Revista do Farmacêutico 113 - Fitoterapia

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PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 113 - SET-OUT / 2013

Revista 113 setinha Fitoterapia


Rooibos, um antioxidante natural

Foto: Divulgação

Sem efeitos colaterais conhecidos, o “falso chá” protege as células da ação dos radicais livres e livra o organismo de toxinas


A busca pela juventude sempre foi objetivo incessante de muitas pessoas. Nos últimos anos, os recursos para retardar o envelhecimento têm ganhado os holofotes. E é da África do Sul que vêm as folhas de um arbusto chamado cientificamente de Aspalathus linearis que promete resultados surpreendentes devido à sua ação antioxidante e poder de combater a gordura corporal. 

Popularmente chamadas de rooibos, integram a família das leguminosas e originam de uma pequena área da província do Cabo Ocidental, na África do Sul. Em africânder, rooibos significa arbusto vermelho e a semelhança da preparação de suas folhas com o processo de oxidação do chá preto, faz com que seja confundida com um tipo de chá. No entanto, quando preparada em infusão, diferentemente dos chás, a rooibos não se torna amarga, por causa dos seus baixos níveis de tanino. A coloração marrom-avermelhada, a faz ser conhecida como “chá vermelho”.

Após atuar por dez anos com medicina antroposófica, a farmacêutica dra. Sylvia Florinda Pereira Rodrigues resolveu abrir uma casa de chá e aliou a afinidade com Fitoterapia com os estudos para o novo empreendimento. Fez cursos na França de tea sommelier e desenvolve tea blends, que são misturas de chás com flores, frutos e outras folhas. “Procuro sempre trabalhar com plantas orgânicas e se possível, provenientes de agricultura biodinâmica. Quando usadas para fitoterapia, tenho o cuidado de misturar plantas que possam trazer um bom resultado,  sem causar efeitos colaterais”.

Sobre a rooibos, dra. Sylvia ressalta as características e funcionalidades da descoberta africana. “Possui altos níveis de antioxidantes e não tem cafeína”. Segundo a farmacêutica, esses foram fatores importantes para motivar estudos sobre suas propriedades entre os consumidores preocupados com a saúde. “São pesquisas conduzidas por faculdades e institutos da África do Sul e apoiadas pelo governo, pois a rooibos se tornou um item interessante de exportação daquele país. Entre os efeitos atribuídos ao rooibos estão melhorias em problemas digestivos, alérgicos e de tensão nervosa.”

 Comprovação científica

Dra. Sylvia refere-se aos inúmeros estudos científicos em relação às propriedades da rooibos. Em um deles na Cape Peninsula University of Technology, CPUT, na Cidade do Cabo, os pesquisadores estavam interessados no potencial da rooibos para proteger o coração. Por isso, ela foi oferecida a um grupo de ratos ao longo de sete semanas. Os animais foram forçados a se exercitar até a beira da exaustão, ou seja, até o coração não conseguir bombear direito sangue para o organismo e apresentar pequenos sinais de lesões. O resultado impressionou. O grupo que tomou rooibos se recuperou muito mais depressa, o que foi observado com a medição da  apoptose. Segundo os cientistas, é possível que a proteção tenha a ver com a quantidade de antioxidantes da rooibos

Outros estudos, também conduzidos na CPUT com cobaias, apontaram que a rooibos age ainda no sentido de garantir a fertilidade e até mesmo prevenir um câncer. Os cientistas observaram que os animais tiveram uma produção menor de radicais livres depois de beberem a infusão - e é sabido que essas moléculas nocivas podem diminuir a contagem de espermatozoides. 

As propriedades para manter um corpo esbelto também são aproveitadas pelas mulheres africanas. Por ser um grande aliado da digestão, o arbusto vermelho ajuda o corpo a se livrar das toxinas, o que contribui para queimar a gordura corporal.  Segundo cientistas da South Africa Rooibos Council, na Cidade do Cabo, a rooibos é rica em polifenóis, substâncias que ajudam no combate à obesidade, e por isso tem potencial para queimar a gordura abdominal. Falta saber como a planta interfere na queima e no armazenamento de gordura pelo corpo, o que está sendo investigado.

Foto: Divulgação
As folhas de rooibos devem crescer por três anos, até que estejam maduras o suficiente para serem colhidas. Apenas são recolhidos os gomos mais tenros que são, depois, secos ou fermentados (Foto: Divulgação)

Nome científico: Aspalathus linearis

Nome popular: Rooibos

Partes utilizadas: Talo e folhas

 

Farmacêutico preparado

Ao farmacêutico abre-se mais uma oportunidade de orientar sobre a utilização de uma planta que, até então, de acordo com os estudos, está sendo considerada benéfica. Com a resolução 586/13, do Conselho Federal de Farmácia, esse profissional está autorizado a prescrever a rooibos, entre outros fitoterápicos e plantas medicinais isentos de prescrição médica. 

Para a dra. Sylvia, o farmacêutico deve procurar conhecer a rooibos e acompanhar as pesquisas, mesmo ainda não havendo recomendações fitoterápicas específicas. Embora deva-se haver cautela no consumo exagerado de qualquer alimento, nesse caso, não há registro de problemas causados pela utilização do rooibos, mesmo com mães em período de amamentação. “Por enquanto, a rooibos é vista mais como uma bebida quente saudável, substituta do café ou do chá, devido à ausência de cafeína”.

A farmacêutica alerta ainda que a planta deve ser adquirida apenas em lojas que comprovem sua origem  direta da África do Sul, único país produtor.

Thais Noronha


 

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