Revista 108 - Entrevista

Revista do Farmacêutico 108
PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 108 - AGO - SET - OUT / 2012

Revista 108 setinha Entrevista - Mário Hirata


Merecido reconhecimento

Referência nacional na área de Análises Clínicas, Prof. Dr. Mário Hirata é indicado presidente de honra do XVII Congresso Paulista de Farmacêuticos

Dr. Mário Hirata (Foto: Chico Ferreira / Agência Luz)

Pela primeira vez, o Congresso Paulista de Farmacêuticos conta com um presidente de honra, numa iniciativa que visa a homenagear os farmacêuticos voluntários que, ao longo dos anos, têm trabalhado para a organização e realização do evento. Na XVII edição, a diretoria e a Comissão Executiva decidiram criar o cargo e homenagear o Prof. Dr. Mário Hiroyuki Hirata, que há anos colabora com o CRF-SP e participou ativamente de quase todos os últimos Congressos.

Dono de um extenso currículo e pioneiro na área de Biologia Molecular no país, o presidentede honra do maior evento brasileiro de Farmácia possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Alfenas, é mestre em Análises Clínicas e doutor em Ciências dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, onde atua como professor livre-docente do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas. Também cursou pós-doutorado na Foodand Drug Administration, nos Estados Unidos, e na Universidade de Kyoto, no Japão, entre outras atividades acadêmicas no exterior. Leia a seguir trechos da entrevista que o Prof. Dr. Mário Hirata concedeu à Revista do Farmacêutico.

Renata Gonçalez

Revista do Farmacêutico
- A cada vez em que é realizado, o Congresso Paulista de Farmacêuticos marca um período importante da profissão, a começar pelo primeiro, realizado na mesma época da criação da Lei 5991/73. Que expectativas e anseios a profissão vivencia atualmente?

Prof. Dr. Mário Hiroyuki Hirata - O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo sempre se preocupou com a inserção do profissional farmacêutico como promotor da saúde. No momento, estamos observando que é necessário um contínuo marketing da imagem do farmacêutico perante a sociedade como profissional de medicamento e da orientação responsável, técnica e humanística, com conhecimento profundo da ação terapêutica e efeitos adversos. O profissional da área de Farmácia vivencia ainda a mudança do currículo realizada há dez anos (referindo-se à Resolução CNE/CES nº 2/2012, que instituiu as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Farmácia). De certa forma, a assistência farmacêutica está em pauta, e o caminho que devemos encontrar tem de estar alinhado à humanização do profissional com a necessidade da população, e isso pode-se obter com resultados significativos dos conhecimentos advindos da sociedade e somar com os que obtivemos na academia.

RF - Ainda sobre o cenário atual, quais desafios a profissão farmacêutica tem pela frente?

MHH - Os profissionais têm como desafio integrar e participar do conceito de saúde translacional (processo de união das descobertas das ciências básicas e laboratoriais aplicado ao amplo campo da prática clínica), na qual a contribuição é importante para nossa formação e educação continuada. Também é um desafio garantir que o farmacêutico esteja preparado para atuar, num futuro próximo, num ambiente onde teremos todos os indivíduos com seu genoma totalmente sequenciado, com o conhecimento das probabilidades de ter alguma doença crônica. Portanto, temos de estar preparados para contribuirmos com as novas tendências de terapia celular, molecular e avaliação constante pela influência do meio ambiente à saúde com a epigenômica. E, finalmente, termos conhecimento para uso individualizado dos medicamentos baseados na farmacogenômica. Este é o profissional farmacêutico que temos de preparar e, sem dúvida, para um futuro bem próximo. Assim o CRFSP deve também contribuir, discutindo constantemente um currículo moderno, dinâmico e multidisciplinar, como sempre foi o do farmacêutico.

RF - Também ao longo das últimas quatro décadas, o Congresso Paulista de Farmacêuticos acompanhou a evolução da profissão e se preocupou em contar com uma grade científica cada vez mais abrangente. Qual a importância de se manter essa vocação no evento?

MHH - Sem dúvida, a modernização do conceito assistencial multidisciplinar foi sempre a preocupação deste Conselho, criando-se diversas assessorias dentro do cenário acadêmico e profissional, possibilitando a interação da força acadêmica e das atividades do dia a dia. Enfim, traçou-se um caminho interessante que levou ao sucesso dos congressos, que foi sendo aprimorado a cada gestão. Assim se construiu o evento multidisciplinar que atende às necessidades e expectativas dos colegas farmacêuticos. A importância é a soma, a multiplicação e a distribuição de conhecimentos em fronteiras, isto sim é a verdadeira democracia do conhecimento: ser multidisciplinar.

RF - Conhecimento, prática e atitude – a essência do farmacêutico é o tema do XVII Congresso Paulista de Farmacêuticos e, a exemplo dos recentes eventos do CRF-SP, coloca a questão da empregabilidade e desenvolvimento profissional em evidência. Como o Sr. vê esta preocupação do CRF-SP em ir além das discussões de conteúdo técnico?

MHH - A Comissão organizadora do Congresso é uma equipe altamente qualificada e atenta às novas tendências, que se doa e que está sempre disposta a ir além do básico, com visão futurista. Sempre discutimos que o farmacêutico tem condições curriculares para ser bom tecnicamente, mas somente isso, muitas vezes, não é suficiente para se obter o sucesso profissional. É preciso integrar conhecimento, prática e atitude. Essa é uma tendência moderna, adequada a um mundo em constante evolução, que vale não apenas para os farmacêuticos, mas para todas as profissões.

RF - Por fim, que mensagem o Sr., enquanto Presidente de Honra do próximo Congresso Paulista de Farmacêuticos, gostaria de deixar aos profissionais sobre a importância deste evento?

MHH - Fica uma mensagem que sempre gosto de dar aos meus queridos e pacientes alunos: de que vale todo o esforço de doação de quem oferece conhecimento, se não tem quem se esforce em aprender e praticar o conhecimento? O Congresso está sendo preparado com carinho por profissionais competentes, oferecendo temas atuais, que contribuirão para a atualização e aperfeiçoamento profissional de todos. Mas, para isso, é necessário estar preparado para aproveitar essa oportunidade de corpo e alma.

 

 

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