já que o organismo é preparado para receber essas substâncias. “A dose terapêutica é individual, assim como a resposta ao tratamento. É preciso estar alerta às interações com outros medicamentos e aos efeitos colaterais, que são baixos, mas podem existir”.
Para evidenciar os benefícios da cannabis, o neurocientista Dr. Fabrício Pamplona, apresentou uma série de pesquisas que mostram a evolução de pacientes como caso da estudante Juliana Paolinelli que chegou a usar bomba de morfina para aliviar as fortes crises de dor na coluna. Ela obteve da Justiça a primeira autorização para importar um medicamento com maior concentração de tetraidrocanabinol, o THC e usa um vaporizador abastecido com cannabis em forma líquida.
Em relação à epilepsia, a ação reflete no sono, humor, comportamento e em atividades motoras. “Estão perdendo uma oportunidade enorme de regularizar um produto que faz um bem enorme à população. Estamos falando de um produto que será a primeira escolha para o tratamento de epilepsia, por exemplo. São mais de dois milhões de pessoas com a doença. Essa é a minha aposta”, diz Dr. Fabrício.
Medicina Tradicional Chinesa
No painel “Aplicação prática na Medicina Tradicional Chinesa”, os destaques ficaram por conta dos benefícios da acupuntura que pode atuar no alívio da dor, assim como pode reduzir a utilização dos medicamentos. A moxabustão, eletroterapia, magnoterapia, gua-sha, ventosaterapia, auriculoterapia e a laserterapia também foram apresentados. O evento contou ainda com a palestra sobre farmacotécnica dos produtos da MTC; produção e o controle de qualidade.
No sábado, na parte da manhã, as apresentações focaram o papel do farmacêutico no segmento cosmético, complicações da cosmetologia estética e o farmacêutico e a prática esportivo.
Já no período da tarde, foram realizadas oficinas de práticas integrativas e complementares, com demonstrações dinâmicas de ventosaterapia e auriculoterapia; homeopatia; plantas medicinais e fitoterápicos; reiki; floralterapia; antroposofia e aromaterapia.
Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP