Revista 107 - Opinião



Revista do Farmacêutico 107
PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 107 - MAI - JUN - JUL / 2012

Revista 107 setinha Opinião

 

O farmacêutico e as mudanças

Dr. Pedro Eduardo Menegasso (Foto: Divulgação / CRF-SP)
Dr. Pedro Eduardo Menegasso
Presidente do CRF-SP
(Foto: Divulgação / CRF-SP)

"Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...”. Quando Dorival Caymmi compôs a letra de “Modinha para Gabriela”, novamente em voga por conta da novela da Rede Globo, seguramente não imaginava que esse trecho da música acabaria por ser tema de aulas dos cursos de administração e gestão de equipes, como exemplo de um perfi l profi ssional de postura inflexível, avesso às mudanças, algo que não se adequa mais à dinâmica do mundo em que vivemos. É o perfil de um profi ssional que quase sempre vive reclamando que ganha pouco, que não é valorizado e vive na expectativa de que “alguém” resolva seu problema. Esse comportamento foi batizado como “Síndrome de Gabriela”.

Quase diariamente nos deparamos com comentários, principalmente nas redes sociais, de farmacêuticos reclamando da excessiva carga de trabalho, dos baixos salários, da falta de reconhecimento da profissão. Normalmente são pessoas que querem que “alguém”, que não eles, faça algo para resolver a situação. Talvez acreditem que o CFF, ou CRF-SP, ou ainda o Sindicato tenham poderes mágicos de mudar uma realidade de mercado.

Importante dividir aqui qual é o papel das instituições e dos profissionais no processo de valorização profissional. As instituições podem agir no limite de suas competências regimentais. No caso do CRF-SP e do CFF, é possível atuar na sensibilização da classe política, e isso temos feito. Se a classe é organizada e é bem vista pela população, como uma categoria merecedora de respeito, é muito mais fácil sensibilizar os políticos.

O CRF-SP tem feito grandes esforços no sentido de alertar aos farmacêuticos sobre a importância da atitude pessoal no processo de valorização profissional. Mais que isso, tem ampliado a grade de cursos de capacitação, a quantidade e qualidade de  seminários, encontros e eventos no sentido de atualizar os profissionais.

Entretanto, também é necessária a contrapartida dos farmacêuticos, não aceitando condições de trabalho degradantes, não trabalhando por menos que o piso (já demasiado baixo), chamando para si as responsabilidades no ambiente de trabalho, mostrando que é um profissional que faz a diferença para a população e para os empresários do setor.

Nesta edição da Revista do Farmacêutico temos bons exemplos de profi ssionais que estão mostrando que é possível mudar, fazer a diferença, ser valorizado e com isso contribuir para o fortalecimento da profissão. Isso pode ser constatado principalmente nas reportagens “Farmacêuticos de Atitude” e “Entendendo o paciente”, entre outras. São excelentes exemplos que não aceitam o discurso de que “as coisas sempre foram assim e serão sempre assim”.
Se queremos ver mudanças na nossa vida é necessário, antes de mais nada, superar a Síndrome de Gabriela.

 

 

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